Não passou. Passará?

31-05-2018
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O debate não acabou ontem . Apenas ganhou nova intensidade. Pelas reações de diferentes partidos, é já certo que regressará em breve. A relação de forças a sair das próximas eleições legislativas será determinante para se perceber se a morte de ontem é, ou não, apenas um estado transitório com ressuscitação à vista.

O que é difícil de explicar e precisa de uma argumentação muito elaborada para ser justificado, dificilmente é compreendido.

Para o CDS, que radicalizou um debate muito colocado num campo onde acabavam por se misturar questões de ordem filosófica com motivações de inspiração religiosa , nunca houve dúvidas. O PCP vivia o drama e o risco de poder ver a sua rejeição, estruturada a partir de uma forte dimensão política com alguma carga ideológica, ser confundida com um lado onde se acantonavam nomes como Cavaco Silva, as confissões religiosas, Assunção Cristas ou Passos Coelho. Foi o que aconteceu, com uma inusitada violência verbal, até, por parte de Mariana Mortágoa, do Bloco de Esquerda .

Num debate com alguma divisão ideológica , embora com matizes pouco convencionais, a tarefa do PCP, decisivo na rejeição dos projetos, revelava-se difícil, pelas leituras políticas inerentes ao seu voto. PS, BE, Verdes e PAN tinham uma posição favorável à aprovação da eutanásia bem definida, até pela circunstância de apresentarem projetos de lei. Para o PSD, e não obstante Rui Rio se colocar do lado do sim , sempre houve a percepção de que haveria entre os seus deputados um sentimento maioritário de rejeição. Mas sem qualquer drama existencial, seja entre os poucos que votaram sim, ou entre a maioria do não.

Os cinco votos de diferença , cuja história é aqui contada, são o resultado de algumas surpresas na votação nominal , como aconteceu com o não previsto voto contra assumido por Miranda Calha, do PS, ou com o menor número de deputados do PSD a votarem não do que faziam prever os palpites divulgados ao longo da semana.

Esta poderia ser a crónica de uma morte anunciada com ressuscitação prevista. Os projetos de decreto-lei destinados a legalizar a eutanásia foram todos chumbados . Por poucos votos. Tal como se tivessem sido aprovados, o seriam por escassa vantagem. Daí resulta um significado óbvio, e independente do que pudesse vir a ser a, anunciada pelo Expresso , posição do Presidente da República. O tema é complexo. Está longe de recolher o apoio de uma maioria significativa e consolidada. Denuncia a existência de uma clivagem na sociedade , exterior à clássica divisão entre esquerda e direita.

OUTRAS NOTÍCIAS

O que há hoje de comum entre Portugal, Alemanha, Itália, reforma da zona euro e o Orçamento Plurianual da União Europeia? Tudo, para dizer o mínimo. Angela Merkel inicia logo à tarde uma visita a Portugal. Chega ao Porto, onde será recebida por António Costa, e parte para Braga. Com um programa centrado na tecnologia e investigação, visitará a multinacional alemã Bosch, na capital minhota, e o I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde do Porto.

Merkel e Costa delocar-se-ão em veículos Volkswagen produzidos na fábrica da Autoeuropa, em Palmela. Pelo caminho terão tempo, oportunidade e necessidade de falar, seguramente sobre o tempo, para desbloquear a conversa, mas não deverão demorar muito a centrar-se no que importa. Entre a reforma da zona euro, a gestão das migrações e a discussão sobre o próximo Orçamento Plurianual da União Europeia, um dos temas não deixará, por certo, de ser o caos vivido em Itália.

Tudo devido à muito complexa posição tomada pelo Presidente da República, Sergio Mattarella, de recusar um Ministro da Economia e das Finanças por o considerar um eurocético. Paolo Savona, cujo veto por Matarella deixou Itália sem governo e à beira de um precipício político de consequências imprevisíveis, nem sequer é um radical nas suas posições. Não defende a saída de Itália do Euro, mas advoga, sim, a necessidade de o país se preparar com um plano alternativo, caso se verifique a impossibilidade de rever os tratados europeus. Ao que aprece, os “mercados” andam aflitos.

