Bloco e PSD juntos contra construção de armazenamento na central nuclear de Almaraz

21-04-2018
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A decisão do governo espanhol de avançar com a construção de um depósito de resíduos nucleares para a central nuclear de Almaraz, situada em Cáceres, Espanha, a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, está a preocupar os partidos portugueses e até já juntou o Bloco de Esquerda e o PSD.

"Esta autorização para a construção de um armazém de resíduos nucleares a poucos quilómetros da fronteira [portuguesa], aumenta a pressão nuclear sobre toda esta região e, como é óbvio, aumenta em muito o risco de acidentes e de poluição precisamente a partir da atividade nuclear em Almaraz", afirmou à Lusa o presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura, Ambiente e Ordenamento do Território do BE, Pedro Soares.

O deputado falava em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco - de onde a central fica mais próxima - à margem da marcha pelo Tejo, organizada pelo BE. No encontro, Pedro Soares adiantou que a notícia da construção de um armazém para resíduos nucleares no perímetro da central de Almaraz, só pode significar que o governo espanhol está determinado em prolongar o período de vida da central nuclear.

"Isso é uma preocupação enorme. Repare que na Assembleia da República conseguimos aprovar, por unanimidade, da direita à esquerda, uma resolução que pede ao governo português que inicie conversações com o governo espanhol, no sentido de se iniciar um processo de desativação da central nuclear [Almaraz]", sublinhou.

O deputado do BE adiantou também que as informações que tem tido é que o governo português tem manifestado alguma preocupação junto das entidades espanholas e tem procurado obter esclarecimentos sobre a central nuclear de Almaraz.

Adiantou ainda que segundo o governo português, este impasse relativamente ao governo espanhol, deve-se ao facto de não haver ainda um governo pós eleitoral em Espanha, o que trouxe algumas dificuldades. Contudo, acrescentou, "o governo espanhol está a ter dificuldades em dar esclarecimentos ao governo português, argumentando que ainda não existe um governo pós-eleitoral, mas para decidir sobre a instalação de uma lixeira nuclear parece que não há problemas nenhuns e já tem capacidade e competências para o fazer. É evidente que tem que se alterar esta situação".

O tema foi também referido pelo PSD. Na sexta-feira, o deputado Manuel Frexes disse estar "muito preocupado" com o anúncio da construção do armazém de resíduos nucleares em Almaraz e considerou que o Governo português não pode continuar indiferente à situação. "Isto significa também que, ao fazer este investimento, eles [espanhóis] preparam-se para alargar o prazo de laboração da própria central [de Almaraz], que é aquilo que querem há muito tempo", frisou o deputado eleito pelo círculo de Castelo Branco, em declarações à Lusa.

Nesse sentido, o deputado social-democrata disse que ainda que vai avançar com um pedido de esclarecimento sobre este assunto ao Governo português,já na próxima segunda-feira. "Queremos saber o que é que o Governo português vai fazer perante esta situação preocupante. Até agora, a resposta do Governo na comissão do Ambiente é que está a acompanhar o caso", sublinhou. Mas para Manuel Frexes chegou a altura de o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, interpelar o seu homólogo espanhol e confrontá-lo com esta situação.

Mas não foram apenas os partidos a comentar. Também a Zero já se pronunciou sobre o tema, considerando "inaceitável" a construção desse Armazenamento Temporário Individual (ATI). Para a associação ambiental fundada por um ex-membro da Quercus, a decisão "é apenas um esforço para permitir a extensão da vida da central além de 40 anos e a tentativa mesmo de a fazer chegar a 60 anos de funcionamento", diz em comunicado.

Ou seja, a construção deste aterro apenas serve para a "prolongar a vida da central além dos 40 anos, e não para a desmantelar", nota, acrescentando que a central nuclear de Almaraz, "deve ser encerrada desde já, ou no limite, no termo da sua licença de operação, em junho de 2020".

No mesmo comunicado, a Zero nota ainda que "este processo que está agora a ser viabilizado põe em forte risco e constitui uma séria ameaça futura ao território português a acrescentar à sequência de sucessivas denúncias e resultados graves de segurança identificados por inspeções recentes", pelo que "o Governo português tem justificação e obrigação para agir".

O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) de Espanha deu esta semana parecer favorável para a construção da ATI, que permitirá à central depositar resíduos de elevado nível radioativo gerados pela central a partir de 2018. "Este armazenamento será composto por um muro de proteção e uma laje" onde serão depositados "até 20 contentores com o combustível nuclear utilizado", refere a associação portuguesa.

Atualmente, falta a autorização do ministério do Ambiente espanhol que, juntamente com o relatório do CSN, "são obrigatórios para que seja concedida a autorização final à central", mas segundo a Zero, "perspetiva-se que esse licenciamento virá a ser concedido".

