correio preto: O pesadelo dos directos televisivos

13-11-2018
marcar artigo


"NÃO ESTOU A OUVIR NADA...NÃO ESTOU A OUVIR NADA !", os gritos de um repórter televisivo enquanto Jorge Lacão falava com os jornalistas ficaram registados na gravação. Ainda por cima, era a parte mais importante do discurso.Paciência. Lá em casa, as pessoas ficariam a saber que alguém naquela altura não estava a ouvir nada...mas isso foi "a sereia em cima do bolo" (como diria alguém) de uma manhã parlamentar de reuniões entre governo e partidos sobre Orçamento de Estado."É um excesso de expectativa para o óbvio que eu vou dizer agora...", sussurava com ironia Jorge Lacão perante a frustrada tentativa de organização jornalística à beira do directo. Mesmo que o político se ofereça para falar e siga as instruções das tv's , a confusão começa na formação da meia lua para que todos possam gravar. E quando o directo começa, nada mais interessa. É o tiro de partida para o campeonato das perguntas. Ganha quem questiona mais (não interessa o quê, é preciso é fazer perguntas) e mais interrompe o entrevistado (deixando no ar por vezes declarações importantes). Não interessa a resposta. A pergunta, sim. É o "meu espectáculo": Um jornalista chegou a fechar o directo, mesmo ao lado do entrevistado que continuava a falar com os outros (só o treino e a concentração o impediram de perder o raciocínio, certamente), sem a preocupação de se afastar...O espectáculo devia envergonhar e fazer pensar os protagonistas. De ambos os lados. Porque tambem os entrevistados entram no jogo do faz-tudo televisivo.Talvez quando aparecer alguém a querer impôr regras no trabalho jornalístico, os repórteres desçam à terra e ganhem um pouco de respeito pelo trabalho dos outros. A rádio (pelo menos) agradece.


"NÃO ESTOU A OUVIR NADA...NÃO ESTOU A OUVIR NADA !", os gritos de um repórter televisivo enquanto Jorge Lacão falava com os jornalistas ficaram registados na gravação. Ainda por cima, era a parte mais importante do discurso.Paciência. Lá em casa, as pessoas ficariam a saber que alguém naquela altura não estava a ouvir nada...mas isso foi "a sereia em cima do bolo" (como diria alguém) de uma manhã parlamentar de reuniões entre governo e partidos sobre Orçamento de Estado."É um excesso de expectativa para o óbvio que eu vou dizer agora...", sussurava com ironia Jorge Lacão perante a frustrada tentativa de organização jornalística à beira do directo. Mesmo que o político se ofereça para falar e siga as instruções das tv's , a confusão começa na formação da meia lua para que todos possam gravar. E quando o directo começa, nada mais interessa. É o tiro de partida para o campeonato das perguntas. Ganha quem questiona mais (não interessa o quê, é preciso é fazer perguntas) e mais interrompe o entrevistado (deixando no ar por vezes declarações importantes). Não interessa a resposta. A pergunta, sim. É o "meu espectáculo": Um jornalista chegou a fechar o directo, mesmo ao lado do entrevistado que continuava a falar com os outros (só o treino e a concentração o impediram de perder o raciocínio, certamente), sem a preocupação de se afastar...O espectáculo devia envergonhar e fazer pensar os protagonistas. De ambos os lados. Porque tambem os entrevistados entram no jogo do faz-tudo televisivo.Talvez quando aparecer alguém a querer impôr regras no trabalho jornalístico, os repórteres desçam à terra e ganhem um pouco de respeito pelo trabalho dos outros. A rádio (pelo menos) agradece.

marcar artigo