Legalices: Debate na Sic Notícias

13-10-2019
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Acompanho o debate sobre o referendo na Sic Notícias e fico estupefacto com alguns argumentos...Aguiar Branco (já ontem esteve no "Prós e Contra" da RTP e engasgou-se com a pergunta de Vasco Rato sobre a aprovação da pergunta no Parlamento) disse que se a pergunta fosse "concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez?" votaria "sim". Ora, se o Dr. Aguiar Branco diz que é favor da despenalização e contra a liberalização, então porque vota "não" na proposta de despenalização e votaria "sim" na liberalização? Porque vejamos: a pergunta que vai a referendo é propor a despenalização em determinados casos, com requisitos (até às 10 semanas, em estabelecimento de saúde autorizado e a pedido da mulher), enquanto a outra não tem quaisquer requisitos, abrange todos os casos, apenas pergunta se concorda com a interrupção, sem limitar os casos, em todos os casos.Haja coerência e honestidade.Outro argumento é que às 10 semanas há vida...Ora, que eu saiba (não sou médico) uma pessoa que está em estado de "morte cerebral" (o cérebro já não funciona mas o resto do corpo sim, nomeadamente o coração) é considerada como estando medicamente morta. Isto é, sem o cérebro a funcionar não há vida. Acontece que, pelo que ouvi dos médicos, às 10 semanas o feto ainda não tem o cérebro a funcionar (nem o sistema nervoso), ou seja, não se pode considerar como havendo ainda vida. Ora se no primeiro caso não existe vida, no segundo também não, pela mesma razão. Haja rigor. E acrecento: logo após o acto sexual, pode haver fecundação. Nasce uma célula, há desde logo "vida". Também são contra a pílula? É porque a pilula o que faz é, basicamente, matar essa célula. Aliás, é precisamente por isto que a Igreja Católica se opôe ao uso da pílula...Matilde Sousa Franco disse que "faltam um milhão de crianças em Portugal" e que "faz falta gente para trabalhar e pagar as reformas". Incrível! Onde isto chegou... Não acredito que esta seja a mentalidade da maioria dos portugueses, no século XXI. Como disse e bem Rui Rio, Matilde Sousa Franco deve ser a favor do aborto na China e na Índia, para controlar a natalidade... Disse também que há 4 mil anos o aborto era punido. Ora já que vai buscar "pensamentos antigos", vou buscar outro: há 50 anos atrás, era proibido as mulheres votarem, pois eram consideradas seres menores. Felizmente a moral mudou neste caso. Espero que também mude na despenalização da interrupção da gravidez, acompanhando a moral dos países mais desenvolvidos e evoluídos do mundo.


Acompanho o debate sobre o referendo na Sic Notícias e fico estupefacto com alguns argumentos...Aguiar Branco (já ontem esteve no "Prós e Contra" da RTP e engasgou-se com a pergunta de Vasco Rato sobre a aprovação da pergunta no Parlamento) disse que se a pergunta fosse "concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez?" votaria "sim". Ora, se o Dr. Aguiar Branco diz que é favor da despenalização e contra a liberalização, então porque vota "não" na proposta de despenalização e votaria "sim" na liberalização? Porque vejamos: a pergunta que vai a referendo é propor a despenalização em determinados casos, com requisitos (até às 10 semanas, em estabelecimento de saúde autorizado e a pedido da mulher), enquanto a outra não tem quaisquer requisitos, abrange todos os casos, apenas pergunta se concorda com a interrupção, sem limitar os casos, em todos os casos.Haja coerência e honestidade.Outro argumento é que às 10 semanas há vida...Ora, que eu saiba (não sou médico) uma pessoa que está em estado de "morte cerebral" (o cérebro já não funciona mas o resto do corpo sim, nomeadamente o coração) é considerada como estando medicamente morta. Isto é, sem o cérebro a funcionar não há vida. Acontece que, pelo que ouvi dos médicos, às 10 semanas o feto ainda não tem o cérebro a funcionar (nem o sistema nervoso), ou seja, não se pode considerar como havendo ainda vida. Ora se no primeiro caso não existe vida, no segundo também não, pela mesma razão. Haja rigor. E acrecento: logo após o acto sexual, pode haver fecundação. Nasce uma célula, há desde logo "vida". Também são contra a pílula? É porque a pilula o que faz é, basicamente, matar essa célula. Aliás, é precisamente por isto que a Igreja Católica se opôe ao uso da pílula...Matilde Sousa Franco disse que "faltam um milhão de crianças em Portugal" e que "faz falta gente para trabalhar e pagar as reformas". Incrível! Onde isto chegou... Não acredito que esta seja a mentalidade da maioria dos portugueses, no século XXI. Como disse e bem Rui Rio, Matilde Sousa Franco deve ser a favor do aborto na China e na Índia, para controlar a natalidade... Disse também que há 4 mil anos o aborto era punido. Ora já que vai buscar "pensamentos antigos", vou buscar outro: há 50 anos atrás, era proibido as mulheres votarem, pois eram consideradas seres menores. Felizmente a moral mudou neste caso. Espero que também mude na despenalização da interrupção da gravidez, acompanhando a moral dos países mais desenvolvidos e evoluídos do mundo.

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