A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

A decisão do governo espanhol de avançar com a construção de um depósito de resíduos nucleares para a central nuclear de Almaraz, situada em Cáceres, Espanha, a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, está a preocupar os partidos portugueses e até já juntou o Bloco de Esquerda e o PSD.

"Esta autorização para a construção de um armazém de resíduos nucleares a poucos quilómetros da fronteira [portuguesa], aumenta a pressão nuclear sobre toda esta região e, como é óbvio, aumenta em muito o risco de acidentes e de poluição precisamente a partir da atividade nuclear em Almaraz", afirmou à Lusa o presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura, Ambiente e Ordenamento do Território do BE, Pedro Soares.

O deputado falava em Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco - de onde a central fica mais próxima - à margem da marcha pelo Tejo, organizada pelo BE. No encontro, Pedro Soares adiantou que a notícia da construção de um armazém para resíduos nucleares no perímetro da central de Almaraz, só pode significar que o governo espanhol está determinado em prolongar o período de vida da central nuclear.

"Isso é uma preocupação enorme. Repare que na Assembleia da República conseguimos aprovar, por unanimidade, da direita à esquerda, uma resolução que pede ao governo português que inicie conversações com o governo espanhol, no sentido de se iniciar um processo de desativação da central nuclear [Almaraz]", sublinhou.

O deputado do BE adiantou também que as informações que tem tido é que o governo português tem manifestado alguma preocupação junto das entidades espanholas e tem procurado obter esclarecimentos sobre a central nuclear de Almaraz.

Adiantou ainda que segundo o governo português, este impasse relativamente ao governo espanhol, deve-se ao facto de não haver ainda um governo pós eleitoral em Espanha, o que trouxe algumas dificuldades. Contudo, acrescentou, "o governo espanhol está a ter dificuldades em dar esclarecimentos ao governo português, argumentando que ainda não existe um governo pós-eleitoral, mas para decidir sobre a instalação de uma lixeira nuclear parece que não há problemas nenhuns e já tem capacidade e competências para o fazer. É evidente que tem que se alterar esta situação".

O tema foi também referido pelo PSD. Na sexta-feira, o deputado Manuel Frexes disse estar "muito preocupado" com o anúncio da construção do armazém de resíduos nucleares em Almaraz e considerou que o Governo português não pode continuar indiferente à situação. "Isto significa também que, ao fazer este investimento, eles [espanhóis] preparam-se para alargar o prazo de laboração da própria central [de Almaraz], que é aquilo que querem há muito tempo", frisou o deputado eleito pelo círculo de Castelo Branco, em declarações à Lusa.

Nesse sentido, o deputado social-democrata disse que ainda que vai avançar com um pedido de esclarecimento sobre este assunto ao Governo português,já na próxima segunda-feira. "Queremos saber o que é que o Governo português vai fazer perante esta situação preocupante. Até agora, a resposta do Governo na comissão do Ambiente é que está a acompanhar o caso", sublinhou. Mas para Manuel Frexes chegou a altura de o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, interpelar o seu homólogo espanhol e confrontá-lo com esta situação.

Mas não foram apenas os partidos a comentar. Também a Zero já se pronunciou sobre o tema, considerando "inaceitável" a construção desse Armazenamento Temporário Individual (ATI). Para a associação ambiental fundada por um ex-membro da Quercus, a decisão "é apenas um esforço para permitir a extensão da vida da central além de 40 anos e a tentativa mesmo de a fazer chegar a 60 anos de funcionamento", diz em comunicado.

Ou seja, a construção deste aterro apenas serve para a "prolongar a vida da central além dos 40 anos, e não para a desmantelar", nota, acrescentando que a central nuclear de Almaraz, "deve ser encerrada desde já, ou no limite, no termo da sua licença de operação, em junho de 2020".

No mesmo comunicado, a Zero nota ainda que "este processo que está agora a ser viabilizado põe em forte risco e constitui uma séria ameaça futura ao território português a acrescentar à sequência de sucessivas denúncias e resultados graves de segurança identificados por inspeções recentes", pelo que "o Governo português tem justificação e obrigação para agir".

O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) de Espanha deu esta semana parecer favorável para a construção da ATI, que permitirá à central depositar resíduos de elevado nível radioativo gerados pela central a partir de 2018. "Este armazenamento será composto por um muro de proteção e uma laje" onde serão depositados "até 20 contentores com o combustível nuclear utilizado", refere a associação portuguesa.

Atualmente, falta a autorização do ministério do Ambiente espanhol que, juntamente com o relatório do CSN, "são obrigatórios para que seja concedida a autorização final à central", mas segundo a Zero, "perspetiva-se que esse licenciamento virá a ser concedido".

A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

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