André Coelho Lima. “Será fácil o diálogo” entre a direção da bancada e o próximo líder do PSD

22-06-2019
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Eleito deputado pela segunda vez como cabeça de lista por Braga, André Coelho Lima tem dúvidas sobre se Rui Rio deve concertar com os candidatos à liderança do PSD a indicação dos nomes para o Conselho de Estado. Luís Montenegro apresentou a candidatura à liderança do PSD. É o homem certo para suceder a Rui Rio nesta altura?

Em primeiro lugar não sabemos se Montenegro será o único candidato, mas sobretudo a posição que ocupo no partido obriga-me a um recato sobre as diferentes candidaturas que possam surgir. Até em respeito pelas próprias candidaturas. Mas vai continuar a fazer parte, é deputado e será vice-presidente da bancada...

São patamares diferentes. Ser deputado, neste momento, é a minha profissão. Não tenciona tomar posição nenhuma nesta corrida eleitoral?

Não. Logo poucos dias depois das legislativas, tomei essa posição pessoal e transmiti-a a quem me perguntou. Se o dr. Rui Rio não vai continuar como presidente do PSD, como consequência da leitura que fez dos resultados, essa consequência não é individual. Os resultados não são responsabilidade apenas do dr. Rui Rio. Tenho de tirar iguais ilações. Não estarei disponível para integrar quaisquer cargos nacionais em quaisquer candidaturas nem para apoiar candidaturas. Não é não querer tomar posição, é achar que não devo fazê-lo não só pelas funções que ocupo como por aquelas que ocupei durante quatro anos. Hoje ouvi o dr. Luís Montenegro dizer coisas que eu subscreveria na totalidade, que, aliás, foram ditas pelo dr. Rui Rio na campanha eleitoral face à falta de esperança que nos apresenta este Governo. Portanto, não há dificuldade alguma, conquanto haja lealdade – e da minha parte haverá. Vai ser fácil esse diálogo entre as duas direções?

Vejo muito boas condições para que seja fácil esse diálogo, para que haja lealdade e um trabalho construtivo, para que quem está no Parlamento não queira de forma alguma – e aqui só posso falar a título pessoal – obstaculizar o trabalho de qualquer direção. O próximo líder do PSD terá direito de indicar uma nova direção da bancada ou esta deve cumprir o mandato de dois anos?

Não tenho capacidades de adivinhação. Vou dar a resposta formal: Quem vota na bancada são os deputados. Considero que deve haver uma ligação entre a direção da bancada e a direção do partido. Quem tira conclusões sobre a existência ou não dessa ligação são, naturalmente, as direções do partido. As direções parlamentares devem estar disponíveis para cumprir, no patamar parlamentar, aquela que seja a estratégia de oposição determinada pela direção nacional do partido.

Montenegro foi buscar Joaquim Miranda Sarmento, um homem muito próximo de Rui Rio para coordenar a sua moção de estratégia. Ficou surpreendido por ele ter aceitado? Se fui protagonista de um período que termina, não devo tentar ser de um subsequente. É minha posição pessoal. Cada um tomará a sua. E não me compete a mim comentar as posições de cada um. O próximo líder tem condições para fazer dois mandatos e ser candidato a primeiro-ministro em 2026?

Estamos a entrar em futurologia. É evidente que não é um percurso fácil em termos temporais. Luís Montenegro diz o que não pode deixar de dizer, ou seja, um presidente do PSD é um candidato a primeiro-ministro. Sabemos que o período de mandato à frente do PSD não chega ao fim da legislatura – nem o seguinte –, mas o líder do PSD é o líder da oposição. O animus de quem se apresenta não pode ser outro. Esta maioria absoluta do PS pode levar a que o PSD entre numa fase autofágica?

Espero que não. Não é fácil uma fase mais autofágica do que a anterior. Há que se reconhecer que a fase liderada pelo dr. Rui Rio foi difícil do ponto de vista da paz interna. Não acho nada que a circunstância de maioria absoluta do PS leve a maior tumulto dentro do PSD. Não antevejo esse cenário. Agora, há muitas circunstâncias que me fogem ao controlo.

Até ao congresso, a direção do PSD tem de indicar nomes para o Conselho de Estado. Essa escolha está a ser acertada com os candidatos? O PSD tem um presidente que está em funções, a quem compete tomar decisões. Reportando-me à candidatura hoje (esta quarta-feira) apresentada, ele [Luís Montenegro] teve essa sageza e esse respeito de ter dito que o PSD tem um presidente em funções e de até ter dito que não vestiria o fato de presidente se não estivesse nas funções. Acho bem que Luís tenha dito o que disse. Essa concertação a que se refere, não sei se tem de haver. Quem são os candidatos à liderança do PSD? Sabemos um, não sabemos se haverá outros. Rui Rio e Pinto Balsemão poderão ser os nomes para o Conselho de Estado?

