#MeToo PSD: assumo a minha disponibilidade para liderar o PSD

09-09-2018
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Pedro Duarte quer mudar o partido, acha que Rui Rio não tem um projeto de futuro para o país. Mas ele também ainda não pensou nisso. Há de ...

Pedro Duarte quer mudar o partido, acha que Rui Rio não tem um projeto de futuro para o país. Mas ele também ainda não pensou nisso. Há de pensar um dia
1. Foi a notícia que mais jus fez ao qualificativo silly da season que ora vivemos: Pedro Duarte – o ex-líder da JSD – veio manifestar a sua disponibilidade para assumir a liderança do PSD. E o “Expresso” deu-lhe honras de capa, sem que se perceba o critério jornalístico subjacente a tal decisão. Mais: não se percebe sequer qual o interesse que tal poderia suscitar entre os portugueses potenciais leitores daquele semanário. Nós sabemos qual é o critério: desgastar (ainda mais, como se Rui Rio não o fizesse por si próprio!) o PSD, reforçando ainda mais o PS. Não por acaso, na mesma capa do referido jornal surge em destaque um outro título: “Grande Crise no BE”. Isso mesmo: grande crise no BE! Referências a António Costa? Referências ao PS? Referências à grande crise da geringonça? Nem vê-las!
2. Ora, como é possível discorrer-se sobre uma “grande crise no BE” sem se falar de uma “grande crise na geringonça”? O BE não é uma parte fundamental da geringonça? Caríssimas leitoras e caríssimos leitores, podem registar: nos próximos meses vamos assistir a uma campanha intensa de certos órgãos de comunicação social de promoção das virtudes de António Costa e do PS – e de como a maioria absoluta está a uma pequeníssima distância. Tudo com um objetivo, claro e linear, em vista: entregar a António Costa o poder absoluto. Já se esqueceram de como António Costa conseguiu destruir o acordo de aquisição da Media Capital (dona da TVI) pela Altice? E a quem agradou especialmente o insucesso desta aquisição? Pois… Voltemos então a Pedro Duarte: já que estamos em silly season e o “Expresso” resolveu elevar o grau de silliness (estupidez) desta época a um nível totalmente original, nós próprios assumimos o desafio de dedicar a nossa atenção a esta (insólita) declaração de disponibilidade do ex-líder da JSD.
3. Em primeiro lugar, há que reconhecer a injustiça relativa da cobertura dos média portugueses a potenciais candidatos à liderança dos partidos: Pedro Duarte está no presente momento como Castanheira Barros esteve durante anos na oposição a sucessivos líderes sociais--democratas. Contudo, Castanheira Barros (exceto quando vilipendiava Passos Coelho) nunca mereceu honras de capa do “Expresso” – o que significa que o referido jornal trata de forma diferente situações iguais ou cujas semelhanças ditam tratamento equitativo. O “Expresso” viola, pois, o princípio da igualdade. Saudamos, no entanto, a coragem e o voluntarismo manifestados por Pedro Duarte: faz falta, em cada ciclo eleitoral do PSD, um Castanheira Barros. Oxalá Pedro Duarte esteja à altura do desafio.
3.1 Em segundo lugar, convém notar a coincidência do momento escolhido por Pedro Duarte para manifestar a sua disponibilidade para substituir Rui Rio: nas últimas duas semanas, Luís Marques Mendes (finalmente!) acordou para a vida e já reconhece que a geringonça não passa de uma mentira, não se coibindo de criticar Rui Rio pelo seu romance político com António Costa. Ora, as críticas que Pedro Duarte dirige quer ao governo quer a Rui Rio, na famigerada entrevista da febre do último sábado de manhã, são uma (boa!) súmula das últimas edições dos comentários de Luís Marques Mendes. Não retira uma vírgula; não acrescenta um ponto.
