Vantagem Comparativa: Julho 2016

20-04-2019
marcar artigo

Fonte da imagem: Blogue de Lisboa

«

A proposta vencedora do concurso promovido pela Câmara de
Lisboa para a “renovação” do Jardim da Praça do Império não prevê a manutenção
dos brasões coloniais, contemplando apenas a recuperação do escudo português e
do relógio de sol existentes. A decisão está a gerar uma onda de críticas.

Da agenda da reunião camarária desta quarta-feira consta a
aprovação do relatório final do júri do concurso, que classificou em primeiro
lugar a proposta do atelier ACB Arquitectura Paisagista, dirigido por Cristina
Castel-Branco. Em segundo lugar ficou Verónica Ribeiro de Almeida e em terceiro
OH! LAND STUDIO, tendo os outros cinco concorrentes sido excluídos do
procedimento.

A memória descritiva da proposta vencedora ainda não foi
divulgada pela autarquia, mas sabe-se já que não está prevista a manutenção dos
brasões em mosaico-cultura das ex-colónias portuguesas que existiam (em melhor
ou em pior estado de conservação) no friso exterior da fonte monumental do
jardim nem dos brasões das cidades e províncias que marcavam os canteiros
laterais da fonte. Em seu lugar vão surgir relvados e, segundo é possível
perceber numa imagem do projecto à qual o PÚBLICO teve acesso, um “jardim de
plantas dos Jerónimos” [com as plantas que estão representadas nas fachadas do
Mosteiro dos Jerónimos] e canteiros de herbáceas.

Como estava determinado nos termos de referência do
concurso, a proposta eleita contempla a preservação do traçado do jardim,
localizado na freguesia de Belém, e de elementos como o relógio de sol e o
escudo português. Na já mencionada imagem do projecto é também possível
perceber que vai haver uma ampliação da área de calçada e uma plantação de
árvores (oriundas do Brasil, china, Índia e Japão) nos quatro cantos da praça
central na qual está implantada a fonte.

“É um apagão da história”, critica em declarações ao PÚBLICO
o vereador do CDS na Câmara de Lisboa, acusando o vereador da Estrutura Verde
de com esta decisão revelar “um enorme preconceito ideológico”.  “O erro está na forma como isto tudo foi
conduzido. É uma teimosia do Sá Fernandes”, avalia João Gonçalves Pereira,
notando que nos termos de referência do concurso “nunca era referido que tinha
que se preservar a questão histórica”.

“Não devemos fingir que os momentos menos bons não
aconteceram”, diz o autarca centrista, para quem “a história não pode ser
apagada”. João Gonçalves Pereira estende as suas críticas ao presidente do
município, Fernando Medina, que acusa de deixar o vereador José Sá Fernandes “à
solta”, porque “não vê nada que não sejam obras”.

Também o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de
Lisboa já se pronunciou sobre este caso. Em comunicado, sérgio de Azevedo
lamenta aquilo que considera ser uma “obsessão” do vereador da Estrutura Verde
e sublinha que Lisboa é feita “de gente com história e com passado”.

Para o autarca, a decisão de acabar com os brasões demonstra
“um preconceito ideológico gritante próprio da pequena dimensão intelectual de
Sá Fernandes, para quem construir cidade não é mais do que a construção de
ciclovias fantasmagóricas, atribuições pouco esclarecidas da exploração de
quiosques e um conjunto de medidas trendy mas que não servem objectivamente
ninguém”.

(…)
»

Fonte do texto: Jornal Público on-line 19/7/2016

Texto de Inês Boaventura

Tal como seria impensável proceder a obras de (restyling) transformação do Mosteiro dos Jerónimos num edifício de carácter mais contemporâneo, considero que os fabulosos jardins da Praça do Império devam permanecer no seu estado original, mas obviamente não no estado de semi-abandono tal como se verifica actualmente (plantas e elementos construídos). Na qualidade de Arquitecto Paisagista jamais seria capaz de concorrer a este concurso promovido pela Câmara de Lisboa.