Numa estranha similitude com o medieval “direito de pernada” atribuído aos senhores feudais, atitudes como a do PR de Itália consolidam cada vez mais nos cidadãos da União Europeia a convicção de que a democracia é um adquirido de geometria variável.

Afinal, ser bom aluno não parece compensar. A medida ainda é provisória, mas a Comissão Europeia anunciou um corte de 7% nos fundos de coesão a atribuir a Portugal. Até 2027 o país deverá receber menos 1,6 mil milhões de euros do que recebeu no atual Quadro Comunitário de Apoio.

O arquiteto japonês Kengo Kuma, autor do projeto do estádio escolhido para a cerimónia dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, assina, com os portugueses OODA, o projeto de reconversão do antigo Matadouro de Campanhã, no Porto. Vão ser investidos 40 milhões de euros. O investimento será exclusivamente privado e resulta de um concurso lançado pela Câmara Municipal do Porto, ganho pela construtora Mota Engil, que ficará com direito de exploração do espaço durante 30 anos. O espaço pretende assumir-se como âncora de desenvolvimento da zona oriental do Porto, com vertentes económica, cultural e social.

Os parceiros sociais voltam a reunir-se hoje para discutir alterações à legislação laboral, entre elas limites aos contratos a termo, bancos de horas por acordos de grupo e o alargamento do período experimental para alguns contratos sem termo.

A Altice, dona da MEO, viu chumbada pela Autoridade da Concorrência (AdC) a sua proposta de aquisição da Media Capital, proprietária da TVI, mas não tenciona apresentar novas propostas ou soluções para contornar o problema agora criado. A AdC diz estarem em causa os interesses dos consumidores. A empresa alega manter interesse no negócio e que a sua proposta está em linha com s melhores práticas europeias em situações similares. O que está em causa é a concentração num mesmo grupo de um produtor de conteúdos, um distribuidor e um dos maiores anunciantes.

É a notícia do dia no desporto. O Manchester United de José Mourinho veio às compras ao Porto e leva, ao que tudo indica, o lateral de 19 anos Diogo Dalot. O Manchester United acionará a cláusula de rescisão, que é de €20 milhões e dispensa qualquer negociação com o FC Porto. A saída de Dalot cria um problema aos Dragões, que só venderam o passe de Ricardo Pereira ao Leicester na convicção de que manteria o jovem lateral.

LÁ FORA

A guerra do gasóleo está a paralisar o Brasil. Apesar das cedências aos camionistas, os protestos continuam e o bloqueio, que já leva nove dias, começa a estender-se a outros setores.

O investidor George Soros anunciou a intenção de promover uma campanha a favor da realização de um novo referendo sobre o 'Brexit' e evitar a saída do Reino Unido da UE, prevista para finais de março de 2019.

A Rússia rejeitou os pedidos dos membros do Conselho de Segurança da ONU para assumir responsabilidades no caso do abate do voo MH17, quando sobrevoava a Ucrânia em 2014.

O jornalista russo Arkadi Bábchenko, de 41 anos, crítico do poder, foi morto em Kiev, com um tiro nas costas, segundo comunicou a chefe de imprensa da polícia ucraniana. As hipóteses avançadas pela polícia para justificar este assassínio relacionam-se com a atividade de Bábchenko enquanto jornalista.

As forças armadas israelitas anunciaram ter bombardeado hoje de madrugada 25 objetivos militares ligados ao movimento de resistência islâmica Hamas, na Faixa de Gaza. Segundo a agência Lusa, o ataque foi apresentado como resposta a disparos com granadas de morteiro.

Quer conhecer algumas das mais populares e mais belas bibliotecas públicas do mundo? Espreite aqui e encontrará surpresas deslumbrantes.

Ainda no domínio da literatura, e só por curiosidade, gostaria de ler as primeiras críticas do New York Times a cada um dos romances de Virginia Woolf? Se lê em inglês e está disponível para uma suculenta proposta, tem aqui a sua oportunidade.

