Crise no PSD. Pinto Luz dá o tiro de partida, Moreira da Silva já está no terreno

03-06-2019
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O vice-presidente da Câmara de Cascais e ex-líder da distrital de Lisboa dos sociais-democratas atacou a oposição frouxa do presidente do PSD, considerando, porém, que Rio deve conduzir o partido até às legislativas de outubro próximo.

Miguel Pinto Luz, que conta com o apoio de Miguel Relvas, marcou terreno na corrida à liderança dos sociais-democratas. Não é a primeira vez que o faz. Já manifestara a intenção de concorrer aquando do anúncio da saída de Pedro Passos Coelho, mas acabaria por não concretizar a candidatura nas diretas que colocaram frente-a-frente Rui Rio e Pedro Santana Lopes.

Em janeiro, quando Luís Montenegro, secundado pelo ex-líder parlamentar Hugo Soares, pôs em causa a liderança de Rio e o líder apresentou uma moção de confiança no Conselho Nacional do partido, Pinto Luz manteve-se à margem.

E só agora quebrou o silêncio, com uma entrevista ao DN/TSF em que considerou o desempenho do PSD nas eleições europeias do passado dia 26 de maio “muito fraco”.

Questionado sobre o assunto, o vice-presidente da Câmara de Cascais disse que “não esperava que o resultado fosse tão baixo”, até porque considera Paulo Rangel, “de todos os cabeças-de-lista que se apresentaram nestas eleições, o mais bem preparado para desempenhar o lugar”.

No seu entender, o problema do PSD não é contudo meramente conjuntural, mas de fundo. Visando sobretudo o Governo, Pinto Luz não deixou de lançar farpas à direção de Rui Rio: “O PSD, de alguma forma, não tem sido capaz de dizer bem alto e de tornar clara a desgovernação deste governo socialista. Tem sido, de facto, um desgoverno para este país, e o PSD tem sido parco, tímido, diria eu, em tornar clara essa má governação”.

Moreira da silva intensifica contactos

Entretanto, se Paulo Rangel hipotecou, com a derrota nas europeias, todo o capital que tinha para concorrer à liderança do partido nos próximos tempos e se Luís Montenegro tem estado remetido também a prudente recato desde o Conselho Nacional de janeiro, quem tem feito trabalho de terreno e intensificado os contactos com as bases sociais-democratas, ainda que de forma sempre discreta, é o ex-ministro Jorge Moreira da Silva.

Sucessor de Pedro Passos Coelho na liderança da JSD, Moreira da Silva foi ministro do Ambiente do Governo Passos-Portas e tem a seu favor o discurso e o vasto currículo internacional em torno das questões ambientais, em que os sociais-democratas reivindicam uma liderança histórica – desde os tempos de Carlos Pimenta e de Macário Correia – mas que tem sido totalmente desconsiderada pela direção de Rio. Com as alterações climáticas a ganharem cada vez maior protagonismo mediático e espaço político – como ainda agora se viu nas europeias, com a subida das forças ecologistas –, a experiência do antigo presidente da JSD dá-lhe uma mais-valia de relevo.

O favorito de Marcelo

Outra personalidade que não afasta a hipótese de uma candidatura à sucessão de Rui Rio é o ainda comissário europeu, Carlos Moedas, uma das poucas figuras de destaque do partido que estiveram no quartel-general social-democrata na noite das eleições, num hotel no Porto.

Moedas é um dos nomes de que se fala. Há mesmo quem diga que é o comissario em fim de mandato era o homem que Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de ver a liderar o próximo ciclo do centro-direita.

Nesta sexta-feira, numa conferência na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) – agora presidida pela ex-chefe de gabinete de Antonio Costa, Rita Faden –, o Presidente da República comentou os resultados das eleições europeias, considerando que a esquerda ficou “muito mais forte do que a direita”. Marcelo antecipa mesmo uma forte crise para o centro-direita e para a direita “nos próximos anos”, falou da crise interna que atravessa o principal partido da oposição e da “impossibilidade de diálogo” entre PSD e CDS. Rio não perdeu tempo a reagir ao comentário: “A crise não está só à direita, a crise está no regime como um todo”.

Para os sociais-democratas ouvidos pelo i, a análise do Presidente – que muitos consideram ter-se excedido – precipitou a contagem de espingardas para o dia seguinte às legislativas de outubro. Na entrevista ao DN e TSF Pinto Luz disse que Rio “tem condições para ganhar as próximas legislativas”. Mas a verdade é que ninguém na direita parece estar realmente convencido disso.

