Mais incentivos à poupança e ao uso do mercado de capitais são apelos feitos no arranque da semana do investidor

30-09-2019
marcar artigo

Os níveis de poupança em Portugal têm de aumentar para que haja mais investimento em instrumentos financeiros, mas para que isso aconteça é necessário que haja incentivos, nomeadamente de política económica, o que nem sempre tem acontecido. Esta foi uma das mensagem dominantes dos discursos proferidos esta segunda-feira no arranque da semana do investidor, que decorre até 6 de outubro e está a ser promovida pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"O mercado de capitais não se tem desenvolvido como todos desejariam", afirmou Manuel Puerta da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF), defendendo que Portugal não é o único país com esse problema. "Os investidores são orientados por objetivos e os incentivos não têm sido suficientes, porque se fossem teria havido mais resultados. (...) São precisos mais incentivos e não me ouviram dizer a palavra fiscal", sublinhou. E acrescentou: "é preciso que exista a ideia de que o mercado de capitais é benéfico para todos. Devia criar-se uma discrimimação positiva para o pequeno aforrador", seja para poupança canalizada para os depósitos, fundos ou seguros, que depois teria de ser aplicada em produtos financeiros portugueses, por forma a que "os nossos impostos sirvam para financiar a economia portuguesa".

Norberto Rosa, secretário-geral da Associação Portuguesa de Bancos, concorda com a necessidade de incentivar a poupança para que haja mais investimento, identificando a falta deste como um dos problemas do país. O investimento não tem sido suficiente para reforçar o stock de capital e aumentar o PIB potencial, o que faz com que o país tenha vindo a divergir da média europeia desde 2010, considerou o administrador da APB.

Para João Girão, administrador da CMVM, o que tem havido de incentivos fiscais tem sido canalizado para os investimentos em dívida e enquanto isso não mudar não irá haver investimento em grande dimensão em capital.

Investir na inovação consiente dos riscos

Já Manuel Caldeira Cabral, ex-ministro da Economia e administrador da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), sublinhou o facto de vivermos num momento de grande inovação financeira, e da importância de o investidor encontrar formas alternativas de investimento, sempre tendo em conta que estas são feitas no cumprimento das regras de transparência e segurança. Nesse sentido, afirmou, não só é fundamental a formação para que se compreenda melhor as novas formas de investimento mas também a cooperação entre todos os reguladores financeiros, para que se garantam níveis de segurança e se alertem para os riscos. Caldeira Cabral frisou ainda a importância do Portugal FinLab, plataforma de contacto entre empresas inovadoras na áreas financeiras e os reguladores nacionais, defendendo que "é um projeto proativo que pretende apoiar as empresas a integrar-se no mercado e a não olharem para o digital com desconfiança"

Abel Sequeira, diretor executivo da Associação de Empresas Emitentes de Valores Mobiliários (AEM), por sua vez, alertou para a necessidade de baixar os custos para os emitentes em mercados de capitais, os quais se agravaram nos últimos anos e irão continuar a agravar com a proposta de reforma da supervisão financeira em curso. "O mercado não aguenta mais custos", disse. Abel Sequeira lembrou que a "transparência é uma palavra chave na relação entre as empresas e o mercado", e que "as empresas têm feito um esforço nesse sentido", porém o ambiente regulatório, ao exigir quantidades gigantescas de informação, torna-se contraproducente. E nesse sentido, o gestor considera que esta dificulta a promoção da transparência. O diretor geral da AEM defende ainda que os reguladores devem simplificar as exigências de informação às cotadas para que se atraiam mais empresas para o mercado e com isso mais investidores.

A semana mundial do investidor tem como objetivo sensibilizar, esclarecer e formar os investidores para o investimento financeiro. Com passagem por escolas, agências de bancos e uma residência sénior, durante a semana serão abordados temas tão diversos como os desafios e impactos da digitalização financeira para os investidores ou a inteligência artificial. É o terceiro ano em que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), se associa a esta iniciativa da IOSCO. A CMVM conta como parceiros desta iniciativa com a AEM, a APAF, a APB, a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento e Fundos de Pensões, a Associação Portuguesa de Seguradores, a ASF, o Banco de Portugal e a Euronext Lisbon.

