Ladrões de Bicicletas: O síndrome da nêspera

20-04-2019
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No seguimento de A nêspera, declamada por Mário Viegas, ontem oportunamente lembrado pelo Nuno Serra, recordo um editorial do Nuno Teles no Le Monde diplomatique - edição portuguesa, de Julho de 2017, precisamente intitulado O síndrome da nêspera:

“A estagnação, dita secular, e a instabilidade financeira vieram para ficar, tornando as contradições do capitalismo financeirizado cada vez mais salientes. A União Europeia e suas instituições estão enredadas na tentativa de reanimar um regime de acumulação ferido e limitado pela crise, com um sistema bancário falido, permanentes desequilíbrios entre países do Sul e do Norte e níveis de endividamento que pairam como espada de Dâmocles sobre o nosso futuro (...) Portugal parece ser o exemplo último do que o sociólogo alemão Wolfgang Streeck chama de ‘Estado de Consolidação’, onde governos ‘sociais-democratas’, com renovada capacidade orçamental prometem reversão da austeridade, mas permanecem trancados no compromisso com: (1) um orçamento sem défice, ainda que associado a despesas de salários e pensões; (2) redução do investimento público e concomitante multiplicação das parcerias público-privadas; (3) degradação nos serviços públicos e introdução de mimetismo de mercado nestes sectores; (4) surgimento de poderosos actores privados e do terceiro sector no que eram até há pouco áreas de provisão pública. Mesmo por outros meios, observamos como os processos impostos pela União Europeia aquando dos resgates financeiros continuam a fazer o seu percurso de esvaziamento das capacidades públicas e de individualização da provisão.”

Entretanto, aproveito para também relembrar o artigo do Nuno Teles na Jacobin sobre as ilusões portuguesas, que permanece igualmente actual. Enfim, se o Nuno Teles não vem ao blogue, o blogue vai até ao recente Professor adjunto no Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.

No seguimento de A nêspera, declamada por Mário Viegas, ontem oportunamente lembrado pelo Nuno Serra, recordo um editorial do Nuno Teles no Le Monde diplomatique - edição portuguesa, de Julho de 2017, precisamente intitulado O síndrome da nêspera:

“A estagnação, dita secular, e a instabilidade financeira vieram para ficar, tornando as contradições do capitalismo financeirizado cada vez mais salientes. A União Europeia e suas instituições estão enredadas na tentativa de reanimar um regime de acumulação ferido e limitado pela crise, com um sistema bancário falido, permanentes desequilíbrios entre países do Sul e do Norte e níveis de endividamento que pairam como espada de Dâmocles sobre o nosso futuro (...) Portugal parece ser o exemplo último do que o sociólogo alemão Wolfgang Streeck chama de ‘Estado de Consolidação’, onde governos ‘sociais-democratas’, com renovada capacidade orçamental prometem reversão da austeridade, mas permanecem trancados no compromisso com: (1) um orçamento sem défice, ainda que associado a despesas de salários e pensões; (2) redução do investimento público e concomitante multiplicação das parcerias público-privadas; (3) degradação nos serviços públicos e introdução de mimetismo de mercado nestes sectores; (4) surgimento de poderosos actores privados e do terceiro sector no que eram até há pouco áreas de provisão pública. Mesmo por outros meios, observamos como os processos impostos pela União Europeia aquando dos resgates financeiros continuam a fazer o seu percurso de esvaziamento das capacidades públicas e de individualização da provisão.”

Entretanto, aproveito para também relembrar o artigo do Nuno Teles na Jacobin sobre as ilusões portuguesas, que permanece igualmente actual. Enfim, se o Nuno Teles não vem ao blogue, o blogue vai até ao recente Professor adjunto no Departamento de Economia da Universidade Federal da Bahia.

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