Correio da Manhã

23-05-2019
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Yanukovich dita fim da revolução

8 de Fevereiro de 2010 às 00:30

Seis anos depois de ter visto a vitória nas presidenciais anulada pelo movimento que ficou conhecido como ‘Revolução Laranja’, o candidato pró-russo Viktor Yanukovich obteve ontem a desforra ao triunfar na segunda volta das presidenciais ucranianas. As projecções à boca das urnas davam-lhe 48,7 por cento dos votos contra 45,5 por cento da rival, a primeira-ministra Yulia Tymoshenko.

'É uma vitória absoluta para Yanukovich, afirmou Anna German, conselheira do candidato, alertando a rival que de nada servirá contestar os resultados.

Antes do encerramento das urnas os apoiantes da líder de governo denunciaram uma alegada fraude. 'Os apoiantes de Yanukovich fizeram de tudo, desde bloquear o trabalho dos nossos observadores em Donetsk a acções de banditismo em regiões ocidentais', afirmou Oleksander Turchynov, director de campanha de Tymoshenko.

As alegações não foram confirmadas pelos observadores internacionais, como explicou ao CM o eurodeputado João Soares, coordenador da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

A vitória de Yanukovich é o toque de finados da ‘Revolução’. Após a eliminação, na primeira volta, de Viktor Yuschenko (que personificou a viragem democrática), a derrota de Tymoshenko consuma o fracasso de uma mudança que endividou a Ucrânia e a deixou entre a União Europeia e a Rússia, sem integração verdadeira num lado ou noutro.

IMIGRANTES PELA MUDANÇA

Alguns imigrantes ucranianos em Portugal manifestaram um optimismo moderado na mudança, como se depreendia de várias conversas na fila de espera para votar. Até a meio da tarde já tinham votado mais de 700 eleitores na embaixada em Lisboa e 300 no consulado do Porto, esperando-se muitos mais até ao fecho das urnas. Marta Dzhurak, estudante de 19 anos, estava confiante. 'Acredito que estas eleições ajudarão nas reformas internas e na adesão à UE', afirmou ao CM, considerando Yulia Tymoshenko 'uma mulher forte, com boas ideias' para mudar o país. Opinião partilhada por Vitaliy Shevchuk, de 49 anos, professor, que aposta na 'ruptura com o passado'. Já o padre católico Demetrio Lubiv manifestou 'esperança de que seja eleito alguém que ame o país'. n P.M.

'O SISTEMA FUNCIONOU': João Soares, coordenador dos observadores da OSCE

CM – Tymoshenko fala de fraude. Há sinais de irregularidades?

João Soares – Não. Em todos os locais, de Odessa e Donetsk às regiões mais ocidentais,não há casos de manipulaçãodo voto.

– Como interpreta as acusações da líder de governo?

– Não posso fazer juízos, mas penso que, de ambos os lados, há alguma falta de preparação para a derrota.

– As alterações da lei eleitoral afectaram a transparência da votação?

– Nem tudo está como desejávamos, mas o sistema funcionou.

"AS DIVISÕES ESTÃO NA CABEÇA DOS POLÍTICOS": Rostyslav Tronenko, Embaixador da Ucrânia em Lisboa comenta as eleições presidenciais no seu país

Correio da Manhã – Quais as prioridades do novo presidente?

Rostyslav Tronenko – Uma das prioridades é a melhoria da situação económica. Também na área da integração europeia será necessário que o novo presidente continue a política do seu antecessor. Prioridades são também as reformas internas, adiadas por umacerta instabilidade política.

– Tem sido percorrido o caminho certo após a independência?

- A Ucrânia está no caminho certo. A primeira volta correu bem e estou optimista quanto ao futuro.

– Mas é um país com profundas divisões...

– Não acredito muito nisso. As divisões ocorrem mais na cabeça dos políticos.

– Espera melhorias a breve prazo?

– A situação pode melhorar a médio prazo. Mas a Ucrânia é já um país aberto. Por exemplo, desde 2005 que os portugueses não precisam de visto para entrar no paíse a liberdade de Imprensa é total.

– Pensa que regressarão mais imigrantes após as eleições?

– Depende do sucesso das reformas do novo presidente. Só as mudanças na qualidade de vida podem fazer as pessoas regressar.

