POESIA PORTUGUESAEM REVISTAS ESTRANGEIRASDiscretamente, sem qualquer alarde nem apoios oficiais, com muito pouco eco na imprensa nacional, revistas culturais de vários pontos do globo vão divulgando a poesia portuguesa, por vezes de poetas que, por cá, vão sendo obscurecidos por editoras comerciais, jornais literários, suplementos culturais e quejandos...Recentemente, são de assinalar as iniciativas das revistas 26 (San Francisco, Califórnia, EUA) e Aullido (Huelva, Andaluzia, Espanha). Na edição E (assim mesmo) da revisa norte-americana, veio recentemente a lume um bloco intitulado "Contemporary Poetry from Portugal", com poemas de Ruy Ventura, Jorge Reis-Sá, Jorge Melícias, João Luís Barreto Guimarães, valter hugo mãe e Ana Marques Gastão, traduzidos para inglês pelo poeta Brian Strang (autor de um interessante blogue) e por Elisa Brasil. O nº 15 da publicação espanhola deu a lume, por sua vez, uma "Antologia de Poesia Portuguesa Actual", com textos de Ana de Sousa, Fernando Cabrita, Fernando Dinis, Fernando Esteves Pinto, Henrique Manuel Bento Fialho, Francisco José Viegas, João Bentes, José Agostinho Baptista, José Carlos Barros, José Félix, José Mário Silva, Luís Ene, Pedro Afonso, Rui Costa, Sandra Costa, Sara Monteiro e Teresa Rita Lopes, traduzidos para castelhano por Eva Lacasta Alegre.Desta última revista seleccionámos dois poemas que oferecemos aos leitores:RUI COSTAO PÃOHá pessoas que amamcom os dedos todos sobre a mesa.Aquecem o pão com o suor do rostoe quando as perdemos estão sempreao nosso lado.Por enquanto não nos tocam:a lua encontra o pão caiado que comemosenquanto o riso das promessas destilana solidão da erva.Estas pessoas são o chãoonde erguemos o sol que nos falhou os dedose pôr um fruto negro no lugar do coração.Estas pessoas são o chãoque não precisa de voar.SANDRA COSTAExistimos de forma concisanum gomo de laranja, no feixede luz oblíquo ao parapeito da janela,nas superfícies das paredes que sobematé ao tecto da casa, no vidro outrorae na gota de chuva e quando cessa a chuvano troar das andorinhas, existimos de formaconcisanão tendo o mundo outra forma de existir
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POESIA PORTUGUESAEM REVISTAS ESTRANGEIRASDiscretamente, sem qualquer alarde nem apoios oficiais, com muito pouco eco na imprensa nacional, revistas culturais de vários pontos do globo vão divulgando a poesia portuguesa, por vezes de poetas que, por cá, vão sendo obscurecidos por editoras comerciais, jornais literários, suplementos culturais e quejandos...Recentemente, são de assinalar as iniciativas das revistas 26 (San Francisco, Califórnia, EUA) e Aullido (Huelva, Andaluzia, Espanha). Na edição E (assim mesmo) da revisa norte-americana, veio recentemente a lume um bloco intitulado "Contemporary Poetry from Portugal", com poemas de Ruy Ventura, Jorge Reis-Sá, Jorge Melícias, João Luís Barreto Guimarães, valter hugo mãe e Ana Marques Gastão, traduzidos para inglês pelo poeta Brian Strang (autor de um interessante blogue) e por Elisa Brasil. O nº 15 da publicação espanhola deu a lume, por sua vez, uma "Antologia de Poesia Portuguesa Actual", com textos de Ana de Sousa, Fernando Cabrita, Fernando Dinis, Fernando Esteves Pinto, Henrique Manuel Bento Fialho, Francisco José Viegas, João Bentes, José Agostinho Baptista, José Carlos Barros, José Félix, José Mário Silva, Luís Ene, Pedro Afonso, Rui Costa, Sandra Costa, Sara Monteiro e Teresa Rita Lopes, traduzidos para castelhano por Eva Lacasta Alegre.Desta última revista seleccionámos dois poemas que oferecemos aos leitores:RUI COSTAO PÃOHá pessoas que amamcom os dedos todos sobre a mesa.Aquecem o pão com o suor do rostoe quando as perdemos estão sempreao nosso lado.Por enquanto não nos tocam:a lua encontra o pão caiado que comemosenquanto o riso das promessas destilana solidão da erva.Estas pessoas são o chãoonde erguemos o sol que nos falhou os dedose pôr um fruto negro no lugar do coração.Estas pessoas são o chãoque não precisa de voar.SANDRA COSTAExistimos de forma concisanum gomo de laranja, no feixede luz oblíquo ao parapeito da janela,nas superfícies das paredes que sobematé ao tecto da casa, no vidro outrorae na gota de chuva e quando cessa a chuvano troar das andorinhas, existimos de formaconcisanão tendo o mundo outra forma de existir