Novo partido de Santana Lopes é o ‘one man show’ ou ainda há santanistas?

22-05-2019
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De um lado estava o PSD, do outro Pedro Santana Lopes. O coração dividiu-se, mas a razão não cedeu. Aos 84 anos – mais de metade vividos ao serviço dos sociais-democratas –, Conceição Monteiro reconhece a incapacidade de romper com o seu partido de sempre. Numa conversa telefónica com a VISÃO, a histórica secretária e confidente de Francisco Sá Carneiro equipara ao “corte de um cordão umbilical a escolha entre permanecer nos “laranjinhas” ou se juntar à recém-formada Aliança”. Fê-lo a custo, e confessou-o de pronto ao “filho mais novo”, o seu “Pedrinho”.

“O filho mais velho, o PSD, já me acompanha há quase 44 anos. Participei na sua criação, expansão, afirmação. Foi uma época muito rica, vivi muitas coisas, sobretudo até 1980, quando a Aliança Democrática chegou ao poder…”, recorda, emocionada, para justificar a impossibilidade de engrossar as fileiras da Aliança. “Compreendo as razões do meu Pedrinho, mas não consigo. Expliquei-lhe isso, e ele entendeu”, conta, num registo típico de mãe que enfrenta a emancipação de um filho.

Embora perceba o estado de alma de Santana, Conceição Monteiro não disfarça a tristeza pela cisão. Não responsabiliza Rui Rio diretamente, mas subscreve as explicações do próprio líder da Aliança, quando se dirigiu, em carta aberta, aos militantes do PSD. Nesse “texto difícil”, como o próprio o classificou, o antigo primeiro-ministro revelava aquilo que verdadeiramente o desgostava: o facto de o PSD gostar muito de ouvir os seus discursos, mas ligar pouco às suas ideias, como explicou a 3 de agosto, citado pelo Observador.

“Entendo (…) que não faz sentido continuar numa organização política só porque lá estamos há muito, ou porque em tempos alcançámos vitórias e concretizações extraordinárias se, no passado e no tempo que importa, no tempo presente, não conseguimos fazer vingar ideias e propostas que consideramos cruciais para o bem do nosso país”, prosseguia Santana que, no final de junho, em entrevista à VISÃO, avisara que a sua relação com o PSD estava prestes a terminar.

Conceição Monteiro vai mais longe e aponta o dedo aos adversários internos: “A vida dele no partido foi sempre isso. Tinha ovações como era raro ver e ouvir desde a morte de Sá Carneiro, mas houve sempre um grupo que não ia à bola com ele e estava sempre com desculpas para não o deixar singrar. Só se serviam dele quando precisavam…”

“O Pedro”, sustenta, não saiu por ter perdido as diretas de janeiro nem por qualquer ressentimento com o líder, fê-lo somente pela “saturação com o rumo que o partido está a levar”. “Ele tem o dele bem definido e tomou uma decisão”, correndo, sublinha, “um risco grande”. Igual a si mesmo, sugere.

Um desses desafios, admite Conceição Monteiro (talvez a mais fiel de todos os santanistas), passa por seduzir (ou não) antigos apoiantes e colaboradores do ex-presidente do PSD. Santana sabe que, não sendo um homem só, ficou longe de arrebanhar tanta gente quanto gostaria. Aos seus mais próximos tem, contudo, confidenciado que não pretendia voltar a juntar “os amigos de sempre”. Essa solução, tem explicado, seria um erro político, cujo preço poderia ser elevado.

Os santanistas que quer junto a si são outros, e não os de vidas políticas passadas. Novos ou velhos, tanto faz, mas em particular gente que, ao contrário do líder, não tenha estado na vanguarda do combate político durante as últimas décadas. A maioria dos até aqui indefetíveis recusou marchar atrás do menino guerreiro em direção a novas batalhas, desta feita agitando as bandeiras azuis e brancas da Aliança, mas Santana tem enfatizado que isso é natural. Alguns são autarcas ou deputados eleitos em listas do PSD, outros recusam romper com o partido que foi casa comum de várias sensibilidades quase sempre em conflito, ao passo que um terceiro grupo não acredita no novo projeto e um quarto não se muda por dar primazia a taticismos pessoais.

O ceticismo dos que ficam

“O sentimento é que a montanha pariu um rato. Não foi com ele nenhuma figura que tenha peso atualmente no partido. Não se vê nenhum presidente de câmara, ou de junta de freguesia sequer, a dar a cara por aquilo”, critica um apoiante de Santana nas diretas em que o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) foi batido por Rio.

