Frei Tomás não faz

09-10-2019
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Depois de um prolongado silêncio, dito estratégico, a direcção do PSD não aguentou a pressão e começou a aparecer. Se falava de menos, Ferreira Leite, agora, discorre de mais. Faz propostas avulsas e comentários dispersos, sem coerência, estratégia ou consistência. Tem falado muito e dito pouco.

No pouco que disse, repetiu o Governo nas preocupações com as pequenas e médias empresas. Embora sem originalidade, essa justa preocupação, num discurso tão inerte e inconsequente, seria já de saudar.

Há sérias razões para estarmos preocupados com as PME. Constituem a parte mais importante do nosso tecido económico e delas depende, em grande parte, o emprego. E o desemprego é a mais grave consequência da crise mundial!

Defender as PME é saber que um dos seus problemas é a dificuldade em receberem em tempo da Administração Central e Autárquica. Por isso, o Governo definiu como objectivo reduzir os prazos de pagamento aos fornecedores.

No início de cada ano, a generalidade das autarquias enfrenta dificuldades de tesouraria. Para fazer face a esse problema e pagar atempadamente aos fornecedores, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade um empréstimo de curto prazo, a reembolsar ainda em 2009.

O PSD votou favoravelmente, há 15 dias, esse empréstimo. Mas esta semana o mesmo PSD usou a sua artificial maioria na Assembleia Municipal de Lisboa para chumbar o mesmo empréstimo, apesar do voto contrário da própria presidente da AML, Paula Teixeira da Cruz.

O argumento do PSD de que os fornecedores podem receber a 150 dias é irresponsável e contradiz a preocupação retórica da sua líder. Este empréstimo não se destinava a pagar grandes obras a grandes empresas. Destinava-se às pequenas empresas, à quais o pagamento atempado pode fazer a diferença entre manter a porta aberta ou fechada, entre pagar os salários ou não, entre cumprir ou não as suas obrigações com o fisco e a segurança social.

Os pequenos e médios empresários, duramente prejudicados com a falta de responsabilidade do PSD, são os primeiros a perguntar a Manuela Ferreira Leite: Quantos PSD existem? Que PSD é este que diz uma coisa e faz a oposta? Quem dirige o PSD, a sua líder ou o instinto de terra queimada com que julga prejudicar eleitoralmente outro partido e acaba apenas a contribuir danosamente para acrescentar dificuldades às já existentes no nosso tecido empresarial?

Esta semana, na Assembleia Municipal de Lisboa, o PSD mostrou, mais uma vez, que não é um partido responsável em que se possa confiar. Manuela Ferreira Leite diz uma coisa e os seus eleitos fazem o contrário. Bem pode, pois, pregar Frei Tomás, que ninguém acredita no que diz...

Marcos Perestrello

Depois de um prolongado silêncio, dito estratégico, a direcção do PSD não aguentou a pressão e começou a aparecer. Se falava de menos, Ferreira Leite, agora, discorre de mais. Faz propostas avulsas e comentários dispersos, sem coerência, estratégia ou consistência. Tem falado muito e dito pouco.

No pouco que disse, repetiu o Governo nas preocupações com as pequenas e médias empresas. Embora sem originalidade, essa justa preocupação, num discurso tão inerte e inconsequente, seria já de saudar.

Há sérias razões para estarmos preocupados com as PME. Constituem a parte mais importante do nosso tecido económico e delas depende, em grande parte, o emprego. E o desemprego é a mais grave consequência da crise mundial!

Defender as PME é saber que um dos seus problemas é a dificuldade em receberem em tempo da Administração Central e Autárquica. Por isso, o Governo definiu como objectivo reduzir os prazos de pagamento aos fornecedores.

No início de cada ano, a generalidade das autarquias enfrenta dificuldades de tesouraria. Para fazer face a esse problema e pagar atempadamente aos fornecedores, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade um empréstimo de curto prazo, a reembolsar ainda em 2009.

O PSD votou favoravelmente, há 15 dias, esse empréstimo. Mas esta semana o mesmo PSD usou a sua artificial maioria na Assembleia Municipal de Lisboa para chumbar o mesmo empréstimo, apesar do voto contrário da própria presidente da AML, Paula Teixeira da Cruz.

O argumento do PSD de que os fornecedores podem receber a 150 dias é irresponsável e contradiz a preocupação retórica da sua líder. Este empréstimo não se destinava a pagar grandes obras a grandes empresas. Destinava-se às pequenas empresas, à quais o pagamento atempado pode fazer a diferença entre manter a porta aberta ou fechada, entre pagar os salários ou não, entre cumprir ou não as suas obrigações com o fisco e a segurança social.

Os pequenos e médios empresários, duramente prejudicados com a falta de responsabilidade do PSD, são os primeiros a perguntar a Manuela Ferreira Leite: Quantos PSD existem? Que PSD é este que diz uma coisa e faz a oposta? Quem dirige o PSD, a sua líder ou o instinto de terra queimada com que julga prejudicar eleitoralmente outro partido e acaba apenas a contribuir danosamente para acrescentar dificuldades às já existentes no nosso tecido empresarial?

Esta semana, na Assembleia Municipal de Lisboa, o PSD mostrou, mais uma vez, que não é um partido responsável em que se possa confiar. Manuela Ferreira Leite diz uma coisa e os seus eleitos fazem o contrário. Bem pode, pois, pregar Frei Tomás, que ninguém acredita no que diz...

Marcos Perestrello

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