À conversa com José Jorge Letria

19-07-2018
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Liliana Silva, 12 anos, veio da Escola da Correlhã, em Ponte de Lima, Pedro Ramos, 11 anos, da Escola Infante D. Pedro, na Figueira da Foz, Luís Ribeirinho, 9 anos, do Centro Educativo Alice Nabeiro, em Campo Maior e Beatriz Baptista, 7 anos, veio da EB1 de Sever do Vouga. A viagem foi compensada pelo encontro com o escritor José Jorge Letria, que não deixou nenhuma pergunta sem resposta!

Mantém contacto com os seus amigos de infância?

João Amaral, João Laranjo, Ricardo Rodrigues, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Mantenho algum, mas pouco. Lembro-me bem deles e dos tempos que passámos juntos, mas nenhum me acompanhou até à idade adulta.

Quando era criança, já sonhava ser escritor?

1.º Ano da EB1 de Sever do Vouga

Não. Sonhava ser bombeiro, polícia, aviador… O meu pai queria que eu fosse engenheiro naval, mas nunca poderia sê-lo porque não gosto de fazer cálculos.

Porque é que decidiu ser escritor?

4ºA, Escola Portuguesa de Díli, Timor

Só percebi que queria ser escritor depois de escrever um poema em homenagem à minha avó, que tinha morrido há pouco tempo. Não era muito bom, mas tornou-me o poeta de serviço da família. Pediam-me sempre para escrever alguma coisa quando havia um acontecimento especial. Mas eu não gostava muito, sempre preferi escrever o que me apetecia.

É jornalista, político, poeta, escritor, já foi professor e autor de programas de televisão e rádio… De tudo que já fez, o que gostou ou gosta mais de fazer?

1.º Ano da EB1 de Sever do Vouga

Aquilo que fui mais anos foi ser jornalista. Também estive oito anos na Câmara Municipal de Cascais, mas isso não é uma profissão. Continuo a dizer que a minha profissão é jornalista e escritor.

Porque razão enveredou pelo jornalismo?

João Amaral, João Laranjo, Ricardo Rodrigues, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Fui para o jornalismo para ter uma profissão mais próxima da literatura. Todos os jornalistas têm um lado de escritores, também contam histórias, mesmo que nunca escrevam um livro.

Pode explicar-nos como era a sua actividade de correspondente de um jornal espanhol?

João Torres, Susana Antunes, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Trabalhei num jornal de Barcelona, em Espanha, dirigido por um grande autor chamado Manuel Vásquez Montalbán. Eu era correspondente na altura em que estava a acontecer a revolução portuguesa. Escrever em castelhano deu-me um grande conhecimento da língua, mas a experiência também foi importante pelas pessoas que conheci.

Participou como civil no levantamento militar de 25 de Abril de 1974. O que tem a dizer sobre isso?

Dinora Coelho, José Rodrigues, Ricardo Coelho, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Foi das experiências mais emocionantes da minha vida. Era jornalista do jornal A República. Ajudei no que foi preciso, a escrever comunicados e a escolher a música que passava na rádio. Naquela noite vi coisas que mais ninguém viu. Andei pelas ruas de Lisboa à espera de ver as tropas saírem. A maior emoção de todas foi ver os tanques a descerem a Avenida da Liberdade [Lisboa] com o Salgueiro Maia [capitão de Abril]. Os tanques faziam um barulho à passagem que parecia um tremor de terra.

As licenciaturas que tirou foram com o intuito de melhorar a sua vida profissional, ou simplesmente por gosto de conhecimento?

João Amaral, João Laranjo, Ricardo Rodrigues, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Foi mais a segunda razão. Estudei Direito porque, na altura, não havia curso de jornalismo. Depois fiz um mestrado e agora estou a trabalhar num doutoramento. Tudo o que fiz foi para me valorizar e alargar o conhecimento, mais do que para ter novas profissões.

Qual é a sua fonte de inspiração?

Francisca Reis Pereira, 10 anos, Lisboa

É a vida. É difícil dizer no que nos inspiramos. Uma pessoa pode ter a maior imaginação do mundo, mas se não tiver memória está morta. É o que vejo, o que ouço e também me tenho inspirado em perguntas que as crianças me fazem.

Qual foi a personagem que lhe deu mais prazer inventar?

