Deputados temporários: "Não estou a prazo, estou numa função"

30-07-2016
marcar artigo

| foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

De repente, abre-se uma vaga, um lugar que é preciso ocupar por umas semanas, alguns meses. As senhoras e os senhores que se seguem na lista são, por vezes, apanhados desprevenidos - ou quase. É assim com os deputados da Assembleia da República que, por vários motivos, suspendem funções e são substituídos temporariamente.

A socialista Carla Tavares está de licença parental, Inês Lamego chegou a São Bento a 8 de junho para ocupar o lugar do círculo de Aveiro até dezembro. O bloquista Jorge Falcato também suspendeu funções por motivos de saúde. É Luísa Cabral quem vinha logo na lista - começou a 30 de junho. "O Jorge comunicou ao grupo parlamentar, poucos dias depois a Mariana [Mortágua] contactou-me e perguntou-me se estava disponível", explicou ao DN, para logo dizer presente: "Achei que quando embarcamos nestas coisas ou estamos ou não estamos. Não faz parte do meu ADN ter dito que estava e agora dizer que já não estava."

Com a vida organizada, a sua situação profissional ajudou-as a mudar de armas e bagagens para o Parlamento sem grandes dificuldades: Luísa, 69 anos, é bibliotecária mas já está aposentada. "É a parte mais fácil: embora tenha muitas atividades, mas não tenho horário estabelecido, é relativamente fácil encaixar-me", explicou a deputada do BE. Inês, 29 anos, é investigadora, acabou um doutoramento em Química e procurava trabalho. "Fiz uma pausa na minha procura de trabalho. Acabei o doutoramento no ano passado, tinha concorrido a uma bolsa pós-doutoramento, mas não consegui a bolsa e desde que soube que ia ter esta oportunidade, parei um pouco a procura", admitiu a socialista ao DN.

Uma e outra estão ainda a reconhecer os cantos à casa, mas não se sentem menos com o trabalho que têm entre mãos. "O ano está em marcha, o tabuleiro de pendentes é muito grande e está pesado e é preciso acabar com aquelas pendências todas", disse Luísa, antes de se fechar a sessão legislativa na última quarta-feira.

Quando se entra, "há trabalho à nossa espera": "Comecei na quinta-feira, dia 30, apresentei-me aqui, preenchi a papelada toda, é preciso ter tudo "legalizado" para a pessoa se mover, a assessora do grupo parlamentar andou-me a mostrar a casa, no princípio tinha sempre de sair com o telemóvel porque isto é um bocadinho confuso", contou a deputada do BE.

Inês também se perdeu. "Já cá tinha estado de visita, um ou dois meses antes, precisamente por saber que vinha para cá trabalhar, mas não conhecia o edifício... Até para saber onde funcionam as comissões, os dois ou três pisos onde podem acontecer, os gabinetes, o próprio plenário. Isto agora são só dois corredores, mas no início é uma confusão e mais para quem tem sentido de orientação péssimo como o meu", disse a socialista - e riu-se.

Como o trabalho que se lhes pede para quem entra na engrenagem a meio. ""Foi mais complicado. O comboio já ia em andamento e andava cada um para seu lado a tratar das suas coisas. É complicado pegar em dossiês que já tinham sido discutidos e nós só vamos votar, por isso o trabalho tem que ser redobrado para os tentar perceber. Imagino que seja mais difícil entrar com o comboio em andamento do que chegar com o início dos trabalhos e, a pouco e pouco, ir entrando."

Luísa aponta já para o tempo que tem. "O que se pede a quem tem responsabilidades políticas - e peço desculpa mas também as tenho, pelo menos por uns dois meses - é deixar algo que tenha uma visão estratégica. E depois os técnicos vêm a seguir e têm de executar de acordo com aqueles objetivos", defendeu.

Uma e outra coincidiram na Comissão de Trabalho e Segurança Social. "Não houve aquecimento", disse Luísa, que notou que os aposentados, pela sua condição, são um dos seus interesses. Inês acrescentou que, apesar de vir das ciências, aquela é uma área transversal.

As duas deputadas sabem que estão a prazo, mas não pensam nisso. "Não tenho nenhum problema com isso, acho que quando decidimos contribuir podemos contribuir de muitas maneiras. Não posso cobrir áreas que não percebo muito, mas se me dão esta oportunidade de deixar alguma coisa que contribua para o conhecimento nesta sociedade de informação, vamos a isso", justificou-se Luísa. E Inês completou: "Não estou a prazo, estou cá a desempenhar uma função. Tenho que a agarrar com unhas e dentes e dignificar o que estou a fazer. E quando sair espero que digam que eu no tempo que cá estive, não estive cá a prazo, que fiz um bom trabalho, dentro daquilo que era aquilo que eu podia fazer ou que era expectável que eu fizesse."

| foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

De repente, abre-se uma vaga, um lugar que é preciso ocupar por umas semanas, alguns meses. As senhoras e os senhores que se seguem na lista são, por vezes, apanhados desprevenidos - ou quase. É assim com os deputados da Assembleia da República que, por vários motivos, suspendem funções e são substituídos temporariamente.

