Maria Luís Albuquerque foi à feira (com vídeo)

16-09-2017
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A ex-ministra das Finanças jura que não pretende ser líder do PSD, mas recusa fazer afirmações definitivas sobre o assunto. Para já, é candidata à Assembleia Municipal de Almada

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Passavam dez minutos da hora combinada (10h30) e junto à entrada principal do mercado da Charneca de Caparica já se vislumbravam algumas, poucas, bandeiras cor-de-laranja. A comitiva liderada pelo candidato do PSD à Câmara de Almada, Nuno Matias, estava quase completa. Mas para que o contacto com os comerciantes e clientes começasse faltava a única personalidade da candidatura com dimensão nacional: Maria Luís Albuquerque, a cabeça-de-lista social-democrata à Assembleia Municipal.

Quase todos sabiam que a ex-ministra das Finanças aterrara em Lisboa, regressada da Estónia, por volta da uma da manhã daquele domingo, 10, e compreenderam o ligeiro atraso. Desculpas pedidas de pronto e a equipa avançou para o mercado.

À cabeça do pequeno pelotão, Maria Luís Albuquerque, 49 anos, superava obviamente Nuno Matias em reconhecimento popular - mesmo que o candidato à câmara entregasse um cartão com o "número de telefone pessoal" aos eleitores com que se cruzava. Nas bancas, à passagem da antiga governante, foram poucas as reacções de indiferença, até porque alguns dos comerciantes ainda não esqueceram os anos da troika e a mulher que sucedeu a Vítor Gaspar. Mas palavras de animosidade, essas, quase não se ouviram.

Confrontada com os cortes nos rendimentos e aumentos de impostos, sobretudo entre 2011 e 2013, Maria Luís repetiu o argumentário clássico: "Não tínhamos alternativa." E respondeu assim a uma reformada que em nada beneficiou com tamanhas restrições: "Garanto-lhe que não era nada para mim."

Em entrevista à SÁBADO, a deputada garante que não tem sentido hostilidade num concelho onde desde as primeiras eleições autárquicas é a CDU quem impõe a sua lei. De resto, a antipatia com que a ex-ministra fala da gestão da CDU nos concelhos de Setúbal, distrito onde diz ter o "coração político" (apesar de morar na Parede, Cascais) e pelo qual já foi duas vezes candidata à Assembleia da República, só tem paralelo na forma como condena as promessas incumpridas e a narrativa do Governo socialista sobre a viragem da página da austeridade.

Considera que o executivo de António Costa não tem respeito pelo Parlamento por não apresentar orçamentos rectificativos mesmo quando as contas não batem certo com as previsões. Sobre as cativações em 2016, observa que no seu tempo lhe chamariam

"cortes cegos" e critica que se negue "o óbvio".

Ao contrário de vários sectores dentro do PSD, não acha que Marcelo Rebelo de Sousa esteja a proteger a esquerda: "Tem características humanas únicas. Não há ali nada de artificial nem de fingido. É suprapartidário e gere o mandato da forma que entende adequada."

Jura que não pensa suceder a Pedro Passos Coelho, mas recusa assumir uma posição definitiva sobre a liderança do partido: "Já disse mais do que uma vez que nunca se diz nunca."

Leia a reportagem na íntegra na edição n.º 698 da SÁBADO, nas bancas desde quinta-feira, 14 de Setembro de 2017.

A ex-ministra das Finanças jura que não pretende ser líder do PSD, mas recusa fazer afirmações definitivas sobre o assunto. Para já, é candidata à Assembleia Municipal de Almada

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Passavam dez minutos da hora combinada (10h30) e junto à entrada principal do mercado da Charneca de Caparica já se vislumbravam algumas, poucas, bandeiras cor-de-laranja. A comitiva liderada pelo candidato do PSD à Câmara de Almada, Nuno Matias, estava quase completa. Mas para que o contacto com os comerciantes e clientes começasse faltava a única personalidade da candidatura com dimensão nacional: Maria Luís Albuquerque, a cabeça-de-lista social-democrata à Assembleia Municipal.

Quase todos sabiam que a ex-ministra das Finanças aterrara em Lisboa, regressada da Estónia, por volta da uma da manhã daquele domingo, 10, e compreenderam o ligeiro atraso. Desculpas pedidas de pronto e a equipa avançou para o mercado.

À cabeça do pequeno pelotão, Maria Luís Albuquerque, 49 anos, superava obviamente Nuno Matias em reconhecimento popular - mesmo que o candidato à câmara entregasse um cartão com o "número de telefone pessoal" aos eleitores com que se cruzava. Nas bancas, à passagem da antiga governante, foram poucas as reacções de indiferença, até porque alguns dos comerciantes ainda não esqueceram os anos da troika e a mulher que sucedeu a Vítor Gaspar. Mas palavras de animosidade, essas, quase não se ouviram.

Confrontada com os cortes nos rendimentos e aumentos de impostos, sobretudo entre 2011 e 2013, Maria Luís repetiu o argumentário clássico: "Não tínhamos alternativa." E respondeu assim a uma reformada que em nada beneficiou com tamanhas restrições: "Garanto-lhe que não era nada para mim."

Em entrevista à SÁBADO, a deputada garante que não tem sentido hostilidade num concelho onde desde as primeiras eleições autárquicas é a CDU quem impõe a sua lei. De resto, a antipatia com que a ex-ministra fala da gestão da CDU nos concelhos de Setúbal, distrito onde diz ter o "coração político" (apesar de morar na Parede, Cascais) e pelo qual já foi duas vezes candidata à Assembleia da República, só tem paralelo na forma como condena as promessas incumpridas e a narrativa do Governo socialista sobre a viragem da página da austeridade.

Considera que o executivo de António Costa não tem respeito pelo Parlamento por não apresentar orçamentos rectificativos mesmo quando as contas não batem certo com as previsões. Sobre as cativações em 2016, observa que no seu tempo lhe chamariam

"cortes cegos" e critica que se negue "o óbvio".

Ao contrário de vários sectores dentro do PSD, não acha que Marcelo Rebelo de Sousa esteja a proteger a esquerda: "Tem características humanas únicas. Não há ali nada de artificial nem de fingido. É suprapartidário e gere o mandato da forma que entende adequada."

Jura que não pensa suceder a Pedro Passos Coelho, mas recusa assumir uma posição definitiva sobre a liderança do partido: "Já disse mais do que uma vez que nunca se diz nunca."

Leia a reportagem na íntegra na edição n.º 698 da SÁBADO, nas bancas desde quinta-feira, 14 de Setembro de 2017.

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