O que é a Operação Teia, a investigação da Justiça que desmontou rede socialista do Norte

03-06-2019
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O presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, detido na quarta-feira com a mulher, Manuela Couto, é suspeito de estar no centro de uma teia de influências políticas que passava por pressionar autarcas e responsáveis de entidades públicas para contratar, maioritariamente por ajuste direto, cinco empresas do seu universo familiar. Na Operação Teia foi ainda detido o também autarca socialista de Barcelos Miguel Costa Gomes, segundo maior cliente das empresas de comunicação e de organização de eventos de Manuela, suspeito de ter pago cerca de €700 mil nos últimos cinco anos em contratos sobrevalorizados ou viciados. No processo, “complexo face à teia de cumplicidades políticas”, segundo fonte próxima do casal, Costa Gomes, a cumprir o último mandato em Barcelos, contaria com a promessa do ‘dinossauro’ autárquico para chegar à liderança da Distrital do PS de Braga.

Na malha da investigação, em curso há três anos e “conexa” com a Operação Éter (desencadeada no outono passado e que levou à prisão preventiva do cliente leonino da mulher de Joaquim Couto, Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal), foi ainda apanhado o presidente do IPO do Porto. Laranja Pontes, colega do curso de Medicina do histórico Joaquim Couto, rubricou com a Mediana — Sociedade Gestora de Imagem e Comunicação uma dúzia de contratos superiores a €360 mil, seis deles divulgados no portal da contratação pública já após Manuela ser detida em outubro na Operação Éter. Ao que o Expresso apurou junto de fonte da investigação, a gerente e sócia maioritária de quatro firmas do universo da W Global Communication terá sido libertada mediante caução de €40 mil por estar também sob a mira do DIAP na Operação Teia, na qual será reincidente na prática de crimes de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio no âmbito da contratação pública, tal como os restantes arguidos.

No caso do líder do IPO, em gestão corrente há dois anos, o presumível bónus ao casal Couto teria por motivação segurar no cargo Laranja Pontes ou “dar uma ajuda na sua colocação noutro cargo de administração pública”, refere fonte próxima da Câmara de Santo Tirso, que garante que era Joa­quim Couto que ligava a autarcas socialistas a pressionar para contratarem as empresas da família, algumas participadas direta ou indiretamente pelo filho Luís Couto, como a Make It Happen ou a My Press. Entre os clientes públicos da esfera tentacular do líder da concelhia do PS de Santo Tirso, também presidente da Mesa da Comissão Política da Distrital do Porto, conta-se a Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, que em 2017 assinou por ajuste direto, através da Welcomesymbol, um contrato de mais de €64 mil, para prestação de serviços de “parametrização de fontes de pesquisa, definição de perfis de informação e disponibilização eletrónica de notícias”.

FAMILYGATE EM MATOSINHOS?

No raide de buscas da PJ desta semana esteve ainda a Câmara de Matosinhos, liderada pela socialista Luísa Salgueiro. Ninguém foi constituído arguido, mas os inspetores, durante a operação, apreenderam documentos e fizeram cópias dos discos duros dos computadores, um dos quais de Marta Pontes, filha de Laranja Pontes, chefe de gabinete da autarca eleita pelo PS em 2017. No inquérito titulado pelo DIAP do Porto, os inspetores da PJ “chamaram” à Câmara Marta Pontes, ausente por licença de maternidade, para acederem “a documentação informática”.

Segundo fonte da autarquia, em causa estará um eventual “tráfico de influência de Joa­quim Couto junto de Luísa Salgueiro” para colocar a filha do líder do IPO do Porto como chefe de gabinete da autarca. “É mais um caso Familygate do PS”, acusa fonte da oposição, que alega ter sido “surpreendente a rápida ascensão” de Marta Pontes, casada com Tia­go Maia, ex-chefe de gabinete de Guilherme Pinto e vereador do Desporto, Ambiente e Fiscalização da Câmara de Matosinhos após o falecimento do autarca.

Tiago Maia, que falhou a eleição na lista de Luísa Salgueiro, é o atual administrador executivo da Matosinhos-Habit, empresa municipal que gere o parque de habitação social do município. A tese de favorecimento político é, contudo, negada por Luísa Salgueiro, que afirma não ter a Câmara de Matosinhos qualquer relação contratual com as empresas sob investigação.

Ao Expresso, a autarca diz que está “em causa a designação da chefe de gabinete”, que, segundo se alega no processo, deveria ter sido precedida por concurso. Este não é, porém, o entendimento da autarca, que assegura que a lei refere que “a designação do chefe de gabinete é uma das atribuições legais dos presidentes de Câmara, não carecendo de concurso público”. A escolha de Marta, afirma, deveu-se à sua competência enquanto funcionária desde 2010 e por apreciar as suas características pessoais. “Nunca falei com as pessoas envolvidas neste processo”, garante Luísa Salgueiro.

O presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, detido na quarta-feira com a mulher, Manuela Couto, é suspeito de estar no centro de uma teia de influências políticas que passava por pressionar autarcas e responsáveis de entidades públicas para contratar, maioritariamente por ajuste direto, cinco empresas do seu universo familiar. Na Operação Teia foi ainda detido o também autarca socialista de Barcelos Miguel Costa Gomes, segundo maior cliente das empresas de comunicação e de organização de eventos de Manuela, suspeito de ter pago cerca de €700 mil nos últimos cinco anos em contratos sobrevalorizados ou viciados. No processo, “complexo face à teia de cumplicidades políticas”, segundo fonte próxima do casal, Costa Gomes, a cumprir o último mandato em Barcelos, contaria com a promessa do ‘dinossauro’ autárquico para chegar à liderança da Distrital do PS de Braga.

Na malha da investigação, em curso há três anos e “conexa” com a Operação Éter (desencadeada no outono passado e que levou à prisão preventiva do cliente leonino da mulher de Joaquim Couto, Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal), foi ainda apanhado o presidente do IPO do Porto. Laranja Pontes, colega do curso de Medicina do histórico Joaquim Couto, rubricou com a Mediana — Sociedade Gestora de Imagem e Comunicação uma dúzia de contratos superiores a €360 mil, seis deles divulgados no portal da contratação pública já após Manuela ser detida em outubro na Operação Éter. Ao que o Expresso apurou junto de fonte da investigação, a gerente e sócia maioritária de quatro firmas do universo da W Global Communication terá sido libertada mediante caução de €40 mil por estar também sob a mira do DIAP na Operação Teia, na qual será reincidente na prática de crimes de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio no âmbito da contratação pública, tal como os restantes arguidos.

No caso do líder do IPO, em gestão corrente há dois anos, o presumível bónus ao casal Couto teria por motivação segurar no cargo Laranja Pontes ou “dar uma ajuda na sua colocação noutro cargo de administração pública”, refere fonte próxima da Câmara de Santo Tirso, que garante que era Joa­quim Couto que ligava a autarcas socialistas a pressionar para contratarem as empresas da família, algumas participadas direta ou indiretamente pelo filho Luís Couto, como a Make It Happen ou a My Press. Entre os clientes públicos da esfera tentacular do líder da concelhia do PS de Santo Tirso, também presidente da Mesa da Comissão Política da Distrital do Porto, conta-se a Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, que em 2017 assinou por ajuste direto, através da Welcomesymbol, um contrato de mais de €64 mil, para prestação de serviços de “parametrização de fontes de pesquisa, definição de perfis de informação e disponibilização eletrónica de notícias”.

FAMILYGATE EM MATOSINHOS?

No raide de buscas da PJ desta semana esteve ainda a Câmara de Matosinhos, liderada pela socialista Luísa Salgueiro. Ninguém foi constituído arguido, mas os inspetores, durante a operação, apreenderam documentos e fizeram cópias dos discos duros dos computadores, um dos quais de Marta Pontes, filha de Laranja Pontes, chefe de gabinete da autarca eleita pelo PS em 2017. No inquérito titulado pelo DIAP do Porto, os inspetores da PJ “chamaram” à Câmara Marta Pontes, ausente por licença de maternidade, para acederem “a documentação informática”.

Segundo fonte da autarquia, em causa estará um eventual “tráfico de influência de Joa­quim Couto junto de Luísa Salgueiro” para colocar a filha do líder do IPO do Porto como chefe de gabinete da autarca. “É mais um caso Familygate do PS”, acusa fonte da oposição, que alega ter sido “surpreendente a rápida ascensão” de Marta Pontes, casada com Tia­go Maia, ex-chefe de gabinete de Guilherme Pinto e vereador do Desporto, Ambiente e Fiscalização da Câmara de Matosinhos após o falecimento do autarca.

Tiago Maia, que falhou a eleição na lista de Luísa Salgueiro, é o atual administrador executivo da Matosinhos-Habit, empresa municipal que gere o parque de habitação social do município. A tese de favorecimento político é, contudo, negada por Luísa Salgueiro, que afirma não ter a Câmara de Matosinhos qualquer relação contratual com as empresas sob investigação.

Ao Expresso, a autarca diz que está “em causa a designação da chefe de gabinete”, que, segundo se alega no processo, deveria ter sido precedida por concurso. Este não é, porém, o entendimento da autarca, que assegura que a lei refere que “a designação do chefe de gabinete é uma das atribuições legais dos presidentes de Câmara, não carecendo de concurso público”. A escolha de Marta, afirma, deveu-se à sua competência enquanto funcionária desde 2010 e por apreciar as suas características pessoais. “Nunca falei com as pessoas envolvidas neste processo”, garante Luísa Salgueiro.

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