O vice-presidente da Câmara de Cascais e ex-líder da distrital de Lisboa dos sociais-democratas atacou a oposição frouxa do presidente do PSD, considerando, porém, que Rio deve conduzir o partido até às legislativas de outubro próximo.

Miguel Pinto Luz, que conta com o apoio de Miguel Relvas, marcou terreno na corrida à liderança dos sociais-democratas. Não é a primeira vez que o faz. Já manifestara a intenção de concorrer aquando do anúncio da saída de Pedro Passos Coelho, mas acabaria por não concretizar a candidatura nas diretas que colocaram frente-a-frente Rui Rio e Pedro Santana Lopes.

Em janeiro, quando Luís Montenegro, secundado pelo ex-líder parlamentar Hugo Soares, pôs em causa a liderança de Rio e o líder apresentou uma moção de confiança no Conselho Nacional do partido, Pinto Luz manteve-se à margem.

E só agora quebrou o silêncio, com uma entrevista ao DN/TSF em que considerou o desempenho do PSD nas eleições europeias do passado dia 26 de maio “muito fraco”.

Questionado sobre o assunto, o vice-presidente da Câmara de Cascais disse que “não esperava que o resultado fosse tão baixo”, até porque considera Paulo Rangel, “de todos os cabeças-de-lista que se apresentaram nestas eleições, o mais bem preparado para desempenhar o lugar”.

No seu entender, o problema do PSD não é contudo meramente conjuntural, mas de fundo. Visando sobretudo o Governo, Pinto Luz não deixou de lançar farpas à direção de Rui Rio: “O PSD, de alguma forma, não tem sido capaz de dizer bem alto e de tornar clara a desgovernação deste governo socialista. Tem sido, de facto, um desgoverno para este país, e o PSD tem sido parco, tímido, diria eu, em tornar clara essa má governação”.

Moreira da silva intensifica contactos

Entretanto, se Paulo Rangel hipotecou, com a derrota nas europeias, todo o capital que tinha para concorrer à liderança do partido nos próximos tempos e se Luís Montenegro tem estado remetido também a prudente recato desde o Conselho Nacional de janeiro, quem tem feito trabalho de terreno e intensificado os contactos com as bases sociais-democratas, ainda que de forma sempre discreta, é o ex-ministro Jorge Moreira da Silva.

Sucessor de Pedro Passos Coelho na liderança da JSD, Moreira da Silva foi ministro do Ambiente do Governo Passos-Portas e tem a seu favor o discurso e o vasto currículo internacional em torno das questões ambientais, em que os sociais-democratas reivindicam uma liderança histórica – desde os tempos de Carlos Pimenta e de Macário Correia – mas que tem sido totalmente desconsiderada pela direção de Rio. Com as alterações climáticas a ganharem cada vez maior protagonismo mediático e espaço político – como ainda agora se viu nas europeias, com a subida das forças ecologistas –, a experiência do antigo presidente da JSD dá-lhe uma mais-valia de relevo.

O favorito de Marcelo

Outra personalidade que não afasta a hipótese de uma candidatura à sucessão de Rui Rio é o ainda comissário europeu, Carlos Moedas, uma das poucas figuras de destaque do partido que estiveram no quartel-general social-democrata na noite das eleições, num hotel no Porto.

Moedas é um dos nomes de que se fala. Há mesmo quem diga que é o comissario em fim de mandato era o homem que Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de ver a liderar o próximo ciclo do centro-direita.

Nesta sexta-feira, numa conferência na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) – agora presidida pela ex-chefe de gabinete de Antonio Costa, Rita Faden –, o Presidente da República comentou os resultados das eleições europeias, considerando que a esquerda ficou “muito mais forte do que a direita”. Marcelo antecipa mesmo uma forte crise para o centro-direita e para a direita “nos próximos anos”, falou da crise interna que atravessa o principal partido da oposição e da “impossibilidade de diálogo” entre PSD e CDS. Rio não perdeu tempo a reagir ao comentário: “A crise não está só à direita, a crise está no regime como um todo”.

Para os sociais-democratas ouvidos pelo i, a análise do Presidente – que muitos consideram ter-se excedido – precipitou a contagem de espingardas para o dia seguinte às legislativas de outubro. Na entrevista ao DN e TSF Pinto Luz disse que Rio “tem condições para ganhar as próximas legislativas”. Mas a verdade é que ninguém na direita parece estar realmente convencido disso.

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