Quem é o novo diretor de campanha do PS

07-06-2019
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Duarte Cordeiro, 36 anos, licenciado pelo ISEG. Lidera a concelhia do PS de Lisboa e é vereador da Higiene Urbana na CML - função que suspende temporariamente (e que será assumida pelo presidente da autarquia, Fernando Medina) para ir dar uma mão a António Costa até às legislativas

Desta poda já ele sabe: entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, Duarte Cordeiro foi o diretor da campanha de Manuel Alegre às presidenciais. Hoje, presidente da concelhia do PS de Lisboa, foi indicado como o sucessor de Ascenso Simões na direção da campanha para as legislativas. Com lugar cativo no grupo dos "jovens turcos" do atual secretário-geral, foi o socialista "de turno" quando se tratou de sinalizar um eventual apoio do partido à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa.

Nasceu a 22 de Fevereiro de 1979 em Lisboa e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa. Pertenceu à direção da Associação de Estudantes do ISEG entre 1998-2000. Foi coordenador Concelhio da JS - Lisboa (2003-2005), presidente da Mesa da Comissão Política Distrital da JS-FAUL (2005-2007) e membro do Secretariado Concelhio do PS - Lisboa (2006-2008) antes de chegar à liderança da Juventude Socialista, que ocupou entre entre 2008 e 2010.

No entretanto, foi Júnior Sales Trainee e, posteriormente, Assistente de Gestor de Produto numa multinacional de produtos de limpeza (2002-2004), assessor do Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, entre 2005 e 2006, e vice-Presidente do Instituto Português de Juventude (2006-2008).

Em novembro de 2011, reeleito deputado (já o tinha sido na legislatura anterior, interrompida a meio), o Expresso juntou-o a ele e a três outros seus companheiros da bancada (Pedro Nuno Santos, hoje vice-presidente do grupo parlamentar e líder da federação do PS de Aveiro; Pedro Delgado Alves, hoje presidente da Junta de Freguesia do Lumiar; e João Galamba, atual membro de secretariado nacional do PS e porta-voz para as questões económicas) para uma conversa sobre o futuro da esquerda e do PS, num artigo que republicamos. António José Seguro liderava então o PS e o partido preparava-se para se abster na votação do Orçamento do Estado para 2012.

A NOVA ESQUERDA DO PS

Propõem-se tirar o socialismo da gaveta onde andou metido nestes últimos anos. Por eles, o PS votava contra o orçamento

Já não têm idade para ilusões. Aliás, a sua é uma geração marcada pelo desemprego (ou pelo emprego precário) e pela falta de perspetivas numa sociedade que a cada passo retrocede no ideal de Estado social - em que, não obstante, continuam a acreditar. Confiam que a esquerda vai escapar ao beco sem saída em que está metida e que a social-democracia, enquanto projeto europeu, regressará em força, adaptada aos novos tempos. Talvez fosse neles que Mário Soares pensava quando, em julho, em entrevista ao Expresso, prognosticou, com o seu proverbial otimismo, que "o socialismo vai reaparecer com uma nova geração, é inevitável".

Unidos por esta "fé", Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, Pedro Delgado Alves e João Galamba, deputados pelo PS, têm também em comum o facto de terem defendido, contra a opinião prevalecente, que o seu partido votasse contra o Orçamento do Estado. Vencidos mas não convencidos, dia 29 lá estarão, ao lado de António José Seguro, a fazer coro pela abstenção: "As divergências não são de fundo, são de forma", justificam, minimizando assim o evidente desconforto que sentem pela posição oficial do partido.

"O país não ganha nada com a abstenção"

A sinceridade de Pedro Nuno Santos é desarmante, sobretudo porque vinda de um vice-presidente da bancada, para mais o coordenador do grupo de deputados encarregado de estudar a fundo o OE. Ressalva a lealdade para com o secretário-geral do PS - que, aliás, apoia desde a primeira hora -, mas não consegue (nem quer) esconder o desapontamento com o facto de o seu partido ter desperdiçado esta oportunidade para mostrar à Europa que "terminou o consenso à volta da austeridade como solução para a crise". "A luta por uma Europa diferente faz-se também na frente nacional", explica. No último congresso, numa intervenção que alguns consideraram "a mais à esquerda" que se ouviu nos três dias de trabalhos, Pedro Nuno definiu "a derrota da direita no campo das ideias" como "o maior combate" que o PS tem pela frente.