PRIMEIRAS PÁGINAS

Empresas alemãs já são o maior empregador em Portugal depois do Estado – DN

António Costa: “Crise em Itália prova custos do atraso na reforma do euro” – Público

Não à eutanásia – I

Médicos burlam Estado em pensões de invalidez – JN

Ronaldo contrata super espião – Correio da Manhã

15 campeões da economia – Negócios

Universidades Já não chega só uma licenciatura – Sábado

Trilhos mágicos para descobrir o país – Visão

Dalot 5 anos no Man. United – A Bola

Mourinho leva Dalot – O Jogo

Joe Hart é o alvo (para substituir rui Patrício no Sporting) – Record

FRASES

“Tenho para mim que o PS, no futuro, deve manter-se afastado de compromissos com quem foi contra o SNS”. Isabel Moreira, deputada do PS na Visão

“Uma união a 28 entre países democráticos só sobrevive com o respeito pelos compromissos comuns, no quadro da liberdade de escolha dos cidadãos nacionais”. António Costa, primeiro-ministro, no Público

O QUE ANDO A LER

Está de volta a escrita luminosa de Lídia Jorge. Mergulhar nos mundos criados por uma mulher com uma aguda perceção da realidade e do tempo que a rodeia é um exercício carregado de fascínios, mas também de interrogações e perplexidades. Como acontece em Estuário, agora publicado. Aí vamos encontrar Edmundo Galeano, mutilado numa missão humanitária no Corno de África. Ao salvar um recém-nascido encontrado num depósito de lixo, fica com parte da mão direta decepada. Esse acidente vai fazê-lo regressar à casa paterna, a do Largo do Corpo Santo, para onde estão a voltar outros irmãos em resultado de outros acidentes da vida. “Também para Edmundo Galeano, a casa do largo do Corpo Santo não era mais a mesma. Estava agora acrescentada de uma ausência tão presente que as paredes pareciam ter-se expandido sob a força de uma outra geometria. Nesse espaço deformado, também os seus habitantes haviam adquirido outra dimensão, e quando se cruzavam pelos corredores e pelas escadas, achavam, reciprocamente, que os outros pareciam sonâmbulos. Sonâmbulos da surpresa”. (pág. 159).

É um romance de expiações, ou uma viagem por tempos sufocados e pouco presentes na literatura portuguesa contemporânea. Como os efeitos da crise económica, bem espelhada naquele pai Manuel Galeano, armador, septuagenário, atormentado com uma falência da qual não soube, ou não foi capaz de proteger a família e na qual arrasta dois filhos.

Edmundo tem muitas memórias. Tem um livro para escrever e aí, de novo, se estabelece uma relação com o acidente. Acontece que, talvez também quase por acidente, esbarra em antigos livros de escola e encontra pretexto para exercitar aqueles três dedos sobrantes através do esforço e da tentativa de escrita. Copia, arduamente, incessantemente, excertos da Ode Marítima, de Álvaro de Campos e cria assim uma espécie de eco que vai envolver e progredir ao longo de todo o romance. Nas suas múltiplas leituras. Nos seus múltiplos significados. Nos múltiplos caminhos seguidos por uma escrita límpida e tão cheia de possibilidades como a imensidão sempre contida num estuário.

Uma outra leitura, ainda muito no início, é a de Exilados Portugueses em Argel. A FPLN das origens à rutura com Humberto Delgado, de Susana Martins, investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou com a tese que dá origem a este livro.

São longas páginas sobre um momento muito particular de uma também muito particular oposição portuguesa, que no final de 1962 cria em Roma a Frente Patriótica de Libertação Nacional-FPLN, numa altura em a recém-independente Argélia começava a acolher um novo núcleo do exílio português e onde se instala a delegação da FPLN no exterior. São muitas as histórias, as contradições, as radicalizações, as lutas internas, que se vão agravando com o tempo e terão atingido o auge em finais de junho de 1964, quando Humberto Delgado chega a Argel para assumir a presidência da FPLN, mas rapidamente se envolve também numa série de conflitos e acaba por romper com a Frente. O livro de Susana Martins faz essa longa viagem até um passado onde se traçaram alguns dos caminhos da oposição ao salazarismo.

Por hoje é tudo. Devido ao feriado, amanhã não haverá Expresso Curto. Cá estaremos de novo na sexta-feira para lhe oferecer um Curto bem tirado. Tenha um bom dia.