Não lhe posso dizer se são até porque na comissão permanente e na direção nacional isso não foi discutido. O líder da bancada do PS sugeriu que foi o PSD que inviabilizou a eleição de Cotrim de Figueiredo para a vice-presidente da Assembleia da República. Também acha que foi uma curiosíssima interpretação dos resultados?

Acho que é uma infelicidade para quem está a começar. Não revela um conhecimento aritmético por aí além porque ele tem a maioria dos deputados e vir acusar qualquer outro partido de não eleger seja quem for é um momento de humor ou é uma infelicidade aritmética. Esta pequena especulação, pequena política, não é própria de quem está à frente das bancadas. Não sabemos quem votou em quem. Há uma coisa que sei e que o dr. Brilhante Dias devia saber melhor do que eu: o PSD não determinou sentidos de voto. A partir daí, os deputados votaram de acordo com a sua convicção. Mas gostaria de ver Cotrim de Figueiredo na mesa da AR?

O dr. Cotrim poderia perfeitamente ser vice-presidente da Assembleia da República como no passado [houve vice-presidências que] foram de outros partidos. Não há da parte do PSD um gosto particular em que seja apenas PS e PSD nas vice-presidências. Isso é ponto assente.

Como é que o PSD vai votar a moção de rejeição ao programa do Governo? Esta moção de rejeição é um ato numa peça de teatro a que já nos habituou o dr. Ventura. Apresentar uma moção de rejeição sobre o que o povo acabou de votar é desrespeitar o próprio povo. Uma coisa é nós estarmos, na saúde da democracia, contra o PS, batermo-nos contra o PS, outra coisa é entrarmos em golpes de teatro. Isso nós deixamos para o Chega. Portanto, é um voto contra?

Nós também não podemos aprovar um programa do Governo. Se nos fosse apresentado numa moção de confiança, não está a imaginar que votássemos a favor. O PSD terá a posição de moderação que sempre teve, que é a de respeitar o que os portugueses determinaram há muito pouco tempo, mas também não embarcar em golpes de teatro que visam promoções individuais e até espúrias. Apesar da crise provocada pela guerra na Ucrânia, o Governo mantém os compromissos assumidos na campanha eleitoral. É um programa irrealista?

Tem toda a legitimidade de ser um copy-paste do programa do PS. Mas, por outro lado, teve tempo para fazer alguma adaptação às noivas realidades. Recebi isso com alguma estranheza, revela pouco trabalho de casa e falta de ânimo positivo. Se tivesse que dar uma nota ao programa de Governo, que nota dava?

De zero a cinco, dava dois ou dois e meio. Tenho de dar uma nota negativa a uma visão da sociedade que o PSD combateu de forma absolutamente clara na campanha eleitoral.

Eleito deputado pela segunda vez como cabeça de lista por Braga, André Coelho Lima tem dúvidas sobre se Rui Rio deve concertar com os candidatos à liderança do PSD a indicação dos nomes para o Conselho de Estado. Luís Montenegro apresentou a candidatura à liderança do PSD. É o homem certo para suceder a Rui Rio nesta altura?

Em primeiro lugar não sabemos se Montenegro será o único candidato, mas sobretudo a posição que ocupo no partido obriga-me a um recato sobre as diferentes candidaturas que possam surgir. Até em respeito pelas próprias candidaturas. Mas vai continuar a fazer parte, é deputado e será vice-presidente da bancada...

São patamares diferentes. Ser deputado, neste momento, é a minha profissão. Não tenciona tomar posição nenhuma nesta corrida eleitoral?

Não. Logo poucos dias depois das legislativas, tomei essa posição pessoal e transmiti-a a quem me perguntou. Se o dr. Rui Rio não vai continuar como presidente do PSD, como consequência da leitura que fez dos resultados, essa consequência não é individual. Os resultados não são responsabilidade apenas do dr. Rui Rio. Tenho de tirar iguais ilações. Não estarei disponível para integrar quaisquer cargos nacionais em quaisquer candidaturas nem para apoiar candidaturas. Não é não querer tomar posição, é achar que não devo fazê-lo não só pelas funções que ocupo como por aquelas que ocupei durante quatro anos. Hoje ouvi o dr. Luís Montenegro dizer coisas que eu subscreveria na totalidade, que, aliás, foram ditas pelo dr. Rui Rio na campanha eleitoral face à falta de esperança que nos apresenta este Governo. Portanto, não há dificuldade alguma, conquanto haja lealdade – e da minha parte haverá. Vai ser fácil esse diálogo entre as duas direções?

Vejo muito boas condições para que seja fácil esse diálogo, para que haja lealdade e um trabalho construtivo, para que quem está no Parlamento não queira de forma alguma – e aqui só posso falar a título pessoal – obstaculizar o trabalho de qualquer direção. O próximo líder do PSD terá direito de indicar uma nova direção da bancada ou esta deve cumprir o mandato de dois anos?

Não tenho capacidades de adivinhação. Vou dar a resposta formal: Quem vota na bancada são os deputados. Considero que deve haver uma ligação entre a direção da bancada e a direção do partido. Quem tira conclusões sobre a existência ou não dessa ligação são, naturalmente, as direções do partido. As direções parlamentares devem estar disponíveis para cumprir, no patamar parlamentar, aquela que seja a estratégia de oposição determinada pela direção nacional do partido.

