Rangel foi à rua no Cavaquistão, mas andou por lá sozinho. “Soube a pouco”

22-05-2019
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O marido de Maria Fernanda costuma dizer que se o país fosse governado por uma mulher - mais concretamente por uma “dona de casa” - estaria muito mais bem cuidado. E ela concorda. É isso mesmo que trata de dizer a Lídia Pereira, candidata número dois do PSD às eleições europeias, quando passa por ela na Rua Formosa, em Viseu. Mais: com uma mulher à frente dos destinos do país, nem seria possível ouvir nas salas do Parlamento a gargalhada “daquele do banco, o Bernardo, ou o Berardo”. Com mulheres, a corrupção ficaria resolvida.

A descontração da senhora, espontânea, faz rir com vontade toda a comitiva do PSD que atravessa a tradicional rua de comércio de Viseu. Mas o momento de stand-up de Fernanda não fica por aqui. Quando repara que perdeu o marido enquanto estava na conversa, desiste de falar das mulheres e procura Paulo Rangel, até porque são ambos do Porto e quer contar-lhe isso mesmo. Fernanda sorri e faz as despesas da conversa, Rangel sorri de volta, Almeida Henriques (presidente da câmara, PSD) sorri também, e lá se vão embora.

Nesta altura Rangel ainda não sabe, mas será a interação mais divertida - e mais longa - da tarde. Recuperando a memória de outras campanhas, esperava-se melhor: afinal, estamos precisamente no centro do chamado Cavaquistão, Viseu, cidade cor de laranja, e se há lugar onde os gritos dos ‘jotas’ pelo “pêpêdê” podem colar é este. Mas a arruada - a que agora se chama “contacto com a população e o comércio local” - não pega.

Atrás seguem os jovens da JSD, Margarida Balseiro Lopes (a líder) segurando um pequeno bombo e os restantes cantando regularmente (por este quarto dia de campanha é já seguro aferir que o cântico preferido é uma adaptação de outro dos Super Dragões e é dedicado aos socialistas. Reza assim: “Anda tudo numa choradeira/Chora o Costa/Chora o Marques/E a família inteira”).

Quando gritam “Rangel, amigo, a jota está contigo”, não têm coro. Pouco passa das seis da tarde e as ruas não estão nem perto de cheias. Há comerciantes, mas falam de forma tímida e pouco entusiástica com o candidato, sorrisos embaraçados e comentários sobre o tempo, que mudou radicalmente esta semana e já ajuda a fazer conversa.

Paulo Rangel avança hesitante, ladeado por Almeida Henriques, Álvaro Amaro (quinto da lista, mas segundo ou terceiro em número de aparições) e Lídia Pereira, além do presidente da distrital, Pedro Alves (o que significa que na linha da frente vão um ex-futuro-possível-candidato a líder e dos críticos do atual: tanto Almeida Henriques como Pedro Alves apoiaram Luís Montenegro no confronto em Conselho Nacional, em janeiro). Percebe-se a hesitação: para encontrar pessoas quase sempre tem de entrar nas lojas, e quando entra a conversa não desenvolve. Lembra a data das europeias. Não arrisca entrar na Casa da Sorte (um boneco clássico de campanha) e afinal é ele que deseja lá para dentro: “Boa sorte!”.

A paragem mais longa acontece não para conversar, mas para provar na Confeitaria Amaral uma das iguarias mais afamadas da região: o Viriato, um bolo fofo, servido bem quente, com açúcar e coco por cima. Almeida Henriques insiste que Rangel vai ter de provar, e por uns minutos o silêncio deve-se apenas à boca cheia. Quando sai, as conversas continuam pouco políticas e pouco férteis: “Arrefeceu muito, o tempo”.

No final, os jotas rodeiam Rangel e agarram-no para o obrigar a saltar, “e salta Rangel”, e ele faz-lhes a vontade brevemente, três saltos pouco entusiásticos e logo o pé no chão. Sabe que não correu bem. Isso mesmo assume logo de seguida aos jornalistas, sem pruridos: “Depois de um almoço em Sernancelhe, em que contámos com várias centenas de pessoas, naturalmente que esta arruada sabe um bocadinho a pouco”. Talvez seja do frio, arrisca Rangel. Ou o Cavaquistão já não é o que era?

