Bloco de notas da reportagem no PSD. Dia 9. O colinho de Rangel e a chapada antes da Marinha Grande

22-05-2019
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Cabeça de lista do PSD vai receber muito colinho na segunda semana. Já teve Passos e Manuela e vai ter Menezes. Além do presidente Rui Rio todos os dias até ao final da campanha.

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Paulo Rangel não tem poupado Pedro Marques a críticas por estar na sombra de António Costa e já lhe chamou de candidato virtual, “fake candidate” e “side car”. Tem lembrado que Costa chegou a fazer cinco comícios em 48 horas e que é ele o seu verdadeiro adversário. Mas Rio vai aparecer todos os dias até ao final da campanha a começar já esta terça-feira. Não há um único dia em que o líder não apareça. Rio de terça a sexta: esta noite no comício em Aveiro, na quarta-feira em duas ações (em Mira e em Cantanhede) e também quinta e sexta-feira, dias das tradicionais descidas do Chiado e Santa Catarina.

A marca dos últimos dois dias (ontem não houve notas de campanha por causa do debate) é que o candidato do PSD tem recebido “colinho” de vários quadrantes do partido: barões, baronetes, basistas, passistas, rioistas, ferreiristas, elitistas, sulistas e liberais. Na segunda-feira foi Passos Coelho, esta terça-feira Manuela Ferreira Leite, amanhã ao almoço é a vez de Luís Filipe Menezes e isto quando a acompanha avança para a reta final. E já tinha havido José Pedro Aguiar-Branco e Luís Montenegro.

Outro ponto que tem marcado a atividade de Rangel tem sido uma certa autocrítica. No debate de segunda-feira à noite penitenciou-se pelo uso da expressão “voto fútil” quando apelou ao “voto útil” no PSD. Nesse mesmo debate, quando deu um mau exemplo de governação por influência de Bruxelas, apontou a resolução do BES, uma decisão do Banco de Portugal altamente patrocinada por Passos Coelho. Já esta segunda-feira, pela manhã, admitiu que os problemas estruturais do ordenamento da floresta também incluem “responsabilidades” de governos PSD. Primeira ideia a transmitir: o PSD já errou, mas o PS erra muito mais. Segunda ideia: Rangel erra, mas Pedro Marques é um manipulador que não passa no teste do polígrafo.

Do ponto de vista da mensagem, o dia de Rangel foi dedicado às Pequenas e Médias Empresas, com um pequeno intervalo para a visita aos bombeiros da Marinha Grande, com visita ao Pinhal de Leiria. A chapada da Marinha Grande — expressão associada ao ato de violência que impulsionou Soares para a vitória em 86 contra Freitas — que Rangel quis dar ao governo foi novamente os incêndios de 2017. Denunciar a negligência no passado, bem como a incapacidade de prever novas situações no futuro.

Mas a verdadeira chapada para a campanha foi a sondagem da Católica/RTP/Público. Rangel continua a desvalorizar as sondagens e até atacou diretamente os jornalistas (por não noticiarem a informação de que elas são bastante falíveis). Além disso, descredibilizou a entidade que fez a pior sondagem das últimas (“falhou por 20% no Porto”). Rangel aproveitou ainda o facto de estar com Pedro Marques em Aveiro para visitar atividades ligadas à pesca para dizer que “é natural” que ele e Marques estejam “taco-a-taco” pois é assim que está a “ver a campanha”.

Alto. Os apoios que Paulo Rangel tem tido na campanha mostram que é uma figura que consegue ser consensual em todo o partido. Ele vem do lado dos barões (nasceu para o estrelato no ferreirismo), de Miguel Veiga e até de Rio (que o levou para a política para desenhar o seu programa eleitoral), mas era desejado pelo passismo para impedir Rio e foi-se aproximando de Passos Coelho. Isso ajuda na mobilização que o partido tem tido, apesar de cinco distritais terem estado em guerra com o líder Rui Rio há pouco mais de três meses.

Baixo. Paulo Rangel tem todo o direito de desvalorizar sondagens, mas acusar a comunicação social de não mostrar devidamente as fichas técnicas soa a vitimização. A sondagem é da RTP e do Público, que destacaram devidamente todas as informações obrigatórias por lei e que mostram sempre em todas as sondagens. Já os restantes órgãos, colocaram o link para os artigos que têm a ficha técnica. Sempre foi assim, não é nenhuma conspiração mediática contra Rangel.

