Turquia. Europa “perto” de “vender alma ao Diabo”

31-03-2016
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O acordo com a Turquia sobre os refugiados que chegam à Grécia, que gerou críticas em várias forças políticas portuguesas, segundo a secretária de Estado dos Assuntos Europeus “só fará sentido se tiver execução adequada” e isso está “longe de estar garantido”. O Bloco de Esquerda afirmou que “não é este acordo que vai fazer com que a Turquia seja um país democrático”, enquanto o PS disse que a Turquia é um país democrático “com um pé no autoritarismo”. A luta ao terrorismo gerou disputas entre esquerda e direita.

Margarida Marques, secretária de Estados dos Assuntos Europeus, afirmou na reunião desta terça-feira da comissão de Assuntos Europeus no Parlamento, que António Costa ficou “irritado” no primeiro dia de negociações do último Conselho Europeu (17 e 18 de março) quanto ao que estava previsto para assegurar o cumprimento do direito internacional e europeu na proteção dos refugiados. Mas, acrescentou a governante, o primeiro-ministro reagiu e tentou assegurar que o acordo firmado com a Turquia, para travar o fluxo de migrantes para Grécia, cumpria as regras do direito internacional.

Perante a decisão, Margarida Marques justificou:

“Há quem argumente que a Europa com este acordo vendeu a alma ao diabo, talvez tenha andado perto disso, mas não o fez”

“A União Europeia não fechou a porta aos sírios. É legitimo interrogarmo-nos se existiria alternativa a este acordo, mas o status quo agravaria tensões anti-europeias. Seria impossível gerir situação de total colapso“, garantiu a secretária de Estado.

No entanto, o Bloco de Esquerda não concordou com a responsável pelos Assuntos Europeus. A deputada bloquista Isabel Pires afirmou que “quanto mais clarificado o conteúdo do acordo, mais preocupante ele se torna” e que o plano de apoio era apenas destinado a ajudar financeiramente a Turquia e não propriamente a Grécia. “Não é este acordo que vai fazer com que a Turquia seja um país democrático“, afirmou a deputada.

Também o PCP se manifestou contra o acordo, enquanto o CDS afirmou que se tratava de uma parceria mas que não devia ser “uma relação de dependência da UE face à Turquia”. Já Vitalino Canas, deputado socialista, afirmou que Turquia é um “Estado democrático com pé no autoritarismo”, mencionando situações de repressão da liberdade de expressão de jornalistas e ativistas políticos.

Combate ao terrorismo é de esquerda ou de direita?

Ainda nesta reunião da Comissão, o CDS dirigiu-se ao PCP para condenar a forma como o deputado comunista Miguel Tiago se referiu aos ataques em Bruxelas na sua conta de Facebook. “Queremos reprovar quem defende que estes crimes de terrorismo são o resultado de ingerência externa. A posição de todos tem de ser combate total. Permitir a desculpabilização do terrorismo é errado”, defendeu o deputado Pedro Mota Soares, do CDS. Miguel Tiago tinha escrito que para resolver o terrorismo “era preciso acabar com a política de direita”, apesar de depois ter pedido desculpa a quem tivesse pensado que não estava solidário com as vítimas e as suas famílias.

A deputada comunista Paula Santos lembrou que o PCP condenou de forma veemente os ataques em Bruxelas, mas que considera também que há causas profundas no terrorismo influenciadas por condições económicas e por conflitos, como a Síria, em que houve ingerência e agravamento das situações por ações externas. A deputada pediu ainda ao deputado social-democrata Duarte Marques para “ser sério” quando este disse que o PCP estava a tentar “branquear as causas do terrorismo”.

Já Margarida Marques defendeu que o combate ao terrorismo “não é de esquerda nem de direita” e que as políticas económicas da Europa não são a causa do terrorismo. A governante indicou ainda que a Europa tem de insistir no esforço junto das populações onde começam estes conflitos de forma a ajudar ao desenvolvimento destes Estados e que o combate ao terrorismo só pode ser feito em contexto internacional.

