Mecos há muitos

20-11-2018
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© Rafael Marchante / Reuters

Uma fonte próxima da entidade de emergência local garantiu à tvmais que nem PJ nem Ministério Público (MP) falaram com qualquer elemento da equipa do INEM ou dos bombeiros que estiveram no socorro no Meco. O auto de notícia da Polícia Marítima (PM) diz que os agentes foram contactados no posto de Sesimbra, à 1.30 h daquela noite de 15 de Dezembro de 2013. Afirma o agente que o chefe de piquete do Comando Local de Setúbal disse ter recebido uma chamada do COMAR, que, por sua vez, tinha recebido uma chamada informando de que seis pessoas tinham sido levadas por uma onda na praia do Moinho de Baixo, no Meco, em Sesimbra. Tudo indica ter sido João Gouveia a falar para o 112. No entanto, o facto de a chamada ter sido feita do seu telemóvel não garante quem de facto fez a chamada. O agente afirma ter chegado àquele local à 1.45 h e ter encontrado o dux deitado no areal em estado de choque e em aparente estado de hipotermia. Ajudou-o de alguma forma, tapando-o ou recolhendo-o no carro? Nada disso é referido no auto de notícia.

Uma hora à espera da ambulância

Aquela fonte próxima da entidade de emergência local garantiu à tvmais que a ambulância do INEM (Sesimbra) foi accionada cerca das 2.18 h (uma hora depois) e que saiu às 2.20 h com a indicação de ir atender um pré-afogado ao Meco. Sem qualquer outra informação acerca de quaisquer outras vítimas.

A equipa de emergência chegou à praia às 2.33 h e só ali tomou conhecimento de outros desaparecidos no mar. Reportaram ter encontrado João Gouveia despido e molhado, em hipotermia, num carro com um polícia marítimo (facto não referido no auto).

Normal

Esta primeira equipa registou que o jovem respondeu bem ao aquecimento mas afirma que não viu qualquer evidência de vómito. Avaliaram a vítima, que já estava com sinais vitais estáveis. Isto é, pressão arterial normal, pulso normal e saturação normal. A saturação é o indicador da percentagem de oxigénio que temos no organismo, logo, se está normal, não tem água no pulmão.

A equipa da ambulância do INEM passou os dados ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), que, por sua vez, activou a viatura médica de emergência (VMER Almada) para o local. O auto de notícia da PM confirma que a primeira ambulância chegou às 2.35 h

e que às 2.45 h chegou outra com um médico. João foi evacuado para o hospital cerca das 3.35 h por decisão do médico do INEM, considerando que o rapaz estava em hipotermia.

Evacuado

João Gouveia foi de ambulância para o hospital sem acompanhamento médico. Foi internado na urgência do Hospital Garcia de Orta (HGO). Se fosse uma vítima considerada crítica teria ido para a UCI – Unidade de Cuidados Intensivos.

Nem o INEM nem o Hospital Garcia de Orta têm qualquer registo de algum traumatismo lombar no dux.

Descanso e paracetamol

A tvmais sabe que João foi entubado e que daí não resultou quantidade de água significativa. Não tinha água no pulmão. Nem tosse, nem espuma nas vias respiratórias, nem dificuldade na respiração, nem paragem respiratória.

Uma fonte hospitalar explicou à tvmais que, caso existisse água no pulmão ou no estômago (em quantidade), teria de ficar internado no SO pelo menos 48 h para vigilância, uma vez que poderia ocorrer um segundo afogamento (ver caixa).

Às 4 h, João conta à enfermeira de triagem do HGO o arrastamento para o mar, as tonturas e a hipotermia. O médico observa e refere uma cefaleia (dor de cabeça) de origem desconhecida. Coisa que o clínico se apressa a tratar com um comprimido de 500 mg de paracetamol. Às 6.30 h tinha alta.

PGR analisa acção do médico

No semanário “Sol” desta semana lê-se que o procurador que arquivou a investigação à morte dos seis estudantes na Praia do Meco está a analisar a actuação do médico que assistiu João Gouveia no HGO.

