“Se o sector têxtil fosse tão lento como o Governo hoje já não havia indústria têxtil”

05-07-2018
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A citação é de Paulo Melo, presidente da ATP - Associação Têxtil de Portugal e foi feita minutos depois do ministro da Economia, Caldeira Cabral, ter anunciado uma linha de financiamento de 600 milhões de euros para alavancar as exportações das empresas

Hoje, foi dia da indústria têxtil mostrar "orgulho" no trabalho feito , nos últimos anos, e apresentar um cartão amarelo ao Governo. As críticas foram várias, dos custos da energia à fiscalidade, sem esquecer a subida do salário mínimo nacional ou o financiamento das empresa. E a conclusão só pode ser uma: "Se o sector têxtil fosse tão lento como o Governo, hoje já não havia indústria têxtil", disse ao Expresso Paulo Melo, presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, à margem do XX Forum Têxtil, em Famalicão.

O ministro da economia, Manuel Caldeira Cabral, tinha anunciado pouco antes, perante uma plateia cheia de empresários do sector, a abertura de uma nova linha de 600 milhões de euros para alavancar as exportações e apoiar as empresas portuguesas que querem trabalhar no mercado externo, facilitando, também, o financiamento dos clientes que querem comprar os seus produtos.

O ministro admitiu mesmo que esta linha pode ser reforçada no futuro. Mas Paulo Melo não se deixou entusiasmar: "os incentivos podem ajudar as exportações, mas o financiamento às empresas continua difícil e o capital está, ainda muito longe de ser acessível, sobretudo às PME, sendo por isso um constrangimento ao crescimento e ao investimento", disse.

Os quadros apresentados pelo Ministro da Economia e pelo empresário e dirigente associativo divergiram, aliás, em mais pontos. Se Caldeira Cabral apostou em destacar uma descida das tarifas da eletricidade pela primeira vez em 18 anos, Paulo Melo considera que "a energia ainda é cara demais", sem esquecer que "as taxas representam 40% da fatura total".

No caso do seu grupo empresarial, a Somelos, a fatura mensal ronda os 300 mil euros e 40% deste valor são taxas, exemplifica. "Nada ajuda a indústria", acrescenta o dirigente associativo, que no seu discurso sobre o Estado do Sector falou de "aumentos consecutivos", na ordem dos 30% desde o início do ano, neste item que representa o custo mais relevante para algumas empresas, e fez uma comparação com a Alemanha, onde "o preço médio é 40% menor do que em Portugal".

Salários e orgulho têxtil

Paulo Melo falou, ainda de "tributação excessiva" e apontou o dedo à "excessiva rigidificação do quadro jurídico laboral", lamentando o fim do banco de horas indiviudal e os constrangimentos levantados aos contratos a termo. Quanto à possibilidade dos salários mínimos passarem os €600, a ATP admite a subida, mas considera que as empresas têm de receber contrapartidas, designadamente fiscais. Afinal, diz, "desde que este Governo entrou em funções, (o salário mínimo) já aumentou 15%, muito para lá da inflação e dos ganhos de produtividade".

Já o ministro, prefere recordar que "houve acordo em sede de concertação social", há entidades patronais que dizem ser possível passar a barreira dos €600 e, olhando para o passado recente, o aumento do salário mínimo "coexistiu com o segundo maior aumento na criação de emprego na União Europeia e com um aumento de exportações de 11%". Mesmo assim, defendeu que é preciso "realismo" na definição do salário mínimo, evitando, depois, explicar o que isto significa exatamente em valor.

Quanto aos têxteis, Caldeira Cabral saudou esta indústria, que atingiu, em 2017, o oitavo ano de crescimento consecutivo nas exportações e um recorde de 5,2 mil milhões de euros nas vendas no mercado externo, ao mesmo tempo que recomeçou a criar emprego, conseguindo apresentar um saldo líquido de 12.853 postos de trabalho nos últimos três anos.

No conjunto da economia nacional, a fileira que hoje celebra o "dia do profissional têxtil" vale 3% do PIB, 10% das exportações e 20% do emprego total, vive "um momento positivo" e apresenta-se "com orgulho legítimo" como um caso de sucesso internacional, projetando o made in Portugal no mundo, como resumiu Paulo Melo.

