Montenegro vem em paz à campanha de Rangel

22-05-2019
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A imagem é curiosa: Luís Montenegro, ex-futuro-candidato à liderança do PSD, e Paulo Rangel, idem, posicionam-se diante das câmaras para falar ao grupo de jornalistas que os espera no final de uma visita à feira de Espinho. Estamos no primeiro dia de campanha oficial para as eleições europeias, mas aqui nenhuma pergunta tem a ver com o âmbito europeu, nem sequer o nacional: com Montenegro e Rangel lado a lado, as atenções viram-se para o interior do PSD.

Montenegro veio em paz, parecem fazer questão de assegurar. O social-democrata, que desafiou a liderança de Rui Rio em janeiro (e perdeu), não só quer enterrar os machados de guerra como até elogia a democracia interna do partido. “Nós, no PSD, estamos muito à vontade porque somos, acho que é manifesto, o partido onde verdadeiramente a democracia se exerce de forma mais viva no sistema partidário português”, responde, quando questionado sobre se fará campanha ao lado de Rui Rio (“Claro”, assegura).

“Há muitos partidos que falam da democracia mas dentro deles próprios toda a gente pensa da mesma maneira, toda a gente diz as mesmas coisas, parece que não há desacordo. E quando há as pessoas saem do partido”. Não é o caso do PSD: “Estamos habituados a conviver com opiniões diferentes e a partir dessa diferença construir projetos comuns”.

O Luís Montenegro que ainda há uns meses anunciava que o PSD corria o risco de sofrer “a maior derrota da sua história” com uma liderança “amorfa” que “não faz oposição” não veio a Espinho (sua cidade natal). Em vez disso, apareceu um Montenegro que se disse confiante numa vitória do PSD sem margem para dúvidas: “Continuo a acreditar, já acreditava há quatro meses, há oito, e daqui a três vou continuar a acreditar”. Não respondeu à provocação de um jornalista que lhe perguntava se, no dia 27 de maio, logo após as europeias, Rio correrá o risco de o ouvir dizer que o resultado do PSD foi “poucochinho” (como António Costa fez a António José Seguro, após as europeias de 2014, naquele que seria o mote para o seu desafio à liderança do PS). E contornou discretamente as perguntas sobre a forma como Rio geriu a recente ameaça de crise política.

Mas o ex-deputado e líder parlamentar não resistiu ao seu momento de campanha - e não foi sobre as europeias que falou. Essas foram ‘nacionalizadas’ pelo primeiro-ministro, e Montenegro aproveitou a deixa. “Há três anos o PS prometeu que ia mudar a Europa, mas três anos volvidos percebemos que foi a Europa que mudou muito o PS. E para o lado mau, porque temos hoje um PS de tal forma obcecado com o défice” que a situação é “irónica”: “É com a maioria de esquerda que o Estado social sofreu a maior machadada de sempre”.

Depois, a resposta a Costa: “O primeiro-ministro convidou o país a utilizar as europeias para fazer uma avaliação do Governo. Pois bem, essa avaliação deve ser feita e deve ser mostrado para já um cartão amarelo para em outubro termos um cartão vermelho e mudarmos de Governo”, desafiou Montenegro.

Estava feito o momento Montenegro, que Rangel, que pouco falou, considerou “a coisa mais natural”, uma “solidariedade” que “existe sempre” no PSD, uma “união” que acontece “nos momentos importantes”: “Ele queria estar e eu queria convidá-lo, portanto digamos que há aqui um compromisso bilateral”. À fotografia juntava-se ainda um terceiro protagonista: Salvador Malheiro, vice de Rio (e autarca em Ovar) que atacou fortemente Montenegro quando este desafiou a liderança. Mas esta segunda-feira só se viram sorrisos entre os dois.

Haverá sorrisos entre Rio e Montenegro se, como o segundo concedeu, acabarem por estar os dois, lado a lado, em campanha? O challenger decidiu suspender os ataques e remeter-se ao silêncio desde a derrota em Conselho Nacional, à espera do resultado das legislativas, que a julgar pelas sondagens poderão trazer resultados bastante piores do que as europeias para o PSD. Em outubro se verá se o opositor assumido de Rio os considerará “poucochinhos”.

