Congresso da JS. Carlos César: “Esta solução de Governo deve ser repetida”

18-12-2018
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“É importante provar que esta experiência moça que aconteceu em Portugal beneficia os portugueses, melhora a imagem do país no exterior e deve ser repetida”. A frase de Carlos César fala por si. Numa altura em que no seio do PS se vai falando da maioria absoluta em surdina, o presidente do partido decidiu assumir publicamente a sua posição. Escolheu o segundo dia do XXI Congresso da JS, este domingo, para o fazer. “Não nos deixemos anestesiar pelas sondagens”, recomendou ainda.

Para Carlos César apelar ao voto pareceu sinónimo de pedir uma repetição da geringonça. Fez uma espécie de prestação de contas, apresentando o que de bom este governo conquistou e apontando as maiores lacunas do país. “A dívida pública ainda é uma ameaça séria às contas públicas deste país”, recordou. No entanto, fez um balanço positivo desta legislatura e disse acreditar que a solução para “continuar a melhorar a vida dos portugueses” passa por “dar mais força ao PS”.

Se Portugal quiser continuar “a ter um Governo de esquerda”, o PS é um partido indispensável. “Sem PS não há solução à esquerda”. “Nem o Bloco de Esquerda, nem o PCP, nem os Verdes têm mais ambição do que o PS”, garantiu. O apelo ao voto estava feito. Mas para que não se confundisse com um pedido de maioria absoluta, rapidamente esclareceu que todos os avanços só foram possíveis graças aos parceiros desta solução.

Na sua intervenção, foram inúmeras as referências à JS e à importância que esta organização tem para o partido. “Quanto melhor for a JS melhor será o PS”, afirmou. Os esforços para criar conexão com a plateia e com a ocasião foram visíveis. “Também fui militante da JS e estive no seu primeiro congresso”, lembrou. “Também António Costa é um fiel herdeiro da Juventude Socialista”, referiu mais tarde, gerando uma onda de aplausos entusiastas.

E porque estava no congresso que tinha acabado de eleger Maria Begonha como a nova secretária-geral da JS, reservou alguns minutos para felicitar todos os eleitos “e em especial à Maria Begonha, que é a terceira mulher a desempenhar o cargo, depois de Margarida Marques e Jamila Madeira, que hoje em dia são excelentes deputadas”.

Antes de ceder o púlpito à protagonista deste conclave, Carlos César voltou a pedir “um reforço e uma grande vitória do PS” nas várias eleições que vão marcar o próximo ano político.

Maria Begonha: “Não pensem que conseguem dividir-nos”

No discurso de sábado, Maria Begonha, então ainda apenas candidata a líder da JS, não fez qualquer referência às polémicas que marcaram a sua candidatura. Falou durante 40 minutos mas centrou essa mensagem na JS e na estratégia que pretende seguir como secretária-geral. Para fora, poucas palavras dirigiu. Mas, no discurso de consagração, e já eleita, Maria Begonha abordou aquilo que Pedro Nuno Santos apelidou de “elefante na sala”. Mas apenas ao de leve.

“Espero escrutínio público”, começou por dizer. “Recusamos, coletivamente, tombar perante aqueles que nos atacaram sem rosto. Não pensem que nos conseguem dividir”, acrescentou. E mais não disse. Sem desmentir as polémicas que a envolvem e sem querer continuar a dar-lhes importância, a nova líder da jota tentou assim encerrar o tema, falando sobre ele pela primeira vez em público, ainda que de forma indireta.

Ao longo dos últimos três dias, a JS esteve reunida em Almada, no XXI Congresso da Juventude Socialista, que terminou com os discursos de Carlos César e Maria Begonha. A 13ª líder desta organização foi eleita este domingo, tendo reunido 72% dos votos.

