Olho de Gato: Limões *

14-10-2019
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* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

1. Em 1970, o economista George Akerlof publicou o seu ensaio "Mercado dos limões: incerteza da qualidade e mecanismo do mercado". Nele explica-se que, nos casos em que existe uma grande assimetria de informação entre o vendedor e o comprador e em que não é fácil avaliar a qualidade do produto, as pessoas reduzem o risco de serem enganadas se pensarem que toda a gente as quer enganar.

Imagem daqui

É claro que estes “limões” não são os frutos dos limoeiros. “Limões”, aqui, é o calão norte-americano correspondente ao nosso “charutos”. Refere-se a carros usados em mau estado. “Charutos” pelo fumo malcheiroso, "limões" pela amargueza que trazem à vida do comprador.

Ora, explicou Akerlof, a “dúvida metódica” do comprador perante a conversa do vendedor — que diz sempre que o carro está óptimo — faz com que as pessoas tendam a atribuir aos carros um valor médio. Os automóveis de boa qualidade, conhecidos como “ameixas” nos EUA e como “vitelinhas” entre nós, são avaliados para baixo e os de má qualidade para cima. Como explicou o prémio nobel Akerlof, o resultado é as “ameixas” saírem do mercado que fica entregue aos “limões”.

O mau expulsa o bom. Na lei de Gresham, “a má moeda” expulsa “a boa moeda”. Nesta lei de Akerlof, “o limão” expulsa “a ameixa”.

2. Há umas semanas, o sempre bem informado director deste jornal descreveu aqui o “nervoso miudinho” que vai no PS por um lugarito na lista de deputados.

O jornalista António Figueiredo contou-nos que o líder distrital António Borges, em vez das prometidas primárias, prefere agora precaver-se de problemas produzindo prudentemente uma lista deputacional em “pequeno comité”.

Fotografia do FB de António Borges

E que, na corrida, a seguir a António Borges, alinham-se acartadores da pasta do chefe, gente bem posicionada dentro do partido mas que, fora dele, quando abre a boca faz perder votos. Alguns nomes: Miguel Ginestal, José Rui Cruz, Lúcia Silva, Marisabel Moutela.

É caso para perguntar: no PS-Viseu já só há “limões”?


* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

1. Em 1970, o economista George Akerlof publicou o seu ensaio "Mercado dos limões: incerteza da qualidade e mecanismo do mercado". Nele explica-se que, nos casos em que existe uma grande assimetria de informação entre o vendedor e o comprador e em que não é fácil avaliar a qualidade do produto, as pessoas reduzem o risco de serem enganadas se pensarem que toda a gente as quer enganar.

Imagem daqui

É claro que estes “limões” não são os frutos dos limoeiros. “Limões”, aqui, é o calão norte-americano correspondente ao nosso “charutos”. Refere-se a carros usados em mau estado. “Charutos” pelo fumo malcheiroso, "limões" pela amargueza que trazem à vida do comprador.

Ora, explicou Akerlof, a “dúvida metódica” do comprador perante a conversa do vendedor — que diz sempre que o carro está óptimo — faz com que as pessoas tendam a atribuir aos carros um valor médio. Os automóveis de boa qualidade, conhecidos como “ameixas” nos EUA e como “vitelinhas” entre nós, são avaliados para baixo e os de má qualidade para cima. Como explicou o prémio nobel Akerlof, o resultado é as “ameixas” saírem do mercado que fica entregue aos “limões”.

O mau expulsa o bom. Na lei de Gresham, “a má moeda” expulsa “a boa moeda”. Nesta lei de Akerlof, “o limão” expulsa “a ameixa”.

2. Há umas semanas, o sempre bem informado director deste jornal descreveu aqui o “nervoso miudinho” que vai no PS por um lugarito na lista de deputados.

O jornalista António Figueiredo contou-nos que o líder distrital António Borges, em vez das prometidas primárias, prefere agora precaver-se de problemas produzindo prudentemente uma lista deputacional em “pequeno comité”.

Fotografia do FB de António Borges

E que, na corrida, a seguir a António Borges, alinham-se acartadores da pasta do chefe, gente bem posicionada dentro do partido mas que, fora dele, quando abre a boca faz perder votos. Alguns nomes: Miguel Ginestal, José Rui Cruz, Lúcia Silva, Marisabel Moutela.

É caso para perguntar: no PS-Viseu já só há “limões”?

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