João Palma, São Brás de Alportel

É difícil dizer, já inventei tantas. O João Ar Puro, por exemplo, o Zé Pimpão, O Acelera, ou o pirata que não sabia ler que é de uma peça de teatro que escrevi sobre um pirata que rouba um barco que no lugar de um tesouro tem livros.

“Zé Pimpão, o acelera” é um livro para as crianças de hoje que serão os condutores de amanhã. Considera-se um bom condutor?

1.º Ano da EB1 de Sever do Vouga

Não sou um mau condutor. Um bom condutor domina a viatura, não põe os outros em risco e não excede a velocidade. Escrevi esse livro porque me preocupa a forma como as pessoas conduzem. Algumas pessoas entram no carro e comportam-se como cavaleiros medievais! Queria que nas escolas se falasse do tema para sensibilizar os condutores de amanhã.

Se escrevesse um livro dedicado à chegada do FMI a Portugal, que título lhe daria?

4ºB, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Chamava-lhe FMI, mas com outro significado. Ficava: Fomos Muito Iludidos. É a terceira vez que o FMI vem ao nosso país, eu assisti a todas e esta é a pior. Somos os mais pobres do clube dos ricos e não devíamos ter começado a viver acima das nossas capacidades.

Qual é o tipo de histórias que mais gosta de escrever?

Ana Patrícia, 3º C, Escola EB1 Silves nº1

Tenho escrito muitas biografias de pessoas que era importante vocês conhecerem. Mas o que mais gosto é de escrever histórias de pura imaginação. Gosto de ter as asas soltas para escrever o que quero.

Em que altura do dia costuma escrever?

5ºA, Escola Infante D. Pedro de Buarcos, Figueira da Foz

Sou capaz de escrever em todo o lado e em qualquer altura. Como fui jornalista de um jornal diário, tinha de escrever em cima do joelho, em hotéis, no aeroporto… Escrevia, e ainda escrevo, muito depressa. Mas o que mais gosto é de escrever à noite. É quando tenho mais tempo e estou mais tranquilo.

Quanto tempo demora a escrever um livro?

Ricardo Amaral, 3º C, Escola EB1 Silves nº1

Depende. Sou capaz de escrever um numa semana. Por exemplo, o Zé Pimpão escrevi-o num fim-de-semana, mas se for um livro sobre alguém ou um acontecimento que preciso de investigar, demoro meses. Como escrevo rápido, basta-me ter uma ideia!

Quantas vezes lê os textos antes de os publicar?

2º,3º B, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Há autores que lêem e relêem. Há grandes escritores que fazem isso, mas eu não. Não sou assim, e com esta idade já não se muda.

Sente-se orgulhoso quando vê alguém com um dos seus livros?

2º,3º B, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Sinto satisfação. O orgulho nas relações entre as pessoas pode ser mau, porque pode tornar-se em vaidade, mas também sinto orgulho. Dá-me uma grande satisfação quando sou abordado por casais com filhos em que as duas gerações leram os meus livros. Às vezes também dou sessões de um autógrafo quando uma criança vem ter comigo no hipermercado.

Por que é que tem um poema chamado “Quando eu for pequeno, mãe”, se as pessoas estão sempre a crescer?

Turma bilingue da Escola do Bairro Duarte Pacheco, Braga

À medida que envelhecemos aproximamo-nos da infância. É um poema dedicado à minha mãe, que já tem uma certa idade. É uma maneira de eu dizer como gostava que fossem as coisas quando eu chegar à idade dela.

Quais são os aspectos que se devem ter em atenção ao escolher um livro?

4ºB, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Acima de tudo, devemos ver se é um livro que nos interessa a nós ou a quem o vamos dar. Não devemos seguir as modas, mas seguir os nossos gostos.

Marcos Borga

REPORTAGEM

Viajar com as palavras

Entraram no elevador para subirem até o último piso. Ninguém estava com medo de chegar ao 7º andar, mas sentia-se o nervosismo no ar com o aproximar da entrevista. Liliana Silva, 12 anos, confessou que estava ansiosa por começar e conhecer o escritor José Jorge Letria. Nem foi preciso perguntar aos outros três entrevistadores o que sentiam, era óbvio que estavam de acordo com Liliana.

A entrevista aconteceu na sala de reuniões da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), uma instituição que defende os direitos dos autores portugueses, da qual o escritor é presidente. Ao contrário do habitual, o ambiente na sala não era o de uma reunião séria, mas de um encontro descontraído e amigável.