O debate não acabou ontem . Apenas ganhou nova intensidade. Pelas reações de diferentes partidos, é já certo que regressará em breve. A relação de forças a sair das próximas eleições legislativas será determinante para se perceber se a morte de ontem é, ou não, apenas um estado transitório com ressuscitação à vista.

O que é difícil de explicar e precisa de uma argumentação muito elaborada para ser justificado, dificilmente é compreendido.

Para o CDS, que radicalizou um debate muito colocado num campo onde acabavam por se misturar questões de ordem filosófica com motivações de inspiração religiosa , nunca houve dúvidas. O PCP vivia o drama e o risco de poder ver a sua rejeição, estruturada a partir de uma forte dimensão política com alguma carga ideológica, ser confundida com um lado onde se acantonavam nomes como Cavaco Silva, as confissões religiosas, Assunção Cristas ou Passos Coelho. Foi o que aconteceu, com uma inusitada violência verbal, até, por parte de Mariana Mortágoa, do Bloco de Esquerda .

Num debate com alguma divisão ideológica , embora com matizes pouco convencionais, a tarefa do PCP, decisivo na rejeição dos projetos, revelava-se difícil, pelas leituras políticas inerentes ao seu voto. PS, BE, Verdes e PAN tinham uma posição favorável à aprovação da eutanásia bem definida, até pela circunstância de apresentarem projetos de lei. Para o PSD, e não obstante Rui Rio se colocar do lado do sim , sempre houve a percepção de que haveria entre os seus deputados um sentimento maioritário de rejeição. Mas sem qualquer drama existencial, seja entre os poucos que votaram sim, ou entre a maioria do não.

Os cinco votos de diferença , cuja história é aqui contada, são o resultado de algumas surpresas na votação nominal , como aconteceu com o não previsto voto contra assumido por Miranda Calha, do PS, ou com o menor número de deputados do PSD a votarem não do que faziam prever os palpites divulgados ao longo da semana.

Esta poderia ser a crónica de uma morte anunciada com ressuscitação prevista. Os projetos de decreto-lei destinados a legalizar a eutanásia foram todos chumbados . Por poucos votos. Tal como se tivessem sido aprovados, o seriam por escassa vantagem. Daí resulta um significado óbvio, e independente do que pudesse vir a ser a, anunciada pelo Expresso , posição do Presidente da República. O tema é complexo. Está longe de recolher o apoio de uma maioria significativa e consolidada. Denuncia a existência de uma clivagem na sociedade , exterior à clássica divisão entre esquerda e direita.

OUTRAS NOTÍCIAS

O que há hoje de comum entre Portugal, Alemanha, Itália, reforma da zona euro e o Orçamento Plurianual da União Europeia? Tudo, para dizer o mínimo. Angela Merkel inicia logo à tarde uma visita a Portugal. Chega ao Porto, onde será recebida por António Costa, e parte para Braga. Com um programa centrado na tecnologia e investigação, visitará a multinacional alemã Bosch, na capital minhota, e o I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde do Porto.

Merkel e Costa delocar-se-ão em veículos Volkswagen produzidos na fábrica da Autoeuropa, em Palmela. Pelo caminho terão tempo, oportunidade e necessidade de falar, seguramente sobre o tempo, para desbloquear a conversa, mas não deverão demorar muito a centrar-se no que importa. Entre a reforma da zona euro, a gestão das migrações e a discussão sobre o próximo Orçamento Plurianual da União Europeia, um dos temas não deixará, por certo, de ser o caos vivido em Itália.

Tudo devido à muito complexa posição tomada pelo Presidente da República, Sergio Mattarella, de recusar um Ministro da Economia e das Finanças por o considerar um eurocético. Paolo Savona, cujo veto por Matarella deixou Itália sem governo e à beira de um precipício político de consequências imprevisíveis, nem sequer é um radical nas suas posições. Não defende a saída de Itália do Euro, mas advoga, sim, a necessidade de o país se preparar com um plano alternativo, caso se verifique a impossibilidade de rever os tratados europeus. Ao que aprece, os “mercados” andam aflitos.