A tvmais já tinha aqui noticiado que aquele clínico--geral apenas relatara que o jovem tinha uma dor de cabeça. Os investigadores decidiram ouvi-lo segunda vez. Nas palavras do coordenador do inquérito, citado pelo “Sol”, o médico terá reconhecido que “atropelou as boas práticas” médicas. Na primeira audição, terá transmitido a ideia de que o estudante estava bem e apenas revelava uma dor de cabeça, tendo sido medicado com 500 mg de paracetamol.

Nas urgências três horas depois da tragédia

Qual terá sido o atropelo que o médico reconhece, se João já tinha sido visto pelo INEM no local e se o médico do INEM nem sequer o acompanhou ao HGO? “Pelo que soube [o médico], não tinha lido o relatório”, disse João Gouveia à revista “Sábado”, recordando que apenas lhe perguntou se lhe doía alguma coisa. “Respondi que me doíam os ombros e o pescoço”, relata o dux, lembrando que depois o clínico geral medicou-o e deixou-o “a dormir um pouco”, tendo voltado duas horas depois para lhe dar alta médica.

Do hospital para Aiana de Cima

“Confirmou-me a Polícia Marítima que [João Gouveia] foi direito à casa e limpou quase todos os vestígios de praxes e arrumou os pertences de toda a gente em sacos diferenciados”, contou Tiago, irmão de Pedro Negrão à tvmais.

Para trás ficou a colher de pau – o maior símbolo da praxe –, encontrada atrás da porta de uma casa de banho da casa de Aiana de Cima. Quem garante que a colher de pau não esteve na praia?

Mentiras

“Foi dito que ele [João Gouveia] estava numa casa em Cascais quando nós estávamos na praia do Meco. Mas ele estava na casa de Aiana”, acusa Assunção Horta, mãe de uma das vítimas do Meco.

“A entrevista à revista ‘Sábado’ confirma a minha opinião sobre o João. Prefere falar com a comunicação social do que com os pais dos colegas”, acusa Fátima Negrão, mãe de outra vítima. Quando se saberá toda a verdade?...

© Rafael Marchante / Reuters

Uma fonte próxima da entidade de emergência local garantiu à tvmais que nem PJ nem Ministério Público (MP) falaram com qualquer elemento da equipa do INEM ou dos bombeiros que estiveram no socorro no Meco. O auto de notícia da Polícia Marítima (PM) diz que os agentes foram contactados no posto de Sesimbra, à 1.30 h daquela noite de 15 de Dezembro de 2013. Afirma o agente que o chefe de piquete do Comando Local de Setúbal disse ter recebido uma chamada do COMAR, que, por sua vez, tinha recebido uma chamada informando de que seis pessoas tinham sido levadas por uma onda na praia do Moinho de Baixo, no Meco, em Sesimbra. Tudo indica ter sido João Gouveia a falar para o 112. No entanto, o facto de a chamada ter sido feita do seu telemóvel não garante quem de facto fez a chamada. O agente afirma ter chegado àquele local à 1.45 h e ter encontrado o dux deitado no areal em estado de choque e em aparente estado de hipotermia. Ajudou-o de alguma forma, tapando-o ou recolhendo-o no carro? Nada disso é referido no auto de notícia.

Uma hora à espera da ambulância

Aquela fonte próxima da entidade de emergência local garantiu à tvmais que a ambulância do INEM (Sesimbra) foi accionada cerca das 2.18 h (uma hora depois) e que saiu às 2.20 h com a indicação de ir atender um pré-afogado ao Meco. Sem qualquer outra informação acerca de quaisquer outras vítimas.

A equipa de emergência chegou à praia às 2.33 h e só ali tomou conhecimento de outros desaparecidos no mar. Reportaram ter encontrado João Gouveia despido e molhado, em hipotermia, num carro com um polícia marítimo (facto não referido no auto).

Normal

Esta primeira equipa registou que o jovem respondeu bem ao aquecimento mas afirma que não viu qualquer evidência de vómito. Avaliaram a vítima, que já estava com sinais vitais estáveis. Isto é, pressão arterial normal, pulso normal e saturação normal. A saturação é o indicador da percentagem de oxigénio que temos no organismo, logo, se está normal, não tem água no pulmão.