"Não está a ser fácil", reconhece

Duarte Cordeiro respeita a decisão tomada pela maioria dos seus companheiros da Comissão Política Nacional do PS mas reconhece que lhe "foi difícil desistir da ideia de tentar até à última forçar oGoverno amudar de posição". Recusa ser olhado como "menos responsável" só por defender o voto contra no OE: "Este Orçamento é um novo memorando da troika", o que basta, no seu entender, para desobrigar o PS de quaisquer compromissos. Até porque, argumenta, o PS assinou o acordo "para tentar evitar o maior número de transformações sociais", ao passo que este Governo segue a lógica contrária: "É marcado por uma convicção ideológica que gera uma rutura radical com um percurso europeu social-democrata".

O problema ultrapassa as fronteiras: "Era preciso um plano europeu de investimento e crescimento". A esperança, confessa Duarte, reside na "nova geração de líderes da esquerda".

Pedro Delgado Alves conquistou a liderança da JS, em 2010, com ummanifesto com a imagem da República por mascote; na semana passada participou, com Manuel Alegre, num debate sobre "o que é ser de esquerda, hoje"; esta semana assinou, com Mário Soares, o manifesto apelando à mobilização do país contra a austeridade. Regozija-se com o facto de o momento ter provocado o regresso da ideologia, admite que "é preciso repensar" o modelo europeu de Estado social, reconhece que os governos socialistas dos últimos anos - o português inclusive - se deixaram capturar na armadilha da "austeridade como caminho único". Talvez porque "não conseguiram constituir uma frente comum", ao contrário da direita, que não precisa de estratégia de concertação: "Basta-lhe executar o que é seu". Não tem dúvidas: "Quem tem de se reinventar é a esquerda".

João Galamba é o mais velho dos quatro, mas o que mais tarde chegou à política partidária: só se inscreveu no PS depois da derrota de junho deste ano. A falta de escola partidária ajuda a explicarum estilo frontal e contundente que, não raro, deixa os cabelos em pé à direção - como quando afirmou, em vésperas de se conhecer a decisão do PS sobre OE, que o PS devia votar contra. Reconhecendo que pertencer a um partido é saber perder em votações democráticas, faz a apologia da "estratégia defensiva" que resta ao PS nestas circunstâncias: "Minimizar os custos (deste OE) para o Estado social, a economia e os trabalhadores". Mas, mais uma vez, também ele conclui: "A ação de um partido de esquerda, hoje, tem de ser feita em conjunto com as esquerdas europeias.

Ou a social-democracia se realiza na Europa ou não se realiza de todo".

JOÃO GALAMBA

Idade - 35

Formação - Licenciado em Economia, frequência do doutoramento em Filosofia Política

Profissão - Economista

Percurso político - Deputado (independente) na legislatura 2009-2011, deputado na atual legislatura (filiado no PS desde junho), coordenador do grupo parlamentar do PS na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

PEDRO NUNO SANTOS

Idade - 34

Formação - Licenciado em Economia

Profissão - Economista Percurso profissional Adjunto da administração da Tecmal, SA

Percurso político - Secretário-geral da JS (2004-2008), deputado na legislatura 2005-2009, vereador em S.

João da Madeira, líder do PS/Aveiro (desde 2010), vice-presidente do grupo parlamentar

DUARTE CORDEIRO

Idade - 32

Formação - Licenciado em Economia

Profissão - Economista

Percurso profissional - Vice-presidente do Instituto Português da Juventude, presidente do conselho de administração da Fundação de Divulgação das Tecnologias de Informação, assessor do secretário de Estado da Juventude, departamento de marketing de multinacional Percurso político Secretário-geral da Juventude Socialista (2008-2010), deputado na legislatura 2009-2011 e na atual

PEDRO DELGADO ALVES

Idade - 31

Formação - Licenciado em Direito

Profissão - Docente universitário

Percurso profissional - Diretor-adjunto do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros (2008-2009), adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares (2009-2011), assistente na Faculdade de Direito de Lisboa Percurso político Membro do secretariado nacional da Juventude Socialista (2006-2010), secretário-geral da JS (desde 2010), deputado na atual legislatura.

