Quando os irmãos se metem na política

29-12-2017
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As alianças e divergências de irmãos na política: Jorge e Miguel Moreira da Silva tiveram de negociar um programa eleitoral por partidos diferentes. José Gusmão e Daniel Oliveira dissidiram da orientação comunista da família.

Jorge e Miguel Moreira da Silva, José Gusmão e Daniel Oliveira, Manuel Alegre e Teresa Portugal são irmãos. Tiveram discussões e guardaram segredos entre si, mas nunca deixaram que a política se sobrepusesse aos laços familiares. Uma posição manifestada em poucas palavras por Paulo Portas, ex-presidente do CDS-PP, aquando do funeral do irmão Miguel, fundador e dirigente do Bloco de Esquerda: "Adorávamo-nos para além das diferenças."

Os três pares de irmãos-políticos contaram à SÁBADO como são aliados e lidam com as diferenças políticas uns dos outros.

OS IRMÃOS OLIVEIRA E GUSMÃO

José (JG): As pessoas costumam ficar chocadas com a forma como se discute na nossa família.

Daniel (DO): A discussão mais violenta a que assisti foste tu e o Pedro numa festa, sobre a legalização da prostituição, sobre a qual o BE

e o PCP têm posições diferentes.

JG: Aquela festa que destruímos!

DO: Tudo em silêncio e vocês aos gritos! Os convidados não estavam habituados e julgavam que iam chegar a vias de facto.

JG: Mas não é assim. É espantoso como discutimos agressivamente e dois minutos depois estamos a falar de outra coisa tranquilamente.

OS IRMÃOS MOREIRA DA SILVA

Na preparação do programa eleitoral de 2015, Paulo Portas, então líder do CDS, convocou um jovem engenheiro electrotécnico para chefiar as negociações sobre energia e ambiente com o ministro da pasta, Jorge Moreira da Silva, do PSD e parceiro de coligação. Era Miguel Moreira da Silva, irmão mais novo de Jorge.

Miguel: Foi um processo negocial eficiente, muito rápido.

Jorge: Acho que sermos irmãos o tornou mais fácil. Fomos directamente ao assunto sem tácticas. Nas negociações, há sempre encenação, bluff. Conhecemo-nos bem demais para entrar nisso. Nenhum de nós tem respeito por esses "rodriguinhos".

OS IRMÃOS ALEGRE PORTUGAL

Em 1962, Manuel exilou-se.

Teresa: Passou a ser a ausência dominante. A minha mãe ficava a ouvir o programa de rádio que ele fazia em Argel até às 3h da manhã, enquanto eu adormecia. Os meus pais chegaram a ir visitá-lo às escondidas. A minha mãe trazia escritos dele escondidos na roupa interior.

Manuel: Não comuniquei com a minha irmã nos 12 anos de exílio. Era complicado. Ela tinha casado com o António Portugal, estava ligada ao Zeca Afonso e tinha de haver prudência na troca de correspondência. Voltei a vê-la no aeroporto, à chegada. Tinha passado uma vida. Em pequenos tratavamo-nos por você. Ali foi a primeira vez que ela me tratou por tu.

Leia todas as confissões destes irmãos na SÁBADO n.º 713, nas bancas a 28 de Dezembro.

As alianças e divergências de irmãos na política: Jorge e Miguel Moreira da Silva tiveram de negociar um programa eleitoral por partidos diferentes. José Gusmão e Daniel Oliveira dissidiram da orientação comunista da família.

Jorge e Miguel Moreira da Silva, José Gusmão e Daniel Oliveira, Manuel Alegre e Teresa Portugal são irmãos. Tiveram discussões e guardaram segredos entre si, mas nunca deixaram que a política se sobrepusesse aos laços familiares. Uma posição manifestada em poucas palavras por Paulo Portas, ex-presidente do CDS-PP, aquando do funeral do irmão Miguel, fundador e dirigente do Bloco de Esquerda: "Adorávamo-nos para além das diferenças."

Os três pares de irmãos-políticos contaram à SÁBADO como são aliados e lidam com as diferenças políticas uns dos outros.

OS IRMÃOS OLIVEIRA E GUSMÃO

José (JG): As pessoas costumam ficar chocadas com a forma como se discute na nossa família.

Daniel (DO): A discussão mais violenta a que assisti foste tu e o Pedro numa festa, sobre a legalização da prostituição, sobre a qual o BE

e o PCP têm posições diferentes.

JG: Aquela festa que destruímos!

DO: Tudo em silêncio e vocês aos gritos! Os convidados não estavam habituados e julgavam que iam chegar a vias de facto.

JG: Mas não é assim. É espantoso como discutimos agressivamente e dois minutos depois estamos a falar de outra coisa tranquilamente.

OS IRMÃOS MOREIRA DA SILVA

Na preparação do programa eleitoral de 2015, Paulo Portas, então líder do CDS, convocou um jovem engenheiro electrotécnico para chefiar as negociações sobre energia e ambiente com o ministro da pasta, Jorge Moreira da Silva, do PSD e parceiro de coligação. Era Miguel Moreira da Silva, irmão mais novo de Jorge.

Miguel: Foi um processo negocial eficiente, muito rápido.

Jorge: Acho que sermos irmãos o tornou mais fácil. Fomos directamente ao assunto sem tácticas. Nas negociações, há sempre encenação, bluff. Conhecemo-nos bem demais para entrar nisso. Nenhum de nós tem respeito por esses "rodriguinhos".

OS IRMÃOS ALEGRE PORTUGAL

Em 1962, Manuel exilou-se.

Teresa: Passou a ser a ausência dominante. A minha mãe ficava a ouvir o programa de rádio que ele fazia em Argel até às 3h da manhã, enquanto eu adormecia. Os meus pais chegaram a ir visitá-lo às escondidas. A minha mãe trazia escritos dele escondidos na roupa interior.

Manuel: Não comuniquei com a minha irmã nos 12 anos de exílio. Era complicado. Ela tinha casado com o António Portugal, estava ligada ao Zeca Afonso e tinha de haver prudência na troca de correspondência. Voltei a vê-la no aeroporto, à chegada. Tinha passado uma vida. Em pequenos tratavamo-nos por você. Ali foi a primeira vez que ela me tratou por tu.

Leia todas as confissões destes irmãos na SÁBADO n.º 713, nas bancas a 28 de Dezembro.

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