3.1.1 Do que ficou dito nas linhas anteriores resulta um outro corolário importante: Marcelo Rebelo de Sousa está muito ativo na vida interna do PSD. Como já é público e notório, Pedro Duarte foi o homem escolhido por Miguel Relvas para figurar oficialmente como diretor de campanha de Marcelo, embora tenha sido o próprio Miguel Relvas quem dirigiu, de facto, a estratégia e as operações eleitorais. Ora, a mudança estratégica do porta-voz de Marcelo nos média (Marques Mendes) e os avanços discretos, mas mais efetivos, de Luís Montenegro, conjugados com a “disponibilidade” de Pedro Duarte, provam à exaustão que Marcelo Rebelo de Sousa está a divertir--se imenso manobrando os bastidores da intriga política social-democrata.
3.1.2 Perguntar-nos-ão: então, se Marcelo Rebelo de Sousa tem uma paixão política assumida por Luís Montenegro, por que razão espicaçou Pedro Duarte a sinalizar a sua disponibilidade para substituir Rui Rio? Fácil: é um clássico da dupla Marcelo/Relvas. Marcelo Rebelo de Sousa entende que Luís Montenegro só revela o seu potencial político quando é desafiado, em momentos de confronto. Donde importava criar um adversário para Luís Montenegro, para que este não concentrasse o ónus da oposição a Rui Rio. Ora, este adversário para Montenegro teria de ser alguém proveniente da mesma “esfera de influência”, que o mesmo é dizer controlável pela dupla Marcelo Rebelo de Sousa/Miguel Relvas. Ninguém melhor do que Pedro Duarte encaixa neste perfil. E daqui esta pequena, mas assaz curiosa, ironia do destino: Pedro Duarte critica (com razão!) Rui Rio por querer ser vice-primeiro de António Costa; porém, Pedro Duarte simula uma candidatura à liderança do PSD para… ser número dois de Luís Montenegro.
3.2 Em terceiro lugar, pergunta-se: o que motiva Pedro Duarte a assumir a disponibilidade para liderar o PSD? O próprio autoqualifica-se como um político “diferente dos outros”, motivado “apenas por convicções”. E qual a sua prioridade estratégica? Forçar a discussão sobre o futuro da Europa e a futura composição do Parlamento Europeu (por acaso, só assim por acaso, Luís Marques Mendes disse o mesmo na SIC, no domingo). E soluções? E propostas? Pedro Duarte, para manifestar a sua disponibilidade para liderar o PSD, já as deve ter, com toda a certeza… Mas não: o próprio confessa que, no que respeita a propostas e soluções, ainda não “pensou nisso”. Elucidativo… Pedro Duarte quer mudar, acha que Rui Rio não tem um projeto de futuro para o país – mas ele, Pedro Duarte, também ainda não pensou nisso. Há de pensar um dia. Para já, esteve muito ocupado a pensar se manifestava ou não a sua disponibilidade para liderar o PSD…
4. Nós confessamos que já andávamos preocupados pela ausência de algo trendy este verão. Faltava aquela tendência que permite sentir o quão silly é a silly season. Está encontrada: é a moda do #MeToo PSD – eu também manifesto a minha disponibilidade para liderar o PSD. Após cuidada e longa ponderação, cheguei à conclusão de que sou o líder ideal para o PSD neste momento histórico. Pelo menos, ao contrário de Pedro Duarte, não precisei de quatro anos para ver que a geringonça é uma fraude política, a maior da nossa democracia; nem precisei de um ano para chegar à conclusão de que o PSD não ganha coisa alguma com Rui Rio.
5. E – acreditem! – se fosse líder do PSD, António Costa não descansaria um minuto – há até quem diga que seria a oportunidade ideal para o primeiro-ministro se reformar e emigrar, voluntária e definitivamente, para Palma de Maiorca… Por falar em António Costa, onde é que ele anda? Alguém o viu nas últimas semanas? Veio o calor, temeu-se o pior, Monchique é uma situação complexa… logo, António Costa fugiu!
6. E você, cara leitora e caro leitor, tem disponibilidade para ser candidata/o à liderança do PSD? Então manifeste-a! #MeToo PSD!
joaolemosesteves@gmail.com
Escreve à terça-feira

by João Lemos Esteves via Jornal i

Pedro Duarte quer mudar o partido, acha que Rui Rio não tem um projeto de futuro para o país. Mas ele também ainda não pensou nisso. Há de ...