Duarte Cordeiro, 36 anos, licenciado pelo ISEG. Lidera a concelhia do PS de Lisboa e é vereador da Higiene Urbana na CML - função que suspende temporariamente (e que será assumida pelo presidente da autarquia, Fernando Medina) para ir dar uma mão a António Costa até às legislativas

Desta poda já ele sabe: entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, Duarte Cordeiro foi o diretor da campanha de Manuel Alegre às presidenciais. Hoje, presidente da concelhia do PS de Lisboa, foi indicado como o sucessor de Ascenso Simões na direção da campanha para as legislativas. Com lugar cativo no grupo dos "jovens turcos" do atual secretário-geral, foi o socialista "de turno" quando se tratou de sinalizar um eventual apoio do partido à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa.

Nasceu a 22 de Fevereiro de 1979 em Lisboa e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa. Pertenceu à direção da Associação de Estudantes do ISEG entre 1998-2000. Foi coordenador Concelhio da JS - Lisboa (2003-2005), presidente da Mesa da Comissão Política Distrital da JS-FAUL (2005-2007) e membro do Secretariado Concelhio do PS - Lisboa (2006-2008) antes de chegar à liderança da Juventude Socialista, que ocupou entre entre 2008 e 2010.

No entretanto, foi Júnior Sales Trainee e, posteriormente, Assistente de Gestor de Produto numa multinacional de produtos de limpeza (2002-2004), assessor do Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, entre 2005 e 2006, e vice-Presidente do Instituto Português de Juventude (2006-2008).

Em novembro de 2011, reeleito deputado (já o tinha sido na legislatura anterior, interrompida a meio), o Expresso juntou-o a ele e a três outros seus companheiros da bancada (Pedro Nuno Santos, hoje vice-presidente do grupo parlamentar e líder da federação do PS de Aveiro; Pedro Delgado Alves, hoje presidente da Junta de Freguesia do Lumiar; e João Galamba, atual membro de secretariado nacional do PS e porta-voz para as questões económicas) para uma conversa sobre o futuro da esquerda e do PS, num artigo que republicamos. António José Seguro liderava então o PS e o partido preparava-se para se abster na votação do Orçamento do Estado para 2012.

A NOVA ESQUERDA DO PS

Propõem-se tirar o socialismo da gaveta onde andou metido nestes últimos anos. Por eles, o PS votava contra o orçamento

Já não têm idade para ilusões. Aliás, a sua é uma geração marcada pelo desemprego (ou pelo emprego precário) e pela falta de perspetivas numa sociedade que a cada passo retrocede no ideal de Estado social - em que, não obstante, continuam a acreditar. Confiam que a esquerda vai escapar ao beco sem saída em que está metida e que a social-democracia, enquanto projeto europeu, regressará em força, adaptada aos novos tempos. Talvez fosse neles que Mário Soares pensava quando, em julho, em entrevista ao Expresso, prognosticou, com o seu proverbial otimismo, que "o socialismo vai reaparecer com uma nova geração, é inevitável".

Unidos por esta "fé", Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, Pedro Delgado Alves e João Galamba, deputados pelo PS, têm também em comum o facto de terem defendido, contra a opinião prevalecente, que o seu partido votasse contra o Orçamento do Estado. Vencidos mas não convencidos, dia 29 lá estarão, ao lado de António José Seguro, a fazer coro pela abstenção: "As divergências não são de fundo, são de forma", justificam, minimizando assim o evidente desconforto que sentem pela posição oficial do partido.

"O país não ganha nada com a abstenção"

A sinceridade de Pedro Nuno Santos é desarmante, sobretudo porque vinda de um vice-presidente da bancada, para mais o coordenador do grupo de deputados encarregado de estudar a fundo o OE. Ressalva a lealdade para com o secretário-geral do PS - que, aliás, apoia desde a primeira hora -, mas não consegue (nem quer) esconder o desapontamento com o facto de o seu partido ter desperdiçado esta oportunidade para mostrar à Europa que "terminou o consenso à volta da austeridade como solução para a crise". "A luta por uma Europa diferente faz-se também na frente nacional", explica. No último congresso, numa intervenção que alguns consideraram "a mais à esquerda" que se ouviu nos três dias de trabalhos, Pedro Nuno definiu "a derrota da direita no campo das ideias" como "o maior combate" que o PS tem pela frente.