Numa estranha similitude com o medieval “direito de pernada” atribuído aos senhores feudais, atitudes como a do PR de Itália consolidam cada vez mais nos cidadãos da União Europeia a convicção de que a democracia é um adquirido de geometria variável.

Afinal, ser bom aluno não parece compensar. A medida ainda é provisória, mas a Comissão Europeia anunciou um corte de 7% nos fundos de coesão a atribuir a Portugal. Até 2027 o país deverá receber menos 1,6 mil milhões de euros do que recebeu no atual Quadro Comunitário de Apoio.

O arquiteto japonês Kengo Kuma, autor do projeto do estádio escolhido para a cerimónia dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, assina, com os portugueses OODA, o projeto de reconversão do antigo Matadouro de Campanhã, no Porto. Vão ser investidos 40 milhões de euros. O investimento será exclusivamente privado e resulta de um concurso lançado pela Câmara Municipal do Porto, ganho pela construtora Mota Engil, que ficará com direito de exploração do espaço durante 30 anos. O espaço pretende assumir-se como âncora de desenvolvimento da zona oriental do Porto, com vertentes económica, cultural e social.

Os parceiros sociais voltam a reunir-se hoje para discutir alterações à legislação laboral, entre elas limites aos contratos a termo, bancos de horas por acordos de grupo e o alargamento do período experimental para alguns contratos sem termo.

A Altice, dona da MEO, viu chumbada pela Autoridade da Concorrência (AdC) a sua proposta de aquisição da Media Capital, proprietária da TVI, mas não tenciona apresentar novas propostas ou soluções para contornar o problema agora criado. A AdC diz estarem em causa os interesses dos consumidores. A empresa alega manter interesse no negócio e que a sua proposta está em linha com s melhores práticas europeias em situações similares. O que está em causa é a concentração num mesmo grupo de um produtor de conteúdos, um distribuidor e um dos maiores anunciantes.

É a notícia do dia no desporto. O Manchester United de José Mourinho veio às compras ao Porto e leva, ao que tudo indica, o lateral de 19 anos Diogo Dalot. O Manchester United acionará a cláusula de rescisão, que é de €20 milhões e dispensa qualquer negociação com o FC Porto. A saída de Dalot cria um problema aos Dragões, que só venderam o passe de Ricardo Pereira ao Leicester na convicção de que manteria o jovem lateral.

LÁ FORA

A guerra do gasóleo está a paralisar o Brasil. Apesar das cedências aos camionistas, os protestos continuam e o bloqueio, que já leva nove dias, começa a estender-se a outros setores.

O investidor George Soros anunciou a intenção de promover uma campanha a favor da realização de um novo referendo sobre o 'Brexit' e evitar a saída do Reino Unido da UE, prevista para finais de março de 2019.

A Rússia rejeitou os pedidos dos membros do Conselho de Segurança da ONU para assumir responsabilidades no caso do abate do voo MH17, quando sobrevoava a Ucrânia em 2014.

O jornalista russo Arkadi Bábchenko, de 41 anos, crítico do poder, foi morto em Kiev, com um tiro nas costas, segundo comunicou a chefe de imprensa da polícia ucraniana. As hipóteses avançadas pela polícia para justificar este assassínio relacionam-se com a atividade de Bábchenko enquanto jornalista.

As forças armadas israelitas anunciaram ter bombardeado hoje de madrugada 25 objetivos militares ligados ao movimento de resistência islâmica Hamas, na Faixa de Gaza. Segundo a agência Lusa, o ataque foi apresentado como resposta a disparos com granadas de morteiro.

Quer conhecer algumas das mais populares e mais belas bibliotecas públicas do mundo? Espreite aqui e encontrará surpresas deslumbrantes.

Ainda no domínio da literatura, e só por curiosidade, gostaria de ler as primeiras críticas do New York Times a cada um dos romances de Virginia Woolf? Se lê em inglês e está disponível para uma suculenta proposta, tem aqui a sua oportunidade.