O escritor deu-lhes as boas vindas e começou por distribuir garrafas de água por toda a gente. Como jornalista, José Jorge Letria sabe que dá sempre jeito ter água por perto durante uma entrevista.

O autor ficou surpreendido com os locais de origem dos quatro visitantes. Liliana Silva veio da Escola da Correlhã, em Ponte de Lima, Pedro Ramos, 11 anos, da Escola Infante D. Pedro, na Figueira da Foz, Luís Ribeirinho, 9 anos, do Centro Educativo Alice Nabeiro, em Campo Maior e Beatriz Baptista, 7 anos, veio da EB1 de Sever do Vouga.

Cada um com o seu roteiro da entrevista na mão foram fazendo as perguntas enviadas pelos leitores da VISÃO Júnior. À medida que as perguntas se sucediam, diminuía o nervosismo. Ouviram histórias e até descobriram algumas coisas sobre o autor que desconheciam.

Pedro Ramos ficou surpreendido quando soube que José Jorge Letria foi autor e cantor de canções.

No fim da conversa, o ambiente de descontração tinha tomado conta da sala. “Até foi fácil fazer estas perguntas todas”, disse Beatriz Baptista.

Chegou a hora dos autógrafos e todos se aglomeraram à volta do escritor. Depois de realizar esta tarefa exigente, José Jorge Letria convidou-os para uma visita guiada ao seu escritório.

À entrada, cruzaram-se com outro grande escritor, António Torrado. O autor ainda brincou e tentou esconder-se, mas reapareceu num ápice e cumprimentou os quatro magníficos.

Ainda houve tempo para verem algumas fotografias de José Jorge Letria. As que mais os surpreenderam eram do tempo em que o escritor dava concertos com Zeca Afonso, um dos maiores compositores e cantores da música portuguesa.

O escritor fez questão de acompanhar os seus entrevistadores à porta. A despedida foi animada e todos sentiam que tinham muito para contar na viagem de regresso a casa. Um verdadeiro percurso de emoções.

A iniciativa Conheço um escritor é promovida pela VISÃO Júnior em parceria com o Plano Nacional de Leitura e a Rede de Bibliotecas Escolares.

Liliana Silva, 12 anos, veio da Escola da Correlhã, em Ponte de Lima, Pedro Ramos, 11 anos, da Escola Infante D. Pedro, na Figueira da Foz, Luís Ribeirinho, 9 anos, do Centro Educativo Alice Nabeiro, em Campo Maior e Beatriz Baptista, 7 anos, veio da EB1 de Sever do Vouga. A viagem foi compensada pelo encontro com o escritor José Jorge Letria, que não deixou nenhuma pergunta sem resposta!

Mantém contacto com os seus amigos de infância?

João Amaral, João Laranjo, Ricardo Rodrigues, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Mantenho algum, mas pouco. Lembro-me bem deles e dos tempos que passámos juntos, mas nenhum me acompanhou até à idade adulta.

Quando era criança, já sonhava ser escritor?

1.º Ano da EB1 de Sever do Vouga

Não. Sonhava ser bombeiro, polícia, aviador… O meu pai queria que eu fosse engenheiro naval, mas nunca poderia sê-lo porque não gosto de fazer cálculos.

Porque é que decidiu ser escritor?

4ºA, Escola Portuguesa de Díli, Timor

Só percebi que queria ser escritor depois de escrever um poema em homenagem à minha avó, que tinha morrido há pouco tempo. Não era muito bom, mas tornou-me o poeta de serviço da família. Pediam-me sempre para escrever alguma coisa quando havia um acontecimento especial. Mas eu não gostava muito, sempre preferi escrever o que me apetecia.

É jornalista, político, poeta, escritor, já foi professor e autor de programas de televisão e rádio… De tudo que já fez, o que gostou ou gosta mais de fazer?

1.º Ano da EB1 de Sever do Vouga

Aquilo que fui mais anos foi ser jornalista. Também estive oito anos na Câmara Municipal de Cascais, mas isso não é uma profissão. Continuo a dizer que a minha profissão é jornalista e escritor.

Porque razão enveredou pelo jornalismo?

João Amaral, João Laranjo, Ricardo Rodrigues, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Fui para o jornalismo para ter uma profissão mais próxima da literatura. Todos os jornalistas têm um lado de escritores, também contam histórias, mesmo que nunca escrevam um livro.

