Caso Robles. Luís Fazenda diz que Bloco vai refletir e “tirará conclusões”

21-10-2018
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Nem todos os dirigentes do Bloco de Esquerda defendem que o vereador Ricardo Robles está a ser vítima de uma espécie de cabala, como susten...

Nem todos os dirigentes do Bloco de Esquerda defendem que o vereador Ricardo Robles está a ser vítima de uma espécie de cabala, como sustentou no fim de semana a coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins. 
Luís Fazenda, antigo líder parlamentar, admite ao i que atividades imobiliárias como as realizadas por Ricardo Robles são criticadas no programa do Bloco de Esquerda: “São circunstâncias que, no Bloco de Esquerda, nós condenamos e que levam à gentrificação.” 
Questionado sobre se as ações concretas do vereador da Câmara de Lisboa são condenáveis à luz dos princípios do Bloco de Esquerda e “levam à gentrificação”, Luís Fazenda responde sucinta mas elucidativamente: “Sim. Não posso dizer outra coisa.”
Luís Fazenda, antigo líder da UDP que fundou o Bloco de Esquerda em 1999 com Francisco Louçã (na altura do Partido Socialista Revolucionário, PSR), Fernando Rosas e Miguel Portas, é o único dos fundadores que continua a fazer parte dos órgãos de direção do Bloco de Esquerda. 
Ao i, Luís Fazenda afirma que  “o Bloco não mudou de ideias nem de políticas” e que não sai “diminuído” deste caso, embora considere que, “provavelmente, a situação é mais adversa”. E defende que neste caso “tem de se fazer uma reflexão e tirar conclusões”. 
“As avaliações que faremos vão ter em conta as várias opiniões e a forma como este processo foi entendido”, diz o antigo líder parlamentar bloquista, para quem o caso Robles “tem aspetos que carecem de uma análise mais longa e cuidada”. 
Sem deixar de ironizar com o impacto que o assunto teve na comunicação social – “Achei muito interessante este movimento que se estendeu a todo o país. Consegui perceber que teve mais eco do que as bravatas de Manuel Pinho” –, o fundador do Bloco de Esquerda afirma-se pronto para “um debate sobre valores”: “Se querem um debate sobre valores, nós faremos esse debate.”
Luís Fazenda é o primeiro alto dirigente do Bloco de Esquerda a defender uma “avaliação” do impacto do caso Ricardo Robles – que comprou à Segurança Social um prédio por 347 mil euros, investiu 650 mil euros em obras e chegou a colocá-lo à venda numa imobiliária de luxo (a Christie’s) por 5,7 milhões de euros – e a defender que sejam retiradas “conclusões”.
 As posições oficiais do Bloco de Esquerda têm sido em defesa das ações do vereador Ricardo Robles. Na sexta-feira, a comissão política reuniu-se e emitiu um comunicado, desmentindo que o vereador tivesse “ganho milhões” – coisa que não aconteceu porque, nos seis meses em que esteve entregue à imobiliária, o prédio não foi vendido. 
Com base nos pressupostos de que “é falsa a realização de qualquer venda” e que “enquanto coproprietário de um imóvel , Ricardo Robles manteve com todos os seus inquilinos uma relação inteiramente correta, assegurando os direitos de todos”, a comissão política do Bloco de Esquerda considerou que “a conduta do vereador Ricardo Robles em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e continuará a propor”. 
No sábado, Catarina Martins ensaiou uma espécie de teoria da cabala, atribuindo a uma “campanha de difamação” e “infâmia” as notícias sobre o caso Robles. 
A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu veementemente o vereador da Câmara de Lisboa, que “fez o que tinha de ser feito” e “nada fez de errado”. “Robles não precisou de notícias dos jornais para fazer o que tinha de ser feito”, referindo-se ao facto de o vereador ter feito obras e ter mantido um arrendatário com uma renda de 170 euros.
“O que o Bloco de Esquerda está a fazer está a incomodar os interesses imobiliários.” Foi esta a justificação que Catarina Martins encontrou para as notícias sobre os negócios imobiliários de Ricardo Robles, que surgiram “na mesma altura em que o parlamento aprovou legislação importante para proteger os inquilinos, o direito de preferência sobre a propriedade que permite que o inquilino possa comprar só a sua fração quando o senhorio quer vender todo o empreendimento”. 
A lei que está a ser finalizada no parlamento será, afirmou Catarina Martins, “um grande obstáculo a negócios que estão a ser preparados, nomeadamente a Fidelidade, que quer vender um enorme número de prédios em várias zonas do país”.
Na sexta-feira, num debate na SIC Notícias, Mariana Mortágua tinha afirmado que a comissão política do Bloco de Esquerda tinha pedido “mais esclarecimentos” a Ricardo Robles e que iria pronunciar-se em momento “oportuno”. Mas o comunicado da reunião de sexta exprime o apoio da CP ao seu vereador em Lisboa.

by Ana Sá Lopes via Jornal i

Nem todos os dirigentes do Bloco de Esquerda defendem que o vereador Ricardo Robles está a ser vítima de uma espécie de cabala, como susten...