A socialista Carla Tavares está de licença parental, Inês Lamego chegou a São Bento a 8 de junho para ocupar o lugar do círculo de Aveiro até dezembro. O bloquista Jorge Falcato também suspendeu funções por motivos de saúde. É Luísa Cabral quem vinha logo na lista - começou a 30 de junho. "O Jorge comunicou ao grupo parlamentar, poucos dias depois a Mariana [Mortágua] contactou-me e perguntou-me se estava disponível", explicou ao DN, para logo dizer presente: "Achei que quando embarcamos nestas coisas ou estamos ou não estamos. Não faz parte do meu ADN ter dito que estava e agora dizer que já não estava."

Com a vida organizada, a sua situação profissional ajudou-as a mudar de armas e bagagens para o Parlamento sem grandes dificuldades: Luísa, 69 anos, é bibliotecária mas já está aposentada. "É a parte mais fácil: embora tenha muitas atividades, mas não tenho horário estabelecido, é relativamente fácil encaixar-me", explicou a deputada do BE. Inês, 29 anos, é investigadora, acabou um doutoramento em Química e procurava trabalho. "Fiz uma pausa na minha procura de trabalho. Acabei o doutoramento no ano passado, tinha concorrido a uma bolsa pós-doutoramento, mas não consegui a bolsa e desde que soube que ia ter esta oportunidade, parei um pouco a procura", admitiu a socialista ao DN.

Uma e outra estão ainda a reconhecer os cantos à casa, mas não se sentem menos com o trabalho que têm entre mãos. "O ano está em marcha, o tabuleiro de pendentes é muito grande e está pesado e é preciso acabar com aquelas pendências todas", disse Luísa, antes de se fechar a sessão legislativa na última quarta-feira.

Quando se entra, "há trabalho à nossa espera": "Comecei na quinta-feira, dia 30, apresentei-me aqui, preenchi a papelada toda, é preciso ter tudo "legalizado" para a pessoa se mover, a assessora do grupo parlamentar andou-me a mostrar a casa, no princípio tinha sempre de sair com o telemóvel porque isto é um bocadinho confuso", contou a deputada do BE.

Inês também se perdeu. "Já cá tinha estado de visita, um ou dois meses antes, precisamente por saber que vinha para cá trabalhar, mas não conhecia o edifício... Até para saber onde funcionam as comissões, os dois ou três pisos onde podem acontecer, os gabinetes, o próprio plenário. Isto agora são só dois corredores, mas no início é uma confusão e mais para quem tem sentido de orientação péssimo como o meu", disse a socialista - e riu-se.

Como o trabalho que se lhes pede para quem entra na engrenagem a meio. ""Foi mais complicado. O comboio já ia em andamento e andava cada um para seu lado a tratar das suas coisas. É complicado pegar em dossiês que já tinham sido discutidos e nós só vamos votar, por isso o trabalho tem que ser redobrado para os tentar perceber. Imagino que seja mais difícil entrar com o comboio em andamento do que chegar com o início dos trabalhos e, a pouco e pouco, ir entrando."

Luísa aponta já para o tempo que tem. "O que se pede a quem tem responsabilidades políticas - e peço desculpa mas também as tenho, pelo menos por uns dois meses - é deixar algo que tenha uma visão estratégica. E depois os técnicos vêm a seguir e têm de executar de acordo com aqueles objetivos", defendeu.

Uma e outra coincidiram na Comissão de Trabalho e Segurança Social. "Não houve aquecimento", disse Luísa, que notou que os aposentados, pela sua condição, são um dos seus interesses. Inês acrescentou que, apesar de vir das ciências, aquela é uma área transversal.

As duas deputadas sabem que estão a prazo, mas não pensam nisso. "Não tenho nenhum problema com isso, acho que quando decidimos contribuir podemos contribuir de muitas maneiras. Não posso cobrir áreas que não percebo muito, mas se me dão esta oportunidade de deixar alguma coisa que contribua para o conhecimento nesta sociedade de informação, vamos a isso", justificou-se Luísa. E Inês completou: "Não estou a prazo, estou cá a desempenhar uma função. Tenho que a agarrar com unhas e dentes e dignificar o que estou a fazer. E quando sair espero que digam que eu no tempo que cá estive, não estive cá a prazo, que fiz um bom trabalho, dentro daquilo que era aquilo que eu podia fazer ou que era expectável que eu fizesse."

marcar artigo