O marido de Maria Fernanda costuma dizer que se o país fosse governado por uma mulher - mais concretamente por uma “dona de casa” - estaria muito mais bem cuidado. E ela concorda. É isso mesmo que trata de dizer a Lídia Pereira, candidata número dois do PSD às eleições europeias, quando passa por ela na Rua Formosa, em Viseu. Mais: com uma mulher à frente dos destinos do país, nem seria possível ouvir nas salas do Parlamento a gargalhada “daquele do banco, o Bernardo, ou o Berardo”. Com mulheres, a corrupção ficaria resolvida.

A descontração da senhora, espontânea, faz rir com vontade toda a comitiva do PSD que atravessa a tradicional rua de comércio de Viseu. Mas o momento de stand-up de Fernanda não fica por aqui. Quando repara que perdeu o marido enquanto estava na conversa, desiste de falar das mulheres e procura Paulo Rangel, até porque são ambos do Porto e quer contar-lhe isso mesmo. Fernanda sorri e faz as despesas da conversa, Rangel sorri de volta, Almeida Henriques (presidente da câmara, PSD) sorri também, e lá se vão embora.

Nesta altura Rangel ainda não sabe, mas será a interação mais divertida - e mais longa - da tarde. Recuperando a memória de outras campanhas, esperava-se melhor: afinal, estamos precisamente no centro do chamado Cavaquistão, Viseu, cidade cor de laranja, e se há lugar onde os gritos dos ‘jotas’ pelo “pêpêdê” podem colar é este. Mas a arruada - a que agora se chama “contacto com a população e o comércio local” - não pega.

Atrás seguem os jovens da JSD, Margarida Balseiro Lopes (a líder) segurando um pequeno bombo e os restantes cantando regularmente (por este quarto dia de campanha é já seguro aferir que o cântico preferido é uma adaptação de outro dos Super Dragões e é dedicado aos socialistas. Reza assim: “Anda tudo numa choradeira/Chora o Costa/Chora o Marques/E a família inteira”).

Quando gritam “Rangel, amigo, a jota está contigo”, não têm coro. Pouco passa das seis da tarde e as ruas não estão nem perto de cheias. Há comerciantes, mas falam de forma tímida e pouco entusiástica com o candidato, sorrisos embaraçados e comentários sobre o tempo, que mudou radicalmente esta semana e já ajuda a fazer conversa.

Paulo Rangel avança hesitante, ladeado por Almeida Henriques, Álvaro Amaro (quinto da lista, mas segundo ou terceiro em número de aparições) e Lídia Pereira, além do presidente da distrital, Pedro Alves (o que significa que na linha da frente vão um ex-futuro-possível-candidato a líder e dos críticos do atual: tanto Almeida Henriques como Pedro Alves apoiaram Luís Montenegro no confronto em Conselho Nacional, em janeiro). Percebe-se a hesitação: para encontrar pessoas quase sempre tem de entrar nas lojas, e quando entra a conversa não desenvolve. Lembra a data das europeias. Não arrisca entrar na Casa da Sorte (um boneco clássico de campanha) e afinal é ele que deseja lá para dentro: “Boa sorte!”.

A paragem mais longa acontece não para conversar, mas para provar na Confeitaria Amaral uma das iguarias mais afamadas da região: o Viriato, um bolo fofo, servido bem quente, com açúcar e coco por cima. Almeida Henriques insiste que Rangel vai ter de provar, e por uns minutos o silêncio deve-se apenas à boca cheia. Quando sai, as conversas continuam pouco políticas e pouco férteis: “Arrefeceu muito, o tempo”.

No final, os jotas rodeiam Rangel e agarram-no para o obrigar a saltar, “e salta Rangel”, e ele faz-lhes a vontade brevemente, três saltos pouco entusiásticos e logo o pé no chão. Sabe que não correu bem. Isso mesmo assume logo de seguida aos jornalistas, sem pruridos: “Depois de um almoço em Sernancelhe, em que contámos com várias centenas de pessoas, naturalmente que esta arruada sabe um bocadinho a pouco”. Talvez seja do frio, arrisca Rangel. Ou o Cavaquistão já não é o que era?

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