Ó camaradas, vamos coligar-nos!

19-02-2017
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Atentíssima e solerte coluna esta, que sabe tudo, mesmo o que não se passa nem passou, conseguiu descortinar por que razão os suspensórios do Governo, também conhecidos – e bem – por Bloco de Esquerda e PCP, se mantêm a segurar as calças (e o que mais houver a segurar) de Costa e do PS. A discussão estava acesa

- Ó camarada, dizia a Mortágua, essa do Domingues ganhar mais de 30 mil euros por mês ofende-me. Aliás, temos de ir a ele, sem vergonha, porque temos sempre vergonha de atacar os ricos!

- Ó camarada, dizia o João Oliveira, o PCP não podia estar mais de acordo com essa posição. Nós pensamos que três mil euros chegam perfeitamente para as necessidades de qualquer português. É por isso que todos os que ganharem acima disso devem pagar complementos e agravamentos de impostos.

- Para, ó camarada, insistiu a Mortágua, não falar no património!

- Exatamente, ó camarada, tornou o Oliveira.

- Calma, camaradas, dizia o Centeno um pouco aflito. O Orçamento é de esquerda e isso devia chegar-vos. Mas a Caixa Geral de Depósitos é claramente do sistema financeiro neoliberal de direita e tem de pagar de acordo com esses parâmetros. Ora, visto assim, 30 mil por mês nem é muito…

- Não é muito???!!! Mortágua nem queria acreditar. É imenso. Isto é o fim da geringonça. É o fim da nossa colaboração.

- Digo mais – acrescentou o Oliveira – pela primeira vez aquele rapaz Marques Mendes vai ter razão. Isto é intolerável. Se vocês não têm 10 euros para um reformado, mas têm três mil vezes isso para um Domingues, acaba-se a coisa. Nunca trairemos os nossos apoiantes, os nossos votantes, os nossos militantes, os portugueses!

- Nem nós! Exclamou Mortágua. Nunca trairemos os nossos militantes…

- Vocês não têm militantes. Quando muito têm cento e tantes…

- Ó camaradas, insistia o Centeno, tenham calma. Tudo se resolve. Esperem só que o nosso querido primeiro-ministro venha aí por calma nisto. Vá lá.

E, como se os desejos de Centeno se concretizassem, entrou na sala o Dr. Costa com um jornal debaixo do braço. Sentou-se e com o seu sorriso disse:

- Já viram o que o Passos Coelho diz aqui?

- Não – responderam os outros em coro.

- Diz para a gente se deixar de fanfarronices!

- O quê? Isso é um insulto, clamou Mortágua.

- Uma provocação! Uma provocação, repetiu Oliveira.

- Temos de responder – disse calmamente o primeiro-ministro.

E todos se remeteram ao silêncio, até que Oliveira disse:

- E se a gente voltasse a apoiar o Governo do PS?

- Por mim, acho que é a resposta que ele merece, disse Mortágua.

- Eu estou disponível para receber o vosso apoio, acrescentou Costa.

- Vou já pagar ao Domingues, apressou-se o Centeno.

E, posto isto, cada um foi à sua vida. Costa, sozinho na sala, pegou no telemóvel e esperou que a baritonada voz de Passos o atendesse.

- Boa, Passos, continua. Isto assim fica bom para mim e para ti. Nunca desistas de dizer coisas. Obrigado!

NPIU (ou seja, Nota Publicitária de Interesse Universal) - A partir desta semana, à sexta-feira, ao fim do dia (19 h), o Comendador Marques de Correia faz o abano - talvez seja melhor dizer o balanço - da semana aos microfones da Rádio Renascença. Sob a batuta de José Pedro Frazão e os auspício de Raquel Abecassis, com convidados de gabarito, da esquerda à direita, aos quais se lambem as botas com devoção. É uma coisa a não perder, a menos que haja futebol, claro.

Atentíssima e solerte coluna esta, que sabe tudo, mesmo o que não se passa nem passou, conseguiu descortinar por que razão os suspensórios do Governo, também conhecidos – e bem – por Bloco de Esquerda e PCP, se mantêm a segurar as calças (e o que mais houver a segurar) de Costa e do PS. A discussão estava acesa

- Ó camarada, dizia a Mortágua, essa do Domingues ganhar mais de 30 mil euros por mês ofende-me. Aliás, temos de ir a ele, sem vergonha, porque temos sempre vergonha de atacar os ricos!

- Ó camarada, dizia o João Oliveira, o PCP não podia estar mais de acordo com essa posição. Nós pensamos que três mil euros chegam perfeitamente para as necessidades de qualquer português. É por isso que todos os que ganharem acima disso devem pagar complementos e agravamentos de impostos.

- Para, ó camarada, insistiu a Mortágua, não falar no património!

- Exatamente, ó camarada, tornou o Oliveira.

- Calma, camaradas, dizia o Centeno um pouco aflito. O Orçamento é de esquerda e isso devia chegar-vos. Mas a Caixa Geral de Depósitos é claramente do sistema financeiro neoliberal de direita e tem de pagar de acordo com esses parâmetros. Ora, visto assim, 30 mil por mês nem é muito…

- Não é muito???!!! Mortágua nem queria acreditar. É imenso. Isto é o fim da geringonça. É o fim da nossa colaboração.

- Digo mais – acrescentou o Oliveira – pela primeira vez aquele rapaz Marques Mendes vai ter razão. Isto é intolerável. Se vocês não têm 10 euros para um reformado, mas têm três mil vezes isso para um Domingues, acaba-se a coisa. Nunca trairemos os nossos apoiantes, os nossos votantes, os nossos militantes, os portugueses!

- Nem nós! Exclamou Mortágua. Nunca trairemos os nossos militantes…

- Vocês não têm militantes. Quando muito têm cento e tantes…

- Ó camaradas, insistia o Centeno, tenham calma. Tudo se resolve. Esperem só que o nosso querido primeiro-ministro venha aí por calma nisto. Vá lá.

E, como se os desejos de Centeno se concretizassem, entrou na sala o Dr. Costa com um jornal debaixo do braço. Sentou-se e com o seu sorriso disse:

- Já viram o que o Passos Coelho diz aqui?

- Não – responderam os outros em coro.

- Diz para a gente se deixar de fanfarronices!

- O quê? Isso é um insulto, clamou Mortágua.

- Uma provocação! Uma provocação, repetiu Oliveira.

- Temos de responder – disse calmamente o primeiro-ministro.

E todos se remeteram ao silêncio, até que Oliveira disse:

- E se a gente voltasse a apoiar o Governo do PS?

- Por mim, acho que é a resposta que ele merece, disse Mortágua.

- Eu estou disponível para receber o vosso apoio, acrescentou Costa.

- Vou já pagar ao Domingues, apressou-se o Centeno.

E, posto isto, cada um foi à sua vida. Costa, sozinho na sala, pegou no telemóvel e esperou que a baritonada voz de Passos o atendesse.

- Boa, Passos, continua. Isto assim fica bom para mim e para ti. Nunca desistas de dizer coisas. Obrigado!

NPIU (ou seja, Nota Publicitária de Interesse Universal) - A partir desta semana, à sexta-feira, ao fim do dia (19 h), o Comendador Marques de Correia faz o abano - talvez seja melhor dizer o balanço - da semana aos microfones da Rádio Renascença. Sob a batuta de José Pedro Frazão e os auspício de Raquel Abecassis, com convidados de gabarito, da esquerda à direita, aos quais se lambem as botas com devoção. É uma coisa a não perder, a menos que haja futebol, claro.

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