PISA 2015: haja seriedade

10-02-2017
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PISA 2015: haja seriedade

On Dezembro 7, 2016 By Alexandre Homem CristoIn Diversos

O Nuno Serra veio a jogo para explicar que os exames não tiveram impacto directo nos resultados do PISA 2015. Sim, estamos de acordo. Mas este debate, para ter alguma utilidade, tem de ser sério e a conclusão do Nuno Serra não é séria. O Nuno Serra, ao pretender provar que os exames e metas não tiveram impacto directo (ou significativo), está no fundo a tentar provar que Nuno Crato não teve qualquer influência nos resultados. O problema do raciocínio é que Nuno Crato não introduziu apenas exames e metas. Fez agregações de escolas, contratou menos professores, procurou aumentar a autonomia de decisão nas escolas, empenhou-se em aumentar a exigência para alunos e professores, etc. Fez tudo aquilo que PS/PCP/BE garantiram que atiraria Portugal para a cauda do PISA 2015 – porque, afinal, se os resultados tivessem baixado seria mesmo culpa dele.
Crato esteve 4 anos e meio como ministro, bolas, e em pleno período de austeridade. Querem convencer a malta de que o papel de Crato foi indiferente e que os resultados melhorariam sempre mesmo que o ministro fosse o Rato Mickey? Haja seriedade. Porque os resultados não melhoram sozinhos – como não melhoraram após a passagem de Isabel Alçada pelo ministério. Além de que a introdução das medidas nas escolas produz efeitos directos e indirectos, por exemplo o sentimento generalizado de que a exigência era maior e que os alunos tinham de estudar mais – e isso conta muito. No limite, o que o Nuno Serra poderia ter dito, e eu dar-lhe-ia razão, é que ainda “não se sabe exactamente quais foram as medidas do governo Crato que tiveram mais impacto na melhoria dos resultados”. Vamos olhar para os dados e tentar descobrir. Mas não foi isso que o Nuno Serra disse. E concluir que tudo melhorou independentemente de Nuno Crato é pretender rebentar com qualquer discussão racional.

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On Dezembro 7, 2016 By Alexandre Homem CristoIn Diversos

O Nuno Serra veio a jogo para explicar que os exames não tiveram impacto directo nos resultados do PISA 2015. Sim, estamos de acordo. Mas este debate, para ter alguma utilidade, tem de ser sério e a conclusão do Nuno Serra não é séria. O Nuno Serra, ao pretender provar que os exames e metas não tiveram impacto directo (ou significativo), está no fundo a tentar provar que Nuno Crato não teve qualquer influência nos resultados. O problema do raciocínio é que Nuno Crato não introduziu apenas exames e metas. Fez agregações de escolas, contratou menos professores, procurou aumentar a autonomia de decisão nas escolas, empenhou-se em aumentar a exigência para alunos e professores, etc. Fez tudo aquilo que PS/PCP/BE garantiram que atiraria Portugal para a cauda do PISA 2015 – porque, afinal, se os resultados tivessem baixado seria mesmo culpa dele.
Crato esteve 4 anos e meio como ministro, bolas, e em pleno período de austeridade. Querem convencer a malta de que o papel de Crato foi indiferente e que os resultados melhorariam sempre mesmo que o ministro fosse o Rato Mickey? Haja seriedade. Porque os resultados não melhoram sozinhos – como não melhoraram após a passagem de Isabel Alçada pelo ministério. Além de que a introdução das medidas nas escolas produz efeitos directos e indirectos, por exemplo o sentimento generalizado de que a exigência era maior e que os alunos tinham de estudar mais – e isso conta muito. No limite, o que o Nuno Serra poderia ter dito, e eu dar-lhe-ia razão, é que ainda “não se sabe exactamente quais foram as medidas do governo Crato que tiveram mais impacto na melhoria dos resultados”. Vamos olhar para os dados e tentar descobrir. Mas não foi isso que o Nuno Serra disse. E concluir que tudo melhorou independentemente de Nuno Crato é pretender rebentar com qualquer discussão racional.

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