Daniel Abrunheiro: O semanário REGIÃO DE LEIRIA deve-me 100 euros e censurou-me a crónica que era para sair amanhã

12-07-2018
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O semanário REGIÃO DE LEIRIA, alegadamente dirigido por uma "jornalista" chamada Patrícia Duarte (que, antes de ter sido chamada para ali, esteve no marketing...) comunicou-me ontem, por télémóbl, que a minha segunda crónica da série Corvos e Pombas não podia ser publicada. Porquê? "Por não estar fundamentada em factos". Eh eh eh eh. Ainda tive a pachorrazita de explicar, até com carinho, à rapariga Duarte que as notícias é que devem ser estruturadas em factos, não as crónicas. Que as notícias se baseiam nos pontos cardiais do Quem, do Quê, do Onde, do Quando e, se possível, do Como e do Porquê. Nada. Permaneceu impermeável, escorada na "deontologia". Coitada da rapariga. Dirige um pasquim de "conteúdos", de modo que quais notícias, né? A história é um bocado para o triste, até porque confirma o grau de idiotia que parece ter-se volvido obrigatório para se ser chefe, para se triunfar, para ir ali ao marketing e voltar depressinha e ser director(a) de uma coisa qualquer. Enfim, a crónica aqui vai. Nota final: todas as semanas, às pontuais sextas-feiras, aqui publicarei uma crónica para o Região de Leiria e para a Patrícia Duarte. Mesmo que eles paguem os cem euros que me devem. TODAS as semanas. De facto. Eh eh eh eh.

Che Guevara na Barosa (ou nos Parceiros)

Aqui há uns anos já largos, habitei, sozinho como um cão de ossos celibatários, uma casa nas cercanias de Leiria. Não me lembro já se esse meu covil ficava nos Parceiros, se na Barosa. Mas recordo com nitidez três coisas.Uma – a casa era tão pequena e tão estreita, que os ratos tinham de subir ao poster do Che Guevara para eu poder entrar ou sair.Duas – o pessegueiro do pátio era tão ferrugento e tão melancólico, que a visão dele se me embolava em lágrimas na gorja, esvaziando-me a vontade de viver em corpo e alma ao mesmo tempo.E três – a senhoria era tão chanfrada da corneta, mas tão, que uma vez até acreditou em mim quando lhe menti que a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André eram mesmo professores. Acreditou, acreditou – juro-vo-lo pelos vossos mais fiéis defuntos.Sozinho, não deixei porém de ter um razoável espólio de namoradas. Só que eram todas de vidro e tinham todas rolha na boca, pelo que só (me) falavam ou pelo rótulo ou pelo gargalo ou quando se estilhaçavam no chão, tombadas pela hora aziaga da solidão. Os anos passaram. Passaram os anos e passei eu a outras (p)aragens, o que me não impede hoje, antes favorece, o luxo da nostalgia, esse sentimento que é a marca-de-água, a chancela, o timbre e a insígnia de todo o ser humano. Tão humano, que até a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André o devem ter do tempo em que, de facto professores, ainda nos não azucrinavam a pachorra com tanta vontade de nos servir – ou de se servirem de nós, pendurados no poster do Che Guevara, claro.

O semanário REGIÃO DE LEIRIA, alegadamente dirigido por uma "jornalista" chamada Patrícia Duarte (que, antes de ter sido chamada para ali, esteve no marketing...) comunicou-me ontem, por télémóbl, que a minha segunda crónica da série Corvos e Pombas não podia ser publicada. Porquê? "Por não estar fundamentada em factos". Eh eh eh eh. Ainda tive a pachorrazita de explicar, até com carinho, à rapariga Duarte que as notícias é que devem ser estruturadas em factos, não as crónicas. Que as notícias se baseiam nos pontos cardiais do Quem, do Quê, do Onde, do Quando e, se possível, do Como e do Porquê. Nada. Permaneceu impermeável, escorada na "deontologia". Coitada da rapariga. Dirige um pasquim de "conteúdos", de modo que quais notícias, né? A história é um bocado para o triste, até porque confirma o grau de idiotia que parece ter-se volvido obrigatório para se ser chefe, para se triunfar, para ir ali ao marketing e voltar depressinha e ser director(a) de uma coisa qualquer. Enfim, a crónica aqui vai. Nota final: todas as semanas, às pontuais sextas-feiras, aqui publicarei uma crónica para o Região de Leiria e para a Patrícia Duarte. Mesmo que eles paguem os cem euros que me devem. TODAS as semanas. De facto. Eh eh eh eh.

Che Guevara na Barosa (ou nos Parceiros)

Aqui há uns anos já largos, habitei, sozinho como um cão de ossos celibatários, uma casa nas cercanias de Leiria. Não me lembro já se esse meu covil ficava nos Parceiros, se na Barosa. Mas recordo com nitidez três coisas.Uma – a casa era tão pequena e tão estreita, que os ratos tinham de subir ao poster do Che Guevara para eu poder entrar ou sair.Duas – o pessegueiro do pátio era tão ferrugento e tão melancólico, que a visão dele se me embolava em lágrimas na gorja, esvaziando-me a vontade de viver em corpo e alma ao mesmo tempo.E três – a senhoria era tão chanfrada da corneta, mas tão, que uma vez até acreditou em mim quando lhe menti que a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André eram mesmo professores. Acreditou, acreditou – juro-vo-lo pelos vossos mais fiéis defuntos.Sozinho, não deixei porém de ter um razoável espólio de namoradas. Só que eram todas de vidro e tinham todas rolha na boca, pelo que só (me) falavam ou pelo rótulo ou pelo gargalo ou quando se estilhaçavam no chão, tombadas pela hora aziaga da solidão. Os anos passaram. Passaram os anos e passei eu a outras (p)aragens, o que me não impede hoje, antes favorece, o luxo da nostalgia, esse sentimento que é a marca-de-água, a chancela, o timbre e a insígnia de todo o ser humano. Tão humano, que até a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André o devem ter do tempo em que, de facto professores, ainda nos não azucrinavam a pachorra com tanta vontade de nos servir – ou de se servirem de nós, pendurados no poster do Che Guevara, claro.

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