Nem todos os dirigentes do Bloco de Esquerda defendem que o vereador Ricardo Robles está a ser vítima de uma espécie de cabala, como sustentou no fim de semana a coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins. 
Luís Fazenda, antigo líder parlamentar, admite ao i que atividades imobiliárias como as realizadas por Ricardo Robles são criticadas no programa do Bloco de Esquerda: “São circunstâncias que, no Bloco de Esquerda, nós condenamos e que levam à gentrificação.” 
Questionado sobre se as ações concretas do vereador da Câmara de Lisboa são condenáveis à luz dos princípios do Bloco de Esquerda e “levam à gentrificação”, Luís Fazenda responde sucinta mas elucidativamente: “Sim. Não posso dizer outra coisa.”
Luís Fazenda, antigo líder da UDP que fundou o Bloco de Esquerda em 1999 com Francisco Louçã (na altura do Partido Socialista Revolucionário, PSR), Fernando Rosas e Miguel Portas, é o único dos fundadores que continua a fazer parte dos órgãos de direção do Bloco de Esquerda. 
Ao i, Luís Fazenda afirma que  “o Bloco não mudou de ideias nem de políticas” e que não sai “diminuído” deste caso, embora considere que, “provavelmente, a situação é mais adversa”. E defende que neste caso “tem de se fazer uma reflexão e tirar conclusões”. 
“As avaliações que faremos vão ter em conta as várias opiniões e a forma como este processo foi entendido”, diz o antigo líder parlamentar bloquista, para quem o caso Robles “tem aspetos que carecem de uma análise mais longa e cuidada”. 
Sem deixar de ironizar com o impacto que o assunto teve na comunicação social – “Achei muito interessante este movimento que se estendeu a todo o país. Consegui perceber que teve mais eco do que as bravatas de Manuel Pinho” –, o fundador do Bloco de Esquerda afirma-se pronto para “um debate sobre valores”: “Se querem um debate sobre valores, nós faremos esse debate.”
Luís Fazenda é o primeiro alto dirigente do Bloco de Esquerda a defender uma “avaliação” do impacto do caso Ricardo Robles – que comprou à Segurança Social um prédio por 347 mil euros, investiu 650 mil euros em obras e chegou a colocá-lo à venda numa imobiliária de luxo (a Christie’s) por 5,7 milhões de euros – e a defender que sejam retiradas “conclusões”.
 As posições oficiais do Bloco de Esquerda têm sido em defesa das ações do vereador Ricardo Robles. Na sexta-feira, a comissão política reuniu-se e emitiu um comunicado, desmentindo que o vereador tivesse “ganho milhões” – coisa que não aconteceu porque, nos seis meses em que esteve entregue à imobiliária, o prédio não foi vendido. 
Com base nos pressupostos de que “é falsa a realização de qualquer venda” e que “enquanto coproprietário de um imóvel , Ricardo Robles manteve com todos os seus inquilinos uma relação inteiramente correta, assegurando os direitos de todos”, a comissão política do Bloco de Esquerda considerou que “a conduta do vereador Ricardo Robles em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e continuará a propor”. 
No sábado, Catarina Martins ensaiou uma espécie de teoria da cabala, atribuindo a uma “campanha de difamação” e “infâmia” as notícias sobre o caso Robles. 
A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu veementemente o vereador da Câmara de Lisboa, que “fez o que tinha de ser feito” e “nada fez de errado”. “Robles não precisou de notícias dos jornais para fazer o que tinha de ser feito”, referindo-se ao facto de o vereador ter feito obras e ter mantido um arrendatário com uma renda de 170 euros.
“O que o Bloco de Esquerda está a fazer está a incomodar os interesses imobiliários.” Foi esta a justificação que Catarina Martins encontrou para as notícias sobre os negócios imobiliários de Ricardo Robles, que surgiram “na mesma altura em que o parlamento aprovou legislação importante para proteger os inquilinos, o direito de preferência sobre a propriedade que permite que o inquilino possa comprar só a sua fração quando o senhorio quer vender todo o empreendimento”. 
A lei que está a ser finalizada no parlamento será, afirmou Catarina Martins, “um grande obstáculo a negócios que estão a ser preparados, nomeadamente a Fidelidade, que quer vender um enorme número de prédios em várias zonas do país”.
Na sexta-feira, num debate na SIC Notícias, Mariana Mortágua tinha afirmado que a comissão política do Bloco de Esquerda tinha pedido “mais esclarecimentos” a Ricardo Robles e que iria pronunciar-se em momento “oportuno”. Mas o comunicado da reunião de sexta exprime o apoio da CP ao seu vereador em Lisboa.

by Ana Sá Lopes via Jornal i

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