A equipa da ambulância do INEM passou os dados ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), que, por sua vez, activou a viatura médica de emergência (VMER Almada) para o local. O auto de notícia da PM confirma que a primeira ambulância chegou às 2.35 h

e que às 2.45 h chegou outra com um médico. João foi evacuado para o hospital cerca das 3.35 h por decisão do médico do INEM, considerando que o rapaz estava em hipotermia.

Evacuado

João Gouveia foi de ambulância para o hospital sem acompanhamento médico. Foi internado na urgência do Hospital Garcia de Orta (HGO). Se fosse uma vítima considerada crítica teria ido para a UCI – Unidade de Cuidados Intensivos.

Nem o INEM nem o Hospital Garcia de Orta têm qualquer registo de algum traumatismo lombar no dux.

Descanso e paracetamol

A tvmais sabe que João foi entubado e que daí não resultou quantidade de água significativa. Não tinha água no pulmão. Nem tosse, nem espuma nas vias respiratórias, nem dificuldade na respiração, nem paragem respiratória.

Uma fonte hospitalar explicou à tvmais que, caso existisse água no pulmão ou no estômago (em quantidade), teria de ficar internado no SO pelo menos 48 h para vigilância, uma vez que poderia ocorrer um segundo afogamento (ver caixa).

Às 4 h, João conta à enfermeira de triagem do HGO o arrastamento para o mar, as tonturas e a hipotermia. O médico observa e refere uma cefaleia (dor de cabeça) de origem desconhecida. Coisa que o clínico se apressa a tratar com um comprimido de 500 mg de paracetamol. Às 6.30 h tinha alta.

PGR analisa acção do médico

No semanário “Sol” desta semana lê-se que o procurador que arquivou a investigação à morte dos seis estudantes na Praia do Meco está a analisar a actuação do médico que assistiu João Gouveia no HGO.

A tvmais já tinha aqui noticiado que aquele clínico--geral apenas relatara que o jovem tinha uma dor de cabeça. Os investigadores decidiram ouvi-lo segunda vez. Nas palavras do coordenador do inquérito, citado pelo “Sol”, o médico terá reconhecido que “atropelou as boas práticas” médicas. Na primeira audição, terá transmitido a ideia de que o estudante estava bem e apenas revelava uma dor de cabeça, tendo sido medicado com 500 mg de paracetamol.

Nas urgências três horas depois da tragédia

Qual terá sido o atropelo que o médico reconhece, se João já tinha sido visto pelo INEM no local e se o médico do INEM nem sequer o acompanhou ao HGO? “Pelo que soube [o médico], não tinha lido o relatório”, disse João Gouveia à revista “Sábado”, recordando que apenas lhe perguntou se lhe doía alguma coisa. “Respondi que me doíam os ombros e o pescoço”, relata o dux, lembrando que depois o clínico geral medicou-o e deixou-o “a dormir um pouco”, tendo voltado duas horas depois para lhe dar alta médica.

Do hospital para Aiana de Cima

“Confirmou-me a Polícia Marítima que [João Gouveia] foi direito à casa e limpou quase todos os vestígios de praxes e arrumou os pertences de toda a gente em sacos diferenciados”, contou Tiago, irmão de Pedro Negrão à tvmais.

Para trás ficou a colher de pau – o maior símbolo da praxe –, encontrada atrás da porta de uma casa de banho da casa de Aiana de Cima. Quem garante que a colher de pau não esteve na praia?

Mentiras

“Foi dito que ele [João Gouveia] estava numa casa em Cascais quando nós estávamos na praia do Meco. Mas ele estava na casa de Aiana”, acusa Assunção Horta, mãe de uma das vítimas do Meco.

“A entrevista à revista ‘Sábado’ confirma a minha opinião sobre o João. Prefere falar com a comunicação social do que com os pais dos colegas”, acusa Fátima Negrão, mãe de outra vítima. Quando se saberá toda a verdade?...

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