MONTALVO E AS CIÊNCIAS DO NOSSO TEMPO: Em Torno do Pensar Poetizante de Agostinho da Silva. Lúcia Helena A. Sá. «Na Grécia, a Beleza e o Amor foram cultuados e nela encontram-se os germes do pensament

15-10-2019
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de wikipedia e jdact

Com
a devida vénia a Lúcia Helena Alves Sá

«A alethopoíesis de Agostinho da Silva deixou-me
ver as coisas diante das coisas, olhando-as. As coisas se admiram de um tanto
de coisas. Delas concebi a expansão do que sou»

«Este
estudo apresenta o professor Agostinho da Silva como uma das personalidades
mais extraordinárias do século XX que compôs o cenário da cultura lusófona.
Objectiva, sobretudo, interpretar alguns poemas e quadras e uma biografia com especial
interesse no pensar poetizante
acerca de Deus à luz da dialogicidade de textos agostinianos, de Espinosa,
Heidegger, Bachelard e Teilhard de Chardin. Também, aborda a diáspora
intelectual do filósofo, as suas realizações pedagógicas e as contribuições
culturais para os povos de língua portuguesa. A pesquisa aponta as orientações
político-sociais de Agostinho direccionadas para a instauração do Reino do
Espírito Santo. Ademais, evidencia a cristalização do mito do monarca Sebastião
no panorama literário e artístico brasileiro em um poema de Cecília Meireles e
outro de Caetano Veloso para que se realizem analogias com o pensador
luso-brasileiro».

Do
Peregrino Venturoso

«Agostinho da Silva, apesar de não ter sido um historiador das
religiões, foi estudioso do cristianismo, do taoísmo, do budismo-zen e da
religiosidade afro-brasileira do candomblé. Incorporava os saberes histórico e
antropológico, filosófico e mitológico da cultura ocidental. Analisava as obras
de Joaquim Flora, Baruch Espinosa, Hegel entre outros, mas foi a cultura grega
o que mais o interessava porque a civilização helénica deixou influências
significativas para outras gerações seja na política ou na filosofia, na poesia
ou no teatro, na história ou nas artes plásticas, na astronomia ou em estudos
anatómicos, na arquitectura ou em registoos linguísticos.

Na Grécia, a Beleza e o Amor foram cultuados e nela
encontram-se os germes do pensamento racional de nossa consciência religiosa a
que os gregos associavam à Alegria. À maneira agostiniana, diz-se que a religião
grega é singularmente próxima da filosofia por que os helenos pensavam a Beleza
e a procuraram realizar sobre a terra. É esta religião uma prática efectiva da
Beleza que não é senão o cuidado laborioso pela perfeição a qual se une a
realização do Amor nas acções quotidianas dos homens: à vida profana reúne-se o
sagrado. Podemos, aqui, traçar uma proximidade de Agostinho da Silva com Eudoro
Sousa no que respeita à mesma matriz de um pensar filosófico-religioso oriundo
da cultura grega.

Desse modo, o ideário agostiniano, especialmente em A Religião Grega (1930),
era, regressando ao mundo helénico, fazer notório que a vida pública e a
dinâmica da sociedade renovar-se-iam a partir da religião responsável pela
estruturação espiritual dos homens, haja vista que tenha sido a religião grega
a preconizadora das bases do Cristianismo no que tange à amorosidade. Agostinho
detinha, também, conhecimento do grego, do latim e de quinze línguas. Publicou
ensaios interpretativos como cronista de textos filosóficos e literários;
traduziu obras clássicas como, por exemplo, as de Virgílio e Horário; escreveu
textos pedagógicos, ensaios a respeito da cultura portuguesa, além de temas
diversos, incluindo, na sua escrita, poesia e obras novelísticas.

Em
1924, ingressou na Faculdade de Letras do Porto e quadro anos depois concluiu a
Licenciatura com tese sobre o poeta latino Catulo. No ano de 1929, doutorou-se
com trabalho intitulado Sentido histórico das civilizações clássicas.
Durante o ano de 1927, manteve colaboração na revista da Renascença Portuguesa A Águia e, por 10 anos,
escreveu para a revista Seara Nova.
Frequentou, na Lisboa do ano de 1930, a Escola Normal Superior para adquirir a
habilitação para lecionar no ensino oficial e logo tornou-se professor no Liceu
Alexandre Herculano. O entusiasmo e empenho do professor Agostinho para fundar
centros de estudo e de cultura iniciou-se em 1932 quando organizou a abertura
do Centro de Estudos Filológicos da Universidade Clássica de Lisboa». In Lúcia
Helena Alves Sá, Em Torno do Pensar Poetizante de Agostinho da Silva, Tese
apresentada ao Curso de Doutorado em Literatura do Departamento de Teoria Literária
e Literaturas da Universidade de Brasília, como obtenção do título de Doutor em
Literatura, Teoria do Texto Literário, Brasília, 2013, Wikipedia.