Maria Begonha nunca chegou a ter o congresso na mão

Este congresso fica também marcado pela ausência de fortes opositores de Maria Begonha. Ao longo dos dias do conclave, poucos foram os delegados que assumiram a sua oposição de forma clara. No entanto, no ar pairava um clima de desconfiança em relação à nova líder. Talvez por isso os apoios à recém-eleita secretária-geral da JS também não contou com fervorosos apoiantes. Há quem lhe gabe a coragem de ter ido até ao fim e quem desconfie da sua vitória. Houve discursos de apoio mas não foram suficientes para disfarçar o as dúvidas que os congressistas tinham na sua cabeça. As polémicas em que se envolveu não lhe trouxeram um congresso adverso mas tão pouco lhe deram um apoio inquestionável.

Prova disso mesmo foram os números da sua eleição. Obteve 72% dos 228 votos dos delegados. Mas o universo de eleitores era bem superior: 336. Ou seja, 108 delegados ao congresso preferiram não ir votar. Somando estas abstenções aos votos brancos – 47 – e nulos – 16 -, são mais os delegados que não votaram na líder – 171 – do que aqueles que o fizeram – 165. A Mesa Nacional ainda tentou que o número de votantes subisse e prolongou o horário das votações por mais meia hora, atrasando todo o programa deste segundo dia de congresso. Ainda assim, a abstenção dos delegados foi elevada – 32,14% –, sobretudo tendo em conta os números habituais em eleições deste tipo.

Da parte do PS, os apoios a Maria Begonha também não foram propriamente elucidativos. Se Pedro Nuno Santos fez a defesa da nova líder da JS, António Costa, que não foi ao congresso por se encontrar junto das tropas portuguesas no Afeganistão mas que enviou uma mensagem de vídeo, não mencionou sequer uma vez o nome de Maria Begonha nem a felicitou pela sua vitória. Já o presidente, Carlos César cumpriu com os mínimos olímpicos: esteve lá em pessoa, felicitou a vitória de candidata única, mas não se debruçou muito tempo sobre a nova líder e nem uma palavra utilizou para fazer a sua defesa. Números, apoios e falta deles que marcam o início de um mandato precedido de uma campanha em que chegou a questionar-se a viabilidade da candidatura de Maria Begonha.

(Artigo atualizado às 11h00 de 17 de dezembro com os números finais das votações)

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“É importante provar que esta experiência moça que aconteceu em Portugal beneficia os portugueses, melhora a imagem do país no exterior e deve ser repetida”. A frase de Carlos César fala por si. Numa altura em que no seio do PS se vai falando da maioria absoluta em surdina, o presidente do partido decidiu assumir publicamente a sua posição. Escolheu o segundo dia do XXI Congresso da JS, este domingo, para o fazer. “Não nos deixemos anestesiar pelas sondagens”, recomendou ainda.

Para Carlos César apelar ao voto pareceu sinónimo de pedir uma repetição da geringonça. Fez uma espécie de prestação de contas, apresentando o que de bom este governo conquistou e apontando as maiores lacunas do país. “A dívida pública ainda é uma ameaça séria às contas públicas deste país”, recordou. No entanto, fez um balanço positivo desta legislatura e disse acreditar que a solução para “continuar a melhorar a vida dos portugueses” passa por “dar mais força ao PS”.

Se Portugal quiser continuar “a ter um Governo de esquerda”, o PS é um partido indispensável. “Sem PS não há solução à esquerda”. “Nem o Bloco de Esquerda, nem o PCP, nem os Verdes têm mais ambição do que o PS”, garantiu. O apelo ao voto estava feito. Mas para que não se confundisse com um pedido de maioria absoluta, rapidamente esclareceu que todos os avanços só foram possíveis graças aos parceiros desta solução.

Na sua intervenção, foram inúmeras as referências à JS e à importância que esta organização tem para o partido. “Quanto melhor for a JS melhor será o PS”, afirmou. Os esforços para criar conexão com a plateia e com a ocasião foram visíveis. “Também fui militante da JS e estive no seu primeiro congresso”, lembrou. “Também António Costa é um fiel herdeiro da Juventude Socialista”, referiu mais tarde, gerando uma onda de aplausos entusiastas.

