INTERCOM - Internacional Comunista

26-07-2018
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O anúncio do comício das esquerdas só pode ser saudado, pois é da mais elementar necessidade que as várias correntes de esquerda se unam para pôr fim à crise económica e social do país.Este esforço é resultado do descontentamento larvar na sociedade portuguesa, consequência das maiores manifestações e lutas operárias dos últimos 20 anos. Tudo isto teria de ter - como está a ter - consequências nas organizações tradicionais da classe trabalhadora: é o que está a suceder no PS que tem sido desde o 25 de Abril, o partido mais votado pelos trabalhadores em Portugal (e que agrupa a 2ª maior corrente sindical), malgrado os seus sucessivos programas e direcções submetidos ao capitalismo.Com as suas tibiezas e contradições, o surgimento e reforço duma ala esquerda no PS é, simultaneamente consequência, mas também será causa duma guinada à esquerda no país: que surjam dirigentes históricos do PS a romper com a lógica neo-liberal, em defesa dos serviços públicos e de maior justiça social em Portugal, terá como efeito encorajar e reforçar a luta.Unidade com ou sem o PCP?Qualquer unidade das "esquerdas à esquerda de Sócrates" que não tenha o concurso do PCP é, desde o princípio, uma unidade coxa: não apenas pela importância eleitoral do PCP, mas sobretudo pela sua influência política e social, pela sua militância e intervenção pública, visíveis nas mobilizações de rua. Jerónimo de Sousa já afirmou que “não fazia convergências com que está com um pé dentro e outro fora” – não deixa de ter alguma razão…Allegro ma non troppo?Alegre e os seus seguidores no PS são co-responsáveis pela crise! Nos últimos 30 anos Alegre votou os orçamentos, as leis e propostas com que os sucessivos governos PS (a par dos governos PSD) empurraram o país para a estagnação económica e para a degradação social.É chegada a hora de assumir-se. É chegada a hora de nos afirmar que votará contra esta revisão do código laboral e contra todas as propostas anti-populares do governo PS, colocando os compromissos que assumiu com o povo, ao ser eleito, à frente da disciplina partidária.Se Alegre se predispõe a estar num “comício das esquerdas” para denunciar crise, tem aqui uma boa oportunidade para passar da retórica que não enche barrigas, aos gestos práticos e consequentes que permitam a construção duma alternativa de esquerda.Fazendo menos do que isso, farão os “alegristas” deste “comício das esquerdas” um (fraco) lavar de consciência…Menos do que isso e terá o Bloco de Esquerda passado um cheque em branco ao “espírito samaritano” da social-democracia de esquerda…Unidade a qualquer preço?A convocatória deste comício baseada num vago manifesto contra a corrupção e as desigualdades sociais, pela democracia e pela paz, poderia ter sido subscrito, até! pela Manuela Ferreira Leite ou pela hierarquia católica.Como se propõem os protagonistas desta convocatória resolver os problemas sociais em Portugal? Como vão reabilitar os serviços públicos? Que medidas têm para tirar o país da crise? Estão dispostos a enfrentar os grandes grupos económicos? A economia de casino? A União Europeia? Depois do "comício-festa" darão que passos? Querem formar um novo partido? E para se unir ao “alegrismo”, que cedências estará o Bloco disposto a fazer?Sobre tudo isto há um grande mistério e estas expectativas e interrogações têm de ser respondidas, sob pena deste comício ser apenas um enorme “soundbyte” político que se esgota em si mesmo.E seria bom que uma esquerda unida, consequente e combativa, pudesse ir a votos já em 2009!Não com uma unidade "qualquer" e só com alguns, mas de todos e em torno dum programa genuinamente socialista que seja alavanca da luta e transformação social de que este país precisa: em torno dum programa anti-capitalista que rompa com um sistema que está a rebentar por todas as costuras.Pois de boas intenções e de políticos que se dispõem a ser os mais eficazes e”humanos” gestores da crise capitalista estão já a História e o inferno (bastante) cheios...


