Cavaco Silva: “Nunca receei ser submetido ao exame da consistência das posições assumidas”

31-10-2018
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Atento às reações adversas às suas memórias, Cavaco Silva avisa não ter medo de poder ser desmentido ou de se ter enganado. No lançamento do seu livro, "Quintas-feiras e outros dias", que decorreu nesta quarta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, o ex-Presidente da República elogiou Pedro Passos Coelho, ignorou António Costa, e meteu-se indiretamente com Marcelo: "Fui o PR que até às data menos condecorações atribuiu".

Cavaco começou a apresentação da obra sobre os anos de brasa da troika, com um aviso aos que o criticam pela forma como relata os factos e define os protagonistas: gosta de prestar contas e não tem medo das consequências.

Depois de lembrar que sempre viu na prestação de contas "um imperativo de quem ocupa altos cargos públicos", o ex-PR revelou que durante a sua longa carreira política escreveu "23 publicações a prestar contas". E, garantiu: "Nunca receei ser submetido ao exame de consistência das posições assumidas".

Cavaco, que no livro relata como divergiu de Passos Coelho na dose de austeridade aplicada ao país e que conta como o ex-primeiro-ministro se quis demitir por três vezes, foi muito elogioso com ele na sessão de lançamento da obra. Divergiram, mas - disse - " a verdade é que Portugal conseguiu". E embora "a gestão de uma coligação governamental seja sempre difícil", Cavaco sublinhou o “happy end”: "Soubemos encontrar o caminho do superior interesse nacional".

Afinal, também há louros para Passos e Portas: a saída do resgate "foi uma vitória antes de mais dos portugueses, mas também do Governo e do primeiro-ministro", afirmou Cavaco Silva. Que não falou de António Costa, o atual primeio-ministro, que hoje invocou o "sentido de Estado" para não comentar o livro sobre as reuniões das quintas-feiras com o ex-Presidente.

Cavaco passou a coabitação com a geringonça a correr, apenas para lembrar os "riscos" que temeu para o país associados àquela "solução governativa inédita". À geração dos netos disse esperar "que os ensinamentos destes anos não permitam que voltem a deixar Portugal cair na bancarrota".

Sem falar de Marcelo Rebelo de Sousa, o seu sucessor que bate recordes de condecorações, Cavaco meteu-se indiretamente com ele:" eu fui o Presidente que até às data menos condecorações atribuiu". Marcelo faltou à sessão. Estava no Porto. Mas Ramalho Eanes, outro ex-Chefe de Estado, compareceu. Rui Rio mandou o seu vice, David Justino. A Aliança, de Pedro Santana Lopes, fez-se representar pelo ex-PSD Carlos Pinto. Mas o partido de Cavaco foi fraco em presenças na Gulbenkian, por onde passaram sobretudo ex-colaboradores do "passismo", como Maria Luís Albuquerque, Teresa Morais, Miguel Morgado e Nilza Sena.

Cavaco, "o intruso"

Leonor Beleza, que apresentou o livro, agradeceu as "múltiplas coisas" que, "como muitos portugueses" disse dever a Cavaco Silva. E confessando não ser relativamente a Cavaco "uma pessoa independente", tentou defender o entendimento do ex-Chefe de Estado sobre a utilidade de contar o que nunca antes um PR contou.

"Normalmente os atores políticos guardam para si", reconheceu a ex-ministra de Cavaco e atual presidente da Fundação Champalimaud, mas Cavaco Silva terá assumido, segundo Beleza, o perfil que ele próprio já escreveu ser o seu, pela forma como aterrou na política: ou seja, Leonor dixit, "como intruso".

Solidária com o entendimento de Cavaco, a sua ex-ministra confessou que ela própria nunca acreditou que a "geringonça" pudesse vingar: "afinal, a legislatura vai mesmo chegar ao fim. Eu era uma das pessoas que não acreditava que isso pudesse acontecer".

Atento às reações adversas às suas memórias, Cavaco Silva avisa não ter medo de poder ser desmentido ou de se ter enganado. No lançamento do seu livro, "Quintas-feiras e outros dias", que decorreu nesta quarta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, o ex-Presidente da República elogiou Pedro Passos Coelho, ignorou António Costa, e meteu-se indiretamente com Marcelo: "Fui o PR que até às data menos condecorações atribuiu".

Cavaco começou a apresentação da obra sobre os anos de brasa da troika, com um aviso aos que o criticam pela forma como relata os factos e define os protagonistas: gosta de prestar contas e não tem medo das consequências.

Depois de lembrar que sempre viu na prestação de contas "um imperativo de quem ocupa altos cargos públicos", o ex-PR revelou que durante a sua longa carreira política escreveu "23 publicações a prestar contas". E, garantiu: "Nunca receei ser submetido ao exame de consistência das posições assumidas".

Cavaco, que no livro relata como divergiu de Passos Coelho na dose de austeridade aplicada ao país e que conta como o ex-primeiro-ministro se quis demitir por três vezes, foi muito elogioso com ele na sessão de lançamento da obra. Divergiram, mas - disse - " a verdade é que Portugal conseguiu". E embora "a gestão de uma coligação governamental seja sempre difícil", Cavaco sublinhou o “happy end”: "Soubemos encontrar o caminho do superior interesse nacional".

Afinal, também há louros para Passos e Portas: a saída do resgate "foi uma vitória antes de mais dos portugueses, mas também do Governo e do primeiro-ministro", afirmou Cavaco Silva. Que não falou de António Costa, o atual primeio-ministro, que hoje invocou o "sentido de Estado" para não comentar o livro sobre as reuniões das quintas-feiras com o ex-Presidente.

Cavaco passou a coabitação com a geringonça a correr, apenas para lembrar os "riscos" que temeu para o país associados àquela "solução governativa inédita". À geração dos netos disse esperar "que os ensinamentos destes anos não permitam que voltem a deixar Portugal cair na bancarrota".

Sem falar de Marcelo Rebelo de Sousa, o seu sucessor que bate recordes de condecorações, Cavaco meteu-se indiretamente com ele:" eu fui o Presidente que até às data menos condecorações atribuiu". Marcelo faltou à sessão. Estava no Porto. Mas Ramalho Eanes, outro ex-Chefe de Estado, compareceu. Rui Rio mandou o seu vice, David Justino. A Aliança, de Pedro Santana Lopes, fez-se representar pelo ex-PSD Carlos Pinto. Mas o partido de Cavaco foi fraco em presenças na Gulbenkian, por onde passaram sobretudo ex-colaboradores do "passismo", como Maria Luís Albuquerque, Teresa Morais, Miguel Morgado e Nilza Sena.

Cavaco, "o intruso"

Leonor Beleza, que apresentou o livro, agradeceu as "múltiplas coisas" que, "como muitos portugueses" disse dever a Cavaco Silva. E confessando não ser relativamente a Cavaco "uma pessoa independente", tentou defender o entendimento do ex-Chefe de Estado sobre a utilidade de contar o que nunca antes um PR contou.

"Normalmente os atores políticos guardam para si", reconheceu a ex-ministra de Cavaco e atual presidente da Fundação Champalimaud, mas Cavaco Silva terá assumido, segundo Beleza, o perfil que ele próprio já escreveu ser o seu, pela forma como aterrou na política: ou seja, Leonor dixit, "como intruso".

Solidária com o entendimento de Cavaco, a sua ex-ministra confessou que ela própria nunca acreditou que a "geringonça" pudesse vingar: "afinal, a legislatura vai mesmo chegar ao fim. Eu era uma das pessoas que não acreditava que isso pudesse acontecer".

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