Pode explicar-nos como era a sua actividade de correspondente de um jornal espanhol?

João Torres, Susana Antunes, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Trabalhei num jornal de Barcelona, em Espanha, dirigido por um grande autor chamado Manuel Vásquez Montalbán. Eu era correspondente na altura em que estava a acontecer a revolução portuguesa. Escrever em castelhano deu-me um grande conhecimento da língua, mas a experiência também foi importante pelas pessoas que conheci.

Participou como civil no levantamento militar de 25 de Abril de 1974. O que tem a dizer sobre isso?

Dinora Coelho, José Rodrigues, Ricardo Coelho, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Foi das experiências mais emocionantes da minha vida. Era jornalista do jornal A República. Ajudei no que foi preciso, a escrever comunicados e a escolher a música que passava na rádio. Naquela noite vi coisas que mais ninguém viu. Andei pelas ruas de Lisboa à espera de ver as tropas saírem. A maior emoção de todas foi ver os tanques a descerem a Avenida da Liberdade [Lisboa] com o Salgueiro Maia [capitão de Abril]. Os tanques faziam um barulho à passagem que parecia um tremor de terra.

As licenciaturas que tirou foram com o intuito de melhorar a sua vida profissional, ou simplesmente por gosto de conhecimento?

João Amaral, João Laranjo, Ricardo Rodrigues, EBI/JI da Correlhã, Ponte de Lima

Foi mais a segunda razão. Estudei Direito porque, na altura, não havia curso de jornalismo. Depois fiz um mestrado e agora estou a trabalhar num doutoramento. Tudo o que fiz foi para me valorizar e alargar o conhecimento, mais do que para ter novas profissões.

Qual é a sua fonte de inspiração?

Francisca Reis Pereira, 10 anos, Lisboa

É a vida. É difícil dizer no que nos inspiramos. Uma pessoa pode ter a maior imaginação do mundo, mas se não tiver memória está morta. É o que vejo, o que ouço e também me tenho inspirado em perguntas que as crianças me fazem.

Qual foi a personagem que lhe deu mais prazer inventar?

João Palma, São Brás de Alportel

É difícil dizer, já inventei tantas. O João Ar Puro, por exemplo, o Zé Pimpão, O Acelera, ou o pirata que não sabia ler que é de uma peça de teatro que escrevi sobre um pirata que rouba um barco que no lugar de um tesouro tem livros.

“Zé Pimpão, o acelera” é um livro para as crianças de hoje que serão os condutores de amanhã. Considera-se um bom condutor?

1.º Ano da EB1 de Sever do Vouga

Não sou um mau condutor. Um bom condutor domina a viatura, não põe os outros em risco e não excede a velocidade. Escrevi esse livro porque me preocupa a forma como as pessoas conduzem. Algumas pessoas entram no carro e comportam-se como cavaleiros medievais! Queria que nas escolas se falasse do tema para sensibilizar os condutores de amanhã.

Se escrevesse um livro dedicado à chegada do FMI a Portugal, que título lhe daria?

4ºB, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Chamava-lhe FMI, mas com outro significado. Ficava: Fomos Muito Iludidos. É a terceira vez que o FMI vem ao nosso país, eu assisti a todas e esta é a pior. Somos os mais pobres do clube dos ricos e não devíamos ter começado a viver acima das nossas capacidades.

Qual é o tipo de histórias que mais gosta de escrever?

Ana Patrícia, 3º C, Escola EB1 Silves nº1

Tenho escrito muitas biografias de pessoas que era importante vocês conhecerem. Mas o que mais gosto é de escrever histórias de pura imaginação. Gosto de ter as asas soltas para escrever o que quero.

Em que altura do dia costuma escrever?

5ºA, Escola Infante D. Pedro de Buarcos, Figueira da Foz

Sou capaz de escrever em todo o lado e em qualquer altura. Como fui jornalista de um jornal diário, tinha de escrever em cima do joelho, em hotéis, no aeroporto… Escrevia, e ainda escrevo, muito depressa. Mas o que mais gosto é de escrever à noite. É quando tenho mais tempo e estou mais tranquilo.

Quanto tempo demora a escrever um livro?

Ricardo Amaral, 3º C, Escola EB1 Silves nº1

Depende. Sou capaz de escrever um numa semana. Por exemplo, o Zé Pimpão escrevi-o num fim-de-semana, mas se for um livro sobre alguém ou um acontecimento que preciso de investigar, demoro meses. Como escrevo rápido, basta-me ter uma ideia!