PRIMEIRAS PÁGINAS

Empresas alemãs já são o maior empregador em Portugal depois do Estado – DN

António Costa: “Crise em Itália prova custos do atraso na reforma do euro” – Público

Não à eutanásia – I

Médicos burlam Estado em pensões de invalidez – JN

Ronaldo contrata super espião – Correio da Manhã

15 campeões da economia – Negócios

Universidades Já não chega só uma licenciatura – Sábado

Trilhos mágicos para descobrir o país – Visão

Dalot 5 anos no Man. United – A Bola

Mourinho leva Dalot – O Jogo

Joe Hart é o alvo (para substituir rui Patrício no Sporting) – Record

FRASES

“Tenho para mim que o PS, no futuro, deve manter-se afastado de compromissos com quem foi contra o SNS”. Isabel Moreira, deputada do PS na Visão

“Uma união a 28 entre países democráticos só sobrevive com o respeito pelos compromissos comuns, no quadro da liberdade de escolha dos cidadãos nacionais”. António Costa, primeiro-ministro, no Público

O QUE ANDO A LER

Está de volta a escrita luminosa de Lídia Jorge. Mergulhar nos mundos criados por uma mulher com uma aguda perceção da realidade e do tempo que a rodeia é um exercício carregado de fascínios, mas também de interrogações e perplexidades. Como acontece em Estuário, agora publicado. Aí vamos encontrar Edmundo Galeano, mutilado numa missão humanitária no Corno de África. Ao salvar um recém-nascido encontrado num depósito de lixo, fica com parte da mão direta decepada. Esse acidente vai fazê-lo regressar à casa paterna, a do Largo do Corpo Santo, para onde estão a voltar outros irmãos em resultado de outros acidentes da vida. “Também para Edmundo Galeano, a casa do largo do Corpo Santo não era mais a mesma. Estava agora acrescentada de uma ausência tão presente que as paredes pareciam ter-se expandido sob a força de uma outra geometria. Nesse espaço deformado, também os seus habitantes haviam adquirido outra dimensão, e quando se cruzavam pelos corredores e pelas escadas, achavam, reciprocamente, que os outros pareciam sonâmbulos. Sonâmbulos da surpresa”. (pág. 159).

É um romance de expiações, ou uma viagem por tempos sufocados e pouco presentes na literatura portuguesa contemporânea. Como os efeitos da crise económica, bem espelhada naquele pai Manuel Galeano, armador, septuagenário, atormentado com uma falência da qual não soube, ou não foi capaz de proteger a família e na qual arrasta dois filhos.

Edmundo tem muitas memórias. Tem um livro para escrever e aí, de novo, se estabelece uma relação com o acidente. Acontece que, talvez também quase por acidente, esbarra em antigos livros de escola e encontra pretexto para exercitar aqueles três dedos sobrantes através do esforço e da tentativa de escrita. Copia, arduamente, incessantemente, excertos da Ode Marítima, de Álvaro de Campos e cria assim uma espécie de eco que vai envolver e progredir ao longo de todo o romance. Nas suas múltiplas leituras. Nos seus múltiplos significados. Nos múltiplos caminhos seguidos por uma escrita límpida e tão cheia de possibilidades como a imensidão sempre contida num estuário.

Uma outra leitura, ainda muito no início, é a de Exilados Portugueses em Argel. A FPLN das origens à rutura com Humberto Delgado, de Susana Martins, investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou com a tese que dá origem a este livro.

São longas páginas sobre um momento muito particular de uma também muito particular oposição portuguesa, que no final de 1962 cria em Roma a Frente Patriótica de Libertação Nacional-FPLN, numa altura em a recém-independente Argélia começava a acolher um novo núcleo do exílio português e onde se instala a delegação da FPLN no exterior. São muitas as histórias, as contradições, as radicalizações, as lutas internas, que se vão agravando com o tempo e terão atingido o auge em finais de junho de 1964, quando Humberto Delgado chega a Argel para assumir a presidência da FPLN, mas rapidamente se envolve também numa série de conflitos e acaba por romper com a Frente. O livro de Susana Martins faz essa longa viagem até um passado onde se traçaram alguns dos caminhos da oposição ao salazarismo.

Por hoje é tudo. Devido ao feriado, amanhã não haverá Expresso Curto. Cá estaremos de novo na sexta-feira para lhe oferecer um Curto bem tirado. Tenha um bom dia.

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