Marisa Matias: “A resposta à extrema-direita na Europa passa pela justiça fiscal. É ela que trava o populismo”

22-05-2019
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O estandarte da resistência ao Estado Novo foi agitado nesta quarta-feira na campanha do Bloco. “Somos flhos e filhas dos resistentes ao fascismo. Temos a obrigação de dizer: ‘O fascismo não passará’”, disse Marisa Matias, no jantar-comício do Bloco de Esquerda, em Leiria.

O balanço do discurso foi ganho no plano nacional – depois de visitas às minas da Panasqueira e ao forte de Peniche, “dois sítios simbólicos para não nos esquecermos das marcas do fascismo", disse a candidata do Bloco -, mas a trincheira está cavada no plano da União Europeia.

“O Bloco Central de interesses [família socialista europeia e PPE] tem alimentado a extrema direita e o fascismo na Europa”, disse Marisa Matias, lembrando de seguida que “36% do PIB europeu foi para resgatar a banca de ativos tóxicos”. Logo, disse a candidata do Bloco, “a extrema direita não se combate com o Bloco Central de interesses europeus”, mas sim quando Bruxelas der “uma resposta às pessoas e não ao sistema financeiro”

Matias apresenta assim “uma alternativa económica e social”, que passa pelo “fim dos off shores” e por “mais justiça fiscal”. Este aspeto é, aliás, a pedra angular do seu programa para travar os movimentos e partidos em crescimento na Europa. “A resposta à extrema direita passa pela justiça social. É ela que trava o populismo”.

Em Leiria, perante cerca de 130 apoiantes e militantes, antes de Marisa Matias interveio Fernando Rosas. E se, à cabeça de lista do Bloco, coube o discurso que fez a ligação entre a realidade nacional e o programa bloquista para a UE (uma visão escorada na “memória que alimenta a democracia”), o fundador do BE olhou sobretudo para a realidade nacional.

A intervenção, de improviso, foi à medida de um comício, mas podia ser também uma aula ou uma palestra do professor e historiador.

Rosas começou por falar do “Comendador Berardo”, para perguntar se se trata de “uma anedota” ou um “sintoma”. Um “sintoma”, respondeu Rosas. E começou uma espécie de lição magistral, com o preâmbulo no “tempo do fascismo”, que “criou os berardos antes do Berardo”.

“Berardo é sintoma do processo de acumulação parasitária do capital em Portugal e de como a burguesia enriquece”. Tudo à conta de “rendas de monopólio ou oligopólio asseguradas pelo Estado”.

Da aula e da sua componente científica, aqui só cabe mesmo o sumário. Da História para a política, lembrou Rosas que no processo de “recuperação do capital financeiro” (passado o “parêntesis da Revolução de 1974/1975”, disse o fundador do Bloco), “participaram PS, PSD e CDS”.

A direita está nesta afirmação em nome do rigor histórico, mas o alvo de Rosas é neste caso somente o PS.

Rosas e Catarina, lado a lado, no cerco ao PS

Depois de ter inventariado um conjunto de dossiês em que afirmou que o PS roeu a corda ao Bloco (taxas contra especulação imobiliária e contra rendas da energia, Lei de Bases da Saúde e contagem do tempo integral dos professores), Rosas perguntou: “Onde está o PS de esquerda? Onde está a esquerda do PS? Onde estão as forças do PS que querem mudar a situação no país e na Europa?”.

O fundador do Bloco foi depois mais explícito: “Em questões sobre saúde pública ou sobre direitos dos trabalhadores, ou se está de um lado ou se está do outro”.

A oradora final do jantar de Leiria (na sua primeira intervenção a falar às massas nesta campanha oficial, que vai no terceiro dia) foi Catarina Martins. A coordenadora do Bloco falou sobre um dos temas do dia: a aprovação pelo Parlamento do relatório da comissão de inquérito às rendas da energia.

Um motivo de satisfação para Catarina Martins, sendo aquela uma das principais bandeiras do Bloco nesta legislatura, que teve como relator o deputado bloquista Jorge Costa. O BE quer agora que as conclusões ganhem força obrigatória: “Que o relatório se transforme em lei”, disse Catarina.

O resultado da votação no Parlamento foi trocado por miúdos. “Agora, em Portugal, toda a gente sabe das centenas de milhões de euros que andamos a pagar a mais na conta da luz”, disse Catarina Martins. Mas no dossiê nem tudo foram rosas para o Bloco.

Sobre um dos pontos não aprovados, Catarina lembrou a geometria da votação. “O PS juntou-se à direita para que não houvesse conclusões claras sobre o negócio das barragens”, afirmou. “Onde está o PS de esquerda?”, perguntara Fernando Rosas minutos antes.

No dia em que Bloco convocou a memória (no jantar e em parte do programa esteve outro fundador do partido, Luís Fazenda) e injetou a ideologia na campanha, a parceria entre Rosas e Catarina veio acentuar linhas divisórias entre bloquistas e socialistas.

