Luísa Salgueiro: "Queremos ser os primeiros a receber veículos sem condutor"

16-04-2019
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É um dos concelhos com maior poder de compra do país, mas sofre ainda de desigualdades que a autarquia pretende combater, como o desemprego nas faixas etárias mais elevadas, abandono escolar e a forte pressão imobiliária que torna difícil a fixação de jovens. A inovação é referida como estando na base do seu ADN e desenvolve projetos em parcerias, nomeadamente com o CEiiA.

Quais são as desigualdades que necessita resolver com maior urgência no concelho?

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Primeiro a questão das qualificações das pessoas. Verificámos que ainda existem níveis altos de abandono escolar precoce e, por isso, estamos a fazer uma política de combate ao insucesso e abandono escolar, garantindo que as pessoas tenham um mais alto nível de qualificações. Temos também uma escola única no país, a Escola de Segunda Oportunidade, para quem não consegue terminar os estudos na via normal. Queremos promover um mercado de trabalho que não seja baseado nos baixos salários, muito pelo contrário.

Estamos a criar uma bolsa de cuidadores, pagos pela Câmara, que deverá chegar a cerca de 100 famílias.

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O desemprego é ainda elevado no concelho. Que medidas está a tomar para reduzi-lo?

Neste momento temos seis mil desempregados, contra os 13 mil de 2013. É uma redução significativa mas continuamos a ter uma faixa acima dos 50 anos, sobretudo mulheres, que nos preocupa bastante. Temos uma população envelhecida, como aliás em todo o país, e para isso estamos a desenvolver uma medida única a nível nacional, que é uma bolsa municipal de cuidadores. Esta bolsa funciona com pessoas recrutadas no Centro de Emprego, privilegiando aquelas com mais de 50 anos, e que serão pagas pela Câmara para irem a casa das pessoas com necessidades de apoio, substituindo os cuidadores. A bolsa vai agora arrancar com os primeiros 15 elementos que deverão apoiar umas 100 famílias, mas ainda não é um número rigoroso.

E que medidas estão a tomar para a retenção e atração de jovens?

O problema dos jovens prende-se muito com a questão da habitação. O nosso preço por metro quadrado cresceu a dois dígitos nos últimos anos e, por isso, temos de criar oportunidades para rendas acessíveis. Fomos uma das primeiras Câmaras a rever o Plano Diretor Municipal, que ficará aprovado no final do mês de junho, e nele temos uma medida para obrigar as pessoas que têm capacidades edificativas para ceder áreas de construção para que a autarquia possa ter habitação disponível a rendas mais acessíveis. Quando um proprietário de um terreno pedir licença para construir fica automaticamente retida uma parcela para determinado número de metros quadrados para habitação. Atualmente os proprietários podem trocar as taxas por equipamento ou zonas verdes, mas o que vamos fazer é trocá-las por zona edificável, para que se possa colocar habitação no mercado de arrendamento a preços estabelecidos por nós.

Relativamente à inovação e em particular ao projeto Living Lab, com o CEiiA, em que fase está?

O Living Lab é um projeto em que concentramos um conjunto de experiências que demonstram que é possível uma nova atitude em termos ambientais, num compromisso com as políticas nacionais de descarbonização. Temos parceiros, como o CEiiA, a STCP, a Efacec, e outras empresas, para testar conceitos como a disponibilização de créditos de carbono, desde o piso diferente na via pública que permite que o movimento dos veículos seja transformado em energia; uma nova fórmula de disponibilização da informação online aos utentes dos transportes públicos; uma casa inteligente que se move e muda as divisões mediante a energia solar; o sistema de semaforização inteligente; a iluminação pública que reage ao movimento das pessoas. O piloto vai decorrer até ao final deste ano.

E como é que tudo isto se aplica na prática?

Em projetos como o WeShare AYR no qual vai ser possível a acumulação de créditos que pode trocar, por exemplo, por produtos agrícolas. E através da Zona Livre Tecnológica estamos a criar condições para que, quando a legislação nacional permitir, os veículos sem condutor possam aqui circular. Estamos a trabalhar para sermos o primeiro concelho a nível nacional a ter tudo preparado para isso.

E o alargamento do Porto de Leixões? Quais os investimentos previstos para já?

Este é um assunto na ordem do dia. Percebemos a necessidade que o Porto de Leixões tem de aumentar a sua capacidade para atrair navios maiores, porque o mercado assim o exige. Para isso tem de aprofundar a sua veia de rotação e aumentar o molhe e a zona de atracamento. O concurso para as obras já abriu e há uma preocupação em conciliar a necessidade de garantir competitividade do Porto de Leixões mas também a salvaguarda ambiental.

O saldo financeiro da câmara foi positivo em 2017. Este equilíbrio manteve-se em 2018?

Tive a sorte de herdar uma câmara de boa saúde financeira, temos as contas em dia, temos um serviço de dívida a 20% da nossa capacidade e por isso o nosso orçamento permite-nos ter uma política de investimento muito razoável.

perfil A defensora de causas Luísa Salgueiro sempre sonhou ser advogada: no quinto ano já sabia que era esse o percurso profissional que iria seguir. O que a movia era a defesa das causas e estar ao serviço das pessoas e da justiça. Diz, com graça, que veio parar à Câmara de Matosinhos porque "fez uma desvio para assistir a uma reunião e ainda hoje está nesse desvio". Pelo caminho foi vereadora, esteve ligada a várias entidades de cariz social, passou 10 anos no Parlamento e é ainda hoje consultora jurídica na Câmara do Porto. Continua a ser advogada, embora com a licença suspensa, e a sua missão é agora melhorar a vida das pessoas em Matosinhos.

