Etnografando com letras...

03-09-2019
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Boas notícias para aqueles que, como nós, reclamávamos com a insistência de certos municípios em promover uma história "a preto e branco" (mas sem o preto, ou sem o branco) para fins comerciais e de imagem.

A Braga Romana, sendo um circo que não representa absolutamente nada a realidade da época (ver aqui), não só induz gerações em erro sobre as suas origens como, mais grave ainda, permite a aniquilação da memória de uma cultura ancestral e cujos muitos aspectos, cada vez mais ténues e esbatidos pela vida moderna, fundamentam alguns dos nossos comportamentos.

Porém, de vez em quando, algumas iniciativas de valor aparecem:
  

Entre 19 e 22 de Julho, o centro da cidade vai ser transformado num
castro da Idade do Ferro, numa iniciativa que pretende divulgar o
povo que habitou Braga há três mil anos: os brácaros. O desafio partiu
da Associação dos Artesãos do Minho e foi de imediato acolhido pela
organização da Braga 2012: Capital Europeia da Juventude. Associam-se
ainda ao evento a JovemCoop —Jovem Cooperante Natureza / Cultura, a
Junta de Freguesia de Maximinos e o Museu D. Diogo de Sousa. O evento
vai decorrer no Largo de São Francisco, Rua do Castelo, Rua de Janes e
Largo de São João do Souto.
Além do povoado castrejo, delimitado por uma muralha com dois pórticos
de entrada, o evento ‘Povoado dos Brácaros’ contará ainda com um mercado
alusivo à época, uma praça da alimentação, muita música celta a animar
as ruas e recriação de alguns rituais daquela época, concretamente um
casamento e um funeral. A organização aposta ainda na vertente
lúdico-pedagógica, com ateliers alusivos ao tema em que já estão
inscritas cerca de 400 crianças que frequentam ATL’s no concelho.
Destaque ainda para uma conferência sobre a cultura castreja, pelo
arqueólogo Gonçalo Cruz, responsável pela Citânia de Briteiros.

Projectar a cidade mais antiga

Na apresentação do evento ‘Povoado dos Brácaros’ ontem à comunicação
social, o vereador Hugo Pires realçou que um dos objectivos da CEJ passa
por mostrar as nossas raízes, costumes e história.

“O que aqui se pretende é isso: mostrar aos br
acarenses o povo que habitou esta região antes dos romanos”,
realçou, enfatizando a aposta em projectar a marca Braga como a cidade
mais antiga de Portugal”.

O presidente da JovemCoop, realçou que a associação se associa à
iniciativa pela sua componente histórica. Ricardo Silva sublinhou que
“Braga tem muito mais para desvendar sobre a sua história”. Neste caso, o
evento mostra Braga na Idade do Ferro e Ricardo Silva destaca que nas
elevações em volta da cidade de Braga a cultura castreja é muito
expressiva.

Deste evento, o líder da JovemCoop espera que saia a ambição de mostrar
“outras Braga’s para além da romana”, porque também existe a barroca, a
medieval e muitas mais. 

“Braga é poli cronológica. A JovemCoop defende que a sua história deve
ser contada como um todo e não apenas dando destaque a um período”,
argumentou.
Já Perpétua Ferreira, técnica do serviço educativo do Museu D. Diogo de
Sousa, explicou que os ateliês para crianças vão decorrer nos dias 19 e
20, sublinhando a elevada adesão dos ATL ao evento. Realçou ainda que as
crianças vão trabalhar sobretudo com materiais reciclados.

Luís Pedroso, em representação da Junta de Freguesia de Maximinos,
elogiou a iniciativa da Associação dos Artesãos do Minho e a reafirmou a
disponibilidade da autarquia local apoiar o evento naquilo que lhe for
possível. O repto está lançado: durante quatro dias os bracarenses são
convidados a recuar três mil anos e conhecer como era Braga na Idade do
Ferro.

http://www.correiodominho.pt/noticias.php?id=62701

Não espero nada de especial deste evento que, certamente, não terá qualquer semelhança em dimensão com a Braga Romana.

Porém, quando não há pão, até as migalhas vão.