"Não está a ser fácil", reconhece

Duarte Cordeiro respeita a decisão tomada pela maioria dos seus companheiros da Comissão Política Nacional do PS mas reconhece que lhe "foi difícil desistir da ideia de tentar até à última forçar oGoverno amudar de posição". Recusa ser olhado como "menos responsável" só por defender o voto contra no OE: "Este Orçamento é um novo memorando da troika", o que basta, no seu entender, para desobrigar o PS de quaisquer compromissos. Até porque, argumenta, o PS assinou o acordo "para tentar evitar o maior número de transformações sociais", ao passo que este Governo segue a lógica contrária: "É marcado por uma convicção ideológica que gera uma rutura radical com um percurso europeu social-democrata".

O problema ultrapassa as fronteiras: "Era preciso um plano europeu de investimento e crescimento". A esperança, confessa Duarte, reside na "nova geração de líderes da esquerda".

Pedro Delgado Alves conquistou a liderança da JS, em 2010, com ummanifesto com a imagem da República por mascote; na semana passada participou, com Manuel Alegre, num debate sobre "o que é ser de esquerda, hoje"; esta semana assinou, com Mário Soares, o manifesto apelando à mobilização do país contra a austeridade. Regozija-se com o facto de o momento ter provocado o regresso da ideologia, admite que "é preciso repensar" o modelo europeu de Estado social, reconhece que os governos socialistas dos últimos anos - o português inclusive - se deixaram capturar na armadilha da "austeridade como caminho único". Talvez porque "não conseguiram constituir uma frente comum", ao contrário da direita, que não precisa de estratégia de concertação: "Basta-lhe executar o que é seu". Não tem dúvidas: "Quem tem de se reinventar é a esquerda".

João Galamba é o mais velho dos quatro, mas o que mais tarde chegou à política partidária: só se inscreveu no PS depois da derrota de junho deste ano. A falta de escola partidária ajuda a explicarum estilo frontal e contundente que, não raro, deixa os cabelos em pé à direção - como quando afirmou, em vésperas de se conhecer a decisão do PS sobre OE, que o PS devia votar contra. Reconhecendo que pertencer a um partido é saber perder em votações democráticas, faz a apologia da "estratégia defensiva" que resta ao PS nestas circunstâncias: "Minimizar os custos (deste OE) para o Estado social, a economia e os trabalhadores". Mas, mais uma vez, também ele conclui: "A ação de um partido de esquerda, hoje, tem de ser feita em conjunto com as esquerdas europeias.

Ou a social-democracia se realiza na Europa ou não se realiza de todo".

JOÃO GALAMBA

Idade - 35

Formação - Licenciado em Economia, frequência do doutoramento em Filosofia Política

Profissão - Economista

Percurso político - Deputado (independente) na legislatura 2009-2011, deputado na atual legislatura (filiado no PS desde junho), coordenador do grupo parlamentar do PS na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

PEDRO NUNO SANTOS

Idade - 34

Formação - Licenciado em Economia

Profissão - Economista Percurso profissional Adjunto da administração da Tecmal, SA

Percurso político - Secretário-geral da JS (2004-2008), deputado na legislatura 2005-2009, vereador em S.

João da Madeira, líder do PS/Aveiro (desde 2010), vice-presidente do grupo parlamentar

DUARTE CORDEIRO

Idade - 32

Formação - Licenciado em Economia

Profissão - Economista

Percurso profissional - Vice-presidente do Instituto Português da Juventude, presidente do conselho de administração da Fundação de Divulgação das Tecnologias de Informação, assessor do secretário de Estado da Juventude, departamento de marketing de multinacional Percurso político Secretário-geral da Juventude Socialista (2008-2010), deputado na legislatura 2009-2011 e na atual

PEDRO DELGADO ALVES

Idade - 31

Formação - Licenciado em Direito

Profissão - Docente universitário

Percurso profissional - Diretor-adjunto do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros (2008-2009), adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares (2009-2011), assistente na Faculdade de Direito de Lisboa Percurso político Membro do secretariado nacional da Juventude Socialista (2006-2010), secretário-geral da JS (desde 2010), deputado na atual legislatura.

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