Avelino Cristino, reformado de 70 anos, estava há mais de 35 minutos à espera de Paulo Rangel quando falou com o Observador sobre as Europeias. Disse que espera que Rangel “seja um bom candidato”, usando a experiência que tem “porque já lá esteve na União Europeia”. Deseja que Rangel “seja bom para nós”, que “procure os interesses de Portugal e dos portugueses. E que nos defenda.”

O aveirense defende que “é importante que Rangel puxe pelos interesses na área da economia e da defesa”, duas áreas em que o apoio de Bruxelas é fundamental principalmente para os países que estão “no sul da Europa”. Avelino não tem dúvidas do benefício da integração europeia e defende que a UE fez de Portugal “um país mais forte, porque quando não pertencíamos à UE estávamos sempre na cauda”. E acrescentou: “Beneficiámos. Ordenados maiores, mais trabalho”.

Não é militante, mas simpatizante do PSD, partido de que gosta de “defender as cores”. Começou no “tempo do Sá Carneiro” porque simpatizava com a figura e não mais deixou de votar PSD. “Votei em todas as eleições”. Fará o mesmo nestas. E destaca: “É como no futebol, a cor para mim vale tudo”. Diz ainda que de todos os outros candidatos há apenas um parecido com Rangel: “Nuno Melo.”

Paulo Rangel fez o segundo brinde da campanha, nas Caves Messias, na Mealhada. Mesmo assim ainda está a perder 10-2 para a campanha Aliança Portugal de há cinco anos. Campanha a que chegaram a chamar, num registo humorístico, de “Caves Aliança Portugal” pelo avolumar de visitas a caves de vinho. O candidato do PSD voltou a brindar à vitória do PSD, tal como tinha feito em Moimenta da Beira, e também contra a abstenção e ao “reforço do peso de Portugal na União Europeia”

Na segunda-feira não houve notas de campanha, mas a comitiva e a equipa do Observador percorreram 505 quilómetros, com o maior esticão a ser matinal: Gaia-Cais do Sodré. Já este terça-feira, a manhã começou com uma deslocação de Lisboa à Marinha Grande e o dia vai acabar no Luso com passagem em Aveiro. Somam-se mais 389 quilómetros. A juntar os 894 quilómetros dos últimos dois dias aos 1794 quilómetros dos sete dias anteriores há um acumulado de 2 688 quilómetros.

Oiça as melhores histórias destas eleições europeias no podcast do Observador Eurovisões , publicado de segunda a sexta-feira até ao dia do voto.

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Cabeça de lista do PSD vai receber muito colinho na segunda semana. Já teve Passos e Manuela e vai ter Menezes. Além do presidente Rui Rio todos os dias até ao final da campanha.

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Paulo Rangel não tem poupado Pedro Marques a críticas por estar na sombra de António Costa e já lhe chamou de candidato virtual, “fake candidate” e “side car”. Tem lembrado que Costa chegou a fazer cinco comícios em 48 horas e que é ele o seu verdadeiro adversário. Mas Rio vai aparecer todos os dias até ao final da campanha a começar já esta terça-feira. Não há um único dia em que o líder não apareça. Rio de terça a sexta: esta noite no comício em Aveiro, na quarta-feira em duas ações (em Mira e em Cantanhede) e também quinta e sexta-feira, dias das tradicionais descidas do Chiado e Santa Catarina.

A marca dos últimos dois dias (ontem não houve notas de campanha por causa do debate) é que o candidato do PSD tem recebido “colinho” de vários quadrantes do partido: barões, baronetes, basistas, passistas, rioistas, ferreiristas, elitistas, sulistas e liberais. Na segunda-feira foi Passos Coelho, esta terça-feira Manuela Ferreira Leite, amanhã ao almoço é a vez de Luís Filipe Menezes e isto quando a acompanha avança para a reta final. E já tinha havido José Pedro Aguiar-Branco e Luís Montenegro.

Outro ponto que tem marcado a atividade de Rangel tem sido uma certa autocrítica. No debate de segunda-feira à noite penitenciou-se pelo uso da expressão “voto fútil” quando apelou ao “voto útil” no PSD. Nesse mesmo debate, quando deu um mau exemplo de governação por influência de Bruxelas, apontou a resolução do BES, uma decisão do Banco de Portugal altamente patrocinada por Passos Coelho. Já esta segunda-feira, pela manhã, admitiu que os problemas estruturais do ordenamento da floresta também incluem “responsabilidades” de governos PSD. Primeira ideia a transmitir: o PSD já errou, mas o PS erra muito mais. Segunda ideia: Rangel erra, mas Pedro Marques é um manipulador que não passa no teste do polígrafo.