Pedro Duarte quer mudar o partido, acha que Rui Rio não tem um projeto de futuro para o país. Mas ele também ainda não pensou nisso. Há de pensar um dia
1. Foi a notícia que mais jus fez ao qualificativo silly da season que ora vivemos: Pedro Duarte – o ex-líder da JSD – veio manifestar a sua disponibilidade para assumir a liderança do PSD. E o “Expresso” deu-lhe honras de capa, sem que se perceba o critério jornalístico subjacente a tal decisão. Mais: não se percebe sequer qual o interesse que tal poderia suscitar entre os portugueses potenciais leitores daquele semanário. Nós sabemos qual é o critério: desgastar (ainda mais, como se Rui Rio não o fizesse por si próprio!) o PSD, reforçando ainda mais o PS. Não por acaso, na mesma capa do referido jornal surge em destaque um outro título: “Grande Crise no BE”. Isso mesmo: grande crise no BE! Referências a António Costa? Referências ao PS? Referências à grande crise da geringonça? Nem vê-las!
2. Ora, como é possível discorrer-se sobre uma “grande crise no BE” sem se falar de uma “grande crise na geringonça”? O BE não é uma parte fundamental da geringonça? Caríssimas leitoras e caríssimos leitores, podem registar: nos próximos meses vamos assistir a uma campanha intensa de certos órgãos de comunicação social de promoção das virtudes de António Costa e do PS – e de como a maioria absoluta está a uma pequeníssima distância. Tudo com um objetivo, claro e linear, em vista: entregar a António Costa o poder absoluto. Já se esqueceram de como António Costa conseguiu destruir o acordo de aquisição da Media Capital (dona da TVI) pela Altice? E a quem agradou especialmente o insucesso desta aquisição? Pois… Voltemos então a Pedro Duarte: já que estamos em silly season e o “Expresso” resolveu elevar o grau de silliness (estupidez) desta época a um nível totalmente original, nós próprios assumimos o desafio de dedicar a nossa atenção a esta (insólita) declaração de disponibilidade do ex-líder da JSD.
3. Em primeiro lugar, há que reconhecer a injustiça relativa da cobertura dos média portugueses a potenciais candidatos à liderança dos partidos: Pedro Duarte está no presente momento como Castanheira Barros esteve durante anos na oposição a sucessivos líderes sociais--democratas. Contudo, Castanheira Barros (exceto quando vilipendiava Passos Coelho) nunca mereceu honras de capa do “Expresso” – o que significa que o referido jornal trata de forma diferente situações iguais ou cujas semelhanças ditam tratamento equitativo. O “Expresso” viola, pois, o princípio da igualdade. Saudamos, no entanto, a coragem e o voluntarismo manifestados por Pedro Duarte: faz falta, em cada ciclo eleitoral do PSD, um Castanheira Barros. Oxalá Pedro Duarte esteja à altura do desafio.
3.1 Em segundo lugar, convém notar a coincidência do momento escolhido por Pedro Duarte para manifestar a sua disponibilidade para substituir Rui Rio: nas últimas duas semanas, Luís Marques Mendes (finalmente!) acordou para a vida e já reconhece que a geringonça não passa de uma mentira, não se coibindo de criticar Rui Rio pelo seu romance político com António Costa. Ora, as críticas que Pedro Duarte dirige quer ao governo quer a Rui Rio, na famigerada entrevista da febre do último sábado de manhã, são uma (boa!) súmula das últimas edições dos comentários de Luís Marques Mendes. Não retira uma vírgula; não acrescenta um ponto.
