Besta quadrada

21-04-2018
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Dedicado a Luís Montenegro

Besta quer dizer ‘animal’, pelo que se percebe melhor o que quer dizer, verdadeiramente, bestial. Todo o homem é, portanto, bestial, e, contudo, vive numa luta constante e constantemente inglória para deixar de ser animal.

Ser animal não é o mesmo que ser mau, porque não é mau o leão que persegue a presa ou é, pelo menos, tão mau como a presa que é perseguida. Nenhum deles consegue, para bem de ambos e de todos, contrariar a sua natureza. Já um homem que não consegue deixar de ser bestial não pode ser um bom homem, porque só pode ser mau um homem quem não deixa de ser um animal, mesmo que queira ser de estimação.

Vem isto a propósito de Luís Montenegro ter reconhecido, desassombradamente, que os portugueses não estão melhores, embora o país esteja muito melhor.

Mudando, aparentemente, de assunto, creio que a etimologia pode dar-nos lições de vida, por ser, também, História, essa mestra com quem podemos aprender, se estivermos dispostos a isso. Diz-nos, então, a etimologia que na origem da palavra “sociedade” está a palavra latina que significa “companheiro”.

Haverá poucas palavras mais humanas do que “sociedade”, como não haverá sentimento mais humano do que o de companheirismo, o verdadeiro significado, afinal, de “sociedade”. Por isso, na minha genuína ingenuidade, acredito que os homens vivem em sociedade para serem solidários. Caso contrário, não vivem em sociedade ou não fazem parte de um país. Assim, frases como “vivemos numa sociedade que se quer competitiva” são alarvidades proferidas por predadores que se limitaram a trocar os caninos por gravatas tecnocráticas.

Aceitar, enfim, que um país possa estar melhor do que os cidadãos que o formam é próprio de uma besta quadrada. Besta, porque só um animal pode confundir um país com um sítio em que caga e mija (defecar e urinar é próprio de seres humanos), procedimento habitual dos predadores territoriais. Quadrada, por viver encerrado no pequeno quadrilátero da política, esse espaço em que os cruzamentos consanguíneos dão origem a montes de merda.

Dedicado a Luís Montenegro

Besta quer dizer ‘animal’, pelo que se percebe melhor o que quer dizer, verdadeiramente, bestial. Todo o homem é, portanto, bestial, e, contudo, vive numa luta constante e constantemente inglória para deixar de ser animal.

Ser animal não é o mesmo que ser mau, porque não é mau o leão que persegue a presa ou é, pelo menos, tão mau como a presa que é perseguida. Nenhum deles consegue, para bem de ambos e de todos, contrariar a sua natureza. Já um homem que não consegue deixar de ser bestial não pode ser um bom homem, porque só pode ser mau um homem quem não deixa de ser um animal, mesmo que queira ser de estimação.

Vem isto a propósito de Luís Montenegro ter reconhecido, desassombradamente, que os portugueses não estão melhores, embora o país esteja muito melhor.

Mudando, aparentemente, de assunto, creio que a etimologia pode dar-nos lições de vida, por ser, também, História, essa mestra com quem podemos aprender, se estivermos dispostos a isso. Diz-nos, então, a etimologia que na origem da palavra “sociedade” está a palavra latina que significa “companheiro”.

Haverá poucas palavras mais humanas do que “sociedade”, como não haverá sentimento mais humano do que o de companheirismo, o verdadeiro significado, afinal, de “sociedade”. Por isso, na minha genuína ingenuidade, acredito que os homens vivem em sociedade para serem solidários. Caso contrário, não vivem em sociedade ou não fazem parte de um país. Assim, frases como “vivemos numa sociedade que se quer competitiva” são alarvidades proferidas por predadores que se limitaram a trocar os caninos por gravatas tecnocráticas.

Aceitar, enfim, que um país possa estar melhor do que os cidadãos que o formam é próprio de uma besta quadrada. Besta, porque só um animal pode confundir um país com um sítio em que caga e mija (defecar e urinar é próprio de seres humanos), procedimento habitual dos predadores territoriais. Quadrada, por viver encerrado no pequeno quadrilátero da política, esse espaço em que os cruzamentos consanguíneos dão origem a montes de merda.

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