"Soure vive défice de Democracia e Liberdade"

13-11-2018
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Carlos Páscoa - "Soure vive défice de Democracia e Liberdade"

(Transcrição fiel da entrevista ao Diário "As Beiras")

A que se deve uma presença tão insistente no terreno e na comunicação social?

Em política, como na vida, sou um indivíduo consistente: se me assumi como candidato a presidente da câmara, tenho de cumprir esse papel. Isso pressupõe que não esteja em casa à espera que as ideias me venham bater à porta. Pelo contrário, tenho de ir para o terreno, tenho de provocar o debate.

Por que não tem a sua campanha os símbolos do PSD?

A minha candidatura é a única que não ostenta símbolos partidários, ao invés de outros, que dizem que não correm por símbolos, mas que se apresentam com eles bem à vista. Agora, em devido tempo, ou seja, na campanha eleitoral, irei apresentar o símbolo da família política que me propôs, até para que as pessoas saibam em quem votar. Já agora, gostaria de dizer que eu fui convidado, não fui imposto.

Novos valores, como slogan, é uma alusão as atitudes de João Gouveia?

O slogan não é só “Novos valores”, mas também “Novas ideias”. Mas é um remoque directo a tudo quanto acontece em Soure que não identifica o concelho com as práticas democráticas de um país livre. Mas novos valores são também valores de tolerância, de compreensão, de família, de respeito, de idoneidade, de verticalidade, que reconheço e admiro em todos quantos andam comigo nesta campanha.

Quanto às novas ideias…

As novas ideias pressupõem uma ideia-base: o concelho de Soure precisa de sair do ciclo de marasmo em que entrou – é fácil identificá-lo e não é preciso fazer grandes cálculos matemáticos; basta olhar para os nossos vizinhos. Se nós vivermos numa casa simples, de um só piso, sem jardim, e se ao nosso lado vive um vizinho numa excelente vivenda, com piscina, isso pressupõe que ele trabalhou mais, ou poupou muito mais do que nós. Aliás, eu lanço aqui um desafio: digam-me quantas pessoas vêm, dos concelhos vizinhos, trabalhar para Soure. E, ao invés, digam-me quantos sourenses saem, diariamente, para trabalharem nos concelhos vizinhos?…

Nunca detectou essas maleitas, enquanto presidente da assembleia municipal?

Essa é outra das situações curiosas que acontece, nesta campanha eleitoral: o facto de se querer imputar ao presidente da assembleia municipal a responsabilidade de ser oposição ao executivo, quando, afinal, concorreram em listas conjuntas. No fundo, é a mesma coisa que culpar o presidente da Assembleia da República pelos desmandos do primeiro-ministro, ou do governo. Ora, nunca tal vi. O presidente da assembleia municipal deve ser o garante da estabilidade das instituições, do debate democrático na assembleia, deve ser uma pessoa de tolerância e um referencial da concórdia entre todas as sensibilidades políticas. Mais, não podemos partir do pressuposto de que, durante os 12 anos do actual executivo, os que o apoiaram devem, agora, estar calados. E também os que estiveram contra o executivo, mas que agora estão ao lado do presidente a que foram oposição, devem também estar calados...

Surpreendeu-o a decisão de João Gouveia?

A decisão do actual presidente da câmara ainda hoje me surpreende. Tal como a justificação que ele não tem. Faz-me lembrar um casal, há 12 anos em união de facto, em que um dos cônjuges resolve, de um dia para o outro, dizer ao outro: vou-me divorciar. O outro pergunta porquê e ele diz: porque me apetece. Ora eu penso que, por mais ridícula que seja a justificação, ela deve ser dada. Por isso, exijo que o actual presidente da câmara diga porque é que abandonou a família politico-partidária que o manteve ao longo destes 12 anos. Mais, a exigência estende-se também àquele que, até há dois meses, era o dirigente máximo do PSD, no concelho…

Daí as queixas do PSD…

Eu pergunto: o que levou o PSD a ficar na situação catastrófica em que se encontra, completamente desorganizado, sem ficheiros, sem espólio. E como é importante para os historiadores, para os nossos filhos, saberem o que foi a história da intervenção política de um determinado partido, num concelho. Ora, no concelho de Soure, houve um partido, o PSD, que foi varrido, que deixou de existir.

Que prioridades tem para o concelho?