Quantas vezes lê os textos antes de os publicar?

2º,3º B, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Há autores que lêem e relêem. Há grandes escritores que fazem isso, mas eu não. Não sou assim, e com esta idade já não se muda.

Sente-se orgulhoso quando vê alguém com um dos seus livros?

2º,3º B, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Sinto satisfação. O orgulho nas relações entre as pessoas pode ser mau, porque pode tornar-se em vaidade, mas também sinto orgulho. Dá-me uma grande satisfação quando sou abordado por casais com filhos em que as duas gerações leram os meus livros. Às vezes também dou sessões de um autógrafo quando uma criança vem ter comigo no hipermercado.

Por que é que tem um poema chamado “Quando eu for pequeno, mãe”, se as pessoas estão sempre a crescer?

Turma bilingue da Escola do Bairro Duarte Pacheco, Braga

À medida que envelhecemos aproximamo-nos da infância. É um poema dedicado à minha mãe, que já tem uma certa idade. É uma maneira de eu dizer como gostava que fossem as coisas quando eu chegar à idade dela.

Quais são os aspectos que se devem ter em atenção ao escolher um livro?

4ºB, Escola Básica do Seixo, Gondomar

Acima de tudo, devemos ver se é um livro que nos interessa a nós ou a quem o vamos dar. Não devemos seguir as modas, mas seguir os nossos gostos.

Marcos Borga

REPORTAGEM

Viajar com as palavras

Entraram no elevador para subirem até o último piso. Ninguém estava com medo de chegar ao 7º andar, mas sentia-se o nervosismo no ar com o aproximar da entrevista. Liliana Silva, 12 anos, confessou que estava ansiosa por começar e conhecer o escritor José Jorge Letria. Nem foi preciso perguntar aos outros três entrevistadores o que sentiam, era óbvio que estavam de acordo com Liliana.

A entrevista aconteceu na sala de reuniões da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), uma instituição que defende os direitos dos autores portugueses, da qual o escritor é presidente. Ao contrário do habitual, o ambiente na sala não era o de uma reunião séria, mas de um encontro descontraído e amigável.

O escritor deu-lhes as boas vindas e começou por distribuir garrafas de água por toda a gente. Como jornalista, José Jorge Letria sabe que dá sempre jeito ter água por perto durante uma entrevista.

O autor ficou surpreendido com os locais de origem dos quatro visitantes. Liliana Silva veio da Escola da Correlhã, em Ponte de Lima, Pedro Ramos, 11 anos, da Escola Infante D. Pedro, na Figueira da Foz, Luís Ribeirinho, 9 anos, do Centro Educativo Alice Nabeiro, em Campo Maior e Beatriz Baptista, 7 anos, veio da EB1 de Sever do Vouga.

Cada um com o seu roteiro da entrevista na mão foram fazendo as perguntas enviadas pelos leitores da VISÃO Júnior. À medida que as perguntas se sucediam, diminuía o nervosismo. Ouviram histórias e até descobriram algumas coisas sobre o autor que desconheciam.

Pedro Ramos ficou surpreendido quando soube que José Jorge Letria foi autor e cantor de canções.

No fim da conversa, o ambiente de descontração tinha tomado conta da sala. “Até foi fácil fazer estas perguntas todas”, disse Beatriz Baptista.

Chegou a hora dos autógrafos e todos se aglomeraram à volta do escritor. Depois de realizar esta tarefa exigente, José Jorge Letria convidou-os para uma visita guiada ao seu escritório.

À entrada, cruzaram-se com outro grande escritor, António Torrado. O autor ainda brincou e tentou esconder-se, mas reapareceu num ápice e cumprimentou os quatro magníficos.

Ainda houve tempo para verem algumas fotografias de José Jorge Letria. As que mais os surpreenderam eram do tempo em que o escritor dava concertos com Zeca Afonso, um dos maiores compositores e cantores da música portuguesa.

O escritor fez questão de acompanhar os seus entrevistadores à porta. A despedida foi animada e todos sentiam que tinham muito para contar na viagem de regresso a casa. Um verdadeiro percurso de emoções.

A iniciativa Conheço um escritor é promovida pela VISÃO Júnior em parceria com o Plano Nacional de Leitura e a Rede de Bibliotecas Escolares.

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