Euro 2016. Deputados do PSD garantem que pagaram viagens

20-07-2018
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É mais um capítulo do caso das viagens ao Europeu de Futebol de 2016 oferecidas a políticos. Três membros do PSD foram constituídos arguido...

É mais um capítulo do caso das viagens ao Europeu de Futebol de 2016 oferecidas a políticos. Três membros do PSD foram constituídos arguidos, apesar de garantirem que pagaram as deslocações do próprio bolso e de negarem a prática de qualquer crime.
Luís Montenegro e Hugo Soares, ex-líderes parlamentares, e Luís Campos Ferreira, ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, foram notificados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e deverão ser chamados, em breve, a prestar declarações. São suspeitos do crime de recebimento indevido de vantagem.
Em causa está o facto de terem viajado para França a convite do patrão da Olivedesportos, Joaquim Oliveira – que é também dono da agência de viagens “Cosmos”, empresa especializada em eventos desportivos e que terá pago a conta das viagens, as refeições e os bilhetes para o Euro. Segundo adiantou o “Observador”, Luís Montenegro terá assistido a quatro jogos, enquanto Hugo Soares só foi a dois: à meia-final com o País de Gales, em Lyon, e à final de Portugal com a França, em Paris. Quanto ao deputado Campos Ferreira, terá apenas assistido à meia-final. Os três terão estado juntos em Lyon, onde almoçaram com Joaquim Oliveira num restaurante de luxo, a “Brasserie George”.
Pagar antes ou depois Montenegro, Campos Ferreira e Hugo Soares reagiram em conjunto à notícia do “Observador”, que anteontem ao final do dia deu conta de que iriam ser constituídos arguidos e de que o inquérito deverá estar concluído antes de agosto. Num comunicado enviado à agência Lusa, os três sociais-democratas dizem ter tido conhecimento “com surpresa, mas também com absoluta tranquilidade” da decisão do Ministério Público.
“Reiteramos a nossa total disponibilidade para prestar os esclarecimentos que forem devidos, reafirmando, sem tibiezas, que não praticámos qualquer crime e que as viagens que efetuámos naquela ocasião foram a expensas próprias”, lê-se na mesma nota. Ontem, nenhum dos três quis falar com jornalistas, remetendo reações para o comunicado conjunto.
Quanto ao facto de terem pago as viagens do próprio bolso poderá não ser suficiente para serem ilibados. Isto porque na mira do DIAP de Lisboa estará o facto de os pagamentos terem sido feitos a seguir às viagens a França. Segundo o “Observador”, o Ministério Público suspeita que Montenegro, Hugo Soares e Campos Ferreira possam ter pago a conta após os jogos e por terem entretanto surgido as primeiras notícias que davam conta de que teriam viajado a convite da empresa de Joaquim Oliveira, em agosto de 2016.
No ano passado, quando Luís Montenegro ainda era líder da bancada do PSD, falou aos jornalistas sobre o caso, à entrada de um colóquio organizado pelo grupo parlamentar do PSD, para negar que tenham viajado a convite de uma empresa: “Queria transmitir-vos que não tenho conhecimento de nenhuma investigação, nem eu, nem o senhor deputado Hugo Soares, nem o senhor deputado Luís Campos Ferreira. E estamos muito tranquilos: tal como há um ano tivemos ocasião de explicar, nós não viajámos nem a convite, nem por conta de nenhuma empresa, viajámos a expensas próprias”.
Existem dois inquéritos em curso sobre viagens de titulares de altos cargos públicos ao Euro 2016. Além do que envolve o grupo Olivedesportos, há um outro, relacionado com convites feitos pela empresa Galp e que já tem 11 arguidos constituídos.
Onze arguidos nas viagens da Galp  
O inquérito às viagens pagas pela Galp ao Euro 2106 já conta com onze arguidos. Os últimos nomes a juntar-se à lista foram o de Cristóvão Norte, deputado do PSD e cuja imunidade parlamentar foi levantada em julho do ano passado, o do presidente da Galp, Carlos Gomes da Silva, e o do administrador da empresa, Carlos Costa Pina. 
Além destes arguidos há outros e alguns com ligações ao PS: Jorge Oliveira, ex-secretário de Estado da Internacionalização; Rocha Andrade, ex-secretário de Estados dos Assuntos Fiscais; João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria; Vítor Escária, ex-assessor de Economia de António Costa; João Bezerra da Silva, ex-chefe de gabinete de Rocha Andrade; e Pedro Matias, ex-chefe de gabinete de João Vasconcelos e presidente do Instituto de Soldadura e Qualidade.
Em causa está a oferta, por parte da Galp, de pacotes que incluíam viagens a França, bilhetes para os jogos do Euro 2016 (fornecidos pela empresa “Cosmos”, que pertence ao grupo Olivedesportos de Joaquim Oliveira) e refeições. O caso, que ficou conhecido como “Galpgate”, levou à demissão de três secretários de Estado de António Costa. Rocha Andrade, Jorge Costa Oliveira e João Vasconcelos pediram exoneração de funções em julho do ano passado. 
Também por causa do escândalo, o governo decidiu impor uma espécie de ‘austeridade’ nas viagens ao Mundial que está a decorrer na Rússia, cumprindo o código de conduta aprovado em 2016 em conselho de ministros, a seguir à polémica da Galp. Os dirigentes superiores da administração pública não podem aceitar, “a qualquer título”, convites de pessoas ou de empresas, sejam nacionais ou estrangeiras.

by Rosa Ramos via Jornal i

É mais um capítulo do caso das viagens ao Europeu de Futebol de 2016 oferecidas a políticos. Três membros do PSD foram constituídos arguido...