O estandarte da resistência ao Estado Novo foi agitado nesta quarta-feira na campanha do Bloco. “Somos flhos e filhas dos resistentes ao fascismo. Temos a obrigação de dizer: ‘O fascismo não passará’”, disse Marisa Matias, no jantar-comício do Bloco de Esquerda, em Leiria.

O balanço do discurso foi ganho no plano nacional – depois de visitas às minas da Panasqueira e ao forte de Peniche, “dois sítios simbólicos para não nos esquecermos das marcas do fascismo", disse a candidata do Bloco -, mas a trincheira está cavada no plano da União Europeia.

“O Bloco Central de interesses [família socialista europeia e PPE] tem alimentado a extrema direita e o fascismo na Europa”, disse Marisa Matias, lembrando de seguida que “36% do PIB europeu foi para resgatar a banca de ativos tóxicos”. Logo, disse a candidata do Bloco, “a extrema direita não se combate com o Bloco Central de interesses europeus”, mas sim quando Bruxelas der “uma resposta às pessoas e não ao sistema financeiro”

Matias apresenta assim “uma alternativa económica e social”, que passa pelo “fim dos off shores” e por “mais justiça fiscal”. Este aspeto é, aliás, a pedra angular do seu programa para travar os movimentos e partidos em crescimento na Europa. “A resposta à extrema direita passa pela justiça social. É ela que trava o populismo”.

Em Leiria, perante cerca de 130 apoiantes e militantes, antes de Marisa Matias interveio Fernando Rosas. E se, à cabeça de lista do Bloco, coube o discurso que fez a ligação entre a realidade nacional e o programa bloquista para a UE (uma visão escorada na “memória que alimenta a democracia”), o fundador do BE olhou sobretudo para a realidade nacional.

A intervenção, de improviso, foi à medida de um comício, mas podia ser também uma aula ou uma palestra do professor e historiador.

Rosas começou por falar do “Comendador Berardo”, para perguntar se se trata de “uma anedota” ou um “sintoma”. Um “sintoma”, respondeu Rosas. E começou uma espécie de lição magistral, com o preâmbulo no “tempo do fascismo”, que “criou os berardos antes do Berardo”.

“Berardo é sintoma do processo de acumulação parasitária do capital em Portugal e de como a burguesia enriquece”. Tudo à conta de “rendas de monopólio ou oligopólio asseguradas pelo Estado”.

Da aula e da sua componente científica, aqui só cabe mesmo o sumário. Da História para a política, lembrou Rosas que no processo de “recuperação do capital financeiro” (passado o “parêntesis da Revolução de 1974/1975”, disse o fundador do Bloco), “participaram PS, PSD e CDS”.

A direita está nesta afirmação em nome do rigor histórico, mas o alvo de Rosas é neste caso somente o PS.

Rosas e Catarina, lado a lado, no cerco ao PS

Depois de ter inventariado um conjunto de dossiês em que afirmou que o PS roeu a corda ao Bloco (taxas contra especulação imobiliária e contra rendas da energia, Lei de Bases da Saúde e contagem do tempo integral dos professores), Rosas perguntou: “Onde está o PS de esquerda? Onde está a esquerda do PS? Onde estão as forças do PS que querem mudar a situação no país e na Europa?”.

O fundador do Bloco foi depois mais explícito: “Em questões sobre saúde pública ou sobre direitos dos trabalhadores, ou se está de um lado ou se está do outro”.

A oradora final do jantar de Leiria (na sua primeira intervenção a falar às massas nesta campanha oficial, que vai no terceiro dia) foi Catarina Martins. A coordenadora do Bloco falou sobre um dos temas do dia: a aprovação pelo Parlamento do relatório da comissão de inquérito às rendas da energia.

Um motivo de satisfação para Catarina Martins, sendo aquela uma das principais bandeiras do Bloco nesta legislatura, que teve como relator o deputado bloquista Jorge Costa. O BE quer agora que as conclusões ganhem força obrigatória: “Que o relatório se transforme em lei”, disse Catarina.

O resultado da votação no Parlamento foi trocado por miúdos. “Agora, em Portugal, toda a gente sabe das centenas de milhões de euros que andamos a pagar a mais na conta da luz”, disse Catarina Martins. Mas no dossiê nem tudo foram rosas para o Bloco.

Sobre um dos pontos não aprovados, Catarina lembrou a geometria da votação. “O PS juntou-se à direita para que não houvesse conclusões claras sobre o negócio das barragens”, afirmou. “Onde está o PS de esquerda?”, perguntara Fernando Rosas minutos antes.

No dia em que Bloco convocou a memória (no jantar e em parte do programa esteve outro fundador do partido, Luís Fazenda) e injetou a ideologia na campanha, a parceria entre Rosas e Catarina veio acentuar linhas divisórias entre bloquistas e socialistas.

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