É um dos concelhos com maior poder de compra do país, mas sofre ainda de desigualdades que a autarquia pretende combater, como o desemprego nas faixas etárias mais elevadas, abandono escolar e a forte pressão imobiliária que torna difícil a fixação de jovens. A inovação é referida como estando na base do seu ADN e desenvolve projetos em parcerias, nomeadamente com o CEiiA.

Quais são as desigualdades que necessita resolver com maior urgência no concelho?

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Primeiro a questão das qualificações das pessoas. Verificámos que ainda existem níveis altos de abandono escolar precoce e, por isso, estamos a fazer uma política de combate ao insucesso e abandono escolar, garantindo que as pessoas tenham um mais alto nível de qualificações. Temos também uma escola única no país, a Escola de Segunda Oportunidade, para quem não consegue terminar os estudos na via normal. Queremos promover um mercado de trabalho que não seja baseado nos baixos salários, muito pelo contrário.

Estamos a criar uma bolsa de cuidadores, pagos pela Câmara, que deverá chegar a cerca de 100 famílias.

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O desemprego é ainda elevado no concelho. Que medidas está a tomar para reduzi-lo?

Neste momento temos seis mil desempregados, contra os 13 mil de 2013. É uma redução significativa mas continuamos a ter uma faixa acima dos 50 anos, sobretudo mulheres, que nos preocupa bastante. Temos uma população envelhecida, como aliás em todo o país, e para isso estamos a desenvolver uma medida única a nível nacional, que é uma bolsa municipal de cuidadores. Esta bolsa funciona com pessoas recrutadas no Centro de Emprego, privilegiando aquelas com mais de 50 anos, e que serão pagas pela Câmara para irem a casa das pessoas com necessidades de apoio, substituindo os cuidadores. A bolsa vai agora arrancar com os primeiros 15 elementos que deverão apoiar umas 100 famílias, mas ainda não é um número rigoroso.

E que medidas estão a tomar para a retenção e atração de jovens?

O problema dos jovens prende-se muito com a questão da habitação. O nosso preço por metro quadrado cresceu a dois dígitos nos últimos anos e, por isso, temos de criar oportunidades para rendas acessíveis. Fomos uma das primeiras Câmaras a rever o Plano Diretor Municipal, que ficará aprovado no final do mês de junho, e nele temos uma medida para obrigar as pessoas que têm capacidades edificativas para ceder áreas de construção para que a autarquia possa ter habitação disponível a rendas mais acessíveis. Quando um proprietário de um terreno pedir licença para construir fica automaticamente retida uma parcela para determinado número de metros quadrados para habitação. Atualmente os proprietários podem trocar as taxas por equipamento ou zonas verdes, mas o que vamos fazer é trocá-las por zona edificável, para que se possa colocar habitação no mercado de arrendamento a preços estabelecidos por nós.

Relativamente à inovação e em particular ao projeto Living Lab, com o CEiiA, em que fase está?

O Living Lab é um projeto em que concentramos um conjunto de experiências que demonstram que é possível uma nova atitude em termos ambientais, num compromisso com as políticas nacionais de descarbonização. Temos parceiros, como o CEiiA, a STCP, a Efacec, e outras empresas, para testar conceitos como a disponibilização de créditos de carbono, desde o piso diferente na via pública que permite que o movimento dos veículos seja transformado em energia; uma nova fórmula de disponibilização da informação online aos utentes dos transportes públicos; uma casa inteligente que se move e muda as divisões mediante a energia solar; o sistema de semaforização inteligente; a iluminação pública que reage ao movimento das pessoas. O piloto vai decorrer até ao final deste ano.

E como é que tudo isto se aplica na prática?

Em projetos como o WeShare AYR no qual vai ser possível a acumulação de créditos que pode trocar, por exemplo, por produtos agrícolas. E através da Zona Livre Tecnológica estamos a criar condições para que, quando a legislação nacional permitir, os veículos sem condutor possam aqui circular. Estamos a trabalhar para sermos o primeiro concelho a nível nacional a ter tudo preparado para isso.

E o alargamento do Porto de Leixões? Quais os investimentos previstos para já?

Este é um assunto na ordem do dia. Percebemos a necessidade que o Porto de Leixões tem de aumentar a sua capacidade para atrair navios maiores, porque o mercado assim o exige. Para isso tem de aprofundar a sua veia de rotação e aumentar o molhe e a zona de atracamento. O concurso para as obras já abriu e há uma preocupação em conciliar a necessidade de garantir competitividade do Porto de Leixões mas também a salvaguarda ambiental.

O saldo financeiro da câmara foi positivo em 2017. Este equilíbrio manteve-se em 2018?

Tive a sorte de herdar uma câmara de boa saúde financeira, temos as contas em dia, temos um serviço de dívida a 20% da nossa capacidade e por isso o nosso orçamento permite-nos ter uma política de investimento muito razoável.

perfil A defensora de causas Luísa Salgueiro sempre sonhou ser advogada: no quinto ano já sabia que era esse o percurso profissional que iria seguir. O que a movia era a defesa das causas e estar ao serviço das pessoas e da justiça. Diz, com graça, que veio parar à Câmara de Matosinhos porque "fez uma desvio para assistir a uma reunião e ainda hoje está nesse desvio". Pelo caminho foi vereadora, esteve ligada a várias entidades de cariz social, passou 10 anos no Parlamento e é ainda hoje consultora jurídica na Câmara do Porto. Continua a ser advogada, embora com a licença suspensa, e a sua missão é agora melhorar a vida das pessoas em Matosinhos.

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