Business as usual?

12-12-2017
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Lembram-se deste flop, faz agora um ano, em que um fuzileiro lança um drone e este cai directo no Tejo? Trata-se de um AR4 Light Ray da empresa Tekever, cujo CFO é Rodrigo Adão da Fonseca (RAF), homem da blogosfera (O Insurgente) que tem uma ligação de longa data com o actual Ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco (JPAB), que remonta a 2010 quando assumiu funções de assessor do então líder da bancada parlamentar do PSD e coordenou a moção estratégica de JPAB nas internas do PSD. Após a vitoria de Pedro Passos Coelho, JPAB abandonou a liderança parlamentar social democrata e RAF deixou de ser seu assessor, sem que tal o colocasse em situação de ruptura ideológica com o PSD. Pelo contrário.

Contudo, a história de JPAB e RAF não terminou por aqui. Três meses após a chegada de JPAB à liderança do Ministério da Defesa Nacional (MDN) em Junho de 2011, RAF foi convidado para director-executivo da Edisoft e da ETI, funções que acumulou com a direcção-financeira da EID. Todas estas empresas integravam o universo Empordef. Privatizada a Edisoft, em Abril de 2013, RAF abandonou as funções no sector público para saltar para director financeiro da Tekever, em cuja condição viajou com a comitiva de JPAB ao Dubai Air Show, sete meses mais tarde.

Para além desta já longa história de, vá lá, proximidade, a Tekever não se limita hoje a fornecer drones que se despenham no Tejo, no que ao erário público diz respeito. O exército usa uma versão que funciona do drone da empresa, que levou a que a mesma ministrasse uma formação para o efeito em Julho de 2013. Com a Marinha, a Tekever assinou dois protocolos de colaboração científica e industrial. Já a GNR e PSP usam também os drones da empresa, sendo que no caso da última foram assinados dois ajustes directos no valor de 206 mil euros no final de 2013.

Nada disto é novo, e sobre estes o outros negócios que gravitam em torno do ministro Aguiar-Branco escreveram Gustavo Sampaio e Vítor Matos na edição de 26 de Março da revista Sábado, de onde foi extraída a informação presente nestas linhas. A única nota que quero deixar diz respeito ao quão comovido fico quando me deparo com o que determinadas personalidades dizem ou escrevem sobre as supostas promiscuidades dos socialistas que se encostam ao poder e ao Leviatã estatal para depois se verem envolvidos em ligações tão suspeitas quanto nebulosas. Como é apetitoso o pote estatal. Até para quem quer privatizar tudo.

*****

P.S. Aguiar-Branco voltou a integrar a Tekever na comitiva que participa, a partir de hoje, na Feira Internacional de Defesa e Segurança que se realiza no Rio da Janeiro. Será que ainda lhe arranjam uma avença quando o mandato no MDN terminar no Outono?

Lembram-se deste flop, faz agora um ano, em que um fuzileiro lança um drone e este cai directo no Tejo? Trata-se de um AR4 Light Ray da empresa Tekever, cujo CFO é Rodrigo Adão da Fonseca (RAF), homem da blogosfera (O Insurgente) que tem uma ligação de longa data com o actual Ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco (JPAB), que remonta a 2010 quando assumiu funções de assessor do então líder da bancada parlamentar do PSD e coordenou a moção estratégica de JPAB nas internas do PSD. Após a vitoria de Pedro Passos Coelho, JPAB abandonou a liderança parlamentar social democrata e RAF deixou de ser seu assessor, sem que tal o colocasse em situação de ruptura ideológica com o PSD. Pelo contrário.

Contudo, a história de JPAB e RAF não terminou por aqui. Três meses após a chegada de JPAB à liderança do Ministério da Defesa Nacional (MDN) em Junho de 2011, RAF foi convidado para director-executivo da Edisoft e da ETI, funções que acumulou com a direcção-financeira da EID. Todas estas empresas integravam o universo Empordef. Privatizada a Edisoft, em Abril de 2013, RAF abandonou as funções no sector público para saltar para director financeiro da Tekever, em cuja condição viajou com a comitiva de JPAB ao Dubai Air Show, sete meses mais tarde.

Para além desta já longa história de, vá lá, proximidade, a Tekever não se limita hoje a fornecer drones que se despenham no Tejo, no que ao erário público diz respeito. O exército usa uma versão que funciona do drone da empresa, que levou a que a mesma ministrasse uma formação para o efeito em Julho de 2013. Com a Marinha, a Tekever assinou dois protocolos de colaboração científica e industrial. Já a GNR e PSP usam também os drones da empresa, sendo que no caso da última foram assinados dois ajustes directos no valor de 206 mil euros no final de 2013.

Nada disto é novo, e sobre estes o outros negócios que gravitam em torno do ministro Aguiar-Branco escreveram Gustavo Sampaio e Vítor Matos na edição de 26 de Março da revista Sábado, de onde foi extraída a informação presente nestas linhas. A única nota que quero deixar diz respeito ao quão comovido fico quando me deparo com o que determinadas personalidades dizem ou escrevem sobre as supostas promiscuidades dos socialistas que se encostam ao poder e ao Leviatã estatal para depois se verem envolvidos em ligações tão suspeitas quanto nebulosas. Como é apetitoso o pote estatal. Até para quem quer privatizar tudo.

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P.S. Aguiar-Branco voltou a integrar a Tekever na comitiva que participa, a partir de hoje, na Feira Internacional de Defesa e Segurança que se realiza no Rio da Janeiro. Será que ainda lhe arranjam uma avença quando o mandato no MDN terminar no Outono?

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