O dr. Costa segue dentro de momentos

21-11-2015
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O desfile de personalidades que vemos a atravessar o pátio das Damas, em Belém, teoricamente para aconselhar o Presidente da República sobre a decisão que este terá que tomar e que, tudo indica, já tomou, cansa o país. Valham-nos meia dúzia de frases clarividentes que baralham o ritual e ajudam a perceber o que aí vem.

Fernando Ulrich, presidente do BPI, à saída da audiência com o Presidente: “Se porventura o dr. António Costa for indigitado para ser o próximo primeiro-ministro, eu, pessoalmente, confio no doutor António Costa e no Partido Socialista”. Registem. Está lá tudo. O poder financeiro está à espera de Costa.

Pedro Passos Coelho, em Lisboa, no fim de um encontro com o ex-presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy: “Julgo que daqui a mais duas semanas a nossa situação será definitivamente clarificada. E haverá um novo Governo para negociar com Bruxelas”. Registem. Está lá tudo. O poder político está à espera de Costa.

Adriana Alvarado, analista da agência de rating DBRS, em declarações ao Observador depois de uma conversa telefónica com Mário Centeno: “Foi muito importante (...) garantiu o compromisso com os acordos europeus”. A DBRS manteve o rating do país estável. Registem. Está lá tudo. O poder dos mercados está à espera de Costa.

Marco António Costa, porta-voz do partido de Passos Coelho: “O país precisa de um governo em efectividade de funções”.

Registem. Os aparelhos partidários da direita estão à espera de Costa.

E, já agora, Cavaco Silva, na Madeira: “Vocês têm uma banana maior e mais saborosa”. O Presidente adora fingir que brinca quando, ao contrário do que parece, tem o jogo controlado. Cavaco está à espera de Costa.

O resto são as sequelas de um terramoto que ninguém esperava. Era preciso conhecer muito bem António Costa para acreditar que as ameaças que foi fazendo na campanha eleitoral eram para levar a sério. E nem Passos nem Portas estiveram à altura do “golpe”. Que, pior para eles, não chegou a ser golpe.

Se a Constituição diz que o Presidente da República deve dar posse a um governo tendo em conta os resultados eleitorais, Cavaco tem o caminho livre: deu posse ao líder do partido mais votado; e se o Parlamento o derrubou, de três, uma. Ou Passos ficava em gestão (e não quer); ou Cavaco fazia um Governo de iniciativa presidencial (e não gosta); ou António Costa será o próximo primeiro-ministro.

Registem. Costa segue dentro de momentos. A liturgia está quase a chegar ao fim.

A nova esquerda parlamentar não quer ouvir falar do 25 de Novembro. Compreende-se. Não chega para aceitar a pesporrência do deputado Carlos César, quando fala em “jogatana” política da direita. Ferro Rodrigues começa a perder o pé.

Conteúdo publicado no Económico à Uma. Subscreva aqui.

O desfile de personalidades que vemos a atravessar o pátio das Damas, em Belém, teoricamente para aconselhar o Presidente da República sobre a decisão que este terá que tomar e que, tudo indica, já tomou, cansa o país. Valham-nos meia dúzia de frases clarividentes que baralham o ritual e ajudam a perceber o que aí vem.

Fernando Ulrich, presidente do BPI, à saída da audiência com o Presidente: “Se porventura o dr. António Costa for indigitado para ser o próximo primeiro-ministro, eu, pessoalmente, confio no doutor António Costa e no Partido Socialista”. Registem. Está lá tudo. O poder financeiro está à espera de Costa.

Pedro Passos Coelho, em Lisboa, no fim de um encontro com o ex-presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy: “Julgo que daqui a mais duas semanas a nossa situação será definitivamente clarificada. E haverá um novo Governo para negociar com Bruxelas”. Registem. Está lá tudo. O poder político está à espera de Costa.

Adriana Alvarado, analista da agência de rating DBRS, em declarações ao Observador depois de uma conversa telefónica com Mário Centeno: “Foi muito importante (...) garantiu o compromisso com os acordos europeus”. A DBRS manteve o rating do país estável. Registem. Está lá tudo. O poder dos mercados está à espera de Costa.

Marco António Costa, porta-voz do partido de Passos Coelho: “O país precisa de um governo em efectividade de funções”.

Registem. Os aparelhos partidários da direita estão à espera de Costa.

E, já agora, Cavaco Silva, na Madeira: “Vocês têm uma banana maior e mais saborosa”. O Presidente adora fingir que brinca quando, ao contrário do que parece, tem o jogo controlado. Cavaco está à espera de Costa.

O resto são as sequelas de um terramoto que ninguém esperava. Era preciso conhecer muito bem António Costa para acreditar que as ameaças que foi fazendo na campanha eleitoral eram para levar a sério. E nem Passos nem Portas estiveram à altura do “golpe”. Que, pior para eles, não chegou a ser golpe.

Se a Constituição diz que o Presidente da República deve dar posse a um governo tendo em conta os resultados eleitorais, Cavaco tem o caminho livre: deu posse ao líder do partido mais votado; e se o Parlamento o derrubou, de três, uma. Ou Passos ficava em gestão (e não quer); ou Cavaco fazia um Governo de iniciativa presidencial (e não gosta); ou António Costa será o próximo primeiro-ministro.

Registem. Costa segue dentro de momentos. A liturgia está quase a chegar ao fim.

A nova esquerda parlamentar não quer ouvir falar do 25 de Novembro. Compreende-se. Não chega para aceitar a pesporrência do deputado Carlos César, quando fala em “jogatana” política da direita. Ferro Rodrigues começa a perder o pé.

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