Um santanista de tempos idos encolhe os ombros quando confrontado com a ausência dos ditos notáveis sociais-democratas na equipa da Aliança: “Não há nada de novo. É o Santana e os mesmos de sempre… Nem o Rui Gomes da Silva e o Manuel Frexes, os mais santanistas de sempre, foram com ele.”

De facto, à medida que vão sendo desvendados os nomes que estão a associar-se aos primeiros passos da nova força, há ausências que suportam a tese de que a Aliança tem contornos de PSL (Partido do Santana Lopes), como têm gracejado alguns dos que recusam entregar o cartão de militante do PSD e que até usam, com mordacidade, as iniciais dos três nomes do ex-primeiro-ministro, as quais coincidem com as do Partido Social Liberal que, em 1996, Santana ameaçou formar.

Além de Conceição Monteiro, o elenco de santanistas que ficam no PSD é extenso: Rui Gomes da Silva (ministro-adjunto e ministro dos Assuntos Parlamentares de Santana), Fernando Negrão (atual líder parlamentar e ministro da Segurança Social, da Família e da Criança com Santana), Manuel Frexes (deputado e antigo presidente da Câmara do Fundão), Pedro Pinto (deputado, presidente da distrital do PSD-Lisboa e vereador na Câmara de Lisboa na equipa de Santana), Telmo Faria (ex-presidente da Câmara de Óbidos e coordenador da moção estratégica que o antigo líder apresentou no último congresso) e João Montenegro (diretor da campanha interna).

O diretor da campanha em que Santana recolheu 45,63% dos votos dos sociais-democratas, esse, continua sem entender a decisão. “Lamento que o dr. Santana Lopes tenha optado por fazer este caminho sozinho, deixando para trás grande parte dos milhares de militantes que, em janeiro, confiaram nele para presidente do PSD e que ficaram no partido, quase órfãos”, atira João Montenegro.

Mesmo na divisão dos anti-Rio, a capacidade de recrutamento ficou reduzida. E esta é facilmente explicada por uma fonte que conhece bem Santana e outros quadros que já fazem contas de cabeça para o pós-legislativas: “O Miguel Relvas, o Luís Montenegro e o Hugo Soares estão revoltados com isto tudo, porque trabalharam para o Santana e as expectativas das pessoas que votaram no Santana foram defraudadas. Com que cara é que eles vão voltar a pedir votos?”

Uma espécie de santanismo 2.0

Aparentemente imune à mercearia partidária, Santana tem-se debruçado mais sobre os anónimos que quer trazer para a ribalta. Ao seu iPhone 6 branco (via LinkedIn, Facebook ou WhatsApp), conforme mostrou na recente entrevista que concedeu à RTP3, têm chegado centenas de mensagens de pessoas que pretendem aderir à Aliança. Santana dedica três horas por dia a responder às solicitações e tem confidenciado a alguns elementos do seu círculo restrito que, a avaliar pela amostra digital e pelas interações de rua, o congresso instalador de fevereiro, que decorrerá em Évora, tem tudo para ser bem-sucedido.

Apesar das várias peças em falta, começam a perceber-se os contornos do puzzle fundacional da Aliança. Algumas pessoas já começaram a trabalhar na sede do partido, situada no segundo andar do nº 49 da Avenida da República, em Lisboa (que há poucos meses estava decorada com laranja-PSD); outras, em contrapartida, prometeram associar-se à nova força e um terceiro grupo, no qual se inclui o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz, colaborará na qualidade de independente.

A VISÃO sabe que da comissão instaladora nacional da Aliança farão parte Carlos Pinto (histórico presidente da Câmara da Covilhã), Carlos Poço (provedor da Santa Casa da Misericórdia de Leiria e ex-deputado do PSD), José Pereira da Costa (antigo secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes e ex-deputado pelo PSD), João Pessoa e Costa (ex-membro da Assembleia de Freguesia de Alvalade), João Navega (vereador na Câmara de Lisboa, entre 2009 e 2013, e presidente da Câmara de Comércio Portugal-Moçambique), Margarida Netto (ex-deputada do CDS, que esteve no escritório de advogados de Santana), Patrícia Seatra (candidata do PSD à Câmara de Montemor-o-Novo em 2017), Daniela Antão (secretária-geral da Associação dos Operadores de Telecomunicações – APRITEL) e Pedro Escada (consultor de comunicação).