Os níveis de poupança em Portugal têm de aumentar para que haja mais investimento em instrumentos financeiros, mas para que isso aconteça é necessário que haja incentivos, nomeadamente de política económica, o que nem sempre tem acontecido. Esta foi uma das mensagem dominantes dos discursos proferidos esta segunda-feira no arranque da semana do investidor, que decorre até 6 de outubro e está a ser promovida pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"O mercado de capitais não se tem desenvolvido como todos desejariam", afirmou Manuel Puerta da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF), defendendo que Portugal não é o único país com esse problema. "Os investidores são orientados por objetivos e os incentivos não têm sido suficientes, porque se fossem teria havido mais resultados. (...) São precisos mais incentivos e não me ouviram dizer a palavra fiscal", sublinhou. E acrescentou: "é preciso que exista a ideia de que o mercado de capitais é benéfico para todos. Devia criar-se uma discrimimação positiva para o pequeno aforrador", seja para poupança canalizada para os depósitos, fundos ou seguros, que depois teria de ser aplicada em produtos financeiros portugueses, por forma a que "os nossos impostos sirvam para financiar a economia portuguesa".

Norberto Rosa, secretário-geral da Associação Portuguesa de Bancos, concorda com a necessidade de incentivar a poupança para que haja mais investimento, identificando a falta deste como um dos problemas do país. O investimento não tem sido suficiente para reforçar o stock de capital e aumentar o PIB potencial, o que faz com que o país tenha vindo a divergir da média europeia desde 2010, considerou o administrador da APB.

Para João Girão, administrador da CMVM, o que tem havido de incentivos fiscais tem sido canalizado para os investimentos em dívida e enquanto isso não mudar não irá haver investimento em grande dimensão em capital.

Investir na inovação consiente dos riscos

Já Manuel Caldeira Cabral, ex-ministro da Economia e administrador da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), sublinhou o facto de vivermos num momento de grande inovação financeira, e da importância de o investidor encontrar formas alternativas de investimento, sempre tendo em conta que estas são feitas no cumprimento das regras de transparência e segurança. Nesse sentido, afirmou, não só é fundamental a formação para que se compreenda melhor as novas formas de investimento mas também a cooperação entre todos os reguladores financeiros, para que se garantam níveis de segurança e se alertem para os riscos. Caldeira Cabral frisou ainda a importância do Portugal FinLab, plataforma de contacto entre empresas inovadoras na áreas financeiras e os reguladores nacionais, defendendo que "é um projeto proativo que pretende apoiar as empresas a integrar-se no mercado e a não olharem para o digital com desconfiança"

Abel Sequeira, diretor executivo da Associação de Empresas Emitentes de Valores Mobiliários (AEM), por sua vez, alertou para a necessidade de baixar os custos para os emitentes em mercados de capitais, os quais se agravaram nos últimos anos e irão continuar a agravar com a proposta de reforma da supervisão financeira em curso. "O mercado não aguenta mais custos", disse. Abel Sequeira lembrou que a "transparência é uma palavra chave na relação entre as empresas e o mercado", e que "as empresas têm feito um esforço nesse sentido", porém o ambiente regulatório, ao exigir quantidades gigantescas de informação, torna-se contraproducente. E nesse sentido, o gestor considera que esta dificulta a promoção da transparência. O diretor geral da AEM defende ainda que os reguladores devem simplificar as exigências de informação às cotadas para que se atraiam mais empresas para o mercado e com isso mais investidores.

A semana mundial do investidor tem como objetivo sensibilizar, esclarecer e formar os investidores para o investimento financeiro. Com passagem por escolas, agências de bancos e uma residência sénior, durante a semana serão abordados temas tão diversos como os desafios e impactos da digitalização financeira para os investidores ou a inteligência artificial. É o terceiro ano em que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), se associa a esta iniciativa da IOSCO. A CMVM conta como parceiros desta iniciativa com a AEM, a APAF, a APB, a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento e Fundos de Pensões, a Associação Portuguesa de Seguradores, a ASF, o Banco de Portugal e a Euronext Lisbon.

marcar artigo