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O acordo com a Turquia sobre os refugiados que chegam à Grécia, que gerou críticas em várias forças políticas portuguesas, segundo a secretária de Estado dos Assuntos Europeus “só fará sentido se tiver execução adequada” e isso está “longe de estar garantido”. O Bloco de Esquerda afirmou que “não é este acordo que vai fazer com que a Turquia seja um país democrático”, enquanto o PS disse que a Turquia é um país democrático “com um pé no autoritarismo”. A luta ao terrorismo gerou disputas entre esquerda e direita.

Margarida Marques, secretária de Estados dos Assuntos Europeus, afirmou na reunião desta terça-feira da comissão de Assuntos Europeus no Parlamento, que António Costa ficou “irritado” no primeiro dia de negociações do último Conselho Europeu (17 e 18 de março) quanto ao que estava previsto para assegurar o cumprimento do direito internacional e europeu na proteção dos refugiados. Mas, acrescentou a governante, o primeiro-ministro reagiu e tentou assegurar que o acordo firmado com a Turquia, para travar o fluxo de migrantes para Grécia, cumpria as regras do direito internacional.

Perante a decisão, Margarida Marques justificou:

“Há quem argumente que a Europa com este acordo vendeu a alma ao diabo, talvez tenha andado perto disso, mas não o fez”

“A União Europeia não fechou a porta aos sírios. É legitimo interrogarmo-nos se existiria alternativa a este acordo, mas o status quo agravaria tensões anti-europeias. Seria impossível gerir situação de total colapso“, garantiu a secretária de Estado.

No entanto, o Bloco de Esquerda não concordou com a responsável pelos Assuntos Europeus. A deputada bloquista Isabel Pires afirmou que “quanto mais clarificado o conteúdo do acordo, mais preocupante ele se torna” e que o plano de apoio era apenas destinado a ajudar financeiramente a Turquia e não propriamente a Grécia. “Não é este acordo que vai fazer com que a Turquia seja um país democrático“, afirmou a deputada.

Também o PCP se manifestou contra o acordo, enquanto o CDS afirmou que se tratava de uma parceria mas que não devia ser “uma relação de dependência da UE face à Turquia”. Já Vitalino Canas, deputado socialista, afirmou que Turquia é um “Estado democrático com pé no autoritarismo”, mencionando situações de repressão da liberdade de expressão de jornalistas e ativistas políticos.

Combate ao terrorismo é de esquerda ou de direita?

Ainda nesta reunião da Comissão, o CDS dirigiu-se ao PCP para condenar a forma como o deputado comunista Miguel Tiago se referiu aos ataques em Bruxelas na sua conta de Facebook. “Queremos reprovar quem defende que estes crimes de terrorismo são o resultado de ingerência externa. A posição de todos tem de ser combate total. Permitir a desculpabilização do terrorismo é errado”, defendeu o deputado Pedro Mota Soares, do CDS. Miguel Tiago tinha escrito que para resolver o terrorismo “era preciso acabar com a política de direita”, apesar de depois ter pedido desculpa a quem tivesse pensado que não estava solidário com as vítimas e as suas famílias.

A deputada comunista Paula Santos lembrou que o PCP condenou de forma veemente os ataques em Bruxelas, mas que considera também que há causas profundas no terrorismo influenciadas por condições económicas e por conflitos, como a Síria, em que houve ingerência e agravamento das situações por ações externas. A deputada pediu ainda ao deputado social-democrata Duarte Marques para “ser sério” quando este disse que o PCP estava a tentar “branquear as causas do terrorismo”.

Já Margarida Marques defendeu que o combate ao terrorismo “não é de esquerda nem de direita” e que as políticas económicas da Europa não são a causa do terrorismo. A governante indicou ainda que a Europa tem de insistir no esforço junto das populações onde começam estes conflitos de forma a ajudar ao desenvolvimento destes Estados e que o combate ao terrorismo só pode ser feito em contexto internacional.

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