Cortesia
da UBrasília/TLLiterário/Wikipedia/JDACT

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Com
a devida vénia a Lúcia Helena Alves Sá

«A alethopoíesis de Agostinho da Silva deixou-me
ver as coisas diante das coisas, olhando-as. As coisas se admiram de um tanto
de coisas. Delas concebi a expansão do que sou»

«Este
estudo apresenta o professor Agostinho da Silva como uma das personalidades
mais extraordinárias do século XX que compôs o cenário da cultura lusófona.
Objectiva, sobretudo, interpretar alguns poemas e quadras e uma biografia com especial
interesse no pensar poetizante
acerca de Deus à luz da dialogicidade de textos agostinianos, de Espinosa,
Heidegger, Bachelard e Teilhard de Chardin. Também, aborda a diáspora
intelectual do filósofo, as suas realizações pedagógicas e as contribuições
culturais para os povos de língua portuguesa. A pesquisa aponta as orientações
político-sociais de Agostinho direccionadas para a instauração do Reino do
Espírito Santo. Ademais, evidencia a cristalização do mito do monarca Sebastião
no panorama literário e artístico brasileiro em um poema de Cecília Meireles e
outro de Caetano Veloso para que se realizem analogias com o pensador
luso-brasileiro».

Do
Peregrino Venturoso

«Agostinho da Silva, apesar de não ter sido um historiador das
religiões, foi estudioso do cristianismo, do taoísmo, do budismo-zen e da
religiosidade afro-brasileira do candomblé. Incorporava os saberes histórico e
antropológico, filosófico e mitológico da cultura ocidental. Analisava as obras
de Joaquim Flora, Baruch Espinosa, Hegel entre outros, mas foi a cultura grega
o que mais o interessava porque a civilização helénica deixou influências
significativas para outras gerações seja na política ou na filosofia, na poesia
ou no teatro, na história ou nas artes plásticas, na astronomia ou em estudos
anatómicos, na arquitectura ou em registoos linguísticos.

Na Grécia, a Beleza e o Amor foram cultuados e nela
encontram-se os germes do pensamento racional de nossa consciência religiosa a
que os gregos associavam à Alegria. À maneira agostiniana, diz-se que a religião
grega é singularmente próxima da filosofia por que os helenos pensavam a Beleza
e a procuraram realizar sobre a terra. É esta religião uma prática efectiva da
Beleza que não é senão o cuidado laborioso pela perfeição a qual se une a
realização do Amor nas acções quotidianas dos homens: à vida profana reúne-se o
sagrado. Podemos, aqui, traçar uma proximidade de Agostinho da Silva com Eudoro
Sousa no que respeita à mesma matriz de um pensar filosófico-religioso oriundo
da cultura grega.

Desse modo, o ideário agostiniano, especialmente em A Religião Grega (1930),
era, regressando ao mundo helénico, fazer notório que a vida pública e a
dinâmica da sociedade renovar-se-iam a partir da religião responsável pela
estruturação espiritual dos homens, haja vista que tenha sido a religião grega
a preconizadora das bases do Cristianismo no que tange à amorosidade. Agostinho
detinha, também, conhecimento do grego, do latim e de quinze línguas. Publicou
ensaios interpretativos como cronista de textos filosóficos e literários;
traduziu obras clássicas como, por exemplo, as de Virgílio e Horário; escreveu
textos pedagógicos, ensaios a respeito da cultura portuguesa, além de temas
diversos, incluindo, na sua escrita, poesia e obras novelísticas.

Em
1924, ingressou na Faculdade de Letras do Porto e quadro anos depois concluiu a
Licenciatura com tese sobre o poeta latino Catulo. No ano de 1929, doutorou-se
com trabalho intitulado Sentido histórico das civilizações clássicas.
Durante o ano de 1927, manteve colaboração na revista da Renascença Portuguesa A Águia e, por 10 anos,
escreveu para a revista Seara Nova.
Frequentou, na Lisboa do ano de 1930, a Escola Normal Superior para adquirir a
habilitação para lecionar no ensino oficial e logo tornou-se professor no Liceu
Alexandre Herculano. O entusiasmo e empenho do professor Agostinho para fundar
centros de estudo e de cultura iniciou-se em 1932 quando organizou a abertura
do Centro de Estudos Filológicos da Universidade Clássica de Lisboa». In Lúcia
Helena Alves Sá, Em Torno do Pensar Poetizante de Agostinho da Silva, Tese
apresentada ao Curso de Doutorado em Literatura do Departamento de Teoria Literária
e Literaturas da Universidade de Brasília, como obtenção do título de Doutor em
Literatura, Teoria do Texto Literário, Brasília, 2013, Wikipedia.

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