Além desses, juntam-se à Aliança Rosário Águas (deputada durante três legislaturas e vereadora de Santana na Câmara da Figueira da Foz), Luís Cirilo (que também teve assento na Assembleia da República e ocupou o cargo de secretário-geral-adjunto do PSD, sendo um dos operacionais de Luís Filipe Menezes na vitória sobre Luís Marques Mendes, em 2007), o ex-deputado Pedro Quartin Graça, João Rodrigues, candidato do CDS à Câmara de Porto Santo, que vai ser coordenador da Aliança nos Açores, e o ex-administrador da SCML Ricardo Alves Gomes, amigo de longa data de Santana.

Em trânsito podem estar José Raul dos Santos, outro santanista de sempre, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ourique, que conduziu os destinos daquela autarquia entre 1994 e 2005 (ano em que decidiu ser deputado), Eduarda Napoleão (vereadora de Santana em Lisboa), Helena Lopes da Costa (administradora da SCML e outra indefetível do ex-provedor) e Miguel de Sousa (que encabeçou a comissão de honra de Santana na Madeira aquando da disputa com Rio).

Rui Moreira, o “joKER”

Com discrição que baste está também a ser cozinhado um acordo de cavalheiros com Rui Moreira, até porque Santana e o presidente da Câmara do Porto estão longe de ser inocentes. O primeiro precisa de votos de eleitores clássicos do PSD para não ser um flop nas urnas, e o segundo, às avessas com Rio, quer provocar a maior erosão possível ao seu antecessor na autarquia. Quem os conhece bem afirma que ambos têm “interesses convergentes” e admite que a máquina de Moreira possa ser “emprestada” à Aliança. Fontes locais adiantam que Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto e ex-militante social-democrata, possa ser o ponta-de-lança na cidade. No entanto, o próprio refere à VISÃO que nunca foi contactado para integrar a Aliança.

Já Conceição Monteiro, perante as hesitações de vários santanistas – mesmo dos “amigos sinceros” –, antecipa que, mesmo que não o acompanhem rumo à Aliança, na hora de votar eles poderão surpreender. “Tenho a certeza de que isso acontecerá: muitos vão votar Aliança. Mas só se fosse mosca é que saberia…”. E é nessa espiral silenciosa que Santana aposta fortemente. Desta vez, não há alternativa: terá de ser all-in.

*Artigo atualizado na segunda-feira, 3 de dezembro de 2018, às 16h38, com a declaração de Nuno Botelho.

De um lado estava o PSD, do outro Pedro Santana Lopes. O coração dividiu-se, mas a razão não cedeu. Aos 84 anos – mais de metade vividos ao serviço dos sociais-democratas –, Conceição Monteiro reconhece a incapacidade de romper com o seu partido de sempre. Numa conversa telefónica com a VISÃO, a histórica secretária e confidente de Francisco Sá Carneiro equipara ao “corte de um cordão umbilical a escolha entre permanecer nos “laranjinhas” ou se juntar à recém-formada Aliança”. Fê-lo a custo, e confessou-o de pronto ao “filho mais novo”, o seu “Pedrinho”.

“O filho mais velho, o PSD, já me acompanha há quase 44 anos. Participei na sua criação, expansão, afirmação. Foi uma época muito rica, vivi muitas coisas, sobretudo até 1980, quando a Aliança Democrática chegou ao poder…”, recorda, emocionada, para justificar a impossibilidade de engrossar as fileiras da Aliança. “Compreendo as razões do meu Pedrinho, mas não consigo. Expliquei-lhe isso, e ele entendeu”, conta, num registo típico de mãe que enfrenta a emancipação de um filho.

Embora perceba o estado de alma de Santana, Conceição Monteiro não disfarça a tristeza pela cisão. Não responsabiliza Rui Rio diretamente, mas subscreve as explicações do próprio líder da Aliança, quando se dirigiu, em carta aberta, aos militantes do PSD. Nesse “texto difícil”, como o próprio o classificou, o antigo primeiro-ministro revelava aquilo que verdadeiramente o desgostava: o facto de o PSD gostar muito de ouvir os seus discursos, mas ligar pouco às suas ideias, como explicou a 3 de agosto, citado pelo Observador.

“Entendo (…) que não faz sentido continuar numa organização política só porque lá estamos há muito, ou porque em tempos alcançámos vitórias e concretizações extraordinárias se, no passado e no tempo que importa, no tempo presente, não conseguimos fazer vingar ideias e propostas que consideramos cruciais para o bem do nosso país”, prosseguia Santana que, no final de junho, em entrevista à VISÃO, avisara que a sua relação com o PSD estava prestes a terminar.