Fixar os jovens, os quadros, dos profissionais, em Soure. O que acontece, nesta altura, no concelho, é uma debandada das pessoas com algumas qualificações, à procura de outras paragens. Isto não é normal. Soure transformou-se num concelho de partida e eu quero fazer dele um concelho de chegada, de pessoas, de quadros, de empresários, de iniciativas. É fundamental criar estruturas de incentivo, de natureza fiscal, mas também de terrenos a preços controlados, que permitam que os empresários se sintam bem investindo em Soure. Ou seja, não vale a pena investir na qualidade de vida e no bem--estar das pessoas, mas em que estas só possam usufruir à noite, quando regressam de Coimbra, da Figueira da Foz ou de Pombal.

Por que está Soure tão isolado, no trabalho inter-municipal?

O concelho de Soure não integra, hoje, nenhum sistema multimunicipal que seja adequado ao seu próprio desenvolvimento. E vejo outros concelhos, com condições notórias de progresso – Cantanhede, Coimbra, Pombal –, integrados em sistemas multimunicipais de entreajuda e de desenvolvimento uniforme da região. Por isso, penso que é decisivo que os municípios se unam em torno de projectos comuns mas que, simultaneamente, promovam a sua própria diferenciação. Mas, com o concelho de Soure, o que se passou foi que se fechou sobre si próprio, sem ser capaz de criar um projecto diferenciador. Quando Pombal é uma bandeira industrial, Coimbra desenvolveu a área da saúde, a Figueira da Foz é um concelho turístico, Montemor é claramente agrícola, eu pergunto: qual é a vocação de Soure? Enfim, como já disse, no percurso político de um autarca, quatro anos é insuficiente, oito anos é suficiente, 12 anos é demais e 16 anos é um exagero. Eu não quero que o concelho cometa exageros.

Se ganhar, aceita João Gouveia como vereador. E se perder, assume o seu lugar de vereador?

Se ganhar, naturalmente que aceito qualquer pessoa como vereador. Se não ganhar, procurarei saber, no momento próprio, a disponibilidade que deverei ter para com o concelho, se como vereador, se noutras funções. Agora, o meu compromisso para com todos é que darei toda a prioridade aos sourenses.

(Transcrição fiel da entrevista ao Diário "As Beiras")

Carlos Páscoa - "Soure vive défice de Democracia e Liberdade"

(Transcrição fiel da entrevista ao Diário "As Beiras")

A que se deve uma presença tão insistente no terreno e na comunicação social?

Em política, como na vida, sou um indivíduo consistente: se me assumi como candidato a presidente da câmara, tenho de cumprir esse papel. Isso pressupõe que não esteja em casa à espera que as ideias me venham bater à porta. Pelo contrário, tenho de ir para o terreno, tenho de provocar o debate.

Por que não tem a sua campanha os símbolos do PSD?

A minha candidatura é a única que não ostenta símbolos partidários, ao invés de outros, que dizem que não correm por símbolos, mas que se apresentam com eles bem à vista. Agora, em devido tempo, ou seja, na campanha eleitoral, irei apresentar o símbolo da família política que me propôs, até para que as pessoas saibam em quem votar. Já agora, gostaria de dizer que eu fui convidado, não fui imposto.

Novos valores, como slogan, é uma alusão as atitudes de João Gouveia?

O slogan não é só “Novos valores”, mas também “Novas ideias”. Mas é um remoque directo a tudo quanto acontece em Soure que não identifica o concelho com as práticas democráticas de um país livre. Mas novos valores são também valores de tolerância, de compreensão, de família, de respeito, de idoneidade, de verticalidade, que reconheço e admiro em todos quantos andam comigo nesta campanha.

Quanto às novas ideias…

As novas ideias pressupõem uma ideia-base: o concelho de Soure precisa de sair do ciclo de marasmo em que entrou – é fácil identificá-lo e não é preciso fazer grandes cálculos matemáticos; basta olhar para os nossos vizinhos. Se nós vivermos numa casa simples, de um só piso, sem jardim, e se ao nosso lado vive um vizinho numa excelente vivenda, com piscina, isso pressupõe que ele trabalhou mais, ou poupou muito mais do que nós. Aliás, eu lanço aqui um desafio: digam-me quantas pessoas vêm, dos concelhos vizinhos, trabalhar para Soure. E, ao invés, digam-me quantos sourenses saem, diariamente, para trabalharem nos concelhos vizinhos?…

Nunca detectou essas maleitas, enquanto presidente da assembleia municipal?

