Os Costas, o Expresso e a polémica SMS

06-02-2016
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O caso Antonio Costa VS João Vieira Pereira, na senda de outros clássicos como José Sócrates VS Mário Crespo, Miguel Relvas VS Maria José Oliveira e, numa vertente mais hardcore, Zeca Mendonça VS Paulo Spranger, é um caso que parece ilustrar a desorientação e o nervosismo de alguém que, apesar da conjuntura e da impopularidade do actual governo, não consegue descolar nas sondagens. Costa arrisca-se a ser o líder socialista que ficará na história como o primeiro da era da “pasokização” e ainda consegue perder tempo com guerras que apenas alargam o leque de argumentos disponíveis para a direita o atacar. Como se o passado socrático não fosse já suficiente.

Reza a história que foi este artigo que levou António Costa a enviar um SMS a João Vieira Pereira onde se podia ler:

Ninguém pode negar o direito ao homem de se defender e refutar um artigo com o qual não concorda. Mas esta reacção foi no mínimo exagerada. Se António Costa quer ser primeiro-ministro, tem que treinar melhor o estômago. À beira de artigos que já se escreveram na imprensa nacional sobre José Sócrates ou Pedro Passos Coelho, um artigo como o de Vieira Pereira mais não é do que um beliscão. Se Costa não aguenta com duas pedras e um cocktail molotov, então mais valia ter ficado na CM de Lisboa, até porque a artilharia pesada ainda está para chegar.

Mas, afinal de contas, o que é que de tão grave está escrito naquele artigo que dê forma a acusações como a de João Vieira Pereira “recorrer ao insulto reles e cobarde” ou de “julgar o carácter” de António Costa? Mais do que a dificuldade em compreender o motivo, surpreende-me a imprudência do líder socialista de se colocar nesta posição que não precisa nem o favorece. E se muitos defendem o silêncio do chefe de Vieira Pereira e irmão do líder do PS, por motivos para alguns óbvios, relembremos as palavras do Ricardo Costa, ainda o irmão não era sequer líder do PS:

Ora aqui está a oportunidade para Ricardo Costa soltar o jornalista que existe em si. Se, como afirma, Balsemão não foi poupado nos tempos em que exerceu funções governativas, apesar do jornal ser seu, tomar uma posição era o mínimo que se exigia do director do Expresso quando o líder do PS se referiu ao seu subdirector como um “desqualificado” que degrada a profissão de jornalista. Uma posição impiedosa, com estilo e estrondo. É que, até ao momento, nem Ricardo Costa, nem o Expresso, ninguém. Não que Vieira Pereira seja uma vítima indefesa que precise de ser defendida, mas seria coerente dar substância às palavras de Costa, o jornalista, quando este se refere a Costa, o político, afirmando “saber que o Expresso te vai cair em cima de quando em vez e que tu vais tentar cair em cima do Expresso“. Costa, o político, não tentou: caiu mesmo. Já Costa, o jornalista, bem como a restante estrutura do Expresso, não só não caíram como se remeteram a um silêncio que tem tanto de cobarde como de cúmplice.

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O caso Antonio Costa VS João Vieira Pereira, na senda de outros clássicos como José Sócrates VS Mário Crespo, Miguel Relvas VS Maria José Oliveira e, numa vertente mais hardcore, Zeca Mendonça VS Paulo Spranger, é um caso que parece ilustrar a desorientação e o nervosismo de alguém que, apesar da conjuntura e da impopularidade do actual governo, não consegue descolar nas sondagens. Costa arrisca-se a ser o líder socialista que ficará na história como o primeiro da era da “pasokização” e ainda consegue perder tempo com guerras que apenas alargam o leque de argumentos disponíveis para a direita o atacar. Como se o passado socrático não fosse já suficiente.

Reza a história que foi este artigo que levou António Costa a enviar um SMS a João Vieira Pereira onde se podia ler:

Ninguém pode negar o direito ao homem de se defender e refutar um artigo com o qual não concorda. Mas esta reacção foi no mínimo exagerada. Se António Costa quer ser primeiro-ministro, tem que treinar melhor o estômago. À beira de artigos que já se escreveram na imprensa nacional sobre José Sócrates ou Pedro Passos Coelho, um artigo como o de Vieira Pereira mais não é do que um beliscão. Se Costa não aguenta com duas pedras e um cocktail molotov, então mais valia ter ficado na CM de Lisboa, até porque a artilharia pesada ainda está para chegar.

Mas, afinal de contas, o que é que de tão grave está escrito naquele artigo que dê forma a acusações como a de João Vieira Pereira “recorrer ao insulto reles e cobarde” ou de “julgar o carácter” de António Costa? Mais do que a dificuldade em compreender o motivo, surpreende-me a imprudência do líder socialista de se colocar nesta posição que não precisa nem o favorece. E se muitos defendem o silêncio do chefe de Vieira Pereira e irmão do líder do PS, por motivos para alguns óbvios, relembremos as palavras do Ricardo Costa, ainda o irmão não era sequer líder do PS:

Ora aqui está a oportunidade para Ricardo Costa soltar o jornalista que existe em si. Se, como afirma, Balsemão não foi poupado nos tempos em que exerceu funções governativas, apesar do jornal ser seu, tomar uma posição era o mínimo que se exigia do director do Expresso quando o líder do PS se referiu ao seu subdirector como um “desqualificado” que degrada a profissão de jornalista. Uma posição impiedosa, com estilo e estrondo. É que, até ao momento, nem Ricardo Costa, nem o Expresso, ninguém. Não que Vieira Pereira seja uma vítima indefesa que precise de ser defendida, mas seria coerente dar substância às palavras de Costa, o jornalista, quando este se refere a Costa, o político, afirmando “saber que o Expresso te vai cair em cima de quando em vez e que tu vais tentar cair em cima do Expresso“. Costa, o político, não tentou: caiu mesmo. Já Costa, o jornalista, bem como a restante estrutura do Expresso, não só não caíram como se remeteram a um silêncio que tem tanto de cobarde como de cúmplice.

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