Boas notícias para aqueles que, como nós, reclamávamos com a insistência de certos municípios em promover uma história "a preto e branco" (mas sem o preto, ou sem o branco) para fins comerciais e de imagem.

A Braga Romana, sendo um circo que não representa absolutamente nada a realidade da época (ver aqui), não só induz gerações em erro sobre as suas origens como, mais grave ainda, permite a aniquilação da memória de uma cultura ancestral e cujos muitos aspectos, cada vez mais ténues e esbatidos pela vida moderna, fundamentam alguns dos nossos comportamentos.

Porém, de vez em quando, algumas iniciativas de valor aparecem:
  

Entre 19 e 22 de Julho, o centro da cidade vai ser transformado num
castro da Idade do Ferro, numa iniciativa que pretende divulgar o
povo que habitou Braga há três mil anos: os brácaros. O desafio partiu
da Associação dos Artesãos do Minho e foi de imediato acolhido pela
organização da Braga 2012: Capital Europeia da Juventude. Associam-se
ainda ao evento a JovemCoop —Jovem Cooperante Natureza / Cultura, a
Junta de Freguesia de Maximinos e o Museu D. Diogo de Sousa. O evento
vai decorrer no Largo de São Francisco, Rua do Castelo, Rua de Janes e
Largo de São João do Souto.
Além do povoado castrejo, delimitado por uma muralha com dois pórticos
de entrada, o evento ‘Povoado dos Brácaros’ contará ainda com um mercado
alusivo à época, uma praça da alimentação, muita música celta a animar
as ruas e recriação de alguns rituais daquela época, concretamente um
casamento e um funeral. A organização aposta ainda na vertente
lúdico-pedagógica, com ateliers alusivos ao tema em que já estão
inscritas cerca de 400 crianças que frequentam ATL’s no concelho.
Destaque ainda para uma conferência sobre a cultura castreja, pelo
arqueólogo Gonçalo Cruz, responsável pela Citânia de Briteiros.

Projectar a cidade mais antiga

Na apresentação do evento ‘Povoado dos Brácaros’ ontem à comunicação
social, o vereador Hugo Pires realçou que um dos objectivos da CEJ passa
por mostrar as nossas raízes, costumes e história.

“O que aqui se pretende é isso: mostrar aos br
acarenses o povo que habitou esta região antes dos romanos”,
realçou, enfatizando a aposta em projectar a marca Braga como a cidade
mais antiga de Portugal”.

O presidente da JovemCoop, realçou que a associação se associa à
iniciativa pela sua componente histórica. Ricardo Silva sublinhou que
“Braga tem muito mais para desvendar sobre a sua história”. Neste caso, o
evento mostra Braga na Idade do Ferro e Ricardo Silva destaca que nas
elevações em volta da cidade de Braga a cultura castreja é muito
expressiva.

Deste evento, o líder da JovemCoop espera que saia a ambição de mostrar
“outras Braga’s para além da romana”, porque também existe a barroca, a
medieval e muitas mais. 

“Braga é poli cronológica. A JovemCoop defende que a sua história deve
ser contada como um todo e não apenas dando destaque a um período”,
argumentou.
Já Perpétua Ferreira, técnica do serviço educativo do Museu D. Diogo de
Sousa, explicou que os ateliês para crianças vão decorrer nos dias 19 e
20, sublinhando a elevada adesão dos ATL ao evento. Realçou ainda que as
crianças vão trabalhar sobretudo com materiais reciclados.

Luís Pedroso, em representação da Junta de Freguesia de Maximinos,
elogiou a iniciativa da Associação dos Artesãos do Minho e a reafirmou a
disponibilidade da autarquia local apoiar o evento naquilo que lhe for
possível. O repto está lançado: durante quatro dias os bracarenses são
convidados a recuar três mil anos e conhecer como era Braga na Idade do
Ferro.

http://www.correiodominho.pt/noticias.php?id=62701

Não espero nada de especial deste evento que, certamente, não terá qualquer semelhança em dimensão com a Braga Romana.

Porém, quando não há pão, até as migalhas vão.

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