Viva Espanha: Crónica de uma desilusão anunciada

27-07-2018
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Só se desilude quem acalentou esperanças. A hipótese de ter José Sócrates à frente do PS sempre representou um regresso ao pior do guterrismo. Prognosticava-se que daria, como deu, para ganhar as eleições com larga margem. Todos os outros indicadores, que não prenunciavam nada de bom, foram, por isso, menosprezados. As consequências estão à vista, e nem demoraram muito tempo a fazer-se notar.Não se pode dizer que os sectores do PS que apoiaram Sócrates na sua candidatura à liderança do partido o tenham feito discretamente. Pelo contrário, mostraram a cara e todos puderam ver quem eram. No final de Setembro do ano passado, o Público identificava, na primeira fila da recepção ao novo líder, António Costa, Jorge Coelho, Vitalino Canas, Edite Estrela, Jaime Gama, Sérgio Sousa Pinto, Capulas Santos, Armando Vara e Miranda Calha. As distritais e os autarcas do PS também apoiaram em peso a sua candidatura. Não havia como ser enganado. De resto, ainda antes das eleições, Miranda Calha escrevia, também no Público, um artigo de opinião a declarar o seu apoio a Sócrates. Miranda Calha prognosticava a vitória de Sócrates e avançava quatro razões para isso, sendo a última delas perfeitamente exemplar do que da sua liderança se poderia esperar em relação ao aparelho partidário. Essa quarta razão consistia, muito resumidamente, no facto de Sócrates ter uma visão para o partido, visão essa que não aviltava o aparelho. Sócrates estava com o aparelho e o aparelho estava com Sócrates. Perante os acontecimentos verificados em menos de meio ano de governo Sócrates, chegou a hora de falar claramente. Esta liderança do PS e este governo não têm o valor que afirmam ter. Não contribuem para a credibilidade da governância, não contribuem para a credibilidade do PS e não contribuem para a credibilidade de uma alternativa política à esquerda. É verdade que não estamos perante uma reedição dos governos PSD-PP, que ainda podem classificar-se como o pior que nos aconteceu nestas últimas décadas. Mas o rumo do país continua a afastar-se, contra as mais elementares regras do bom senso, do trilho que deveria percorrer. O futuro está longe de corresponder aos legítimos desejos de progresso social e económico de qualquer sociedade. E o pior é que a luz ao fundo do túnel parece cada vez mais ténue.

Só se desilude quem acalentou esperanças. A hipótese de ter José Sócrates à frente do PS sempre representou um regresso ao pior do guterrismo. Prognosticava-se que daria, como deu, para ganhar as eleições com larga margem. Todos os outros indicadores, que não prenunciavam nada de bom, foram, por isso, menosprezados. As consequências estão à vista, e nem demoraram muito tempo a fazer-se notar.Não se pode dizer que os sectores do PS que apoiaram Sócrates na sua candidatura à liderança do partido o tenham feito discretamente. Pelo contrário, mostraram a cara e todos puderam ver quem eram. No final de Setembro do ano passado, o Público identificava, na primeira fila da recepção ao novo líder, António Costa, Jorge Coelho, Vitalino Canas, Edite Estrela, Jaime Gama, Sérgio Sousa Pinto, Capulas Santos, Armando Vara e Miranda Calha. As distritais e os autarcas do PS também apoiaram em peso a sua candidatura. Não havia como ser enganado. De resto, ainda antes das eleições, Miranda Calha escrevia, também no Público, um artigo de opinião a declarar o seu apoio a Sócrates. Miranda Calha prognosticava a vitória de Sócrates e avançava quatro razões para isso, sendo a última delas perfeitamente exemplar do que da sua liderança se poderia esperar em relação ao aparelho partidário. Essa quarta razão consistia, muito resumidamente, no facto de Sócrates ter uma visão para o partido, visão essa que não aviltava o aparelho. Sócrates estava com o aparelho e o aparelho estava com Sócrates. Perante os acontecimentos verificados em menos de meio ano de governo Sócrates, chegou a hora de falar claramente. Esta liderança do PS e este governo não têm o valor que afirmam ter. Não contribuem para a credibilidade da governância, não contribuem para a credibilidade do PS e não contribuem para a credibilidade de uma alternativa política à esquerda. É verdade que não estamos perante uma reedição dos governos PSD-PP, que ainda podem classificar-se como o pior que nos aconteceu nestas últimas décadas. Mas o rumo do país continua a afastar-se, contra as mais elementares regras do bom senso, do trilho que deveria percorrer. O futuro está longe de corresponder aos legítimos desejos de progresso social e económico de qualquer sociedade. E o pior é que a luz ao fundo do túnel parece cada vez mais ténue.

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