Montenegro foi buscar Joaquim Miranda Sarmento, um homem muito próximo de Rui Rio para coordenar a sua moção de estratégia. Ficou surpreendido por ele ter aceitado? Se fui protagonista de um período que termina, não devo tentar ser de um subsequente. É minha posição pessoal. Cada um tomará a sua. E não me compete a mim comentar as posições de cada um. O próximo líder tem condições para fazer dois mandatos e ser candidato a primeiro-ministro em 2026?

Estamos a entrar em futurologia. É evidente que não é um percurso fácil em termos temporais. Luís Montenegro diz o que não pode deixar de dizer, ou seja, um presidente do PSD é um candidato a primeiro-ministro. Sabemos que o período de mandato à frente do PSD não chega ao fim da legislatura – nem o seguinte –, mas o líder do PSD é o líder da oposição. O animus de quem se apresenta não pode ser outro. Esta maioria absoluta do PS pode levar a que o PSD entre numa fase autofágica?

Espero que não. Não é fácil uma fase mais autofágica do que a anterior. Há que se reconhecer que a fase liderada pelo dr. Rui Rio foi difícil do ponto de vista da paz interna. Não acho nada que a circunstância de maioria absoluta do PS leve a maior tumulto dentro do PSD. Não antevejo esse cenário. Agora, há muitas circunstâncias que me fogem ao controlo.

Até ao congresso, a direção do PSD tem de indicar nomes para o Conselho de Estado. Essa escolha está a ser acertada com os candidatos? O PSD tem um presidente que está em funções, a quem compete tomar decisões. Reportando-me à candidatura hoje (esta quarta-feira) apresentada, ele [Luís Montenegro] teve essa sageza e esse respeito de ter dito que o PSD tem um presidente em funções e de até ter dito que não vestiria o fato de presidente se não estivesse nas funções. Acho bem que Luís tenha dito o que disse. Essa concertação a que se refere, não sei se tem de haver. Quem são os candidatos à liderança do PSD? Sabemos um, não sabemos se haverá outros. Rui Rio e Pinto Balsemão poderão ser os nomes para o Conselho de Estado?

Não lhe posso dizer se são até porque na comissão permanente e na direção nacional isso não foi discutido. O líder da bancada do PS sugeriu que foi o PSD que inviabilizou a eleição de Cotrim de Figueiredo para a vice-presidente da Assembleia da República. Também acha que foi uma curiosíssima interpretação dos resultados?

Acho que é uma infelicidade para quem está a começar. Não revela um conhecimento aritmético por aí além porque ele tem a maioria dos deputados e vir acusar qualquer outro partido de não eleger seja quem for é um momento de humor ou é uma infelicidade aritmética. Esta pequena especulação, pequena política, não é própria de quem está à frente das bancadas. Não sabemos quem votou em quem. Há uma coisa que sei e que o dr. Brilhante Dias devia saber melhor do que eu: o PSD não determinou sentidos de voto. A partir daí, os deputados votaram de acordo com a sua convicção. Mas gostaria de ver Cotrim de Figueiredo na mesa da AR?

O dr. Cotrim poderia perfeitamente ser vice-presidente da Assembleia da República como no passado [houve vice-presidências que] foram de outros partidos. Não há da parte do PSD um gosto particular em que seja apenas PS e PSD nas vice-presidências. Isso é ponto assente.

Como é que o PSD vai votar a moção de rejeição ao programa do Governo? Esta moção de rejeição é um ato numa peça de teatro a que já nos habituou o dr. Ventura. Apresentar uma moção de rejeição sobre o que o povo acabou de votar é desrespeitar o próprio povo. Uma coisa é nós estarmos, na saúde da democracia, contra o PS, batermo-nos contra o PS, outra coisa é entrarmos em golpes de teatro. Isso nós deixamos para o Chega. Portanto, é um voto contra?

Nós também não podemos aprovar um programa do Governo. Se nos fosse apresentado numa moção de confiança, não está a imaginar que votássemos a favor. O PSD terá a posição de moderação que sempre teve, que é a de respeitar o que os portugueses determinaram há muito pouco tempo, mas também não embarcar em golpes de teatro que visam promoções individuais e até espúrias. Apesar da crise provocada pela guerra na Ucrânia, o Governo mantém os compromissos assumidos na campanha eleitoral. É um programa irrealista?

Tem toda a legitimidade de ser um copy-paste do programa do PS. Mas, por outro lado, teve tempo para fazer alguma adaptação às noivas realidades. Recebi isso com alguma estranheza, revela pouco trabalho de casa e falta de ânimo positivo. Se tivesse que dar uma nota ao programa de Governo, que nota dava?

De zero a cinco, dava dois ou dois e meio. Tenho de dar uma nota negativa a uma visão da sociedade que o PSD combateu de forma absolutamente clara na campanha eleitoral.

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