Yanukovich dita fim da revolução

8 de Fevereiro de 2010 às 00:30

Seis anos depois de ter visto a vitória nas presidenciais anulada pelo movimento que ficou conhecido como ‘Revolução Laranja’, o candidato pró-russo Viktor Yanukovich obteve ontem a desforra ao triunfar na segunda volta das presidenciais ucranianas. As projecções à boca das urnas davam-lhe 48,7 por cento dos votos contra 45,5 por cento da rival, a primeira-ministra Yulia Tymoshenko.

'É uma vitória absoluta para Yanukovich, afirmou Anna German, conselheira do candidato, alertando a rival que de nada servirá contestar os resultados.

Antes do encerramento das urnas os apoiantes da líder de governo denunciaram uma alegada fraude. 'Os apoiantes de Yanukovich fizeram de tudo, desde bloquear o trabalho dos nossos observadores em Donetsk a acções de banditismo em regiões ocidentais', afirmou Oleksander Turchynov, director de campanha de Tymoshenko.

As alegações não foram confirmadas pelos observadores internacionais, como explicou ao CM o eurodeputado João Soares, coordenador da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

A vitória de Yanukovich é o toque de finados da ‘Revolução’. Após a eliminação, na primeira volta, de Viktor Yuschenko (que personificou a viragem democrática), a derrota de Tymoshenko consuma o fracasso de uma mudança que endividou a Ucrânia e a deixou entre a União Europeia e a Rússia, sem integração verdadeira num lado ou noutro.

IMIGRANTES PELA MUDANÇA

Alguns imigrantes ucranianos em Portugal manifestaram um optimismo moderado na mudança, como se depreendia de várias conversas na fila de espera para votar. Até a meio da tarde já tinham votado mais de 700 eleitores na embaixada em Lisboa e 300 no consulado do Porto, esperando-se muitos mais até ao fecho das urnas. Marta Dzhurak, estudante de 19 anos, estava confiante. 'Acredito que estas eleições ajudarão nas reformas internas e na adesão à UE', afirmou ao CM, considerando Yulia Tymoshenko 'uma mulher forte, com boas ideias' para mudar o país. Opinião partilhada por Vitaliy Shevchuk, de 49 anos, professor, que aposta na 'ruptura com o passado'. Já o padre católico Demetrio Lubiv manifestou 'esperança de que seja eleito alguém que ame o país'. n P.M.

'O SISTEMA FUNCIONOU': João Soares, coordenador dos observadores da OSCE

CM – Tymoshenko fala de fraude. Há sinais de irregularidades?

João Soares – Não. Em todos os locais, de Odessa e Donetsk às regiões mais ocidentais,não há casos de manipulaçãodo voto.

– Como interpreta as acusações da líder de governo?

– Não posso fazer juízos, mas penso que, de ambos os lados, há alguma falta de preparação para a derrota.

– As alterações da lei eleitoral afectaram a transparência da votação?

– Nem tudo está como desejávamos, mas o sistema funcionou.

"AS DIVISÕES ESTÃO NA CABEÇA DOS POLÍTICOS": Rostyslav Tronenko, Embaixador da Ucrânia em Lisboa comenta as eleições presidenciais no seu país

Correio da Manhã – Quais as prioridades do novo presidente?

Rostyslav Tronenko – Uma das prioridades é a melhoria da situação económica. Também na área da integração europeia será necessário que o novo presidente continue a política do seu antecessor. Prioridades são também as reformas internas, adiadas por umacerta instabilidade política.

– Tem sido percorrido o caminho certo após a independência?

- A Ucrânia está no caminho certo. A primeira volta correu bem e estou optimista quanto ao futuro.

– Mas é um país com profundas divisões...

– Não acredito muito nisso. As divisões ocorrem mais na cabeça dos políticos.

– Espera melhorias a breve prazo?

– A situação pode melhorar a médio prazo. Mas a Ucrânia é já um país aberto. Por exemplo, desde 2005 que os portugueses não precisam de visto para entrar no paíse a liberdade de Imprensa é total.

– Pensa que regressarão mais imigrantes após as eleições?

– Depende do sucesso das reformas do novo presidente. Só as mudanças na qualidade de vida podem fazer as pessoas regressar.

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