3.1.1 Do que ficou dito nas linhas anteriores resulta um outro corolário importante: Marcelo Rebelo de Sousa está muito ativo na vida interna do PSD. Como já é público e notório, Pedro Duarte foi o homem escolhido por Miguel Relvas para figurar oficialmente como diretor de campanha de Marcelo, embora tenha sido o próprio Miguel Relvas quem dirigiu, de facto, a estratégia e as operações eleitorais. Ora, a mudança estratégica do porta-voz de Marcelo nos média (Marques Mendes) e os avanços discretos, mas mais efetivos, de Luís Montenegro, conjugados com a “disponibilidade” de Pedro Duarte, provam à exaustão que Marcelo Rebelo de Sousa está a divertir--se imenso manobrando os bastidores da intriga política social-democrata.
3.1.2 Perguntar-nos-ão: então, se Marcelo Rebelo de Sousa tem uma paixão política assumida por Luís Montenegro, por que razão espicaçou Pedro Duarte a sinalizar a sua disponibilidade para substituir Rui Rio? Fácil: é um clássico da dupla Marcelo/Relvas. Marcelo Rebelo de Sousa entende que Luís Montenegro só revela o seu potencial político quando é desafiado, em momentos de confronto. Donde importava criar um adversário para Luís Montenegro, para que este não concentrasse o ónus da oposição a Rui Rio. Ora, este adversário para Montenegro teria de ser alguém proveniente da mesma “esfera de influência”, que o mesmo é dizer controlável pela dupla Marcelo Rebelo de Sousa/Miguel Relvas. Ninguém melhor do que Pedro Duarte encaixa neste perfil. E daqui esta pequena, mas assaz curiosa, ironia do destino: Pedro Duarte critica (com razão!) Rui Rio por querer ser vice-primeiro de António Costa; porém, Pedro Duarte simula uma candidatura à liderança do PSD para… ser número dois de Luís Montenegro.
3.2 Em terceiro lugar, pergunta-se: o que motiva Pedro Duarte a assumir a disponibilidade para liderar o PSD? O próprio autoqualifica-se como um político “diferente dos outros”, motivado “apenas por convicções”. E qual a sua prioridade estratégica? Forçar a discussão sobre o futuro da Europa e a futura composição do Parlamento Europeu (por acaso, só assim por acaso, Luís Marques Mendes disse o mesmo na SIC, no domingo). E soluções? E propostas? Pedro Duarte, para manifestar a sua disponibilidade para liderar o PSD, já as deve ter, com toda a certeza… Mas não: o próprio confessa que, no que respeita a propostas e soluções, ainda não “pensou nisso”. Elucidativo… Pedro Duarte quer mudar, acha que Rui Rio não tem um projeto de futuro para o país – mas ele, Pedro Duarte, também ainda não pensou nisso. Há de pensar um dia. Para já, esteve muito ocupado a pensar se manifestava ou não a sua disponibilidade para liderar o PSD…
4. Nós confessamos que já andávamos preocupados pela ausência de algo trendy este verão. Faltava aquela tendência que permite sentir o quão silly é a silly season. Está encontrada: é a moda do #MeToo PSD – eu também manifesto a minha disponibilidade para liderar o PSD. Após cuidada e longa ponderação, cheguei à conclusão de que sou o líder ideal para o PSD neste momento histórico. Pelo menos, ao contrário de Pedro Duarte, não precisei de quatro anos para ver que a geringonça é uma fraude política, a maior da nossa democracia; nem precisei de um ano para chegar à conclusão de que o PSD não ganha coisa alguma com Rui Rio.
5. E – acreditem! – se fosse líder do PSD, António Costa não descansaria um minuto – há até quem diga que seria a oportunidade ideal para o primeiro-ministro se reformar e emigrar, voluntária e definitivamente, para Palma de Maiorca… Por falar em António Costa, onde é que ele anda? Alguém o viu nas últimas semanas? Veio o calor, temeu-se o pior, Monchique é uma situação complexa… logo, António Costa fugiu!
6. E você, cara leitora e caro leitor, tem disponibilidade para ser candidata/o à liderança do PSD? Então manifeste-a! #MeToo PSD!
joaolemosesteves@gmail.com
Escreve à terça-feira

by João Lemos Esteves via Jornal i

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