Essa é outra das situações curiosas que acontece, nesta campanha eleitoral: o facto de se querer imputar ao presidente da assembleia municipal a responsabilidade de ser oposição ao executivo, quando, afinal, concorreram em listas conjuntas. No fundo, é a mesma coisa que culpar o presidente da Assembleia da República pelos desmandos do primeiro-ministro, ou do governo. Ora, nunca tal vi. O presidente da assembleia municipal deve ser o garante da estabilidade das instituições, do debate democrático na assembleia, deve ser uma pessoa de tolerância e um referencial da concórdia entre todas as sensibilidades políticas. Mais, não podemos partir do pressuposto de que, durante os 12 anos do actual executivo, os que o apoiaram devem, agora, estar calados. E também os que estiveram contra o executivo, mas que agora estão ao lado do presidente a que foram oposição, devem também estar calados...

Surpreendeu-o a decisão de João Gouveia?

A decisão do actual presidente da câmara ainda hoje me surpreende. Tal como a justificação que ele não tem. Faz-me lembrar um casal, há 12 anos em união de facto, em que um dos cônjuges resolve, de um dia para o outro, dizer ao outro: vou-me divorciar. O outro pergunta porquê e ele diz: porque me apetece. Ora eu penso que, por mais ridícula que seja a justificação, ela deve ser dada. Por isso, exijo que o actual presidente da câmara diga porque é que abandonou a família politico-partidária que o manteve ao longo destes 12 anos. Mais, a exigência estende-se também àquele que, até há dois meses, era o dirigente máximo do PSD, no concelho…

Daí as queixas do PSD…

Eu pergunto: o que levou o PSD a ficar na situação catastrófica em que se encontra, completamente desorganizado, sem ficheiros, sem espólio. E como é importante para os historiadores, para os nossos filhos, saberem o que foi a história da intervenção política de um determinado partido, num concelho. Ora, no concelho de Soure, houve um partido, o PSD, que foi varrido, que deixou de existir.

Que prioridades tem para o concelho?

Fixar os jovens, os quadros, dos profissionais, em Soure. O que acontece, nesta altura, no concelho, é uma debandada das pessoas com algumas qualificações, à procura de outras paragens. Isto não é normal. Soure transformou-se num concelho de partida e eu quero fazer dele um concelho de chegada, de pessoas, de quadros, de empresários, de iniciativas. É fundamental criar estruturas de incentivo, de natureza fiscal, mas também de terrenos a preços controlados, que permitam que os empresários se sintam bem investindo em Soure. Ou seja, não vale a pena investir na qualidade de vida e no bem--estar das pessoas, mas em que estas só possam usufruir à noite, quando regressam de Coimbra, da Figueira da Foz ou de Pombal.

Por que está Soure tão isolado, no trabalho inter-municipal?

O concelho de Soure não integra, hoje, nenhum sistema multimunicipal que seja adequado ao seu próprio desenvolvimento. E vejo outros concelhos, com condições notórias de progresso – Cantanhede, Coimbra, Pombal –, integrados em sistemas multimunicipais de entreajuda e de desenvolvimento uniforme da região. Por isso, penso que é decisivo que os municípios se unam em torno de projectos comuns mas que, simultaneamente, promovam a sua própria diferenciação. Mas, com o concelho de Soure, o que se passou foi que se fechou sobre si próprio, sem ser capaz de criar um projecto diferenciador. Quando Pombal é uma bandeira industrial, Coimbra desenvolveu a área da saúde, a Figueira da Foz é um concelho turístico, Montemor é claramente agrícola, eu pergunto: qual é a vocação de Soure? Enfim, como já disse, no percurso político de um autarca, quatro anos é insuficiente, oito anos é suficiente, 12 anos é demais e 16 anos é um exagero. Eu não quero que o concelho cometa exageros.

Se ganhar, aceita João Gouveia como vereador. E se perder, assume o seu lugar de vereador?

Se ganhar, naturalmente que aceito qualquer pessoa como vereador. Se não ganhar, procurarei saber, no momento próprio, a disponibilidade que deverei ter para com o concelho, se como vereador, se noutras funções. Agora, o meu compromisso para com todos é que darei toda a prioridade aos sourenses.

(Transcrição fiel da entrevista ao Diário "As Beiras")

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