"Corta, cativa, come e cala. Mas que país é este? Isto tem que mudar!"

10-02-2019
marcar artigo

Santana Lopes saiu do PSD mas o PSD ainda não saiu de Santana Lopes. No Congresso da fundação da Aliança, citou Sá Carneiro e espicaçou a militância do seu velho partido, a quem perguntou: "Haverá alguém deste lado de cá, que não faça parte da Frente de Esquerda, que esteja disposto a dizer ao primeiro-ministro: esteja à vontade, se quiser outro parceiro, nós estamos cá?". Ficou a indireta a Rui Rio, potencial parceiro de António Costa, cujo Governo Santana colou a crimes "de lesa pátria". A começar pelo estado em que deixou o Serviço Nacional de Saúde

"Considero um crime de lesa pátria o que se tem passado no SNS", afirmou o líder da Aliança, que desta vez não falou à hora dos telejornais. Pelo contrário, passou o dia calado, deu tempo e espaço aos delegados, caras novas a precisarem de palco num partido a precisar de novas caras, e só subiu ao palco depois do jantar para um discurso de mais de uma hora, a bater forte e feio no Governo, a desafiar o eleitorado social-democrata, e a desassossegar o Presidente da República.

"Defendo a solidariedade institucional mas não é preciso exagerar". Santana espera mais de Marcelo Rebelo de Sousa. Porque "afinal a política é para quê? Se não é para resolver os problemas das pessoas, na Saúde, na Habitação, na Segurança, a política serve para quê?". "Custa-me a ver como algumas pessoas não estão a perceber o que se passa", afirmou. Sempre a carregar nas tintas. "O que nasce torto tarde ou nunca se endireita e esta Frente de Esquerda causou danos no país".

Santana passou a pente fino os setores mais em guerra com o Governo. "Como é possível uma consulta em Vila Real demorar 1.599 dias? Em Seia uma consulta de oftalmologia demorar três anos? Em Chaves uma consulta de otorrino demorar dois anos e meio? Que SNS é este? Uma consulta de cardiologia demorar um ano? Isto é socialismo? Isto é ser de esquerda?". E passou a palavra ao ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: "Depois vão bater à porta das misericórdias para pedir camas".

No dia em que o cabeça de lista às europeias se estreou no palco, Santana associou-se à dança da campanha europeia: "Para andar a beijar as mãos em Bruxelas aos senhores todo poderosos", o Governo da Frente de Esquerda "atirou milhares de dívidas a fornecedores dos serviços públicos para baixo do tapete". Bruxelas "tem obrigação de ver o que exige aos estados membros. Há aqui algo que não bate certo". Santana traça uma linha entre "os que acreditam que isto pode mudar e os que se resignam". A Aliança, garante, "acredita que isto pode mudar. E isto vai mudar".

O que já mudou é o tom dos ataques ao Governo socialista, que Pedro Santana Lopes responsabiliza por quatro anos de "corta, cativa, come e cala". É na Saúde, mas é na Segurança e nas "funções básicas do Estado". A PSP, que criticou Marcelo, é acarinhada: "Um agente que ganha menos de mil euros leva 15 anos para progredir a agente principal e mal tem dinheiro para pagar a renda de casa? Mas que país é este?". O slogan não para.

O combate à corrupção não escapou ao RX de Santana Lopes, que até já aceita que se criminalize o enriquecimento ilícito e se inverta o ónus da prova. "Quem exerce funções políticas, se não ganhou o euromilhões vai ter que explicar como enriqueceu. A vida é feita de opções e o bem primeiro é a confiança". A sala aplaude. Há vários fantasmas na sala. Agora é José Sócrates. Mas já tinha sido Rui Rio ("dirá ao PM: estamos cá"?). E há Marcelo Rebelo de Sousa, que a Aliança quer à viva força puxar para o combate do ano eleitoral que aí vem.

Santana diz que "o caminho natural" é apoiarem Marcelo. Mas confessa mau estar "quando se vê o Presidente saltar em cima dos enfermeiros como saltou". "Para sermos um partido verdadeiramente às direitas", a Aliança não conta só com o PSD e o CDS. "Como tudo na vida é uma questão de vontade. De vontade política. E o PR deve emprestar a sua popularidade às grandes causas nacionais". À tarde, um ex-líder da JSD que aderiu à Aliança, Jorge Nuno Sá, insinuou um possível apoio "a uma mulher para a Presidência da República". E admitiu "conhecer algumas, que até ficaram desocupadas recentemente e se calhar estão disponíveis para outro tipo de magistratura". Joana Marques Vidal? Sobre as presidenciais, o jogo da Aliança ainda não é claro.