Conceição Monteiro vai mais longe e aponta o dedo aos adversários internos: “A vida dele no partido foi sempre isso. Tinha ovações como era raro ver e ouvir desde a morte de Sá Carneiro, mas houve sempre um grupo que não ia à bola com ele e estava sempre com desculpas para não o deixar singrar. Só se serviam dele quando precisavam…”

“O Pedro”, sustenta, não saiu por ter perdido as diretas de janeiro nem por qualquer ressentimento com o líder, fê-lo somente pela “saturação com o rumo que o partido está a levar”. “Ele tem o dele bem definido e tomou uma decisão”, correndo, sublinha, “um risco grande”. Igual a si mesmo, sugere.

Um desses desafios, admite Conceição Monteiro (talvez a mais fiel de todos os santanistas), passa por seduzir (ou não) antigos apoiantes e colaboradores do ex-presidente do PSD. Santana sabe que, não sendo um homem só, ficou longe de arrebanhar tanta gente quanto gostaria. Aos seus mais próximos tem, contudo, confidenciado que não pretendia voltar a juntar “os amigos de sempre”. Essa solução, tem explicado, seria um erro político, cujo preço poderia ser elevado.

Os santanistas que quer junto a si são outros, e não os de vidas políticas passadas. Novos ou velhos, tanto faz, mas em particular gente que, ao contrário do líder, não tenha estado na vanguarda do combate político durante as últimas décadas. A maioria dos até aqui indefetíveis recusou marchar atrás do menino guerreiro em direção a novas batalhas, desta feita agitando as bandeiras azuis e brancas da Aliança, mas Santana tem enfatizado que isso é natural. Alguns são autarcas ou deputados eleitos em listas do PSD, outros recusam romper com o partido que foi casa comum de várias sensibilidades quase sempre em conflito, ao passo que um terceiro grupo não acredita no novo projeto e um quarto não se muda por dar primazia a taticismos pessoais.

O ceticismo dos que ficam

“O sentimento é que a montanha pariu um rato. Não foi com ele nenhuma figura que tenha peso atualmente no partido. Não se vê nenhum presidente de câmara, ou de junta de freguesia sequer, a dar a cara por aquilo”, critica um apoiante de Santana nas diretas em que o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) foi batido por Rio.

Um santanista de tempos idos encolhe os ombros quando confrontado com a ausência dos ditos notáveis sociais-democratas na equipa da Aliança: “Não há nada de novo. É o Santana e os mesmos de sempre… Nem o Rui Gomes da Silva e o Manuel Frexes, os mais santanistas de sempre, foram com ele.”

De facto, à medida que vão sendo desvendados os nomes que estão a associar-se aos primeiros passos da nova força, há ausências que suportam a tese de que a Aliança tem contornos de PSL (Partido do Santana Lopes), como têm gracejado alguns dos que recusam entregar o cartão de militante do PSD e que até usam, com mordacidade, as iniciais dos três nomes do ex-primeiro-ministro, as quais coincidem com as do Partido Social Liberal que, em 1996, Santana ameaçou formar.

Além de Conceição Monteiro, o elenco de santanistas que ficam no PSD é extenso: Rui Gomes da Silva (ministro-adjunto e ministro dos Assuntos Parlamentares de Santana), Fernando Negrão (atual líder parlamentar e ministro da Segurança Social, da Família e da Criança com Santana), Manuel Frexes (deputado e antigo presidente da Câmara do Fundão), Pedro Pinto (deputado, presidente da distrital do PSD-Lisboa e vereador na Câmara de Lisboa na equipa de Santana), Telmo Faria (ex-presidente da Câmara de Óbidos e coordenador da moção estratégica que o antigo líder apresentou no último congresso) e João Montenegro (diretor da campanha interna).

O diretor da campanha em que Santana recolheu 45,63% dos votos dos sociais-democratas, esse, continua sem entender a decisão. “Lamento que o dr. Santana Lopes tenha optado por fazer este caminho sozinho, deixando para trás grande parte dos milhares de militantes que, em janeiro, confiaram nele para presidente do PSD e que ficaram no partido, quase órfãos”, atira João Montenegro.

Mesmo na divisão dos anti-Rio, a capacidade de recrutamento ficou reduzida. E esta é facilmente explicada por uma fonte que conhece bem Santana e outros quadros que já fazem contas de cabeça para o pós-legislativas: “O Miguel Relvas, o Luís Montenegro e o Hugo Soares estão revoltados com isto tudo, porque trabalharam para o Santana e as expectativas das pessoas que votaram no Santana foram defraudadas. Com que cara é que eles vão voltar a pedir votos?”

