O Elogio da Derrota: As horas grandes e as pequenas

17-11-2018
marcar artigo


De acordo com Marcos Perestrello, «Antero demonstra que Portugal entrou sempre em declínio quando se afastou dos valores que inspiraram a sua fundação e as horas grandes da sua história - a liberdade, a tolerância e fraternidade, a abertura ao mundo e aos outros, a curiosidade pelo desconhecido, o espírito crítico e o sentido de modernidade e de futuro». E eu que julgava que Antero era um espécie de declínio em movimento contínuo, com génio suficiente para enganar deputados constitucionais como quem despreocupadamente confia a barba ruiva, e se tinha dirigido a um jardim no termo da cidade de Ponta Delgada para, contra o tumultuoso rugido das ondas atlânticas, dar um tiro na cabeça por esta merda não valer um chavo, ou então a fim de ver o resultado físico-químico da sempre inolvidável experiência de não apetecer estar aqui a ler o Marcos Perestrello. Como estava enganado. Afinal, Portugal esteve aberto aos outros, sempre curioso pelo desconhecido, o que foi demonstrado por Antero, e nós sabemos como a curiosidade pelo desconhecido é um atributo dos países encomendados à providência, talhados para grandes coisas. Penso por exemplo na Jamaica, esse país com um sentido de modernidade muito aguçado, onde Bob Marley desfez um dedo a jogar à bola e foi depois morrendo pelos cantos a fim de não dar de caras com o Marcos Perestrello. Antero demonstra ainda uma outra coisa. O melhor é não haver pistolas nas arcas da família, sobretudo ao Sábado de manhã, quando saiem as crónicas do Expresso.


De acordo com Marcos Perestrello, «Antero demonstra que Portugal entrou sempre em declínio quando se afastou dos valores que inspiraram a sua fundação e as horas grandes da sua história - a liberdade, a tolerância e fraternidade, a abertura ao mundo e aos outros, a curiosidade pelo desconhecido, o espírito crítico e o sentido de modernidade e de futuro». E eu que julgava que Antero era um espécie de declínio em movimento contínuo, com génio suficiente para enganar deputados constitucionais como quem despreocupadamente confia a barba ruiva, e se tinha dirigido a um jardim no termo da cidade de Ponta Delgada para, contra o tumultuoso rugido das ondas atlânticas, dar um tiro na cabeça por esta merda não valer um chavo, ou então a fim de ver o resultado físico-químico da sempre inolvidável experiência de não apetecer estar aqui a ler o Marcos Perestrello. Como estava enganado. Afinal, Portugal esteve aberto aos outros, sempre curioso pelo desconhecido, o que foi demonstrado por Antero, e nós sabemos como a curiosidade pelo desconhecido é um atributo dos países encomendados à providência, talhados para grandes coisas. Penso por exemplo na Jamaica, esse país com um sentido de modernidade muito aguçado, onde Bob Marley desfez um dedo a jogar à bola e foi depois morrendo pelos cantos a fim de não dar de caras com o Marcos Perestrello. Antero demonstra ainda uma outra coisa. O melhor é não haver pistolas nas arcas da família, sobretudo ao Sábado de manhã, quando saiem as crónicas do Expresso.

marcar artigo