A citação é de Paulo Melo, presidente da ATP - Associação Têxtil de Portugal e foi feita minutos depois do ministro da Economia, Caldeira Cabral, ter anunciado uma linha de financiamento de 600 milhões de euros para alavancar as exportações das empresas

Hoje, foi dia da indústria têxtil mostrar "orgulho" no trabalho feito , nos últimos anos, e apresentar um cartão amarelo ao Governo. As críticas foram várias, dos custos da energia à fiscalidade, sem esquecer a subida do salário mínimo nacional ou o financiamento das empresa. E a conclusão só pode ser uma: "Se o sector têxtil fosse tão lento como o Governo, hoje já não havia indústria têxtil", disse ao Expresso Paulo Melo, presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, à margem do XX Forum Têxtil, em Famalicão.

O ministro da economia, Manuel Caldeira Cabral, tinha anunciado pouco antes, perante uma plateia cheia de empresários do sector, a abertura de uma nova linha de 600 milhões de euros para alavancar as exportações e apoiar as empresas portuguesas que querem trabalhar no mercado externo, facilitando, também, o financiamento dos clientes que querem comprar os seus produtos.

O ministro admitiu mesmo que esta linha pode ser reforçada no futuro. Mas Paulo Melo não se deixou entusiasmar: "os incentivos podem ajudar as exportações, mas o financiamento às empresas continua difícil e o capital está, ainda muito longe de ser acessível, sobretudo às PME, sendo por isso um constrangimento ao crescimento e ao investimento", disse.

Os quadros apresentados pelo Ministro da Economia e pelo empresário e dirigente associativo divergiram, aliás, em mais pontos. Se Caldeira Cabral apostou em destacar uma descida das tarifas da eletricidade pela primeira vez em 18 anos, Paulo Melo considera que "a energia ainda é cara demais", sem esquecer que "as taxas representam 40% da fatura total".

No caso do seu grupo empresarial, a Somelos, a fatura mensal ronda os 300 mil euros e 40% deste valor são taxas, exemplifica. "Nada ajuda a indústria", acrescenta o dirigente associativo, que no seu discurso sobre o Estado do Sector falou de "aumentos consecutivos", na ordem dos 30% desde o início do ano, neste item que representa o custo mais relevante para algumas empresas, e fez uma comparação com a Alemanha, onde "o preço médio é 40% menor do que em Portugal".

Salários e orgulho têxtil

Paulo Melo falou, ainda de "tributação excessiva" e apontou o dedo à "excessiva rigidificação do quadro jurídico laboral", lamentando o fim do banco de horas indiviudal e os constrangimentos levantados aos contratos a termo. Quanto à possibilidade dos salários mínimos passarem os €600, a ATP admite a subida, mas considera que as empresas têm de receber contrapartidas, designadamente fiscais. Afinal, diz, "desde que este Governo entrou em funções, (o salário mínimo) já aumentou 15%, muito para lá da inflação e dos ganhos de produtividade".

Já o ministro, prefere recordar que "houve acordo em sede de concertação social", há entidades patronais que dizem ser possível passar a barreira dos €600 e, olhando para o passado recente, o aumento do salário mínimo "coexistiu com o segundo maior aumento na criação de emprego na União Europeia e com um aumento de exportações de 11%". Mesmo assim, defendeu que é preciso "realismo" na definição do salário mínimo, evitando, depois, explicar o que isto significa exatamente em valor.

Quanto aos têxteis, Caldeira Cabral saudou esta indústria, que atingiu, em 2017, o oitavo ano de crescimento consecutivo nas exportações e um recorde de 5,2 mil milhões de euros nas vendas no mercado externo, ao mesmo tempo que recomeçou a criar emprego, conseguindo apresentar um saldo líquido de 12.853 postos de trabalho nos últimos três anos.

No conjunto da economia nacional, a fileira que hoje celebra o "dia do profissional têxtil" vale 3% do PIB, 10% das exportações e 20% do emprego total, vive "um momento positivo" e apresenta-se "com orgulho legítimo" como um caso de sucesso internacional, projetando o made in Portugal no mundo, como resumiu Paulo Melo.

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