PAU PARA TODA A OBRA: CENSURA INSTITUÍDA?

15-10-2019
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> Um amigo pergunta-me se sei alguma coisa sobre a censura que foi feita hoje pela direcção do 'Jornal de Notícias' (JN) ao artigo habitual das segundas-feiras da autoria de Mário Crespo.Telefona-me um outro amigo a tentar confirmar se o PM José Sócrates influenciou a censura ao texto de Mário Crespo que fala de si.Uma amiga enviou-me um texto do Mário Crespo. Diz no final que deveria ser publicado hoje. Deveria? E por que não foi?Se houve censura no 'JN' deverá merecer o protesto público de todos quantos defendam a liberdade de expressão. Há que organizar uma manifestação nacional à porta do palácio de S. Bento contra a censura socratina.Deixo-vos aqui o texto, que teria sido censurado: O Fim da Linha Mário Crespo Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada. Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicacado hoje (1/2/2010) no 'JN'.16:00 Actualização:Mário Crespo confirmou publicamente que o seu artigo não foi publicado e que vai recorrer a várias instâncias para protestar sobre o sucedido.MAIS UMA... A censura ao artigo de Mário Crespo é mais uma, só mais uma. Sócrates já nos habituou a isto e a muito mais. O caso Marcelo em 2004 deu o barulho que deu. Só porque um ministro, em público, criticou o que um comentador disse. Agora, um jornalista é censurado porque descreveu um triste episódio sobre o Primeiro-Ministro. Que nem é nada de novo na senda de controlo dos media pela clique socratina... Atente-se que Mário Crespo afirma que tem depoimento testemunhal escrito de quem presenciou a cena em que é difamado e se projectam a sua neutralização. E Cavaco assobia para o lado, tentando não levantar ondas enquanto espera pela renovação do arrendamento do Palácio de Belém.Carmindo Mascarenhas Bordalo, Professor Catedrático Jubilado


> Um amigo pergunta-me se sei alguma coisa sobre a censura que foi feita hoje pela direcção do 'Jornal de Notícias' (JN) ao artigo habitual das segundas-feiras da autoria de Mário Crespo.Telefona-me um outro amigo a tentar confirmar se o PM José Sócrates influenciou a censura ao texto de Mário Crespo que fala de si.Uma amiga enviou-me um texto do Mário Crespo. Diz no final que deveria ser publicado hoje. Deveria? E por que não foi?Se houve censura no 'JN' deverá merecer o protesto público de todos quantos defendam a liberdade de expressão. Há que organizar uma manifestação nacional à porta do palácio de S. Bento contra a censura socratina.Deixo-vos aqui o texto, que teria sido censurado: O Fim da Linha Mário Crespo Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada. Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicacado hoje (1/2/2010) no 'JN'.16:00 Actualização:Mário Crespo confirmou publicamente que o seu artigo não foi publicado e que vai recorrer a várias instâncias para protestar sobre o sucedido.MAIS UMA... A censura ao artigo de Mário Crespo é mais uma, só mais uma. Sócrates já nos habituou a isto e a muito mais. O caso Marcelo em 2004 deu o barulho que deu. Só porque um ministro, em público, criticou o que um comentador disse. Agora, um jornalista é censurado porque descreveu um triste episódio sobre o Primeiro-Ministro. Que nem é nada de novo na senda de controlo dos media pela clique socratina... Atente-se que Mário Crespo afirma que tem depoimento testemunhal escrito de quem presenciou a cena em que é difamado e se projectam a sua neutralização. E Cavaco assobia para o lado, tentando não levantar ondas enquanto espera pela renovação do arrendamento do Palácio de Belém.Carmindo Mascarenhas Bordalo, Professor Catedrático Jubilado

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