Uma espécie de santanismo 2.0

Aparentemente imune à mercearia partidária, Santana tem-se debruçado mais sobre os anónimos que quer trazer para a ribalta. Ao seu iPhone 6 branco (via LinkedIn, Facebook ou WhatsApp), conforme mostrou na recente entrevista que concedeu à RTP3, têm chegado centenas de mensagens de pessoas que pretendem aderir à Aliança. Santana dedica três horas por dia a responder às solicitações e tem confidenciado a alguns elementos do seu círculo restrito que, a avaliar pela amostra digital e pelas interações de rua, o congresso instalador de fevereiro, que decorrerá em Évora, tem tudo para ser bem-sucedido.

Apesar das várias peças em falta, começam a perceber-se os contornos do puzzle fundacional da Aliança. Algumas pessoas já começaram a trabalhar na sede do partido, situada no segundo andar do nº 49 da Avenida da República, em Lisboa (que há poucos meses estava decorada com laranja-PSD); outras, em contrapartida, prometeram associar-se à nova força e um terceiro grupo, no qual se inclui o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros António Martins da Cruz, colaborará na qualidade de independente.

A VISÃO sabe que da comissão instaladora nacional da Aliança farão parte Carlos Pinto (histórico presidente da Câmara da Covilhã), Carlos Poço (provedor da Santa Casa da Misericórdia de Leiria e ex-deputado do PSD), José Pereira da Costa (antigo secretário de Estado da Defesa e dos Antigos Combatentes e ex-deputado pelo PSD), João Pessoa e Costa (ex-membro da Assembleia de Freguesia de Alvalade), João Navega (vereador na Câmara de Lisboa, entre 2009 e 2013, e presidente da Câmara de Comércio Portugal-Moçambique), Margarida Netto (ex-deputada do CDS, que esteve no escritório de advogados de Santana), Patrícia Seatra (candidata do PSD à Câmara de Montemor-o-Novo em 2017), Daniela Antão (secretária-geral da Associação dos Operadores de Telecomunicações – APRITEL) e Pedro Escada (consultor de comunicação).

Além desses, juntam-se à Aliança Rosário Águas (deputada durante três legislaturas e vereadora de Santana na Câmara da Figueira da Foz), Luís Cirilo (que também teve assento na Assembleia da República e ocupou o cargo de secretário-geral-adjunto do PSD, sendo um dos operacionais de Luís Filipe Menezes na vitória sobre Luís Marques Mendes, em 2007), o ex-deputado Pedro Quartin Graça, João Rodrigues, candidato do CDS à Câmara de Porto Santo, que vai ser coordenador da Aliança nos Açores, e o ex-administrador da SCML Ricardo Alves Gomes, amigo de longa data de Santana.

Em trânsito podem estar José Raul dos Santos, outro santanista de sempre, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ourique, que conduziu os destinos daquela autarquia entre 1994 e 2005 (ano em que decidiu ser deputado), Eduarda Napoleão (vereadora de Santana em Lisboa), Helena Lopes da Costa (administradora da SCML e outra indefetível do ex-provedor) e Miguel de Sousa (que encabeçou a comissão de honra de Santana na Madeira aquando da disputa com Rio).

Rui Moreira, o “joKER”

Com discrição que baste está também a ser cozinhado um acordo de cavalheiros com Rui Moreira, até porque Santana e o presidente da Câmara do Porto estão longe de ser inocentes. O primeiro precisa de votos de eleitores clássicos do PSD para não ser um flop nas urnas, e o segundo, às avessas com Rio, quer provocar a maior erosão possível ao seu antecessor na autarquia. Quem os conhece bem afirma que ambos têm “interesses convergentes” e admite que a máquina de Moreira possa ser “emprestada” à Aliança. Fontes locais adiantam que Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto e ex-militante social-democrata, possa ser o ponta-de-lança na cidade. No entanto, o próprio refere à VISÃO que nunca foi contactado para integrar a Aliança.

Já Conceição Monteiro, perante as hesitações de vários santanistas – mesmo dos “amigos sinceros” –, antecipa que, mesmo que não o acompanhem rumo à Aliança, na hora de votar eles poderão surpreender. “Tenho a certeza de que isso acontecerá: muitos vão votar Aliança. Mas só se fosse mosca é que saberia…”. E é nessa espiral silenciosa que Santana aposta fortemente. Desta vez, não há alternativa: terá de ser all-in.

*Artigo atualizado na segunda-feira, 3 de dezembro de 2018, às 16h38, com a declaração de Nuno Botelho.

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