E porque estava no congresso que tinha acabado de eleger Maria Begonha como a nova secretária-geral da JS, reservou alguns minutos para felicitar todos os eleitos “e em especial à Maria Begonha, que é a terceira mulher a desempenhar o cargo, depois de Margarida Marques e Jamila Madeira, que hoje em dia são excelentes deputadas”.

Antes de ceder o púlpito à protagonista deste conclave, Carlos César voltou a pedir “um reforço e uma grande vitória do PS” nas várias eleições que vão marcar o próximo ano político.

Maria Begonha: “Não pensem que conseguem dividir-nos”

No discurso de sábado, Maria Begonha, então ainda apenas candidata a líder da JS, não fez qualquer referência às polémicas que marcaram a sua candidatura. Falou durante 40 minutos mas centrou essa mensagem na JS e na estratégia que pretende seguir como secretária-geral. Para fora, poucas palavras dirigiu. Mas, no discurso de consagração, e já eleita, Maria Begonha abordou aquilo que Pedro Nuno Santos apelidou de “elefante na sala”. Mas apenas ao de leve.

“Espero escrutínio público”, começou por dizer. “Recusamos, coletivamente, tombar perante aqueles que nos atacaram sem rosto. Não pensem que nos conseguem dividir”, acrescentou. E mais não disse. Sem desmentir as polémicas que a envolvem e sem querer continuar a dar-lhes importância, a nova líder da jota tentou assim encerrar o tema, falando sobre ele pela primeira vez em público, ainda que de forma indireta.

Ao longo dos últimos três dias, a JS esteve reunida em Almada, no XXI Congresso da Juventude Socialista, que terminou com os discursos de Carlos César e Maria Begonha. A 13ª líder desta organização foi eleita este domingo, tendo reunido 72% dos votos.

Maria Begonha nunca chegou a ter o congresso na mão

Este congresso fica também marcado pela ausência de fortes opositores de Maria Begonha. Ao longo dos dias do conclave, poucos foram os delegados que assumiram a sua oposição de forma clara. No entanto, no ar pairava um clima de desconfiança em relação à nova líder. Talvez por isso os apoios à recém-eleita secretária-geral da JS também não contou com fervorosos apoiantes. Há quem lhe gabe a coragem de ter ido até ao fim e quem desconfie da sua vitória. Houve discursos de apoio mas não foram suficientes para disfarçar o as dúvidas que os congressistas tinham na sua cabeça. As polémicas em que se envolveu não lhe trouxeram um congresso adverso mas tão pouco lhe deram um apoio inquestionável.

Prova disso mesmo foram os números da sua eleição. Obteve 72% dos 228 votos dos delegados. Mas o universo de eleitores era bem superior: 336. Ou seja, 108 delegados ao congresso preferiram não ir votar. Somando estas abstenções aos votos brancos – 47 – e nulos – 16 -, são mais os delegados que não votaram na líder – 171 – do que aqueles que o fizeram – 165. A Mesa Nacional ainda tentou que o número de votantes subisse e prolongou o horário das votações por mais meia hora, atrasando todo o programa deste segundo dia de congresso. Ainda assim, a abstenção dos delegados foi elevada – 32,14% –, sobretudo tendo em conta os números habituais em eleições deste tipo.

Da parte do PS, os apoios a Maria Begonha também não foram propriamente elucidativos. Se Pedro Nuno Santos fez a defesa da nova líder da JS, António Costa, que não foi ao congresso por se encontrar junto das tropas portuguesas no Afeganistão mas que enviou uma mensagem de vídeo, não mencionou sequer uma vez o nome de Maria Begonha nem a felicitou pela sua vitória. Já o presidente, Carlos César cumpriu com os mínimos olímpicos: esteve lá em pessoa, felicitou a vitória de candidata única, mas não se debruçou muito tempo sobre a nova líder e nem uma palavra utilizou para fazer a sua defesa. Números, apoios e falta deles que marcam o início de um mandato precedido de uma campanha em que chegou a questionar-se a viabilidade da candidatura de Maria Begonha.

(Artigo atualizado às 11h00 de 17 de dezembro com os números finais das votações)

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