É mais um capítulo do caso das viagens ao Europeu de Futebol de 2016 oferecidas a políticos. Três membros do PSD foram constituídos arguidos, apesar de garantirem que pagaram as deslocações do próprio bolso e de negarem a prática de qualquer crime.
Luís Montenegro e Hugo Soares, ex-líderes parlamentares, e Luís Campos Ferreira, ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, foram notificados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e deverão ser chamados, em breve, a prestar declarações. São suspeitos do crime de recebimento indevido de vantagem.
Em causa está o facto de terem viajado para França a convite do patrão da Olivedesportos, Joaquim Oliveira – que é também dono da agência de viagens “Cosmos”, empresa especializada em eventos desportivos e que terá pago a conta das viagens, as refeições e os bilhetes para o Euro. Segundo adiantou o “Observador”, Luís Montenegro terá assistido a quatro jogos, enquanto Hugo Soares só foi a dois: à meia-final com o País de Gales, em Lyon, e à final de Portugal com a França, em Paris. Quanto ao deputado Campos Ferreira, terá apenas assistido à meia-final. Os três terão estado juntos em Lyon, onde almoçaram com Joaquim Oliveira num restaurante de luxo, a “Brasserie George”.
Pagar antes ou depois Montenegro, Campos Ferreira e Hugo Soares reagiram em conjunto à notícia do “Observador”, que anteontem ao final do dia deu conta de que iriam ser constituídos arguidos e de que o inquérito deverá estar concluído antes de agosto. Num comunicado enviado à agência Lusa, os três sociais-democratas dizem ter tido conhecimento “com surpresa, mas também com absoluta tranquilidade” da decisão do Ministério Público.
“Reiteramos a nossa total disponibilidade para prestar os esclarecimentos que forem devidos, reafirmando, sem tibiezas, que não praticámos qualquer crime e que as viagens que efetuámos naquela ocasião foram a expensas próprias”, lê-se na mesma nota. Ontem, nenhum dos três quis falar com jornalistas, remetendo reações para o comunicado conjunto.
Quanto ao facto de terem pago as viagens do próprio bolso poderá não ser suficiente para serem ilibados. Isto porque na mira do DIAP de Lisboa estará o facto de os pagamentos terem sido feitos a seguir às viagens a França. Segundo o “Observador”, o Ministério Público suspeita que Montenegro, Hugo Soares e Campos Ferreira possam ter pago a conta após os jogos e por terem entretanto surgido as primeiras notícias que davam conta de que teriam viajado a convite da empresa de Joaquim Oliveira, em agosto de 2016.
No ano passado, quando Luís Montenegro ainda era líder da bancada do PSD, falou aos jornalistas sobre o caso, à entrada de um colóquio organizado pelo grupo parlamentar do PSD, para negar que tenham viajado a convite de uma empresa: “Queria transmitir-vos que não tenho conhecimento de nenhuma investigação, nem eu, nem o senhor deputado Hugo Soares, nem o senhor deputado Luís Campos Ferreira. E estamos muito tranquilos: tal como há um ano tivemos ocasião de explicar, nós não viajámos nem a convite, nem por conta de nenhuma empresa, viajámos a expensas próprias”.
Existem dois inquéritos em curso sobre viagens de titulares de altos cargos públicos ao Euro 2016. Além do que envolve o grupo Olivedesportos, há um outro, relacionado com convites feitos pela empresa Galp e que já tem 11 arguidos constituídos.
Onze arguidos nas viagens da Galp  
O inquérito às viagens pagas pela Galp ao Euro 2106 já conta com onze arguidos. Os últimos nomes a juntar-se à lista foram o de Cristóvão Norte, deputado do PSD e cuja imunidade parlamentar foi levantada em julho do ano passado, o do presidente da Galp, Carlos Gomes da Silva, e o do administrador da empresa, Carlos Costa Pina. 
Além destes arguidos há outros e alguns com ligações ao PS: Jorge Oliveira, ex-secretário de Estado da Internacionalização; Rocha Andrade, ex-secretário de Estados dos Assuntos Fiscais; João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria; Vítor Escária, ex-assessor de Economia de António Costa; João Bezerra da Silva, ex-chefe de gabinete de Rocha Andrade; e Pedro Matias, ex-chefe de gabinete de João Vasconcelos e presidente do Instituto de Soldadura e Qualidade.
Em causa está a oferta, por parte da Galp, de pacotes que incluíam viagens a França, bilhetes para os jogos do Euro 2016 (fornecidos pela empresa “Cosmos”, que pertence ao grupo Olivedesportos de Joaquim Oliveira) e refeições. O caso, que ficou conhecido como “Galpgate”, levou à demissão de três secretários de Estado de António Costa. Rocha Andrade, Jorge Costa Oliveira e João Vasconcelos pediram exoneração de funções em julho do ano passado. 
Também por causa do escândalo, o governo decidiu impor uma espécie de ‘austeridade’ nas viagens ao Mundial que está a decorrer na Rússia, cumprindo o código de conduta aprovado em 2016 em conselho de ministros, a seguir à polémica da Galp. Os dirigentes superiores da administração pública não podem aceitar, “a qualquer título”, convites de pessoas ou de empresas, sejam nacionais ou estrangeiras.

by Rosa Ramos via Jornal i

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