Glória Fácil: Abrupto

23-03-2019
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A culpa não foi de José Pacheco Pereira. A culpa foi da Maria José Oliveira. Foi ela que me apresentou à blogosfera. Eu, como de costume, reagi mal - também reagi mal à Internet quando ela se generalizou na minha redacção. Nem vos digo o que disse da blogosfera: uma ordinarice (pronto, vou dizer. Foi assim: "Blogues? Isso soa-me a peidos na banheira!"). Mas, enfim, foi-me apresentada a blogosfera e acho (tenho quase a certeza) que foi o Abrupto o primeiro blogue que li.O autor não me era estranho; cruzamo-nos na Assembleia, ele como vice-presidente da sua bancada parlamentar, depois presidente, eu como jornalista. Foi nos tempos da esplendorosa decadência cavaquista, com os casos Duarte Lima e Nuno Delerue a (como se costuma dizer em jornalistiquês) dominarem a actualidade. Foi um tempo único, que recordo com muita saudade (mais saudades do que esse tempo só mesmo de 1997, com Marques Mendes a dar sucessivos nós cegos em Jorge Lacão, na revisão constitucional que abriu caminho aos referendos ao aborto e à regionalização).Voltando a 94/95: os tempos eram mesmo divertidos; o PSD tinha uma maioria absolutamente esmagadora (muito maior do que a actual); mas estava de tal forma esfrangalhado que conseguiram perder uma votação de uma lei vinda da Defesa, lei que exigia apenas maioria+1 para ser aprovada. Não conseguiram; e o interessante foi que a lei tinha sido feita pelo então líder do partido, Fernando Nogueira. Nessa altura - ressalve-se - José Pacheco Pereira já não liderava a bancada (tinha-se demitido alegando "facadas nas costas" por parte de Nogueira por causa das chamadas "leis da transparência"), a função estava a cargo de Silva Marques. Foi a cereja no topo do bolo do processo de implosão da segunda maioria cavaquista - uma história que, aliás, está para ser contada.Quanto ao Abrupto, é muito simples: comecei a lê-lo. Depois foi também muito importante o Terras do Nunca e o Pipi. E rapidamente nos apercebemos de quão fácil era fazer um blogue. Nasceu esta espécie de coisa chamada Glória Fácil - que lá para Agosto também celebrará o seu segundo aniversário. Aconteceu comigo e aconteceu com dezenas de pessoas pelo país fora. Leio o Abrupto atentamente, claro. E, evidentemente, o que me interessa são as notas políticas (acho aliás que é isto o que interessa à maior parte dos visitantes do blogue).Aqui, no Glória Fácil, temos sido muito preguiçosos a parabenizar outros blogues. Uma preguiça que se pode parecer arrogância ou mesmo má-educação - mas é mesmo só isso, preguiça. Contudo, o Abrupto foi para mim (e para a blogosfera toda) demasiado importante para o poder ignorar. Diverte-me recordar, a propósito de JPP, coisas que vivi de muito perto no Parlamento.

A culpa não foi de José Pacheco Pereira. A culpa foi da Maria José Oliveira. Foi ela que me apresentou à blogosfera. Eu, como de costume, reagi mal - também reagi mal à Internet quando ela se generalizou na minha redacção. Nem vos digo o que disse da blogosfera: uma ordinarice (pronto, vou dizer. Foi assim: "Blogues? Isso soa-me a peidos na banheira!"). Mas, enfim, foi-me apresentada a blogosfera e acho (tenho quase a certeza) que foi o Abrupto o primeiro blogue que li.O autor não me era estranho; cruzamo-nos na Assembleia, ele como vice-presidente da sua bancada parlamentar, depois presidente, eu como jornalista. Foi nos tempos da esplendorosa decadência cavaquista, com os casos Duarte Lima e Nuno Delerue a (como se costuma dizer em jornalistiquês) dominarem a actualidade. Foi um tempo único, que recordo com muita saudade (mais saudades do que esse tempo só mesmo de 1997, com Marques Mendes a dar sucessivos nós cegos em Jorge Lacão, na revisão constitucional que abriu caminho aos referendos ao aborto e à regionalização).Voltando a 94/95: os tempos eram mesmo divertidos; o PSD tinha uma maioria absolutamente esmagadora (muito maior do que a actual); mas estava de tal forma esfrangalhado que conseguiram perder uma votação de uma lei vinda da Defesa, lei que exigia apenas maioria+1 para ser aprovada. Não conseguiram; e o interessante foi que a lei tinha sido feita pelo então líder do partido, Fernando Nogueira. Nessa altura - ressalve-se - José Pacheco Pereira já não liderava a bancada (tinha-se demitido alegando "facadas nas costas" por parte de Nogueira por causa das chamadas "leis da transparência"), a função estava a cargo de Silva Marques. Foi a cereja no topo do bolo do processo de implosão da segunda maioria cavaquista - uma história que, aliás, está para ser contada.Quanto ao Abrupto, é muito simples: comecei a lê-lo. Depois foi também muito importante o Terras do Nunca e o Pipi. E rapidamente nos apercebemos de quão fácil era fazer um blogue. Nasceu esta espécie de coisa chamada Glória Fácil - que lá para Agosto também celebrará o seu segundo aniversário. Aconteceu comigo e aconteceu com dezenas de pessoas pelo país fora. Leio o Abrupto atentamente, claro. E, evidentemente, o que me interessa são as notas políticas (acho aliás que é isto o que interessa à maior parte dos visitantes do blogue).Aqui, no Glória Fácil, temos sido muito preguiçosos a parabenizar outros blogues. Uma preguiça que se pode parecer arrogância ou mesmo má-educação - mas é mesmo só isso, preguiça. Contudo, o Abrupto foi para mim (e para a blogosfera toda) demasiado importante para o poder ignorar. Diverte-me recordar, a propósito de JPP, coisas que vivi de muito perto no Parlamento.

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