Santana Lopes saiu do PSD mas o PSD ainda não saiu de Santana Lopes. No Congresso da fundação da Aliança, citou Sá Carneiro e espicaçou a militância do seu velho partido, a quem perguntou: "Haverá alguém deste lado de cá, que não faça parte da Frente de Esquerda, que esteja disposto a dizer ao primeiro-ministro: esteja à vontade, se quiser outro parceiro, nós estamos cá?". Ficou a indireta a Rui Rio, potencial parceiro de António Costa, cujo Governo Santana colou a crimes "de lesa pátria". A começar pelo estado em que deixou o Serviço Nacional de Saúde

"Considero um crime de lesa pátria o que se tem passado no SNS", afirmou o líder da Aliança, que desta vez não falou à hora dos telejornais. Pelo contrário, passou o dia calado, deu tempo e espaço aos delegados, caras novas a precisarem de palco num partido a precisar de novas caras, e só subiu ao palco depois do jantar para um discurso de mais de uma hora, a bater forte e feio no Governo, a desafiar o eleitorado social-democrata, e a desassossegar o Presidente da República.

"Defendo a solidariedade institucional mas não é preciso exagerar". Santana espera mais de Marcelo Rebelo de Sousa. Porque "afinal a política é para quê? Se não é para resolver os problemas das pessoas, na Saúde, na Habitação, na Segurança, a política serve para quê?". "Custa-me a ver como algumas pessoas não estão a perceber o que se passa", afirmou. Sempre a carregar nas tintas. "O que nasce torto tarde ou nunca se endireita e esta Frente de Esquerda causou danos no país".

Santana passou a pente fino os setores mais em guerra com o Governo. "Como é possível uma consulta em Vila Real demorar 1.599 dias? Em Seia uma consulta de oftalmologia demorar três anos? Em Chaves uma consulta de otorrino demorar dois anos e meio? Que SNS é este? Uma consulta de cardiologia demorar um ano? Isto é socialismo? Isto é ser de esquerda?". E passou a palavra ao ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: "Depois vão bater à porta das misericórdias para pedir camas".

No dia em que o cabeça de lista às europeias se estreou no palco, Santana associou-se à dança da campanha europeia: "Para andar a beijar as mãos em Bruxelas aos senhores todo poderosos", o Governo da Frente de Esquerda "atirou milhares de dívidas a fornecedores dos serviços públicos para baixo do tapete". Bruxelas "tem obrigação de ver o que exige aos estados membros. Há aqui algo que não bate certo". Santana traça uma linha entre "os que acreditam que isto pode mudar e os que se resignam". A Aliança, garante, "acredita que isto pode mudar. E isto vai mudar".

O que já mudou é o tom dos ataques ao Governo socialista, que Pedro Santana Lopes responsabiliza por quatro anos de "corta, cativa, come e cala". É na Saúde, mas é na Segurança e nas "funções básicas do Estado". A PSP, que criticou Marcelo, é acarinhada: "Um agente que ganha menos de mil euros leva 15 anos para progredir a agente principal e mal tem dinheiro para pagar a renda de casa? Mas que país é este?". O slogan não para.

O combate à corrupção não escapou ao RX de Santana Lopes, que até já aceita que se criminalize o enriquecimento ilícito e se inverta o ónus da prova. "Quem exerce funções políticas, se não ganhou o euromilhões vai ter que explicar como enriqueceu. A vida é feita de opções e o bem primeiro é a confiança". A sala aplaude. Há vários fantasmas na sala. Agora é José Sócrates. Mas já tinha sido Rui Rio ("dirá ao PM: estamos cá"?). E há Marcelo Rebelo de Sousa, que a Aliança quer à viva força puxar para o combate do ano eleitoral que aí vem.

Santana diz que "o caminho natural" é apoiarem Marcelo. Mas confessa mau estar "quando se vê o Presidente saltar em cima dos enfermeiros como saltou". "Para sermos um partido verdadeiramente às direitas", a Aliança não conta só com o PSD e o CDS. "Como tudo na vida é uma questão de vontade. De vontade política. E o PR deve emprestar a sua popularidade às grandes causas nacionais". À tarde, um ex-líder da JSD que aderiu à Aliança, Jorge Nuno Sá, insinuou um possível apoio "a uma mulher para a Presidência da República". E admitiu "conhecer algumas, que até ficaram desocupadas recentemente e se calhar estão disponíveis para outro tipo de magistratura". Joana Marques Vidal? Sobre as presidenciais, o jogo da Aliança ainda não é claro.

marcar artigo