O anúncio do comício das esquerdas só pode ser saudado, pois é da mais elementar necessidade que as várias correntes de esquerda se unam para pôr fim à crise económica e social do país.Este esforço é resultado do descontentamento larvar na sociedade portuguesa, consequência das maiores manifestações e lutas operárias dos últimos 20 anos. Tudo isto teria de ter - como está a ter - consequências nas organizações tradicionais da classe trabalhadora: é o que está a suceder no PS que tem sido desde o 25 de Abril, o partido mais votado pelos trabalhadores em Portugal (e que agrupa a 2ª maior corrente sindical), malgrado os seus sucessivos programas e direcções submetidos ao capitalismo.Com as suas tibiezas e contradições, o surgimento e reforço duma ala esquerda no PS é, simultaneamente consequência, mas também será causa duma guinada à esquerda no país: que surjam dirigentes históricos do PS a romper com a lógica neo-liberal, em defesa dos serviços públicos e de maior justiça social em Portugal, terá como efeito encorajar e reforçar a luta.Unidade com ou sem o PCP?Qualquer unidade das "esquerdas à esquerda de Sócrates" que não tenha o concurso do PCP é, desde o princípio, uma unidade coxa: não apenas pela importância eleitoral do PCP, mas sobretudo pela sua influência política e social, pela sua militância e intervenção pública, visíveis nas mobilizações de rua. Jerónimo de Sousa já afirmou que “não fazia convergências com que está com um pé dentro e outro fora” – não deixa de ter alguma razão…Allegro ma non troppo?Alegre e os seus seguidores no PS são co-responsáveis pela crise! Nos últimos 30 anos Alegre votou os orçamentos, as leis e propostas com que os sucessivos governos PS (a par dos governos PSD) empurraram o país para a estagnação económica e para a degradação social.É chegada a hora de assumir-se. É chegada a hora de nos afirmar que votará contra esta revisão do código laboral e contra todas as propostas anti-populares do governo PS, colocando os compromissos que assumiu com o povo, ao ser eleito, à frente da disciplina partidária.Se Alegre se predispõe a estar num “comício das esquerdas” para denunciar crise, tem aqui uma boa oportunidade para passar da retórica que não enche barrigas, aos gestos práticos e consequentes que permitam a construção duma alternativa de esquerda.Fazendo menos do que isso, farão os “alegristas” deste “comício das esquerdas” um (fraco) lavar de consciência…Menos do que isso e terá o Bloco de Esquerda passado um cheque em branco ao “espírito samaritano” da social-democracia de esquerda…Unidade a qualquer preço?A convocatória deste comício baseada num vago manifesto contra a corrupção e as desigualdades sociais, pela democracia e pela paz, poderia ter sido subscrito, até! pela Manuela Ferreira Leite ou pela hierarquia católica.Como se propõem os protagonistas desta convocatória resolver os problemas sociais em Portugal? Como vão reabilitar os serviços públicos? Que medidas têm para tirar o país da crise? Estão dispostos a enfrentar os grandes grupos económicos? A economia de casino? A União Europeia? Depois do "comício-festa" darão que passos? Querem formar um novo partido? E para se unir ao “alegrismo”, que cedências estará o Bloco disposto a fazer?Sobre tudo isto há um grande mistério e estas expectativas e interrogações têm de ser respondidas, sob pena deste comício ser apenas um enorme “soundbyte” político que se esgota em si mesmo.E seria bom que uma esquerda unida, consequente e combativa, pudesse ir a votos já em 2009!Não com uma unidade "qualquer" e só com alguns, mas de todos e em torno dum programa genuinamente socialista que seja alavanca da luta e transformação social de que este país precisa: em torno dum programa anti-capitalista que rompa com um sistema que está a rebentar por todas as costuras.Pois de boas intenções e de políticos que se dispõem a ser os mais eficazes e”humanos” gestores da crise capitalista estão já a História e o inferno (bastante) cheios...

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