Petição:

Preservar a Praça do Império é defender a Portugalidade

Fonte da imagem: Blogue de Lisboa

«

A proposta vencedora do concurso promovido pela Câmara de
Lisboa para a “renovação” do Jardim da Praça do Império não prevê a manutenção
dos brasões coloniais, contemplando apenas a recuperação do escudo português e
do relógio de sol existentes. A decisão está a gerar uma onda de críticas.

Da agenda da reunião camarária desta quarta-feira consta a
aprovação do relatório final do júri do concurso, que classificou em primeiro
lugar a proposta do atelier ACB Arquitectura Paisagista, dirigido por Cristina
Castel-Branco. Em segundo lugar ficou Verónica Ribeiro de Almeida e em terceiro
OH! LAND STUDIO, tendo os outros cinco concorrentes sido excluídos do
procedimento.

A memória descritiva da proposta vencedora ainda não foi
divulgada pela autarquia, mas sabe-se já que não está prevista a manutenção dos
brasões em mosaico-cultura das ex-colónias portuguesas que existiam (em melhor
ou em pior estado de conservação) no friso exterior da fonte monumental do
jardim nem dos brasões das cidades e províncias que marcavam os canteiros
laterais da fonte. Em seu lugar vão surgir relvados e, segundo é possível
perceber numa imagem do projecto à qual o PÚBLICO teve acesso, um “jardim de
plantas dos Jerónimos” [com as plantas que estão representadas nas fachadas do
Mosteiro dos Jerónimos] e canteiros de herbáceas.

Como estava determinado nos termos de referência do
concurso, a proposta eleita contempla a preservação do traçado do jardim,
localizado na freguesia de Belém, e de elementos como o relógio de sol e o
escudo português. Na já mencionada imagem do projecto é também possível
perceber que vai haver uma ampliação da área de calçada e uma plantação de
árvores (oriundas do Brasil, china, Índia e Japão) nos quatro cantos da praça
central na qual está implantada a fonte.

“É um apagão da história”, critica em declarações ao PÚBLICO
o vereador do CDS na Câmara de Lisboa, acusando o vereador da Estrutura Verde
de com esta decisão revelar “um enorme preconceito ideológico”.  “O erro está na forma como isto tudo foi
conduzido. É uma teimosia do Sá Fernandes”, avalia João Gonçalves Pereira,
notando que nos termos de referência do concurso “nunca era referido que tinha
que se preservar a questão histórica”.

“Não devemos fingir que os momentos menos bons não
aconteceram”, diz o autarca centrista, para quem “a história não pode ser
apagada”. João Gonçalves Pereira estende as suas críticas ao presidente do
município, Fernando Medina, que acusa de deixar o vereador José Sá Fernandes “à
solta”, porque “não vê nada que não sejam obras”.

Também o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de
Lisboa já se pronunciou sobre este caso. Em comunicado, sérgio de Azevedo
lamenta aquilo que considera ser uma “obsessão” do vereador da Estrutura Verde
e sublinha que Lisboa é feita “de gente com história e com passado”.

Para o autarca, a decisão de acabar com os brasões demonstra
“um preconceito ideológico gritante próprio da pequena dimensão intelectual de
Sá Fernandes, para quem construir cidade não é mais do que a construção de
ciclovias fantasmagóricas, atribuições pouco esclarecidas da exploração de
quiosques e um conjunto de medidas trendy mas que não servem objectivamente
ninguém”.

(…)
»

Fonte do texto: Jornal Público on-line 19/7/2016

Texto de Inês Boaventura

Tal como seria impensável proceder a obras de (restyling) transformação do Mosteiro dos Jerónimos num edifício de carácter mais contemporâneo, considero que os fabulosos jardins da Praça do Império devam permanecer no seu estado original, mas obviamente não no estado de semi-abandono tal como se verifica actualmente (plantas e elementos construídos). Na qualidade de Arquitecto Paisagista jamais seria capaz de concorrer a este concurso promovido pela Câmara de Lisboa.

Petição:

Preservar a Praça do Império é defender a Portugalidade

marcar artigo