A imagem é curiosa: Luís Montenegro, ex-futuro-candidato à liderança do PSD, e Paulo Rangel, idem, posicionam-se diante das câmaras para falar ao grupo de jornalistas que os espera no final de uma visita à feira de Espinho. Estamos no primeiro dia de campanha oficial para as eleições europeias, mas aqui nenhuma pergunta tem a ver com o âmbito europeu, nem sequer o nacional: com Montenegro e Rangel lado a lado, as atenções viram-se para o interior do PSD.

Montenegro veio em paz, parecem fazer questão de assegurar. O social-democrata, que desafiou a liderança de Rui Rio em janeiro (e perdeu), não só quer enterrar os machados de guerra como até elogia a democracia interna do partido. “Nós, no PSD, estamos muito à vontade porque somos, acho que é manifesto, o partido onde verdadeiramente a democracia se exerce de forma mais viva no sistema partidário português”, responde, quando questionado sobre se fará campanha ao lado de Rui Rio (“Claro”, assegura).

“Há muitos partidos que falam da democracia mas dentro deles próprios toda a gente pensa da mesma maneira, toda a gente diz as mesmas coisas, parece que não há desacordo. E quando há as pessoas saem do partido”. Não é o caso do PSD: “Estamos habituados a conviver com opiniões diferentes e a partir dessa diferença construir projetos comuns”.

O Luís Montenegro que ainda há uns meses anunciava que o PSD corria o risco de sofrer “a maior derrota da sua história” com uma liderança “amorfa” que “não faz oposição” não veio a Espinho (sua cidade natal). Em vez disso, apareceu um Montenegro que se disse confiante numa vitória do PSD sem margem para dúvidas: “Continuo a acreditar, já acreditava há quatro meses, há oito, e daqui a três vou continuar a acreditar”. Não respondeu à provocação de um jornalista que lhe perguntava se, no dia 27 de maio, logo após as europeias, Rio correrá o risco de o ouvir dizer que o resultado do PSD foi “poucochinho” (como António Costa fez a António José Seguro, após as europeias de 2014, naquele que seria o mote para o seu desafio à liderança do PS). E contornou discretamente as perguntas sobre a forma como Rio geriu a recente ameaça de crise política.

Mas o ex-deputado e líder parlamentar não resistiu ao seu momento de campanha - e não foi sobre as europeias que falou. Essas foram ‘nacionalizadas’ pelo primeiro-ministro, e Montenegro aproveitou a deixa. “Há três anos o PS prometeu que ia mudar a Europa, mas três anos volvidos percebemos que foi a Europa que mudou muito o PS. E para o lado mau, porque temos hoje um PS de tal forma obcecado com o défice” que a situação é “irónica”: “É com a maioria de esquerda que o Estado social sofreu a maior machadada de sempre”.

Depois, a resposta a Costa: “O primeiro-ministro convidou o país a utilizar as europeias para fazer uma avaliação do Governo. Pois bem, essa avaliação deve ser feita e deve ser mostrado para já um cartão amarelo para em outubro termos um cartão vermelho e mudarmos de Governo”, desafiou Montenegro.

Estava feito o momento Montenegro, que Rangel, que pouco falou, considerou “a coisa mais natural”, uma “solidariedade” que “existe sempre” no PSD, uma “união” que acontece “nos momentos importantes”: “Ele queria estar e eu queria convidá-lo, portanto digamos que há aqui um compromisso bilateral”. À fotografia juntava-se ainda um terceiro protagonista: Salvador Malheiro, vice de Rio (e autarca em Ovar) que atacou fortemente Montenegro quando este desafiou a liderança. Mas esta segunda-feira só se viram sorrisos entre os dois.

Haverá sorrisos entre Rio e Montenegro se, como o segundo concedeu, acabarem por estar os dois, lado a lado, em campanha? O challenger decidiu suspender os ataques e remeter-se ao silêncio desde a derrota em Conselho Nacional, à espera do resultado das legislativas, que a julgar pelas sondagens poderão trazer resultados bastante piores do que as europeias para o PSD. Em outubro se verá se o opositor assumido de Rio os considerará “poucochinhos”.

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