Jornal Maria da Fonte

13-10-2019
marcar artigo


Armindo VelosoTABUS E DESABAFOSO discurso do dr. José Pedro Aguiar Branco na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República foi uma pedrada no charco.O facto de ter feito uma intervenção informal na formalíssima sessão solene do dia da liberdade dá-lhe valor acrescido.No meio de assuntos mais profundos, recriados, também eles, com citações históricas que nos deram uma ideia como tantas coisas, então ditas por tanta gente, tem uma actualidade plena, falou desde o complexo do cravo vermelho, ostentando um viçosíssimo, a par do líder do partido – combinados?... — até ao complexo do nosso — sim de nós todos(!) — Zeca Afonso.Faltou-lhe, também não podia falar de todos, o complexo das palmas.Como sabemos, as palmas são uma manifestação sonora e gestual, como sinal de aprovação.Em todo o lado onde cheire a política, desde a mais simples Assembleia de Freguesia até à pomposa Assembleia da República, os intervenientes de cores políticas diferentes seguem à risca os códigos de conduta do sectarismo partidário.Se uma boa intervenção, desde a forma ao conteúdo, for proferida por alguém, por exemplo, do Bloco de Esquerda ou do CDS, para ir para os extremos, nunca vi ninguém dos outros partidos a bater palmas. Qual é o problema de bater palmas a uma boa ideia venha ela de onde vier? As palmas são para a ideia não para o apresentador dela!O sectarismo chega ao ponto de numa sessão solene do 25 de Abril onde estão presentes todos os mais altos representantes da República, incluindo o Corpo Diplomático, não se bater palmas ao discurso do Presidente da República, mais alto representante de todos nós, mesmo que não se concorde com o conteúdo, só pelo facto de não ser oriundo da nossa cor.O que dirão os embaixadores dos países civilizados(!?). Passaria pela cabeça a alguém, num discurso do presidente dos Estados Unidos, numa sessão solene, não bater palmas?Numa cerimónia pública de grande mediatismo regional, tomadas de posse, bati mais ou menos o mesmo número de palmas a todos os investidos e mais ou menos com a mesma intensidade(!).Os caciques, atentos, ficaram a ver navios. E, claro, fica-se logo a ser um dos deles.Que tristeza e que estupidez.———Como nota de rodapé a este texto, gostaria de fazer um desabafo: tenho notado, talvez injustamente, que algumas figuras proeminentes do Partido Socialista do nosso concelho deixaram de ser tão francas no cumprimento. Dizem-me, quem sabe mais do que eu de algumas cabecinhas, que estão chateados. Que bem que eu durmo para esse lado. Haja o primeiro que diga, provando, que o Maria da Fonte censurou, da forma mais leve que fosse, alguma coisa ou alguém. Ter-se-iam esquecido da quantidade de informação que se publicava da Câmara quando ela era Socialista? Nesses tempos éramos acusados, injustamente, pelo PSD, de não publicarmos documentos que não nos faziam chegar.Como os tempos mudam. Ou pior, pensariam que esta instituição da Póvoa, que só é minha por aí, estaria ao serviço da cacicagem? Como não me conheciam. Então eu já não disse que este jornal enquanto for sustentado pelos assinantes é dos mais livres do país? Não estava a brincar. É-o de facto.Até um dia destes.


Armindo VelosoTABUS E DESABAFOSO discurso do dr. José Pedro Aguiar Branco na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República foi uma pedrada no charco.O facto de ter feito uma intervenção informal na formalíssima sessão solene do dia da liberdade dá-lhe valor acrescido.No meio de assuntos mais profundos, recriados, também eles, com citações históricas que nos deram uma ideia como tantas coisas, então ditas por tanta gente, tem uma actualidade plena, falou desde o complexo do cravo vermelho, ostentando um viçosíssimo, a par do líder do partido – combinados?... — até ao complexo do nosso — sim de nós todos(!) — Zeca Afonso.Faltou-lhe, também não podia falar de todos, o complexo das palmas.Como sabemos, as palmas são uma manifestação sonora e gestual, como sinal de aprovação.Em todo o lado onde cheire a política, desde a mais simples Assembleia de Freguesia até à pomposa Assembleia da República, os intervenientes de cores políticas diferentes seguem à risca os códigos de conduta do sectarismo partidário.Se uma boa intervenção, desde a forma ao conteúdo, for proferida por alguém, por exemplo, do Bloco de Esquerda ou do CDS, para ir para os extremos, nunca vi ninguém dos outros partidos a bater palmas. Qual é o problema de bater palmas a uma boa ideia venha ela de onde vier? As palmas são para a ideia não para o apresentador dela!O sectarismo chega ao ponto de numa sessão solene do 25 de Abril onde estão presentes todos os mais altos representantes da República, incluindo o Corpo Diplomático, não se bater palmas ao discurso do Presidente da República, mais alto representante de todos nós, mesmo que não se concorde com o conteúdo, só pelo facto de não ser oriundo da nossa cor.O que dirão os embaixadores dos países civilizados(!?). Passaria pela cabeça a alguém, num discurso do presidente dos Estados Unidos, numa sessão solene, não bater palmas?Numa cerimónia pública de grande mediatismo regional, tomadas de posse, bati mais ou menos o mesmo número de palmas a todos os investidos e mais ou menos com a mesma intensidade(!).Os caciques, atentos, ficaram a ver navios. E, claro, fica-se logo a ser um dos deles.Que tristeza e que estupidez.———Como nota de rodapé a este texto, gostaria de fazer um desabafo: tenho notado, talvez injustamente, que algumas figuras proeminentes do Partido Socialista do nosso concelho deixaram de ser tão francas no cumprimento. Dizem-me, quem sabe mais do que eu de algumas cabecinhas, que estão chateados. Que bem que eu durmo para esse lado. Haja o primeiro que diga, provando, que o Maria da Fonte censurou, da forma mais leve que fosse, alguma coisa ou alguém. Ter-se-iam esquecido da quantidade de informação que se publicava da Câmara quando ela era Socialista? Nesses tempos éramos acusados, injustamente, pelo PSD, de não publicarmos documentos que não nos faziam chegar.Como os tempos mudam. Ou pior, pensariam que esta instituição da Póvoa, que só é minha por aí, estaria ao serviço da cacicagem? Como não me conheciam. Então eu já não disse que este jornal enquanto for sustentado pelos assinantes é dos mais livres do país? Não estava a brincar. É-o de facto.Até um dia destes.

marcar artigo