Do ponto de vista da mensagem, o dia de Rangel foi dedicado às Pequenas e Médias Empresas, com um pequeno intervalo para a visita aos bombeiros da Marinha Grande, com visita ao Pinhal de Leiria. A chapada da Marinha Grande — expressão associada ao ato de violência que impulsionou Soares para a vitória em 86 contra Freitas — que Rangel quis dar ao governo foi novamente os incêndios de 2017. Denunciar a negligência no passado, bem como a incapacidade de prever novas situações no futuro.

Mas a verdadeira chapada para a campanha foi a sondagem da Católica/RTP/Público. Rangel continua a desvalorizar as sondagens e até atacou diretamente os jornalistas (por não noticiarem a informação de que elas são bastante falíveis). Além disso, descredibilizou a entidade que fez a pior sondagem das últimas (“falhou por 20% no Porto”). Rangel aproveitou ainda o facto de estar com Pedro Marques em Aveiro para visitar atividades ligadas à pesca para dizer que “é natural” que ele e Marques estejam “taco-a-taco” pois é assim que está a “ver a campanha”.

Alto. Os apoios que Paulo Rangel tem tido na campanha mostram que é uma figura que consegue ser consensual em todo o partido. Ele vem do lado dos barões (nasceu para o estrelato no ferreirismo), de Miguel Veiga e até de Rio (que o levou para a política para desenhar o seu programa eleitoral), mas era desejado pelo passismo para impedir Rio e foi-se aproximando de Passos Coelho. Isso ajuda na mobilização que o partido tem tido, apesar de cinco distritais terem estado em guerra com o líder Rui Rio há pouco mais de três meses.

Baixo. Paulo Rangel tem todo o direito de desvalorizar sondagens, mas acusar a comunicação social de não mostrar devidamente as fichas técnicas soa a vitimização. A sondagem é da RTP e do Público, que destacaram devidamente todas as informações obrigatórias por lei e que mostram sempre em todas as sondagens. Já os restantes órgãos, colocaram o link para os artigos que têm a ficha técnica. Sempre foi assim, não é nenhuma conspiração mediática contra Rangel.

Avelino Cristino, reformado de 70 anos, estava há mais de 35 minutos à espera de Paulo Rangel quando falou com o Observador sobre as Europeias. Disse que espera que Rangel “seja um bom candidato”, usando a experiência que tem “porque já lá esteve na União Europeia”. Deseja que Rangel “seja bom para nós”, que “procure os interesses de Portugal e dos portugueses. E que nos defenda.”

O aveirense defende que “é importante que Rangel puxe pelos interesses na área da economia e da defesa”, duas áreas em que o apoio de Bruxelas é fundamental principalmente para os países que estão “no sul da Europa”. Avelino não tem dúvidas do benefício da integração europeia e defende que a UE fez de Portugal “um país mais forte, porque quando não pertencíamos à UE estávamos sempre na cauda”. E acrescentou: “Beneficiámos. Ordenados maiores, mais trabalho”.

Não é militante, mas simpatizante do PSD, partido de que gosta de “defender as cores”. Começou no “tempo do Sá Carneiro” porque simpatizava com a figura e não mais deixou de votar PSD. “Votei em todas as eleições”. Fará o mesmo nestas. E destaca: “É como no futebol, a cor para mim vale tudo”. Diz ainda que de todos os outros candidatos há apenas um parecido com Rangel: “Nuno Melo.”

Paulo Rangel fez o segundo brinde da campanha, nas Caves Messias, na Mealhada. Mesmo assim ainda está a perder 10-2 para a campanha Aliança Portugal de há cinco anos. Campanha a que chegaram a chamar, num registo humorístico, de “Caves Aliança Portugal” pelo avolumar de visitas a caves de vinho. O candidato do PSD voltou a brindar à vitória do PSD, tal como tinha feito em Moimenta da Beira, e também contra a abstenção e ao “reforço do peso de Portugal na União Europeia”

Na segunda-feira não houve notas de campanha, mas a comitiva e a equipa do Observador percorreram 505 quilómetros, com o maior esticão a ser matinal: Gaia-Cais do Sodré. Já este terça-feira, a manhã começou com uma deslocação de Lisboa à Marinha Grande e o dia vai acabar no Luso com passagem em Aveiro. Somam-se mais 389 quilómetros. A juntar os 894 quilómetros dos últimos dois dias aos 1794 quilómetros dos sete dias anteriores há um acumulado de 2 688 quilómetros.

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